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INO DOS SONHOS NA CONSTRUGAO DO JAGEM CINEMATOGRAFICO Carolina Bassi de Moura .05508 ctiativos do cineasta francés Jean-Pierre Jeunet, o presente artigo abords 2 relacao {criacdo do Figurino e a Direcdo de Arte em Ladrao de Sonhos (1995), um de seus filmes, ainda jo em estiidio. O texto destaca ainda a importancia da imaginacao e da plasticidade em ‘eudiovisuais, como aquelas das quais 0 cinema se vale ou, deveria valer-se, sendo ele um igurino; Construcao de personagem; Jean-Pierre Jeunet; Cinema. Talvez, dentro dos sonhos tenhamos que ver 0 sonho do qual nde acordamos:2 imaginagSo. Reivindicamos desde sempre o cinema da imaginac3o. E quando nzo sonhamos, morremos, envelhecemos, ficames velhos. (JEUNET, 2001) Se defendermos que o cinema é uma arte mais préxima da fotografia, tendo se ori- fo dela, e que ambos so atividades artisticas mais realistas por registrarem as im=- ‘como nossos olhos as veer, talvez se pense que um figurino cinematografico deva luzir fielmente a realidade representada no filme. Mas isso nao é necessariamente leiro. Hé muito mais que se observar nos figurinos cinematograficos, como em toda 40 de arte, pois hé outras camadas que nos remetem as criagdes da poesia, que © também pode materializar. ‘Opresente artigo pde foco em alguns aspectos dos figurinos nos filmes de Jean-Pierre cineasta francés? contemporaneo, partindo de uma de suas obras: Ladrdo de so- £1995). Bastante influenciado pelas artes plasticas e graficas, possui estilo inconfun- ‘© fortemente visual. Comecou sua carreira dirigindo curtas-metragens, nos quais &x- stou varias de suas idelas, que seriam ainda mais bem exploradas e desenvolvidas rente em seus longas-metragens. Parece ser antiga sua dedicacao aos detalhes visuais, pois assim como os diretores Sco Fellini e Ingmar Bergman, Jeunet quando crianca jé experimentava 0 gosto de DVD Ladrae de sonhos, comentirios do diretor. JJeunet nasceu em 3 de setembro de 1953, em Roanne, na Franca. 106 | Didrio de Pesquisadores: Trae de Cena MIETTE Chef dela bande ds orphelins Figura 1 -Desenho feito por Mare Cro para personagem Mist ctiar seus pequenos espetculos, contando histérias por meio das imagens “vivas” de um teatro de fantoches, elaborando ele mesmo os bonecos, iluminaco, cendrios e figurinos em apresentacdes familiares. Pode-se observar em sua filmografia a influéncia das histérias em quadrinhos pela estilizacdo das figuras e os tracos exagerados das personagens, de modo a enfatizar cer- tas caracteristicas da personalidade ou animos, assim como dinamicas do roteiro. Jeunet, prefere a estilizacao ao realismo no cinema. Nao vé razo na reproducao da vida tal como ela é. Assume, em virtude disso, sua preferéncia pelo cinema do italiano F. Fellini, do ja- ponés A. Kurosawa, dos americanos S. Kubrick, D. Lynch e Tim Burton, em detrimento do cinema francés? cuja tradicdo & muito mais realista. Curiosamente, so todos cineastas bastante visuals que, & excegdo de Kubrick e Lynch, produzem desenhos dg personagens e/ou cenas de seus filmes, atribuindo grande importéncia a diregao de arte. A influéncia de Fellini em sua obra nota-se, de modo geral, pela construcao poética da imagem, assim como a das trilhas musicals que em alguns momentos também nos lembram as de Nino Rota, misico com o qual Fellini trabalhou durante praticamente toda a sua carreira. Especificamente, podemos observar sua influéncia nos filmes Delicatessen (1991) e Ladrao de sonhos, por meio da representacdo do mundo do circo. O senso de humor € outro traco comum, assim como 