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F ULA He NICHOLAS DAVIES orcauzan08) ALZIRA BATALHA ALCANTARA "ANA MARIA MONTEIRO HELOISA FESCH MENANDRO- ITACY SALGADO BASSO JOAO RICARDO BESSA FREIRE [MARIA ROSA CARNONARE UBIRATAN ROCHA, PARA ALEM DOS CONTEGDOS NO ENSINO DE HISTORIA EdUFF EDITOPADA UNIVERSIDADE FEDERAL LUMINENSE ‘teri ul -2000 6 ELEMENTOS PARA A CONSTRUGAO DO CURRICULO DE HISTORIA” [Nicholas Davies Este trabalho procura examinar alguns clementos para claboragio do curriculo de Histéria. Obviamente, ni pretende esgotar oassunto. Tem apenas o props de esbogar alguns elementos que creio serem fudamen- ‘ais no tratamento desta questo Que tipo de pessoa, que tipo de cidadao queremos for- ‘mar? Um educando ajustad 20 meio, tl como preten- dram ¢ ainda pretendem muitos cureculos de Estados Sociais ou Histiria? Que aceitea order social tal como existe hoje? Ou leviclo apereeber a Kgiea da realidad social de modo a poder nelaintervir? Se conscientes de que a escola numa sociedad capitalists ot em qualquer ‘otra no é neutapolticamente, masacha-se ainda que contraditoriamente, a servgo das classes dominantes, precisamos definit 3s posibilidades lbertadoras da es. cola, Destna-se ela apenas a criar, ecprodusit ow acer ‘war as desigualdades sociais? Mesmo com todas as Hix rmitagoes estruturais,tera0 a escola eos professores a pacidade de elaborare implementa um projeto edu ional que contribu para a atenuigio of superago da sociedade de clases em que vivemos? Estas © tantas ‘utrasquesties merece ser debutidase responds, = Tighah sprsensd ot Encanto de Professors Passa ‘mre do Enero Ge Hist, remo pala Urvorgads Feral ‘imanone am ae do 1098 Fao Janro Esa flo Contin Tigers meses em tage eotabahe erga % picls menos provioriamente, para que os educadores Formule este projto, que norteart a elaboragin dos turfs le tos as iscplinns. Sem am projeto que ster Inuites © posubilades ds escola ¢integre de inane eaetente #6 witios saberex escolanes, poderé Ihave micongrueneit cute os objetivo gras do ensino ile Heese da colacag ees tras mati, Em a ile se} uerenchs entre estes vit objetivas, sabernus que a valde social in © eatacteriza pela ‘oténeta, is sim pela contrac, Por is, 280 de nos fear agnandand ests harmon ideal tanto quate ponsvel el projeto a servigo dos tabalbadones¢ se conttaponam 1 pmajto burguts dsseminado como senso comum ‘eto educates, Precio ter ousada para explo- ‘ar iixime de possibilidaes exstentesnaatomomaia tli eseola burguesa, sem, ro entanto, nos iludiemos com sexpectativa de grandes tansformagées pela escola. Nao poslemos pensar que os objetivos do ensino de His6xia ‘numa perspeciva “riica", “wranstormadora’, possam ser alcangados por urna mers pritica competente do pro- fessor aw pel exist@ncia de condigdes ideas de ensino, pois eles podem ser minados por abjetivos conservado res de outras dsciplnas, Dafa necessiade de integragio com outras disciplinas. ‘Outro pouto que se deve destcar € que o currculo de Historia, bem como 0 de qualquer otita disciplina es- coli, no é nem pode serencartdo apenas ou principal invent como mera listagem de contetdes, ainda qu tl listagem deva fazer parte do curriculo. Néo devemos hos eseraviza aos conte(dos, até porque eles serio sem- re uma pequena selegio dentre contedidos bera mais ‘wastes, No caso de Histstia, sabemos (ou pelo menos 94 severiunissbet) muito bem que oque ensinamos 20s alunos € apenas uma fragio infinitesimal do possvel ‘comtetido tou da histis fmana, Por mais bem onganizados, selecionadas e aticuados, ‘que sgjam tiscontetidos,o importante no curricula nao reside nelesfsoladamente, mas im masa relagio com, ‘0 objetivos eras da educagio esol, os abjetivos ge~ nas do ensino exola de Histris, metadologia de en- sinoeaavaliago, Assim, ocuriculo deveser visto como ‘uma tozaldade integrada, em que os conteddos se ati= cculem coerentemente com as vrias dimensies do cesso de ensino-aprendizagem escolar. Se no hotver esta aticulacio, o cariter “etic” ou “progresssta® de determinads contetdos ou objetivos gerais on espect- ficos pode ser solapado por usa metodologia ot aalia- 20 conservadora, or exemplo,se qucremos formar am, *cidao crftioo",capzz de compreender alana haha de fara do provesso histrico para nee intervir 80 ;podemos nos limitaraexigir do also a mera assirila- 