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Lei de Introdução ao Código Civil - LINDB.

Cuida-se de uma lei que tem por finalidade estabelecer normas de


aplicabilidade das leis em geral (metadireito/sobredireito).

Segundo ensina Maria Helena Diniz, é “uma norma preliminar à totalidade do


ordenamento jurídico nacional”. Tem, portanto, uma natureza cogente. •Decreto-Lei nº
4.657/42 (LICC). Posteriormente, passou a se chamara LINDB, por força da Lei nº
12.376/10.

Divisão metodológica do conteúdo da LINDB

Art. 1º - Quando uma lei passa a ser obrigatória?

Art. 2º - Por quanto tempo uma lei é obrigatória?

Art. 3º - Todos devem se submeter às leis, mesmo que as desconheçam?

Art. 4º - Como se resolver uma disputa quando não houver leis que tratem da
matéria?

Art. 5º - Como as normas devem ser interpretadas?

Art. 6º - As leis podem regulamentar fatos anteriores à sua edição? (Direito


Intertemporal)

Art. 7º a 19 – De que modo as leis brasileiras se relacionam com as leis


internacionais no âmbito das relações privadas? (Direito Internacional Privado)

Art. 20 a 30 (Lei nº 13.655/18) – Normas específicas de interpretação e


aplicação do Direito Público.

Quando a lei passa a ser obrigatória?

Torna-se obrigatória quando passa a vigorar no país, importando destacar que


vigor é qualidade da lei produzir efeitos jurídicos no país.

Art. 1o. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar


em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada.

Essa regra comporta exceções, havendo a possibilidade de prazo diferenciado


(que poderá ser dilatado, reduzido ou até mesmo eliminado), desde que previsto na lei,
no texto da lei.

Ex: Código civil de 2002 que se tornou obrigatório (entrou em vigor), somente
i ano após sua publicação, vide art. 2.044 do Código Civil de 2002.

O prazo entre a publicação da lei e entrada em vigor é denominado de vacatio


legis (vacância da lei).

Correção de lei durante a vacatio legis

Art. 1º (LINDB)

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova


publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.

§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei


nova.

Forma de contagem do prazo para entrada em vigor

Lei Complementar nº 95/98

Art. 8º.

§ 1 o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que


estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.
Assim, se uma lei for publicada em 02 de janeiro, o último dia do prazo será
dia 16, entrando em vigor a lei no dia 17.

Não há prorrogação em casos de dias inúteis, por não se tratar de


cumprimento de obrigação.

Tempo de obrigatoriedade da lei. Quando a lei deixar de viger?

Art. 2º.  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor


até que outra a modifique ou revogue.

Enquanto a vigência da norma se inicia ao fim do seu período de vacância, se


houver, o término dos efeitos vigorantes se dão mediante a edição de uma nova lei que a
revogue totalmente (ab-rogação) ou parcialmente (derrogação). Também ocorre a
revogação por assimilação ou inteira regulação da matéria

Exceção: leis temporárias (lei da copa, suspensão de despejos enquanto


perdurarem os efeitos da pandemia ou até data certa).

Revogação

Ato por meio do qual uma regra retira a validade da outra, total ou
parcialmente, para tanto a regra revogadora deve ser de mesma hierarquia ou de
hierarquia superior a da regra revogada.

Ex: Lei complementar só poderá ser revogada por complementar ou superior,


não podendo ser revogada por lei ordinária.

Art. 2º. [...]

§ 1 o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente


o declare, quando seja com ela incompatível ou quando
regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.

Por força do texto legal, a revogação pode ser:


a) expressa (quando no próprio texto da lei declare expressamente a revogação
da lei ou de artigos de determinada lei);

b) quando o texto da nova lei seja incompatível com a anterior. Nesse caso,
ainda que não mencione expressamente a revogação integral ou parcial da lei anterior,
entende-se que a intenção do legislador foi dar novo regramento, ainda que a
incompatibilidade tenha ocorrido por descuido legislativo.

c) quando a nova lei regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Nesse ponto, importa informar que quando uma norma entra em conflito com
outra surge a antinomia. A antinomia pode ser de dois tipos: real ou aparente. Quando
se tratar de uma antinomia real a solução é a revogação da norma conflitante.

