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Sistema Renal

Função dos rins O néfron é a unidade funcional do rim


A função mais importante é a regulação homeostática do O rim é dividido em duas camadas: um córtex externo e
conteúdo de água e íons no sangue, também chamada de uma medula interna. Cerca de 80% dos néfrons de um rim estão
Balanço do sal e da água, ou equilíbrio hidroeletrolítico. presentes quase que completamente no interior do córtex
(néfron corticais), ao passo que os outros 20% - chamados de
1- Regulação do volume do líquido extracelular
néfrons justamedulares – que penetram no interior da medula.
e da pressão arterial.
Sendo os néfrons a unidade funcional do rim.
2- Regulação da osmolalidade.
3- Manutenção do equilíbrio iônico.
4- Regulação homeostática do pH.
5- Excreção de resíduos.
6- Produção de hormônios.
Anatomia do sistema urinário
O sistema urinário consiste em rins, ureteres, bexiga
urinária e uretra. Sendo que a produção de urina inicia quando a
água e os solutos se deslocam do plasma para o interior de
tubos ocos (néfrons), que compõem a maior parte dos dois rins
Esses túbulos modificam a composição do líquido à
medida que ele passa ao longo dessas estruturas. O fluido já
alterado, agora chamado urina, deixa os rins e passa por um
tubo, chamado ureter que se dirigirão para a bexiga urinária. Até
que um reflexo, chamado micção, contrai a bexiga e elimina a
urina através de um único tubo, a uretra.
Vale lembrar que os rins recebem 20 a 25% do débito
cardíaco.
Nos néfrons justamedulares, os longos capilares
peritubulares que penetram na medula são chamados de vasos
retos. Por fim, os capilares peritubulares convergem para a
formação de vênulas e pequenas veias, enviando o sangue para
fora dos rins através da veia renal.
A função do sistema porta renal é filtrar o fluido
sanguíneo para o interior do lúmen do néfron, nos capilares
glomerulares, e então, reabsorver o fluido do lúmen tubular
de volta para o sangue, nos capilares peritubulares.
Elementos tubulares do rim
O túbulo renal é formado por uma camada única de
células epiteliais conectados entre si, próximas à sua superfície
apical. As superfícies apicais apresentam microvilosidades ou
outras dobras para o aumento da superifície.
O néfron inicia em uma estrutura oca globular, chamada
de cápsula de Bowman, a qual envolve o glomérulo. O endotélio
Elementos vasculares do rim do glomérulo é unido ao epitélio da cápsula de Bowman, de
modo que o líquido filtrado dos capilares passa diretamente para
O sangue entra no rim pela artéria renal, antes de seguir dentro do lúmen tubular. O conjunto formado pelo glomérulo
para as artérias menores, e, depois, para as arteríolas no córtex. e pela cápsula de Bowman é chamado de corpúsculo renal.
Formando um sistema de porta (formado pela presença de duas
redes de capilares em série). A partir da cápsula de Bowman, o filtrado flui para o
interior do túbulo proximal e, após, para a alça de Henle, um
É importante saber que o sangue flui das artérias renais segmento em forma de grampo que desce até a medula e,
para uma arteríola aferente. Das arteríolas aferentes, o sangue posteriormente, retorna para o córtex. A alça de Henle é dividida
passa para uma primeira rede de capilares, uma rede em fora de em dois ramos, um ramo descendente fino e um ramo
novelo, chamada de glomérulo, quando passa pelos glomérulos ascendente com segmentos fino e grosso. O fluido, então,
o sangue adentra na arteríola eferente, e, então, para uma chega até o túbulo distal.
segunda rede de capilares, os capilares peritubulares, que
cercam o túbulo renal.
Ao deixar o túbulo distal o sangue entra em um tubo
maior, denominado de ducto coletor. Os ductos coletores
passam do córtex para a medula e drenam a pelve renal.
Da pelve renal, o líquido filtrado e modificado, agora chamado
de urina, flui para o ureter no seu trajeto rumo à excreção.
A proximidade do ramo ascendente e das arteríolas
permite a comunicação parácrina entre essas duas estruturas,
uma característica fundamental na autorregulação do rim.
Os rins filtram, reabsorvem e secretam
Três processos básicos ocorrem nos néfrons: filtração,
reabsorção e secreção. Filtração é o movimento de líquido do
sangue para o lúmen do néfron. A filtração ocorre apenas no