80 de conteddos, por mais erticos, progressstas ow svangados que eles sem. E preciso também que 0 ah ‘no aprenda ase etic em relacio aos pr6prios comted= dos citcos. Em sum, conteida e mézodo nio so diss sdimensbes estangues do process educacional 30 cot tari, formam uma nidade onginica,inseparivel, pois todo conteddo tem uma dimensio metadolégica, da ‘mest forma que todo métad & também eonteido, Tnterdiseiplinaridade, ow integragio com outras matéri- as, outro elemento fundamental que deve constr dos ‘objetivos gers, no s6 do curricula de Histra, como também do de todas as demais matérias. Nao porque seja ums palsvta bonita ou pomposa Ou pore este nna moda, O professor de Histéva precisa implementa sexe cr ours dps prgueo mbes ja eens € nem pe sor node anes try vapors um dx ob smal ( npn fan © eon ies dita, sa pe coe ba an spc male set, i a ag tn po nme on pela made diving aw qualquer uta forge ineapliavel Inet ace ptisd cpg coal con amb earn pl go Haman ms. Com tras stam cr dee indivi ioe dail eo pene rem & mercé dela. = ‘Como promover esta integragio? As possibilidades so iniimeras, Podemos, por exemplo, fseer un trabalho ‘conjunto com o professor de Matemtica sobre 0 de~ senvolvimento ds Matemitica na Grecia Antiga, relac- ‘onanda cifncia © sociedade e combatend visio tho dfn de que as duas néo esto ligadas © que trae ‘como decorréneia o equivaco de se pensar que o cien~ tista é neuro, Obviamente este trabalho ira exigir que ‘0s profesoresndo se limitasem as livres didtcos (que ‘quase nunca tem esta preocupacio integradora), mas, se sont esem em campo pesados (Un desdabramemto do projeto educacional eque deve estar presente nos objetivos do curriculo de Histsria consiste nos valores atitadese habilidades que quere- mos desenvolver nos os Se queremos que estes t= 9% “mm um atitude soldi eeoletiva entre sie na vids etal, metadologia ea avaliagdo nfo podem se tes- ‘ringir a, nem enftizar,provas, estes, que tendem 3 omenta oindividuaismo ea competicio entre os al ‘nos. Devernas valorizarsobretudo 0 wabalho em grapo fa avaiagio se queremos estimularsttdes mais coo perativss, menos compettivas,enfraguecendo o indivi ‘dsaismo, wm dos pilates da ordem bursa ‘Da mesma forma ve queremos que ws alunos saan pssividade ¢ autem na realidade socal, wormando-se Sujeitos da istri, ser preciso criarcondiges para que cles exercitem a capacdade de sujeitas em sala e na es ‘cola. Seo forem propiciadas ais condliges, a propos- ta do ensino de Histria para que eles sejam sujeios da historia nfo pasard de belo discursooco, a exemplo de tantas leis brasieta. [A Se1xGA0 £ © TRATAMENTO DOS CONTELIDOS De Histon Que concept le Histria deve orienta a selegio, oF ‘anizagio e trata nena das contesidos? sts € a per ‘gunts fundamental para a anise e elaboracio do cae eulo de Histéria, Sem clareza desta conce ariscamo-nos a misturar elementos diferentes © até ‘mesma contraitérios de concepebes de Histia vara das, incorrendo em ecletismo, O que € mais grave: ariscamo-nos a pratcar eletsmo sem saber, algo inad~ missive em taballadores intleetuais, como so 0s pro fessores. Se queremos se ecléticostearcamente,deve> anos deixar iso bem claro na curiculo. Se for fia esta ‘opsio pelo ecletisme, que ela sea Fundamentada. Pen so; no cntanto, qs deve alejar a eoeréncia teria 97 na selegn © tratamento dos contoidos. As comsidera- es sep pretender contribuir para esta selegio © 2) Os divers elementos (saciaVeconimvieypoliteny ‘eubigiew et) de mu fa, pracesso, estrutura, con jimurasdever ser caacteizadove x deve pes denna ft iene ay tena fas pa ‘Mrletnn oka aT e eam deme jcc ssid sido € pce desospen, to, mtorr inna cto ca seeder A ep dogs ‘hninon nga elin i ceo ure Soe Inman ann oa do meds como a tcp natn plas deve enltara ona Titicaca de ements wor de Hi tia deren ens da opt pel elena, Ox ‘omen de its ho podem scons peat ‘Wesplagie ids para et ou gure Bs opr ‘ewer, Rinds oe jan expen neace amo paar de ova str, gl pcouc um ceva grande genera apts! theres momen perder, Teae gue ‘mate histo ea ora asap der ‘ent ca completiae to rote istic pp iat pedo atria excl ana os ‘ontosem ern dpropiagnda ques dal pe, Io lives ype sc io no spin cat mo ‘eluconimo comic pt qu tars ie ses soci sc explain, ie echmivamet fangs do qu ocr na ccna 6 pong ums de on queer termina vertenje do materialism