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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


SERVIÇO-ESCOLA DE PSICOLOGIA

Iniciais do usuário/Cód. Instituição: E.N.R Nº do Prontuário: 17927


Estagiário(a)/s e TIA: Victoria Taques de Oliveira – TIA: 41528506
Supervisor(a) e CRP: Camila Cruz Rodrigues – CRP: 06/67411

RELATÓRIO FINAL

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

Dados de Identificação do Paciente


Nome: Eduardo Nishiama Rossi
Data de nascimento: 01/11/2010
Idade: 9 anos e 0 meses
Período da avaliação: De 09/08/2019 a 21/11/2019, com 3 faltas justificadas.

1. SÍNTESE DO CASO
E. compareceu à avaliação neuropsicológica após encaminhamento de avaliação
psicológica que teve duração de 10 sessões e levantou como hipótese diagnóstica um
Transtorno de Leitura e Escrita. Foram trazidas queixas a respeito da compreensão de
textos, matemática e na ortografia. Também foram relatadas dificuldades específicas de
memória, tais como esquecimento de informações que foram ditas há pouco tempo e
tendência a se distrair com facilidade.
De acordo com os dados da entrevista inicial, o período gestacional transcorreu
sem intercorrências, a mãe disse que foi uma gravidez “tranquila” (sic.) e dentro do
tempo gestacional adequado. O bebê nasceu de cesariana e consta que as aquisições dos
principais marcos do desenvolvimento neuropsicomotor ocorreram dentro dos padrões
de normalidade. Quanto ao desenvolvimento da linguagem, foi relatado que E. começou
a falar primeiras palavras com aproximadamente 11 meses e segundo os pais, não foi
observada nenhuma dificuldade no desenvolvimento da fala. Possui um bom padrão de
sono e sua mãe diz que ele tem um sono tranquilo. Atualmente, é notado que E. possui
uma boa compreensão e comunica-se adequadamente, contudo quando recebe uma
instrução mais longa, acaba se perdendo na execução das tarefas e acaba sendo
desorganizado. A mãe nota que E. consegue organizar seus relatos adequadamente e se
recorda com facilidade de situações vivenciadas e lugares pelos quais o mesmo passou.

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RELATÓRIO FINAL

No que diz respeito aos aspectos clínicos de sua saúde, consta que E, aos seis
anos foi diagnosticado, por um psiquiatra, com TDAH (Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade) e lhe foi prescrito Ritalina, contudo a mãe não concordou
com a medicalização do filho e acabou não lhe dando o remédio.
A mãe relatou que E. é uma criança tranquila, mas tem poucos relacionamentos
com as outras crianças por “não gostar das brincadeiras que elas têm” (sic.) Segundo a
genitora também, E. possui inquietude motora, sempre está mexendo os pés e as mãos
sem parar; e se frustra facilmente com tarefas que considera mais difíceis, dizendo que
não consegue e muitas vezes chorando por isso.
Precisa de auxílio para concentrar-se em deveres, pois parece se distrair com
facilidade. Contudo, é comunicativo, sua sociabilidade é positiva, é independente frente
às atividades de vida diária e gosta de praticar esportes.
Quanto ao histórico escolar, os pais relatam que E. seguiu sempre com muitas
dificuldades. Nunca foi reprovado e mudou-se de escola quando terminou o Ensino
Infantil porque a escola em que estava não tinha as próximas séries.
Os pais observam que seu ritmo é mais lento e suas maiores dificuldades estão
em compreender e se recordar do conteúdo de um texto após ser lido. Sua leitura é lenta,
às vezes pára uma palavra para ler uma letra isoladamente, omite letras na escrita e
comete muitos erros ortográficos. Na matemática ainda não memorizou a tabuada, só
sabe realizar cálculos de adição e subtração quando estas possuem apenas um dígito e
comete erros em contas, mesmo sabendo o procedimento.
Em decorrência das dificuldades apresentadas, a mãe de E. procurou um
fonoaudiólogo. Ele realizou apenas uma audiometria, que não apresentou alterações, e o
profissional liberou o paciente do atendimento.

