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Domicílio da Pessoa Natural

Art.70 CC/2002 – Domicílio da pessoa natural


Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com
ânimo definitivo, convertendo-o em regra, em centro principal de seus
negócios jurídicos ou de sua atividade profissional.
A residência é, portanto, o elemento do conceito de domicílio, o seu elemento
objetivo. O elemento subjetivo é o ânimo definitivo.
Obs: Domicílio não se confunde com habitação ou moradia, entendendo-se
esse como o local que a pessoa ocupa esporadicamente (casa de praia, de campo).
O direito pátrio admite a pluralidade de domicílio. Veja-se:
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á
domicílio seu qualquer delas.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às


relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é
exercida.

Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares


diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem.

Repercussão da pluralidade de domicílio na legislação processual


art. 46. CPC
§ 1º tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no
foro de qualquer deles.
A definição e identificação de domicílio mostra-se relevante, também, no
que tange ao conflito de leis no espaço, sendo objeto da Lei de Introdução as Normas do
Direito Brasileiro-LINDB, nos artigos 7º, 8º e 10º.
Aqueles que não possuem residência habitual, a exemplo dos nômades
modernos (nômades digitais), ciganos, a lei considera residência habitual, o lugar onde
for encontrada (art. 73).
O domicílio é mutável, na medida em que a pessoa física troca de
residência com ânimo de mudar, conforme disposto no art. 74 do Código Civil:
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com
a intenção manifesta de o mudar.
Espécies de Domicílio
O domicílio pode ser voluntário ou necessário (legal). O voluntário como o
próprio nome diz é escolhido espontaneamente pela pessoa. O domicílio necessário é o
fixado por lei. O art. 76, do Código Civil especifica os casos de domicílio necessário.
Veja-se:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o


militar, o marítimo e o preso.

Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante


ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se
encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o
navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a
sentença. Grifos apostos.

Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,


alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu
domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve.

Domicílio de eleição
“Permite a ordem jurídica que as partes contratantes façam constar, no
documento que instrumentaliza o seu pacto, o domicílio onde se exercitarão os direitos e
deveres correspondentes. É o chamado foro de eleição” (Curso de direito civil, volume
1: parte geral / Paulo Nader – 11ª ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense Brasil,
2018, p.207).
O domicílio de eleição está previsto no art. 78. Nos contratos escritos, poderão
os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
obrigações deles resultantes.
Eleição de foro em contrato de adesão.
Embora seja de livre escolha a eleição de foro, portanto, sabemos que no
contrato de adesão as cláusulas são impostas, inclusive, do foro de eleição.
Possibilidade do consumidor ajuizar a demanda no foro de seu domicílio, art. 51, IV e
XVII e art. 101, inc. I, do CDC.
“(...)  1. Em se tratando de relação de consumo, tendo em
vista a intenção de facilitar a defesa do consumidor, é
possível que essa parte escolha propor a ação no seu
domicílio, nos termos do art. 101, I, do CDC. 2. Se o
consumidor tiver mais de uma residência, qualquer delas
será considerada seu domicílio, nos termos do art. 71 do
CC, razão pela qual a escolha de uma delas para a
propositura da ação não pode ser considerada como
aleatória. 3. A competência territorial é de natureza relativa,
prestigia a liberdade das partes na disposição de direitos
transigíveis e patrimoniais, mas essa faculdade está limitada
pelo regramento processual em vigor." (grifamos)
Acórdão 1407242, 07267188920218070000, Relator: Des.
Roberto Freitas Filho, Terceira Turma Cível, data de
julgamento: 10/3/2022, publicado no DJe: 25/3/2022. 

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