histtico proctirott rediuzir a ttaldale social ao bindimie forgis proditi- vas/elages de produgio, nia devemos cometeroeqtf= vyoco de dssolver aque tocalidade numa série fragmen- tad de dinensées igualmente importantes na explicn- Go do processo histrico, como & cormum nos livros didaticos (PLEKHANOV, 1980 ; KOSIK, 1979 1b) Os conteidos deve proctrarintegrarftos de eur ta, media e longa duragio ou, em outs palavras, con binara dimensioestrueural, conjuntunl¢epissdiea dos fatos histricos. Desde sua instivucionaizago como si- bor académico escolar no século XIX até recentemen~ te, a Histéria privilegion uma nareativa de epissios, freqientemente de nauurezapoltca militar, ow adeni= nistrativa, sob a dtiea dos detentores do poder oficial Entretanto, hoje, sem abandonar os epistdios € preciso Incorporar os aspectos conjuntaraiseestruturas, reli vos a todas as dimenses soci, pars que os episédios possam ser melhor compreendidos. Assim, o episédio ds Independencia do Brasil, em 1822, nio pode ser en tendo dentroda seqdéncia de episdiosimediatamente anteriores, mas como parte da coajuntura das Guerras [NapoleGnicas, Revolugio Francesa, Revolugio Indus tral ingles, Independéncia dos BUA, conjuntura essa aque se insere no fato estratural de longa duragho, de constituigio do capitalismo na Europa Ocidental (BRAUDAL, 1978 ; CHESNEAUX, 1995). Por que é importante a compreensio destes vies nf- veis de temporafidade (a curt, a média e longa dh ‘Go ont episédio, a conjertura, 3 estrutura)? Por vi Fins res: Uma & que aida de processo, que preten dle eaptaro mavinsento da histria, € incompreensivel serio derninio desesniveis de temporalidad, pois um. 99 1 pode ser plenamente elucidada dentro de nits, qa por sa ver, remete a0 movie sss his, estrtnra, O que iyi eshte episiio a conjntural ees a0 8 trial O epical ern sis particu sta sin Favidade (ae tealgas pokes poset historiogratin), resmue sels "Tay ents também, ands fue dictanente, sdunensieseunjentural e extrac fa. Aqui teste ana di wanes cfculdades ape " jovtant, nw ratumento ds cont shade Histinia « ilizaroepissdio coma ‘yuntuea estrus sen dle qualquer tna des lus tempotalites? Nao poxemos retroceder & Hists- ile 9 nua tvs didticos de poco wnypa atts, sas Lambs ase devemosreduzi a Fh th mowtincntos estritunss ot eonjuneutas, na ob- so le resaltar apenas as linas gerais do processa stink, ‘Outta 1120, ehacionads 30 desenvalvimento da intei- neta, de habildlescognitivas (para o que a Hstria ‘wads demas dseipinas escolres deve contribu, poise mera trsmissio de contetidos), mento do episédico para o conjuntural ¢ 6 ‘apacitar 0 aluno a se mowr do particular para o geral,em sama desenvolver sta abstragio, un dos objetivos maiores do ensino, Se ficarmos apenas 9s pissin da histria, naqueles momentos mais viseis, ino estremos desenvolvendo nos alunos a expacidade dle sar do particlar, do imedsto, do fragmentado pata fo geral. Cabe slientar and que o desenvolvimento da abstrago ¢ fimdamentl no i paras inteligénci, como ‘ambérm paraatuagio politica do aluno,o qual, sem ea, teri dificuldade de relacionar o particular com o getale, 100 -auiggys wera portant imervir na relidade de modo mas eficaz. {6 Relacionar 0 particular com o geal, pereebendo suas ‘especifcidades © mediagbes, € outradiretriz que deve ‘estar presente no trtamento dos conteides. A Histria, hilo pode ser encarada como mera seqiéncia eronoligi= «2 de eventos tnics, particulares, irepetiveis, como pretenderam os postivitas. Sem negat 0 particular © 0 Singular, oestuda do pasado hamanto io pode se imi tara ele a0 contrtio, deve procurar int Conjunto maior, constivatdo também d rls, de naturezatemitica (social, econdmico, politico, ciltutal et), temporal (conjantra¢ estruruta), espa ial (locaidade, regio, pas, continente, mundo). Por que integraro particular com o geral? Porque um dos grandes desafios da eduagio escolar €levar 6 alamo a perceber a relagio entre o seu mundo particular (E tla, amigos, barr, escola etc) eo mundo impessoal, aparentemente distane, de que ee ouve far a televi- So, ridi, etc, consttnido pels politica internacional, asdecsties governamentss, os debates parlamentares ee Seele nfo capar esa relagio, pensar que os dois: dos so distntoseseparados um do outro, que © man=

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