corpúsculo renal, onde as paredes dos capilares glomerulares e
da cápsula de Bowman são modificadas para permitir o fluxo do
líquido.
Tudo que é filtrado nos néfrons é destinado à excreção
na urina, a não ser que seja reabsorvido para o corpo. A
reabsorção é um processo de transporte de substâncias
presentes no filtrado, do lúmen tubular de volta para o sangue
através dos capilares peritubulares. A secreção remove
seletivamente moléculas do sangue e as adiciona ao filtrado no
lúmen tubular, a secreção é um processo mais seletivo que, em
geral, usa proteínas de membrana para transportar as moléculas
através do epitélio tubular.
À medida que este filtrado flui pelo túbulo proximal,
cerca de 70% do seu volume é reabsorvido, restando 54 L no
lúmen tubular. A reabsorção ocorre quando as células do túbulo
proximal transportam solutos para fora do lúmen, determinando
a reabsorção de água por osmose.
À medida que o filtrado passa pela alça de Henle,
proporcionalmente é reabsorvido mais soluto do que água, e o
filtrado torna-se hiposmótico com relação ao plasma. A maior
parte do volume originalmente filtrado na cápsula de Bowman já
foi reabsorvida para os capilares.
A partir da alça de Henle, o filtrado passa para o túbulo
distal e para o ducto coletor. Nesses dois segmentos, ocorre
uma regulação fina do balanço de sal e de água sob o controle
de vários hormônios. A reabsorção e a secreção (em um menor
grau) determinam a composição final do filtrado. No final do
ducto coletor, o filtrado tem um volume de 1,5 L/dia e uma
osmolalidade que pode variar de 50 a 1.200 mOsM.
A quantidade de qualquer substância excretada na urina
reflete o resultado do seu manejo durante a sua passagem
através do néfron. A quantidade excretada é igual à quantidade
filtrada para o túbulo, menos a quantidade reabsorvida para o
sangue, mais a quantidade secretada no lúmen tubular:
A pressão nos capilares causa a filtração  Resposta miogênica: A resposta miogênica
 A pressão hidrostática do sangue que flui da arteríola aferente é similar à autorregulação em outras
arteríolas sistêmicas. Quando o músculo liso da parede
através dos capilares glomerulares força a passagem de
da arteríola estira, devido ao aumento da pressão arterial,
fluido através do seu endotélio fenestrado. A pressão
canais iônicos sensíveis ao estiramento se abrem, e as
sanguínea nos capilares é de 55 mmHg, em média, e
células musculares despolarizam. A despolarização leva
favorece a filtração para dentro da cápsula de Bowman.
à abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem,
Apesar de a pressão cair à medida que o sangue flui
e o músculo liso vascular se contrai. A vasoconstrição
através dos capilares, ela ainda permanence maior do
aumenta a resistência ao fluxo e leva a uma redução no
que as pressões que se opõem a ela.
fluxo sanguíneo através das arteríolas. A redução do fluxo
 A pressão coloidosmótica no interior dos
sanguíneo diminui a pressão de filtração no glomérulo.
capilares glomerulares é mais alta do que a no fluido da
 Retroalientação tubuloglomerular: A
cápsula de Bowman. Esse gradiente de pressão é devido
retroalimentação tubuloglomerular é uma via de controle
à presença de proteínas no plasma. O gradiente de
local, na qual o fluxo de líquido através dos túbulos renais
pressão osmótica é, em média, de 30 mmHg e favorece o
altera a TFG, a configuração torcida do néfron faz a
movimento de líquido de volta para os capilares.
porção final do ramo espresso ascendente da alça de
 A cápsula de Bowman é um espaço fechado
Henle passar entre as arteríolas aferente e eferente. As
(diferentemente do líquido intersticial), de forma que a
paredes tubulares e arteorilares são modificadas nessa
presença de fluido no interior dessa cápsula cria uma
região em que elas entram em contato umas com as
pressão hidrostática do fluido (Pressão do fluido), que se
outras, e, juntas, formam o aparelho justaglomerular.
opõe ao fluxo de fluido para o interior da cápsula. O
líquido filtrado para fora dos capilares deve deslocar o
líquido já presente no lúmen da cápsula. A pressão
hidrostática capsular é, em média, de 15 mmHg, opondo-
se à filtração.
Observação: A taxa de filtração glomerular (TFG) é o
volume de fluido que é filtrado para dentro da cápsula de
Bowman por unidade de tempo.