0 "pensamento magico" das personagens, que se comportam de maneira, muitas vezes, ritual (Ezra, 2008, p. 8). Ambos so autores po- pulares, que possuem sua “marca registrada” sem deixar de lado sofisticagao ou profun- didade de sentido ao contar suas historias ~ nem em termos de imagem nem de ideias e personagens. Jeunet destaca as preocupaées do presente através de questées como a mediacao tecnolégica das relagdes humanas e a ansiedade cultural acerca dos avancos na biotec- © Afirma o cineasta em entrevista de Jean-Pierre Jeunet concedida 4 BAFTA, Londres, A Life in Pictures. Disponivel em . Acesso er 11 jul-2012, CO figurino dos sonhos na construgéo do personagem cinemstogrsfico | 107 Be. € ele mantém em pauta uma tematica bastante felliniana e universalizante ado idimento entre as pessoas. tumado a trabalhar com os mesmos profissionais em sua equipe, constréi par- duradouras; um bom exemplo disso ¢ Marc Caro, codiretor dos principais filmes ‘carreira. A escolha dos atores, para ele, nao esta calcada apenas na capacidade de aco, mas também nos tipos fisicos e em suas fisionomias, também como fazia i Podemos notar os rostos preferidos do diretor e como so usados de modo 2 ar & histéria e 4 personagem em questo. eunet nao produz desenhos, como Fellini, mas se preocupa muito com o aspecto seus filmes, trabalhando junto com Marc Caro, responsavel pela direcdo artistica, liza esses desenhos. Jeunet gosta de jogar com todos os elementos que o cinema orciona, tendo-os sob seu controle do inicio ao fim. A chave de seu trabalho esta do de pré-producao do filme, quando planeja todos os detalhes minuciosamente sa 8 equipe, que segue o mesmo ritmo. Seus roteiros passam por muitas verses Easo de O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001), foram 18 - na busca incansavel elhor Modo de contar a histéria. Por ultimo, trabalha ainda no storyboard, definin- Is 05 enquadramentos e movimentos de cémera. Amélie foram 80 cenarios, de modo que a unidade expressiva de seu filme sO por haver um rigor com a escolha das locacdes e pela preocupacao em encontré- € claro, de todo o planejamento da direcdo de arte e producao de arte, que irs jr todos esses ambientes e conferir as atmosferas ideais. E 0 primeiro filme de Jeu- zo fora de um estiidio em situacées externas, o que o aborreceu muito a principio, fato de as coisas no poderem ser todas controladas, por nao serem mais todos os es passiveis de manipulacdo. ser Jeunet um diretor bastante rigoroso com as cores utilizadas em seu filme, altar 0 que por acaso ndo tenha sido alcancado durante as filmagens, optou pas- tum processo de colorizagao da pelicula. Em Amélie usou um proceso conhecido bleach by pass, em que as cores so saturadas e pode-se dar a elas um tom mais lo! 9 uso predominante de verdes e vermelhos nesse filme (como nos anteriores, ain- em gamas um pouco diferentes) acrescenta sensivelmente um cardter vibrante a 2, 8s imagens, segundo 0 ponto de vista dessa personagem. Obviamente ha uma inancia desses dois tons, mas isso ndo quer dizer que outros ndo sejam usados. um filme muito rico em cores, o que se pode conferir tanto na fotografia quan- -cenarios e figurinos, e empresta certo toque de irrealidade ao cotidiano dos per- ens, combinando com o ar de fébula dessa narrativa. Outros tons séo usados na $0 de equilibrar os primeiros, impedindo que as imagens se tornem por demais Daniel Emilfork, que faz o papel de Dr. Krank em Ladrdo de sonhos,jé havia sido escalado pelo diretor Jem seu filme Casanova para fazer um inseto, tio curiosa a sua felcdo. Sdo rostos bastante caricaturais, os para o que ele deseja revelar, @ € parecido com fazer fotografias em pelicula ectachromo, de slide, e revelar no proceso postive. 