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2. INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Os procedimentos utilizados foram a observação clínica, atividades lúdicas
e aplicação dos seguintes instrumentos neuropsicológicos: Wasi – Escala Abreviada
Wechsler de Inteligência e Wisc IV – Escala Wechsler de Inteligência para
Crianças, que têm como objetivo avaliar a capacidade intelectual e o processo de
resolução de problemas; TDE – Teste de Desempenho Escolar, que avalia
habilidades básicas de leitura, escrita e aritmética; Anele 2 – Avaliação de
Compreensão de Leitura Textual, que tem por objetivo mensurar a compreensão de
leitura de texto narrativo e o reconto, além da interpretação do mesmo; Teste de
Linguagem Oral, responsável por verificar consciência fonológica; Figuras
Complexas de Rey, que analisam capacidade de percepção visual, memória e
planejamento; BPA – Bateria de Atenção, Teste de Trilhas e CPT II – Conner’s
Continuous Performance Test II, responsáveis por analisar os vários tipos de atenção
existentes; Neupsilin-Inf – Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve
Infantil, que inclui testes para avaliação de componentes de oito funções
neuropsicológicas em crianças entre seis e 12 anos (orientação temporal e espacial,
atenção visual e auditiva, percepção visual e de emoções em faces, memória
episódico-semântica visuoverbal, memória episódico-semântica verbal, memória
semântica e memória de trabalho, habilidades aritméticas, linguagem oral e escrita,
praxias construtivas e funções executivas); por fim, CBCL - Inventário
de Comportamentos para Crianças, que avalia os comportamentos infantis por faixa
etária.

3. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DOS ASPECTOS COGNITIVOS

As sessões realizadas deram ênfase à avaliação do  funcionamento cognitivo,


orientada pela hipótese diagnóstica levantada de Transtorno de Leitura e Escrita. Para

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um possível diagnóstico é importante verificar a existência de comorbidades e a relação


dos sintomas manifestados com sua funcionalidade adaptativa. Desta forma, a avaliação
também investigou a qualidade da interação social, a linguagem para fins de
comunicação social e a capacidade de criar jogos imaginativos ou simbólicos.

-Aspectos Comportamentais
E. se mostrou uma criança bastante solícita para a execução das tarefas,
principalmente aquelas em que apresentava capacidade para realizar. Estabeleceu um
bom vínculo terapêutico e foi bem comunicativo já na primeira sessão. Em relação à sua
interação social, E. é verbal e capaz de estabelecer contato com o outro, expressando-se
por meio de sua postura, gesto e fala. Às vezes reclamava das atividades propostas,
contudo as realizava mesmo assim. No geral, ele tentava se esquivar das atividades que
apresentava dificuldades, como leitura e escrita.
Não demonstrou dificuldade em manter-se engajado em uma atividade por um
tempo maior. E. demonstrou certo perfeccionismo em suas tarefas e até mesmo uma
necessidade de aceitação, toda vez que era elogiado, o seu êxito nas tarefas era maior,
desde que essas estivessem de acordo com o seu desenvolvimento cognitivo.

-Atenção
Na investigação da atenção, E. mostra um padrão oscilante. Em algumas
atividades consegue manter o foco atencional, mas, na maioria dos casos necessita de
mediação maior para a execução das tarefas. Apesar de ter grande autonomia na
execução da atividades, percebe-se que a mediação possibilita que E. alcance os
objetivos propostos nas atividades com mais facilidade.
Durante a realização de todas as tarefas que demandavam uma atenção
sustentada por um tempo maior, foi observado que E. entra em fadiga rapidamente, o
que dificulta a sua capacidade de atenção. Seria importante trabalhar estratégias