Contudo, quando se tratar de uma antinomia aparente, para a verificação de


revogação das normas e solução de tais conflitos, três critérios, listados abaixo devem
ser utilizados:

1) HIERÁRQUICO (lex superior derrogat legi inferior): consiste em verificar


qual das normas é superior, independentemente da data de vigência das duas normas
(exemplo: um regulamento não poderá revogar uma lei ainda que entre em vigor após
esta); 2) ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat legi generali): as normas gerais não
podem revogar ou derrogar preceito ou regra disposta e instituída em norma especial, e;
3) CRONOLÓGICO (lex posterior derrogat legi priori): a norma que entrar em vigor
posteriormente irá revogar a norma anterior que estava em vigor.

A revogação de lei pode ser total ou parcial.

A revogação total classifica-se como ab-rogação, a exemplo do código civil de


2002 com relação ao código civil de 1916, quando aquele revogou totalmente o anterior
e; derrogação quando a nova lei revoga apenas partes da lei já existente.

Uma norma revogada pode se manter eficaz para certas situações jurídicas por
determinação legal e continuar a ser aplicada pelos juízes, princípio do tempus regit
actum (Tempo Rege o Ato), por meio do qual as situações jurídicas devem ser
analisadas sob a lei vigente na época em que os fatos ocorreram.
No tocante a revogação expressa ou direta, a LC 107/2001 deu nova redação à
LC 95/98 que ficou da seguinte forma: Art. 9º A cláusula de revogação deverá
enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.

Logo, o legislador não pode mais se valer da expressão, revogam-se as


disposições em contrário.

Ocorre de uma norma adentrar no mundo jurídico e conflitar com outra já


existente.

Repristinação

É o restabelecimento da vigência da lei revogada pela revogação da lei que a


tenha revogado.

Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá


vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se


restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Ex: A lei “A” é revogada pela lei “B”, posteriormente adentra no mundo
jurídico a lei “C” revoga a lei “B”, tendo a lei “A” retomado sua vigência por força da
revogação da lei “B”.

No ordenamento jurídico brasileiro não há repristinação automática. Logo, o fato


de a lei revogadora ter sido revogada não restabelece a vigência da lei por ela revogada.

Correção lei durante a vacatio legis

Art. 1º [...]

§ 3o.  Se antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova


publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.
§ 4o.  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se
lei nova.

Princípio da obrigatoriedade da lei. A vedação ao erro de Direito

A obrigatoriedade normativa e a presunção de conhecimento erga omnes


decorrente da publicação do ato normativo.

Cuida-se de pressuposto obrigatório de funcionamento e cumprimento do


ordenamento jurídico. É essencial para a garantia da segurança jurídica.

Art. 3 o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que


não a conhece.

Embora no Direito o erro de Direito não possa ser alegado para isentar das
consequências jurídicas, ele pode ser utilizado com objetivo de anular negócios
jurídicos. Veja-se:

Art. 139. O erro é substancial quando:

[...]

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da


lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.

No caso, o erro ocorre quando o sujeito se engana quanto ao objeto da


negociação, ou quanto a pessoa com quem o sujeito contrata.

FONTES DO DIREITO

Na definição de BOBBIO (BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento


jurídico. 10. ed. Brasília: Ed. UnB, 1999.) "fontes do direito são aqueles fatos ou atos
dos quais o ordenamento jurídico faz depender a produção de normas jurídicas. O
conhecimento de um ordenamento jurídico (e também de um setor particular desse
ordenamento) começa sempre pela enumeração de suas fontes".

As fontes do direito podem ser divididas em duas espécies: Fontes formais


principais (lei, analogia, costumes e princípios formais do direito) e fontes formais
secundárias ou acessórias (Decretos, Resoluções, Instruções normativas, portarias etc.
guardam obediência a fonte principal).

Doutrina e jurisprudência: consideradas, como fontes não formais ou fontes


indiretas (mediatas). Também consideradas meramente intelectuais ou informativas.

Emenda 45/2004 – Súmula efeito vinculante – Fontes formais. art. 103 CF/88

INTEGRAÇÃO DO DIREITO -

Não sendo o nosso sistema jurídico uma criação perfeita e acabada, não sendo
possível o legislador prever todas as possibilidades de relações e seus conflitos, todas as
demandas da sociedade, a Lei, por si só não é completa, existindo lacunas que precisam
ser preenchidas, constatação que corrobora para a importância das fontes do direito, haja
vista que elas tornam possível encontrar uma solução aplicável aquelas situações não
estão previstas na legislação.