A TFG é regulada por dois tipos de mecanismos:


Hormônios e neurônios autonômicos também
influenciam a TFG
Os hormônios e o sistema nervoso autônomo alteram a
TFG de duas maneiras: mudando a resistência das arteríolas e
alterando o coeficiente de filtração.
Vários hormônios também influenciam a resistência
arteriolar. Entre os mais importantes estão a angiotensina II, um
potente vasoconstritor, e as prostaglandinas, que atuam como
vasodilatadoras. Esses mesmos hormônios podem afetar o
coeficiente de filtração devido à sua atuação sobre os podócitos
ou sobre as células mesangiais. Os podócitos alteram o
tamanho das fendas de filtração glomerular. Se as fendas se
alargam, ocorre um aumento na área de superfície disponível
para a filtração, e a TFG aumenta. A contração das células
mesangiais evidentemente altera a área de superfície do capilar
glomerular disponível para a filtração.
A reabsorção pode ser ativa ou passiva
A reabsorção de água e solutos do lúmen tubular para o
líquido extracelular depende de transporte ativo. O filtrado que
flui da cápsula de Bowman para o túbulo proximal tem a mesma
concentração de solutos do líquido extracelular. Portanto, para
transportar soluto para fora do lúmen, as células tubulares
precisam usar transporte ativo para criar gradientes de
concentração ou eletroquímicos. A água segue osmoticamente
os solutos, à medida que eles são reabsorvidos.
A saída de Na+ e de ânions do lúmen para o LEC dilui o
fluido luminal e aumenta a concentração do LEC, de forma que a
água deixa o túbulo renal por osmose.
A redução do volume do lúmen tubular aumenta a A competição diminui a secreção de penicilina
concentração de solutos (incluindo K+, Ca2+ e ureia) que
Após a descoberta da penicilina, o único meio de
permaneceram no filtrado: a mesma quantidade de soluto em produzir penicilina era isolá-la do mofo do pão, e o suprimento
um volume menor equivale a uma concentração mais alta de era limitado. A demanda pelo medicamento era maior pelo fato
soluto. Uma vez que as concentrações de soluto no lúmen são de os túbulos renais secretarem rapidamente a penicilina. A
mais altas do que as concentrações de soluto no líquido secreção renal é tão eficiente em retirar moléculas estranhas do
extracelular, os solutos difundem-se para fora do lúmen se o sangue que, após 3 a 4 horas de a dose de penicilina ter sido
epitélio do túbulo for permeável a eles. administrada, cerca de 80% são excretadas na urina.
A reabsorção envolve tanto o transporte transepitelial Observação: Durante a guerra, a provisão do fármaco
quanto o transporte paracelular. No transporte transepitelial era tão pequena frente à demanda que a coleta de urina dos
(também chamado de transporte transcelular), as substâncias pacientes que estavam sendo tratados com penicilina era um
atravessam as membranas apical e basolateral das células procedimento comum.
tubulares epiteliais para chegar ao líquido intersticial. Na via
paracelular, as substâncias passam através de junções celulares Logo os cientistas esperavam encontrar uma molécula
entre células vizinhas. O caminho seguido pelo soluto depende que poderia competir com a penicilina pelos sítios de ligação do
da permeabilidade das junções epiteliais e do seu gradiente transportador de ânions orgânicos, responsável por sua