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metacognitivas, nas quais, no caso dessa tarefa, envolveriam a utilização de estratégias


de rastreamento e monitoramento da atividade, além de planejamento para a sua
execução. Essas estratégias facilitariam e incrementariam o desempenho de E. no dia-a-
dia para a percepção das informações que o cercam. A criança não apresentou
dificuldades de percepção visual de estímulos apresentados à ela (como no Completar
Figuras do Wisc, por exemplo).
Em tarefa computadorizada que envolve o processamento atencional, observa-se
que E. tem pouca capacidade de atenção sustentada, apresentando dificuldades em
finalizar a tarefa. Durante todo o procedimento ele conversa, faz brincadeiras, diz que
está cansado e não consegue manter o foco atencional da atividade mesmo com
mediação. Seu comportamento não afetou o desempenho quantitativo, tendo em vista
que o paciente permaneceu dentro da média atencional, porém por pressionar estímulos
distratores durante seus momentos de desatenção, ele acabou tendo um índice de
impulsividade um pouco elevado.
Ele apresentou uma capacidade média inferior de execução de tarefa atencional
que exige habilidade motora (subtestes Código e Procurar Símbolos-WISC-IV), por
demorar a localizar os estímulos e não por erros.
Na escola, sugere-se que a sala de aula que frequenta tenha poucos alunos e que
ele sente a frente de seus colegas. Enquanto que em casa, é propício que ela tenha um
ambiente organizado para manter a capacidade atencional, sendo fundamental que ele
participe da organização do próprio ambiente. Além disso, o tempo de execução das
atividades deve inicialmente ser curto e alternado com intervalos de descanso, tendo em
vista a dificuldade em atenção sustentada.
-Linguagem
E. realizou algumas atividades voltadas para a linguagem, devido à hipótese
diagnóstica levantada. A criança apresentou déficit na área da expressão, em que se
codifica a informação que deseja transmitir em fonemas e também dificuldade na área
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da recepção, que ocorre a decodificação dos fonemas que ouviu para compreender a
mensagem (Neupsilin-Inf). Em sua escrita, E. algumas vezes acrescenta letras às
palavras e outras vezes omite; há um desconhecimento do som de “nh” ou “ch” e sua
escrita é quase incompreensível. Sua leitura é lentificada, silábica e muitas vezes, E.
pausa uma palavra, lê uma letra isoladamente e volta à palavra. A criança também
possui um padrão de troca de letras: ele troca “t” por “j”, “b” por ‘d” e “nh” por “d”,
além de se perder nas linhas durante as leituras. Pela velocidade de leitura, E. não
consegue armazenar conteúdos que acabara de ler, pois o esforço para ler é tão grande
que ele acaba não conseguindo dividir a atenção nas atividades.

-Memória
A avaliação de memória operacional para material visuoespacial mostra que E.
apresenta capacidade de manipulação de informações visuais por um curto período de
tempo. É importante dizer que a criança tem mais facilidade na manipulação e
armazenamento de conteúdo visual do que conteúdo verbal (subtestes Dígitos e
Sequência de Números e Letras- WISC-IV), o qual encontra-se classificado como
Médio Inferior. Sendo importante a associação dos sons com a imagem, a fim de
facilitar a aquisição de informações auditivas.
A memória de longo prazo declarativa, semântica (tarefa de fluência
semântica) seu desempenho foi médio, de acordo com a categoria utilizada. Isso mostra
que a criança tem habilidade em evocar informações que estão na memória semântica,
aquelas que foram aprendidas ao longo da vida e já estão consolidadas. Já quando o
acesso às informações é realizado por meio de classe fonológica/ortográfica, o paciente
apresenta desempenho prejudicado na quantidade de informações evocadas. Essa
discrepância no desempenho da criança em tarefas de memória de longo prazo explícita,
semântica, deixa evidente que, embora ela seja capaz de adquirir, consolidar e evocar as
informações (mecanismos de memória de longo prazo preservados) há uma certa
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dificuldade referente à orientação temporal, já que o paciente tem bastante dificuldade