Lacunas da Lei

A ausência de previsão normativa para determinada relação social que reclama


tratamento jurídico denomina-se lacuna legalA Lei é a principal fonte do direito
contemporâneo, mas não é a única.

O art. 4º da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro-LINDB, dispõe


que nos casos de omissão, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.

Supletivamente poderá o magistrado utilizar a doutrina e a jurisprudência,


sendo essas denominadas fontes indiretas, não formais (mediatas), pois não estão
autorizadas a criar normas jurídicas, embora influenciem na criação destas. Também
consideradas meramente intelectuais ou informativas.

O Estado, ao vedar a autotutela (art. 345 do CP), arroga para si o dever de


resolver todos os conflitos pela Jurisdição.

Se as pessoas não podem alegar o desconhecimento da lei, também não pode o


Estado deixar de resolver os conflitos pela ausência de lei que regulamente a questão
debatida (vedação ao non liquet=inafastabilidade da jurisdição).
Registre-se que as demais fontes do direito, como a analogia, os costumes, os
princípios gerais do direito, a doutrina, a equidade e a jurisprudência, assim, dentro de
uma lógica juspositivista, subordinam-se à legislação e dela tiram a sua força.

Há uma preferência legislativa dentre os meios de colmatação das lacunas?


Para Maria Helena Diniz, sim, deve ser observada a ordem legal (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro Interpretada).

A analogia

A analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não


prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para um caso fundamentalmente
semelhante à não prevista. É um procedimento de semelhança e associação.

A analogia exemplificada: O código civil não trata da prestação de serviço


gratuito. Nesse caso o doutrinador Fávio Tartuce ensina que “A prestação de serviços
pode até ser gratuita. Todavia, em casos tais, diante da atipicidade da prestação, devem
ser aplicadas as regras previstas para a doação”.

Os costumes

Práticas sociais continuas e uniformes, que regulamentam as relações sociais


de determinada região.

 Costumes secundum legem: previsão legal específica.


 Costumes praeter legem: Ausência de lei vigente. Aplicados em
caráter supletivo
 Costumes contra legem: não podem prevalecer, na medida em que
apenas uma norma tem a capacidade de revogar outra.
A Lei, além de autorizar a utilização de outras fontes do direito nos casos de
lacunas na lei (art. 4º da LINB), também o faz de forma expressa, em outros
dispositivos legais para solução de conflitos. Veja-se quanto ao costume o disposto no
código civil:

Art. 569. O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o


aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo
o costume do lugar.
Por força de Lei, o magistrado verificará, naquele lugar quando o aluguel é
costumeiramente pago, perceba que nesse caso, constata-se que o costume se torna lei
entre as partes e será aplicável para solucionar o impasse.

Os princípios gerais do Direito

No Direito, o papel do princípio é trazer valores para dentro do Direito. Em


virtude de sua própria natureza e grau de abstração, os princípios permitem que o juiz ao
interpretá-los e aplicá-los traga para dentro do Direito, valores sociais preponderantes,
garantindo dignidade mínima ao ser humano.

Princípios são normas com maior grau de abstração e cuja antinomia é


resolvida pelo critério da ponderação e da cedência recíproca.

Os princípios gerais: norteiam todo o sistema jurídico. Já os princípios


específicos: organizam, orientam determinados ramos do direito.

Diante da existência de princípios gerais e especiais, a orientação é no sentido é


de o aplicador buscar o princípio nas disposições do instituo que regula a matéria do
caso concreto. Somente na ausência desta fonte é que deverá buscar o princípio no
âmbito imediatamente mais próximo e assim sucessivamente. Quanto mais próxima a
fonte fornecedora do princípio maior a probabilidade de sua adequação à singularidade
do caso concreto (Nader, Paulo. Curso de direito civil, volume 1: parte geral – 11ª ed.
Re. E atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. 96)

Ex: princípio da boa-fé contratual, princípio da autonomia da vontade,


princípio da proteção do trabalhador.

Maria Helena Diniz nos explica: “Quando a analogia e o costume falham no


preenchimento da lacuna, o magistrado supre a deficiência da ordem jurídica, adotando
princípios gerais do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados,
explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no
ordenamento jurídico.”