eletroquímico. secreção. A resposta foi a descoberta de um composto sintético,
chamado de probenecida. Quando a probenecida é administrada
concomitantemente com a penicilina, o transportador remove
Secreção preferencialmente a probenecida, prolongando a atividade da
penicilina no corpo.
Secreção é a transferência de moléculas do líquido
extracelular para o lúmen do néfron.
A secreção torna o néfron capaz de aumentar a Excreção
excreção de uma substância. Se uma substância filtrada não é
reabsorvida, ela é excretada com muita eficácia. Se, no entanto,
a substância filtrada para dentro do túbulo não é reabsorvida, e
ainda é secretada para dentro do túbulo a partir dos capilares Depuração é uma forma não invasiva de medir a TFG
peritubulares, a excreção é ainda mais eficaz. A secreção é um A depuração (em inglês, clearance) de um soluto é a
processo ativo, uma vez que requer transporte de substratos taxa na qual esse soluto desaparece do corpo por excreção ou
contra seus gradientes de concentração. metabolização.
Para qualquer soluto que está sendo depurado somente
pela excreção renal, a depuração é expressa como o volume de
plasma passando pelos rins que foi totalmente limpo do soluto
em um dado período.
Micção
Uma vez que o filtrado deixa os ductos coletores, ele já
não pode mais ser modificado, e a sua composição não se
altera. Na bexiga, a urina é armazenada até que seja excretada
no processo conhecido como micção.
O esfincter interno da uretra é uma continuação da
parede da bexiga e é formado por músculo liso. Seu tônus
normal o mantém contraído. O esfincter externo da uretra é um
anel de músculo esquelético, controlado por neurônios motores
somáticos. A estimulação tônica proveniente do sistema nervoso
central mantém a contração do esfincter externo, exceto durante
a micção.
À medida que a bexiga urinária se enche com urina e as
suas paredes se expandem, receptores de estiramento enviam
sinais através de neurônios sensoriais para a medula espinal.
Lá, a informação é integrada e transferida a dois conjuntos de
neurônios. O estímulo da bexiga urinária cheia estimula os
neurônios parassimpáticos, que inervam o músculo liso da
parede da bexiga urinária. O músculo liso contrai, aumentando a
pressão no conteúdo da bexiga urinária. Simultaneamente, os
neurônios motores somáticos que inervam o esfincter externo da
uretra são inibidos.
A contração da bexiga urinária ocorre em uma onda, a
qual empurra a urina para baixo, em direção à uretra. A pressão
exercida pela urina força o esfincter interno da uretra a abrir
enquanto o esfincter externo relaxa.
Homeostasia hídrica e eletrolítica
O corpo humano está em um estado de fluxo
constante. Durante o curso de um dia, ingerimos cerca de 2 L de
líquido, que contém de 6 a 15 g de NaCl. Assim, a tarefa do
corpo é manter o balanço de massa: as substâncias ingeridas
necessitam ser excretadas se o corpo não as necessita.
O corpo possui muitas vias para excretar íons e
água. Os rins são a via primária para a perda de água e para a
remoção de muitos íons. Sob condições normais, pequenas
quantidades de água e íons também são perdidas nas fezes e
no suor. Além disso, os pulmões eliminam água e auxiliam na
remoção do H e do HCO3, através da excreção do CO2.