de saber datas e renovações cíclicas, como seu próprio aniversário.
O paciente apresenta boa capacidade de evocação de informações por meio do
subteste Vocabulário (WISC IV) e no subteste Informação (WISC IV), o qual também
avalia conhecimento semântico.
Quanto à memória de longo prazo declarativa, episódica (Evocação Imediata e
Evocação Tardia e Reconhecimento - Neupsilin), seu desempenho na evocação imediata
de informações foi abaixo do esperado no que diz respeito a quantidade de informações
recordadas. Na recordação tardia E. teve dificuldade na evocação, mas a criança
mostrou capacidade de reconhecimento das palavras da lista. Ou seja, E. tem capacidade
de aquisição e consolidação das informações, embora apresente dificuldades na
evocação em longo prazo. Por outro lado, ao ter que ler e reconhecer uma história, E.
tem dificuldade em armazenar as informações e juntá-las, não consegue recontá-las
posteriormente e confunde as informações. Sua organização com palavras é abaixo da
média, porém seu planejamento frente à figuras é bom (Figuras Complexas de Rey). E.
sabe criar estratégias para chegar a um objetivo de forma mais direta e consegue se
recordar das estratégias algum tempo depois.
Dessa forma, é importante trabalhar a produção autônoma de textos
(inicialmente orais) visando o desenvolvimento de habilidades tais como organização,
seqüenciamento e categorização de informações. Sugiro que sejam inseridas estratégias
como a repetição e a divisão do texto em pequenos fragmentos podem facilitar a
compreensão, a aquisição e conseqüentemente a evocação das informações.

-Habilidades Visuoconstrutivas
Em relação à habilidade visuoconstrutiva, (subteste Cubos - WISC IV e cópia de
figuras simples e complexas - Figuras Complexas de Rey), E. apresentou boa

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capacidade de organização, planejamento e integração na execução da cópia, apesar de


ter afirmado não gostar da atividade com cubos por ser “confusa e difícil” (sic).

-Funções Executivas
Tarefas que exigem a compreensão de regras sociais (subteste Compreensão –
WISC-IV) mostraram-se adequadas, embora seja sempre importante estimular o
desenvolvimento da autonomia, com atividades de acordo com a faixa etária da criança.

-Percepção do Comportamento - visão do professor


Segundo relatório enviado pela escola que E. está cursando o 3º ano do Ensino
Fundamental, a criança encontra-se em fase silábico-alfabético de escrita, porém ainda comete
muitos erros ortográficos e não produz frases. Ele tem bastante dificuldade em executar
atividades, necessitando de explicação e intervenção individual, não registra e geralmente não
copia o enunciado por completo e acaba pulando linhas. A criança já faz parte do projeto de
reforço, mas não apresentou avanços nos processos de leitura e escrita.
A professora relata que E. se distrai facilmente com seus pertences, isola-se do grupo,
evita o contato e não gosta de ser tocado. Ela cita também que a criança tem dificuldade de
auto-regulação.

-Nível de Inteligência
Diante do acima exposto, a avaliação do nível intelectual global, por meio do
WISC IV, mostrou que o desempenho total de E. é médio (QI total = 94). Sendo que
apresenta maior habilidade em tarefas que compõe o índice de Velocidade de
Processamento (IVP= 105), o Índice de Organização Perceptual (IOP=100) e o Índice
de Compreensão Verbal (ICV= 95). Enquanto que as tarefas que compõe o Índice de
Memória Operacional são aquelas em que E. apresenta um rendimento menor, se
comparado às outras habilidades (IMO=80) (Figura 1).