O alto grau de abstração dos princípios traz dificuldades vez que sem uma
situação concreta para que se conceitue os princípios, na hora de interpretá-los e aplicá-
los, os magistrados tem grande poder em suas mãos. Eles têm uma liberdade muito
grande para dizer exatamente o que eles pensam, tomando por base um princípio. O
mesmo princípio pode ser utilizado para conceder ou negar uma tutela antecipada ou
para manter ou invalidar um negócio jurídico, portanto, eles permitem interpretações
muito divergentes.

Equidade

A equidade não integra o rol das fontes do direito, por isso a doutrina defende
que a equidade teria a função de interpretação do direito e não instrumento de
integração.

Embora o art. 4º da LINDB não mencione expressamente a equidade, alguns


doutrinadores entendem que ela pode funcionar como último mecanismo para
integração do ordenamento jurídico. Ou seja, diante da ausência de lei, da inviabilidade
da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito, e, prevendo a lei a
possibilidade do uso da equidade, o magistrado, para fazer valer o princípio da
indeclinabilidade de jurisdição pode utilizá-la. É o que se depreende do art. 140 do
Novo CPC.

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de


lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.

Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos


previstos em lei.

A ideia nuclear da equidade é a justiça do caso concreto. Para tanto, se exige


esforço do julgador, a fim de que a solução do conflito seja, ao mesmo tempo justo e
legal.

Contudo, o julgador não desfruta de plena liberdade, pois deve observância ao


comando da lei, mas deve buscar solução que mais de aproxima da justiça substancial,
de dar a cada um o que é seu.

A título de exemplo, ao fixar uma indenização devida por danos morais, o


julgador decidirá por equidade, determinando o pagamento do quantum correspondente,
atentando para a peculiaridades das partes e o grau da ofensa.

O Legislador, ao cuidar das indenizações por injúria, difamação ou calúnia, no


parágrafo único do art., 953, do Código Civil, orienta o magistrado a fixar
equitativamente o valor da indenização quando não houver prova do prejuízo moral.
Veja-se:
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia
consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo


material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

EXISTÊNCIA, VALIDADE, EFICÁCIA, VIGÊNCIA

Quando a norma existe?

Quando ela é aprovada na casa legislativa e, em regra, sancionada pelo Chefe


do Executivo.

A promulgação, por sua vez, é um ato que atesta a existência da norma.

Quando a norma é válida?

A norma é válida quando ela se apresenta em conformidade com as exigências


formais e materiais estabelecidas pelo legislador constituinte.

Assim, temos a validade formal e a validade material, sendo a primeira


(validade formal) aferível quando em seu processo de formação foram observados todos
os requisitos procedimentais exigidos no processo legislativo (art. 59 e seguintes da
CF/88), tais como, competência para propor a lei, como deve ser proposta, quórum de
votação e aprovação.

Validade formal da norma: “para sua validade, é necessário que todas as etapas
legais de sua elaboração tenham sido obedecidas” (VENOSA, 2007, p.103).

No tocante a validade material, a norma será considerada válida se o seu


conteúdo estiver de acordo com a constituição.

Assim, deve ser elaborada por um

Quando a norma é eficaz?

A norma se torna eficaz quando ela produz os seus efeitos na norma jurídica,
portanto, a eficácia da norma é a aptidão que ela tem para produzir efeitos jurídicos.

Eficácia social da norma: Consiste na aceitação e cumprimento da norma por


seus destinatários. Embora o objetivo da norma seja regular as condutas de indivíduos
na sociedade, por vezes ocorre que norma não gera a observância social, carecendo de
eficácia social, pois inobservada/desrespeitada pelos seus destinatários.

No que diz respeito a eficácia jurídica, temos que a simples edição da norma,
observada a vacatio legis, se houver, já vem acompanhada da eficácia jurídica,
bastando, somente, a ocorrência dos fatos previstos pela norma ocorrerem para a
efetivação de sua eficácia.

A vigência da lei no ordenamento jurídico brasileiro

Sabemos que a lei entra em vigor no ordenamento jurídico após o termino da


vacatio legis, se houver, ou na data de sua publicação.

Se houver vacatio legis, importa saber quando a lei inicia sua vigência. Nesse
caso, a Lei Complementar 95/98, dispõe:

Art. 8º.

§ 1 o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que


estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente à sua consumação integral.