Múltiplos sistemas integram o equilíbrio


hidroeletrolítico
O processo do equilíbrio hidroeletrolítico é realmente
integrado, uma vez que envolve os sistemas respiratório e
circulatório, além das respostas renais e comportamentais.
Sendo que a compensação homeostática pelos rins ocorre de
forma mais lenta porque os rins estão principalmente sob
controle endócrino e neuroendócrino. Se as mudanças de
volume são persistentes ou de grande magnitude, os rins agem
para ajudar a manter a homeostasia.
Respostas endócrinas iniciadas pelos rins têm efeitos
diretos no sistema circulatório, por exemplo, e hormônios
liberados pelas células do miocárdio atuam nos rins. Respostas
simpáticas provenientes do centro de controle cardiovascular
afetam não somente o débito cardíaco e a vasoconstrição, mas
também a filtração glomerular e a liberação de hormônios pelos
rins.
Desse modo, a manutenção da pressão arterial, do
volume sanguíneo e da osmolalidade do LEC formam uma rede
interligada de vias de controle.

A ingestão e a excreção diárias de água são


equilibradas
Para manter um volume constante de água no corpo,
devemos ingerir a mesma quantidade de água que excretamos:
a ingestão precisa ser igual à excreção.
Observe que o único meio pelo qual a água
normalmente entra no corpo vinda do meio externo é pela
absorção através do trato digestório. Se os líquidos precisam ser
rapidamente repostos ou um indivíduo não é capaz de comer e
beber, o líquido pode ser adicionado diretamente ao plasma
através de injeção intravenosa (IV), um procedimento médico.
Sinais provenientes dos barorreceptores carotídeos e Apenas a quantidade de água perdida na urina pode ser
aórticos e dos receptores atriais de volume iniciam uma resposta regulada. Embora a urina seja normalmente a principal rota de
neural rápida, mediada pelo centro de controle cardiovascular, e perda de água, em certas situações outras rotas de perda de
uma resposta mais lenta, gerada pelos rins. Além disso, a baixa água podem se tornar significativas. A sudorese em excesso é
pressão do sangue estimula a sede. Em ambas as situações, a um exemplo. Outra via pela qual a água pode ser perdida é
função renal é integrada com o sistema circulatório para manter através da diarreia, uma condição que pode representar uma
a pressão arterial dentro de uma faixa normal. grande ameaça ao equilíbrio hídrico, sobretudo em crianças.
A perda patológica de água rompe a homeostasia de
duas maneiras. A depleção do volume do compartimento
extracelular diminui a pressão arterial

Observação: os rins não podem repor a água perdida:


tudo o que eles podem fazer é conservá-la.

Os rins conservam a água


Os rins podem remover o excesso de líquido através da
excreção de água na urina, contudo, os rins não podem
substituir o volume perdido. O volume perdido para o ambiente
necessita ser recuperado a partir do próprio ambiente.
A medula renal produz urina concentrada intersticial mais concentrados do que o líquido que flui dentro do
túbulo. Assim, se as células tubulares apresentarem poros de
Quando a manutenção da homeostasia requer a
água, ela poderá ser reabsorvida a partir do lúmen tubular sem a
eliminação do excesso de água, os rins produzem grandes
necessidade de reabsorver solutos primeiro.
quantidades de urina diluída, que pode apresentar uma
osmolalidade de até 50 mOsM. A remoção do excesso de água Essa é, na verdade, a situação do rim. Devido ao arranjo
na urina é conhecida como diurese. Fármacos que estimulam a peculiar dos vasos sanguíneos e dos túbulos renais, discutidos
produção de urina são chamados de diuréticos. posteriormente, a medula renal mantém uma alta concentração
Em contrapartida, se os rins precisam conservar água, a urina osmótica em suas células e no líquido intersticial. Essa alta
pode tornar-se bastante concentrada. Mecanismos osmolalidade intersticial medular permite que a urina seja
especializados na medula renal permitem a produção de uma concentrada à medida que flui pelo ducto coletor.
urina até quatro vezes mais concentrada do que o sangue.
Os rins controlam a concentração da urina variando a
quantidade de água e de Na+ reabsorvidos no néfron distal
(túbulo distal e ducto coletor). Para produzir urina diluída, o rim
precisa reabsorver solutos sem permitir que a água os siga por
osmose. Isso significa que a membrana apical das células
tubulares e as junções celulares não podem ser permeáveis à
água. Por outro lado, para concentrar a urina, o néfron precisa
ser capaz de reabsorver a água, mas deixar os solutos no lúmen
tubular.
Funcionalmente, parece simples criar um epitélio que
transporta solutos, mas é impermeável à água (urina diluída) –
basta remover todos os poros de água da membrana apical da
célula. Entretanto, funcionalmente, parece muito mais difícil
produzir urina concentrada. Como o rim pode reabsorver água
sem primeiro reabsorver soluto? Bem, descobriu-se que a água Observação: Para entender a figura acima, deve-se levar em
é reabsorvida por osmose através de poros de água consideração eu a osmolalidade representa a quantidade de soluto em uma quantidade
(aquaporinas). x de água, logo, a região que tem maior osmolalidade tem uma alta concentração de
soluto e pouco concentração de solvente. Lembrando sempre também que a osmose a
O mecanismo para reabsorver água sem solutos acaba água se move do meio menos concentrado para o mais concentrado.
sendo simples: tornar as células do ducto coletor e o líquido
A Vasopressina controla a reabsorção de água
Esse processo envolve a adição ou a remoção de poros
de água na membrana apical sob estímulo de um hormônio da
neuro-hipófise, chamado de vasopressina.