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Wisc IV
14
12
10
8
6
4 Wisc IV
2
0
s s s s o o s al o s s o o a s
u bo nça ígito tivo dig lári etra rici nsã olo ura ent açã étic avra
C a D ur a ó bu L at ee m b Fig m rm tm al
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Figura 1 - Resultados individuais dos sub-testes utilizados do WISC IV, com os


respectivos pontos ponderados (máximo: 19, média:10).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
E. estabelece facilmente o vínculo terapêutico e se mostra uma criança bastante
carinhosa. É motivado e capaz de envolver-se nas atividades propostas, embora,
frequentemente se distraia e necessite ser mediado, principalmente quando tem
dificuldades na realização das tarefas.
A avaliação neuropsicológica indica que E. apresenta potencialidades nas
capacidades de percepção, habilidade visuoespacial e planejamento. Em contrapartida
suas dificuldades se concentram na capacidade de atenção, linguagem escrita e memória
operacional fonológica. Seus processos mnemônicos (memória de curto e longo prazo)
estão preservados, embora seja fundamental trabalhar estratégias metacognitivas para o

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incremento da capacidade de evocação das informações aprendidas, conforme exposto


anteriormente.
Os sintomas e dificuldades apresentadas pelo paciente são indicativos de
Dislexia (R.48).
Reitero o papel fundamental da mediação que possibilita que E. alcance os
objetivos propostos nas atividades. Por isso, esse é um recurso que pode ser utilizado
amplamente, a fim de permitir o desenvolvimento das habilidades e posteriormente a
autonomia e autoconfiança de E.
É necessário que as atividades desenvolvidas por E., ao longo do dia, sejam
monitoradas, com tempo pré-determinado e sequenciamento de atividades organizadas
com período curtos e intervalos de descanso. Isso não implica em fazer por ele ou ser
menos exigente, mas sim, auxiliar na organização para que possa desenvolver
independência e assumir suas responsabilidades. É fundamental que sejam incentivadas
atividades e responsabilidades de acordo com a sua faixa etária e seu desenvolvimento
cognitivo para adquira autonomia.
Para isso, é importante que a rotina da criança esteja organizada com intervalos
de descanso, pois o rendimento de E. diminui à medida que o tempo passa e as
atividades se tornam mais complexas. Ainda, nesse primeiro momento é aconselhável a
presença de um mediador, a fim de manter o foco da criança e possibilitar o
desenvolvimento de estratégias metacognitivas para que ela adquira maior autonomia
em suas atividades.
Em sala de aula, considera-se importante que E. tenha um
acompanhamento diferenciado devido às suas dificuldades de compreensão e expressão
da linguagem escrita, em seguir instruções e sustentar a sua concentração. Se a escola
tiver disponíveis serviços e recursos de apoio, é sugerido que os utilize.
Em casa, é propício que ele tenha um ambiente organizado para manter a
capacidade atencional, sendo fundamental que ela participe da organização do próprio
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RELATÓRIO FINAL

ambiente. Além disso, o tempo de execução das atividades deve inicialmente ser curto e
alternado com intervalos de descanso, tendo em vista a dificuldade em atenção
sustentada.
Também pode ser adequada a associação dos sons com a imagem dos estímulos
que estão sendo adquiridos, a fim de facilitar a aquisição de informações auditivas.
Apesar de E. ter êxito na evocação de informações, é importante trabalhar a produção
autônoma de textos (inicialmente orais) visando o desenvolvimento de habilidades tais
como organização, seqüenciamento e categorização de informações.
Sugiro que sejam inseridas estratégias como a repetição e a divisão do texto em
pequenos fragmentos que poderiam facilitar a compreensão, a aquisição e
consequentemente a evocação das informações.
Além disso, é fundamental trabalhar estratégias metacognitivas para que a
criança possa desenvolver a capacidade de pensar sobre o conteúdo que está sendo
adquirido e manipulado para assim consolidar e consequentemente evocar as
informações adequadamente.
Sugiro avaliação e terapia fonoaudiológica, a fim de investigar os aspectos
fonológicos da linguagem que são necessários para o processo de alfabetização, os quais
E. apresenta dificuldade.
Coloco-me a disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários.

São Paulo, 25 de novembro de 2019.

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Victoria Taques de Oliveira Prof. Dra. Camila Cruz Rodrigues
TIA: 41528506 CRP: 06/67411

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