Assim, se uma lei for publicada em 02 de janeiro, o último dia do prazo será
dia 16 de janeiro, entrando em vigor a lei no dia 17 de janeiro.

Não há prorrogação em casos de dias inúteis, por não se tratar de cumprimento


de obrigação.

Decretos e regulamentos: não possuem vacatio legis, eis que entram em vigor
na data de sua publicação.

Correção lei durante a vacatio legis

De acordo com o regramento do § 3º do artigo 1º da LINDB, Se, antes de


entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
iniciará novo prazo de vacatio legis a partir da nova publicação.

Por outro lado, se a lei, objeto da correção já estiver entrado em vigor,


considera-se lei nova. § 4º do art. 1º da LINDB.

Qual o prazo de vigência da lei?


Dispõe o art. 2º da LINDB Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.

Exceção: leis temporárias (lei da copa, suspensão de despejos enquanto


perdurarem os efeitos da pandemia ou até data certa).

Conflitos da lei no Tempo – Direito intertemporal

A regra é que a lei possui efeitos prospectivo (voltada para o futuro), contudo,
além dos fatos jurídicos já consumados (pretéritos), há aqueles que foram constituídos
na vigência de uma lei anterior e não produziram todos os seus efeitos nela (pendentes),
assim como os que ainda não foram gerados(futuros).

Diante disso, o direito intertemporal visa solucionar os conflitos da norma que


acaba de entrar em vigor e a que acaba de ser revogada. Essa solução é de extrema
importância, pois alguns fatos iniciam-se sob a vigência de uma lei e só se extinguem
quando outra nova está em vigor.

Para solucionar tais conflitos existem dois critérios:

Disposições transitórias: o próprio legislador no texto normativo novo


concilia a nova norma com as relações já definidas pela norma anterior;

Princípio da irretroatividade: a lei não deve retroagir para atingir fatos e


efeitos já consumados sob a lei antiga.

Pelo disposto no artigo 6º da LINDB, percebemos que em regra a lei não


retroage, devendo ser expedida para disciplinar fatos futuros. Entretanto, a
retroatividade da lei pode ocorrer excepcionalmente para fatos pendentes, desde que
respeite o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Ato jurídico perfeito: é o ato que já se consuma segundo a lei de seu tempo.

Exemplo de ato jurídico perfeito, temos o contrato de locação celebrado


durante a vigência de uma lei que não pode ser alterado somente porque a lei mudou; ou
seja, é necessário que o prazo do contrato termine.

Direito adquirido: é direito incorporado ao patrimônio do particular.


Como exemplo de direito adquirido, temos a pessoa que já possuía os
requisitos legais para se aposentar, posteriormente, a lei modifica o prazo de
aposentadoria. Tal modificação não irá atingir o seu direito.

Coisa julgada: A coisa julgada, trata-se da qualidade conferida à sentença


judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível.

Aplicação Espacial de Normas (territorialidade e extraterritorialidade)

Em observância a soberania nacional, a norma deve ser aplicada dentro dos


limites territoriais do Estado que a editou (territorialidade).

A extraterritorialidade é, portanto, a admissão de aplicabilidade, no território


nacional, de leis de outro Estado, segundo princípios e convenções internacionais.

Dessa forma, como ensina MARIA HELENA DINIZ: “Sem comprometer a


soberania nacional e a ordem internacional, os Estados modernos têm permitido que, em
seu território, se apliquem, em determinadas hipóteses, normas estrangeiras, admitindo
assim o sistema da extraterritorialidade, para tornar mais fáceis as relações
internacionais, possibilitando conciliar duas ou mais ordens jurídicas pela adoção de
uma norma que dê solução mais justa.

CONFLITO NO ESPAÇO

Toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado no espaço pelas
fronteiras do Estado que a promulgou (territorialidade). Contudo, permite-se em
algumas situações, ser admitida a aplicação de leis estrangeiras dentro do território
nacional e de leis nacionais dentro do território estrangeiro (extraterritorialidade).

A aplicabilidade da norma brasileira é extensiva as embaixadas;


consulados, navios de guerras, onde quer que se encontrem; navios mercantes (em
águas territoriais ou em alto-mar); navios estrangeiros (menos os de guerra) em
águas territoriais; aeronaves, no espaço aéreo do Estado.

A exceção a territorialidade é a extraterritorialidade (arts. 7º a 19 da LINDB).


