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Instrumental conceitual e analítico que remete a obra de Foucault – Arqueologia do

discurso, condições de possibilidades e episteme.


Discursos de missionários, antropólogos e intelectuais europeus e africanos
Invenção da África
Não é essência sobre um objeto, o objeto é constituído de práticas discursivas investidas
de verdade ligadas a instituições de poder e regimes epistêmicos
A África foi inventada
A verdade é histórica, instituída e ligada o poder
Discurso – quadros sociais através dos quais é possível produzir verdades
Sistemas de pensamento tem sido modulado por uma ordem epistêmica ocidental,
mesmo nas descrições ditas afrocêntricas
Desafio para os estudos africanos
Seria possível uma renovação da noção de tradição?
Quem pode falar da gnose africana?
Condições de possibilidades dos trabalhos que enunciam como africanistas
Alteridade – negritude – personalidade negra – filosofia africana

Seminário de Filosofia Mito e História


Aspectos da filosofia africana
Principais aspectos da filosofia atual:
1 – Crítica filosófica da Etnofilosofia: E. Crahay
2 – Tendência fundamental: questiona as bases e representações das ciências sociais, a
fim de elucidar as condições epistemológicas, barreiras ideológicas e procedimentos
para a prática da filosofia;
3 – Estudos filológicos, antropologia crítica e hermenêutica: novas práticas nas culturas
e línguas africanas.

Uma crítica da Etnofilosofia


Dois gêneros
1 – Reflexão sobre os limites metodológicos da escola de Tempels
2 – Práticas africanas e trabalhos que suportam assuntos ocidentais

A expressão filosofia africana, utilizada especialmente na década de 60 por


antropólogos, missionários europeus e homens do clero, sugeriam uma Weltanschauung
(visão de mundo) e, de forma mais abrangente, o da sabedoria prática e tradicional, em
vez de um sistema de pensamento explícito e crítico.
Primeira fase
Crahay propõe uma definição para a filosofia
“... a filosofia é uma reflexão que apresenta características precisas: é explícita,
analítica, totalmente crítica e autocrítica, sistemática, pelo menos em princípio, contudo
aberta, assente na experiência, nas suas condições humanas, significações, bem como
nos valores que revela” (1965, p.63). De uma forma negativa, o que está implícito neste
entendimento da disciplina é que não há uma filosofia implícita, nem intuitiva, nem
imediata. A linguagem filosófica não é uma linguagem da experiência, mas uma
linguagem sobre a experiência” pg 395

Problema de Tempels
Metodológico, pois, coloca visão de mundo como filosofia
Condições para questão conceitual:
“...(a) a existência de um conjunto de filósofos africanos que viva e trabalhe num meio
cultural e intelectual estimulante e decisivamente aberto para o mundo; b) um uso bom
e, naturalmente, crítico de “reflectores” filosóficos externos, que através da paciência da
disciplina, iriam promover em África um pensamento transcultural (tal como o sistema
de Aristóteles, herdado e reformulado por árabes medievais, antes de ser transmitido,
como um legado, aos acadêmicos europeus); (c) um inventário seletivo e flexível de
valores africanos – sejam eles atitudes, categorias ou símbolos – que possivelmente
dariam que pensar (provocariam o pensamento) no sentido proposto pela hermenêutica
de P. Ricoeur (que permitiria iniciativas em África semelhantes à reformulação de uma
filosofia moral e política de Spinoza, com base numa leitura crítica da tradição judaica);
(d) uma clara separação entre consciência reflexiva e consciência mítica, o que
implicaria, e de qualquer forma, ampliaria, grandes contrastes (sujeito versus objeto, eu
versus o outro, natureza versus sobrenatural, sensível versus metafísica, etc.); (e) uma
análise às principais tentações dos intelectuais africanos.

Para Crahay, filosofia está dentro de uma tradição.

Critica de Eboussi-Boulaga
Não se questiona como a antropologia pode ser fonte de ou base para a filosofia e
define-se como técnica para transcrever valores e expressar o que é fundamentalmente
indizível

Segunda fase
Hountondji
1 A etnofilosofia é uma interpretação inebriante e imaginária quem não é suportada por
autoridade textual;
2 Se as instituições ocidentais a valorizam é por uma questão etnocêntrica;
Hountondju diz que a maioria dos etnofilósofos são filósofos, mas não restauram uma
filosofia africana, pois, até agora a África não tem filosofado e o passado não mostra
nada que possa ser denominado filosófico

Fundamentos
Outro extremo da etnofilosofia e dos seus críticos: ideia de filosofia perene que
pressupõe uma alteridade africana e, em certa medida, há uma ortodoxia que se orienta a
partir de três bases: herança etíope, tradição empirista dos países anglófonos, debate
epistemológico de um discurso africano nas ciências sociais e humanas e o
universalismo marxista.
Entende-se como um exercício autocrítico e uma disciplina crítica em África
Exemplos:
1 - Debate epistemológico sobre teologia africana
É possível conciliar fé universal (cristianismo) com cultura africana no seio de uma
disciplina (teologia) que seja epistemologicamente marcada?
Uma parte dos africanos não tem nada a ver com a estrutura social e econômica dos seus
países; o espírito crítico deve apoiar-se na ideia de que não existe nada sagrado que a
filosofia não possa questionar
Debate sobre o significado das ciências sociais
Doutrina de desconstrução em filosofia

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