O rim apresenta várias isoformas das


aquaporinas, incluindo a aquaporina 2 (AQP2), o canal de água
que é regulado pela vasopressina. A AQP2 pode ser encontrada
em dois locais nas células do ducto coletor: na membrana
apical, voltada para o lúmen tubular, e na membrana das
vesículas de armazenamento, no citoplasma.Quando os níveis
de vasopressina – e, consequentemente, a permeabilidade à
água dos ductos coletores – são baixos, as células dos ductos
coletores têm poucos poros de água em sua membrana apical e
estocam seus poros de água AQP2 nas vesículas
Na ausência de vasopressina, o ducto coletor é citoplasmáticas de armazenamento.
impermeável à água. Embora exista um gradiente de A exocitose insere os poros de água AQP2 na
concentração através do epitélio, a água permanece no túbulo, membrana apical, tornando a célula permeável à água. Esse
produzindo urina diluída. A permeabilidade é variável, processo, no qual partes da membrana celular são
dependendo de quanta vasopressina está presente. alternadamente adicionadas por exocitose e removidas por
endocitose, é denominado reciclagem da membrana.
O volume sanguíneo e a osmolalidade ativam
osmorreceptores
A vasopressina é controlada por três estímulos:
 Osmolalidade plasmática (estímulo mais
potente)
 Volume sanguíneo
 Pressão arterial
Quando a osmolalidade plasmática está abaixo do valor
limiar de 280 mOsM, os osmorreceptores não disparam, e a
liberação da vasopressina pela hipófise cessa.
Os principais receptores que detectam a redução de
volume são os sensíveis ao estiramento, presentes nos átrios. A
pressão arterial é monitorada pelos mesmos barorreceptores
carotídeos e aórticos que iniciam as respostas
cardiovasculares . Quando a pressão arterial ou o volume
sanguíneo diminuem, esses receptores sinalizam para o
hipotálamo secretar vasopressina e conservar líquido.
Em adultos, a secreção de vasopressina também
apresenta um ritmo circadiano, com secreção aumentada
durante a noite. Como resultado desse aumento, menos urina é
produzida durante a noite do que durante o dia, e a primeira
urina excretada pela manhã é mais concentrada
Observação: Uma teoria para a causa da enurese noturna em crianças
(i.e., crianças que urinam na cama) é que elas têm um retardo no desenvolvimento do
padrão normal de secreção aumentada de vasopressina durante a noite. Com menos
vasopressina, o débito urinário da criança permanece elevado, fazendo a bexiga
urinária encher até a sua capacidade máxima e esvaziar espontaneamente durante o
sono. Muitas dessas crianças podem ser tratadas com sucesso com um spray nasal de
desmopressina, um derivado da vasopressina, administrado antes de dormir.
A alça de Henele é um multiplicador de capilares, assim como a alça de Henle, mergulham na
contracorrente medula e, após, retornam para o córtex, também
formando alças em forma de grampo, que atuam como
A vasopressina é o sinal para a reabsorção de água
um trocador em contracorrente.
para fora do túbulo renal, porém o fator-chave para a
O ramo descendente é permeável à água,
capacidade de o rim produzir urina concentrada é a alta
mas não transporta íons. Conforme a alça mergulha
osmolalidade do interstício medular.
na medula, a água move-se por osmose do ramo
 Sistema de troca em contracorrente: O descendente para o líquido intersticial,
sistema de troca em contracorrente requer vasos progressivamente mais concentrado, deixando os
sanguíneos arteriais e venosos que passem muito solutos no lúmen tubular. O filtrado torna-se
próximos uns dos outros, com seus fluxos de líquido progressivamente mais concentrado à medida que se
movendo-se em direções opostas (o nome contracorrente move para o interior da medula. Na curvatura das
reflete o fato de que os dois fluxos correm em direções alças de Henle mais longas, o filtrado alcança uma
opostas). Esse arranjo anatômico permite a transferência concentração de 1.200 mOsM.
passiva de calor ou moléculas de um vaso para o outro. Quando o filtrado contorna a curvatura da
Com um sistema de troca em contracorrente, o sangue alça e entra em seu ramo ascendente, as
arterial quente que entra no membro transfere seu calor propriedades do epitélio tubular mudam. O epitélio
para o sangue venoso mais frio, que flui da extremidade tubular nesse segmento do néfron é impermeável à
do membro de volta para o centro do corpo. Esse arranjo água, e transporta ativamente Na+, K+ e Cl- do lúmen
reduz a quantidade de calor perdida para o meio externo. tubular para o líquido intersticial. A perda de soluto do
O sistema de troca em contracorrente no rim funciona por lúmen faz a osmolalidade do filtrado diminuir
meio do mesmo princípio, exceto pelo fato de transferir progressivamente, indo de 1.200 mOsM, na curva da
água e solutos, em vez de calor, sendo que os solutos se alça, até 100 mOsM, no ponto onde o ramo
concentram no interstício ascendente deixa a medula e entra no córtex. O
resultado do multiplicador em contracorrente no rim é
produzir líquido intersticial hiperosmótico na medula e
 Sistema multiplicador em contracorrente filtrado hiposmótico saindo no final da alça de Henle.
renal: O sistema tem dois componentes: a alça de Henle,
que deixa o córtex, mergulha no meio mais concentrado
da medula, e, após, sobe para o córtex novamente, e os
capilares peritubulares, denominados vasos retos. Esses
Os vasos retos removem a água
A água ou os solutos que deixam o túbulo se movem para
dentro dos vasos retos se um gradiente de concentração ou
osmótico existir entre o interstício medular e o sangue nos vasos
retos
O resultado desse arranjo é que o sangue fluindo ao
longo dos vasos retos remove a água reabsorvida da alça de
Henle. Sem os vasos retos, a água movendo-se para fora do
ramo descendente da alça de Henle diluiria o interstício medular.
Dessa forma, os vasos retos são parte importante na
manutenção da alta concentração de solutos na medula.