O direito brasileiro admite a extraterritorialidade desde que não contrarie a constituição
Federal e a soberania do Estado (art. 17 da LINDB).
O art. 7º da LINDB dispõe que “ A lei do país em que domiciliada a pessoa
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e
os direitos de família.”

Portanto, é possível a aplicabilidade no Brasil, de lei estrangeira, se o


estrangeiro não for domiciliado no país (está aqui à passeio ou à trabalho) e as matérias
da lei a serem aplicadas serão com relação ao começo e fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família, relacionados a individualidade jurídica da pessoa,
por isso denominado Estatuto Pessoal. Com relação a outras matérias aplica-se a lei
brasileira.

Mas, se o estrangeiro é domiciliado no Brasil, aplica-se a lei brasileira,


inclusive, aquelas matérias do estatuto pessoal.

Sucessão de bens de estrangeiro, art. 5º da CF/88: Com relação a sucessão de


bens lembrar que XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";

O Brasil adota a extraterritorialidade moderada das leis.


TRIPOLOGIA DO DIREITO SUBJETIVO

SUJEITO, OBJETO E RELAÇÃO JURÍDICA

Toda relação jurídica é formada pelos sujeitos ativo e passivo, o vínculo entre
eles e o objeto da relação.

Os sujeitos (elemento subjetivo)

O direito subjetivo e o dever jurídico são um poder e um dever de certas


pessoas que participam de uma relação entre si. Não há relação jurídica sem sujeito.

Assim temos o sujeito ativo pode ser classificado como a pessoa que tem o
direito subjetivo, o titula do direito, sendo aquela que pode exigir da outra pessoa o
cumprimento de uma prestação.

Já o sujeito passivo é aquele que deve cumprir a obrigação em favor do


outro, prestação essa, denominada dever jurídico.

Percebam que sujeito ativo não é necessariamente aquele que pratica o ato,
mas aquele que, na relação jurídica, se encontra na posição de subordinante (exigir o
fazer ou não fazer do sujeito passivo). O sujeito passivo é aquele que deve se subordinar
ao ato.

Podem ser sujeitos da relação jurídica a pessoa natural, a pessoa jurídica e os


entes despersonalizados (condomínio, massa falida, espólio ...).

Podemos ter relações jurídicas em que os sujeitos possuem direitos e


obrigações recíprocas. Ex: contrato de compra e venda. Art. 481. Pelo contrato de
compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e
o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Objeto: É o elemento da relação jurídica, podendo ser a pessoa, a prestação ou


a coisa sobre a qual recai o interesse do sujeito ativo e o dever do sujeito passivo.

Vale dizer que o objeto da relação jurídica sempre será um bem, que pode ser
patrimonial ou não, logo, pode possuir valor financeiro ou não.

Com relação ao objeto, as relações jurídicas podem se distinguir:

Relações jurídicas pessoais: o objeto da relação refere-se a um modo de ser da


pessoa (exemplo: honra, imagem, liberdade);
Relações jurídicas obrigacionais: o objeto da relação é uma prestação
(obrigações de dar, fazer ou não fazer) e

Relações jurídicas reais: o objeto é uma coisa, a exemplo a posse de uma casa.

Relação Jurídica: são relações entre dois ou mais indivíduos, das quais
decorrem consequências importantes que vão repercutir no âmbito social, por isso ao
direito importa normatizar essas relações.

Nem toda relação social é uma relação jurídica!

As relações jurídicas podem ser classificadas em virtude de seus sujeitos, sendo


simples, quando envolvem apenas duas pessoas, ou plurilateral, quando possui várias
pessoas como sujeitos ativos ou passivos.

Também podem ser de direito público ou de subordinação quando o Estado


estiver participando da relação jurídica com seu poder de imperium. Entretanto, há
relações em que Estado não exerce esse poder, ficando em “igualdade de condições”
com o particular. Serão de direito privado, ou de coordenação quando integradas por
particulares.

O Estado pode participar das relações por coordenação, mas não estará
investido de seu poder de ordem (imperium). Ex.: contrato de locação entre o Estado e o
particular.

Ainda podemos classificar em absolutas e relativas, sendo o sujeito passivo


uma pessoa ou grupo de pessoas, será relativa, sendo absolutas, quando o sujeito
passivo for a coletividade (efeitos erga omnes).

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