Equilíbrio do sódio e do volume do LEC


A adição de NaCl no corpo aumenta a osmolalidade.
Este estímulo desencadeia duas respostas: a secreção de
vasopressina e a sede.
A sede nos leva a beber água ou outros líquidos. O
aumento da ingestão de líquido diminui a osmolalidade, mas a
combinação da ingestão de sal e água aumenta tanto o volume
do LEC como a pressão arterial.
Os rins são responsáveis pela maior parte da excreção
do Na, e, em geral, apenas uma pequena parte do Na+ deixa o
corpo através das fezes ou da transpiração. Entretanto, em
situações como o vômito, a diarreia e a sudorese excessiva,
podemos perder quantidades significativas de Na+ e Cl- através
de rotas não rena
A aldosterona controla o equilíbrio do sódio
A regulação dos níveis sanguíneos de Na+ ocorre através
de uma das vias endócrinas mais complicadas do corpo
humano. A reabsorção de Na+ nos túbulos distais e ductos
coletores renais é regulada pelo hormônio esteroide aldosterona:
quanto mais aldosterona, maior a reabsorção de Na+. Ademais,
ela também promove uma secreção de K+
A aldosterona é um hormônio esteroide sintetizado no
córtex da glândula suprarrenal, a porção externa da glândula
que se situa no topo de cada rim, e seu sítio primário de ação é
o último terço do túbulo distal e a porção do ducto coletor que
percorre o córtex do rim, tendo como alvo primário as células
principais (células P).

Observe que a resbasorção de Na+ e água é regulada


separadamente no néfron distal. A água não segue
automaticamente a reabsorção do Na+: a vasopressina precisa
estar presente para tornar o epitélio do néfron distal permeável à
água. Em contrapartida, a reabsorção do Na+ no túbulo proximal
é automaticamente seguida pela reabsorção da água, pois o
epitélio do túbulo proximal é sempre livremente permeável à
água.

A pressão arterial baixa estimula a secreção de


aldosterona
Existem dois estímulos principais: o aumento da
concentração extracelular de K+ e a queda da pressão
sanguínea. Níveis elevados de K+ atuam diretamente sobre o
córtex da glândula suprarrenal em um reflexo que protege o aldosterona desencadeia as reações intracelulares que
corpo da hipercalemia. O decréscimo da pressão sanguínea estimulam a reabsorção de Na+ pelo túbulo renal.
ativa uma via complexa, o que resulta na liberação de um Estimulas que ativam a via SRA:
hormônio, a angiotensina II, que estimula a secreção de
aldosterona em muitas situações.  As células granulares são sensíveis à pressão
arterial. Elas respondem à baixa pressão arterial nas
Dois fatores adicionais modulam a secreção de
arteríolas renais, secretando renina.
aldosterona em estados patológicos: um aumento na
 Os neurônios simpáticos, ativados pelo centro de
osmolalidade do LEC atua diretamente nas células do córtex da
controle cardiovascular quando a pressão arterial
glândula suprarrenal, a fim de inibir a secreção da aldosterona
diminui, terminam nas células granulares e estimulam
durante a desidratação grave, e um grande decréscimo (10-20
a secreção de renina.
mEq/L) na concentração plasmática de Na+ pode estimular
 A retroalimentação parácrina – da mácula densa no
diretamente a secreção de aldosterona.
túbulo distal para as células granulares – estimula a
O Sistema renina-angiotensina liberação de renina. Quando o fluxo de líquido através
A angiotensina II (ANG II) é o sinal que normalmente do túbulo distal é alto, as células da mácula densa
controla a liberação de aldosterona do córtex da glândula liberam sinais parácrinos, que inibem a liberação de
suprarrenal. A ANG II é um componente do sistema renina- renina. Quando o fluxo de líquido no túbulo distal
angiotensina (SRA), uma via complexa para a manutenção da diminui, as células da mácula densa sinalizam para as
pressão arterial que atua em vários passos. A via SRA inicia células granulares secretarem renina.
quando células granulares justaglomerulares, localizadas nas A reabsorção de sódio não aumenta diretamente a baixa
arteríolas aferentes dos néfrons, secretam uma enzima, pressão arterial, mas a retenção de Na+ aumenta a
chamada de renina. A renina converte uma proteína plasmática osmolalidade, o que estimula a sede. Quando a pessoa bebe
inativa, o angiotensinogênio, em angiotensina I (ANG I). Quando mais líquido, o volume do LEC aumenta (ver Fig. 20.8). Quando
a ANG I presente no sangue encontra uma enzima, chamada de o volume do sangue aumenta, a pressão arterial também
enzima conversora da angiotensina (ECA), ela é convertida à aumenta.
ANG II.
A angiotensina 2 tem muitos efeitos no corpo
Pensava-se que essa conversão ocorresse apenas nos
Os efeitos da angiotensina 2 estão correlacionados ao
pulmões, mas sabe-se agora que a ECA está presente no
aumento na pressão arterial, de maneira direta e indireta.
endotélio dos vasos sanguíneos em todo o corpo. Quando a
ANG II no sangue alcança a glândula suprarrenal, ela estimula a Como o mesmo era um produto naturalmente produzido
síntese e a liberação da aldosterona. Por fim, no néfron distal, a foi necessário a implementação de recursos que baixassem o
nível de angiotensina 2, surgindo, portanto, anti-hipertensivos
inibidores da ECA; bloqueadores dos receptores de
angiotensina; inibidores diretos da renina.
Existem ainda peptídeos natriuréticos que promovem a
excreção de Na+ e água
Esses peptídeos são antagonistas endógenos do SRA,
denominado peptídeo natriurético atrial ou PNA, produzido em
células especializadas do miocárdio, localizadas principalmente
no átrio cardíaco. Em nível sistêmico, o PNA aumenta a
excreção de Na+ e água para reduzir o volume sanguíneo; além
disso, ele atua em vários locais. No rim, ele aumenta a TFG
através da dilatação das arteríolas aferentes, além de reduzir
diretamente a reabsorção de Na+ no ducto coletor.
Os peptídeos natriuréticos também atuam indiretamente
para aumentar a excreção de Na+ e água através da inibição da
liberação de renina, aldosterona e vasopressina. Ademais, eles
agem diretamente no centro de controle cardiovascular do bulbo
para diminuir a pressão arterial.

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