0 fotografias bastante contrastadas, com tons de pele um pouco amarelados ou esverdeados, dia incidéncia de luz, e cores mais saturadas de modo geral. Efeito semelhante ja havia sido em Delicatessen e foi alcancado de modo analégico. 108 | Disrio de Pesquisadores:Trajede Cena ‘O mesmo cuidado e rigor s40 dedicados ao visual das personagens. Nesse filme os figurinos, assim como todo 0 restante da arte, tem uma atmosfera bem francesa, como desejava o diretor. O corte de cabelo de Amélie foi muito estudado, refeito muitas vezes até chegar a sua forma final. Havia um desejo de que fosse femi se mantivesse como moldura ideal para destacar o olhar vivo da personagem, tao impor- tante para sua atuacdo. Ha também algo que remete a infancia, ou & menina que Amélie ainda é, atenta aos pequenos prazeres que, em geral, s6 se percebe quando somos crian- cas. Seu personagem usa apenas saias, suaves blusas de alcas e casaquinhos sobrepostos = conjunto que mantém o perfil do corte de cabelo, delicado e feminino. Porém, as saias, que nunca ultrapassam muito a altura dos joelhos, somadas aos casaquinhos que sempre encobrem um pouco mais da pele da moca, reforcam o carater timido de Amélie, que parece ter medo de se mostrar ao mundo. Espia tudo de sua janela, de onde vem a inter- locugo com 0 velho pintor, seu vizinho, que chama a sua aten¢ao ao final da trama para a necessidade de termos coragem e nos deixarmos tomar pela vida. Jeunet, defensor de um“cinema da imaginagéo’ fala disso em suas obras - da necessida- de dos sonhos, da criatividade na vida cotidiana. Em Ladrdo de sonhos, como em Delicatessen, vemos uma sociedade em que nao se sonha. No caso de Ladrdo de sonhos, os que possuem um papel dominante tentam roubar os sonhos das criangas para nao sucumbir de infelicida- de, embora a imponham a todos que vivem sob seu jugo. Porém, tendo feito da vida dessas criancas um verdadeiro inferno, s6 conseguem extrair delas os seus piores pesadelos. Esse filme conta com a concep¢éo de figurinos do estilista Jean Paul Gaultier, que teve todo 0 cuidado com os trajes criados, ndo conferindo ‘modismos" as roupas, isto 6, respeitando 0 perfil de cada personagem, sua inter-relacdo na obra e necessidade de integragao com a cenografia Ahistria se desenvolve como uma fébula distorcida, em que as criangas sao vestidas ‘como adultos e usam uma paleta acinzentada. A menina Miette, que é a heroina do filme, usa na primeira parte da hist6ria um casaco comprido de Id cinza, que é uma fase mais pessimista de sua personagem. Mas, depois, ao reencontrar sua esséncia no‘afeto, com a personagem One, sai de cena 0 casaco e aparece o que esté por baixo dessa camada; seu figurino mais infantil e mais colorido: jardineira, saia vermelha e blusa de Ia branca com listrinhas vermelhas horizontais. Como a nica das criancas a ter coragem de tentar resolver as coisas, € a tinica com figurino colorido e mais infantil. ino e delicado, porém ‘A menina, por exemplo, tinha que parecer uma heroina de historias em quadrinhos. Ela ficou um pouco entre a Olivia, do Popeye, e Minnie Mouse (GAULTIER, 1995, in ex- tras DVD Ladrdo de Sonhos, Entrevista com J. P. Gaultier). Entre os “vildes’, vemos muitos personagens “iguais” ~ hd os clones e as siamesas - que, no entanto, se perguntam a todo momento sobre quem 60 originale quem é a imi- taco. Dentre esses figurinos os que despenderam mais energia de Gaultier foram os das siamesas. Primeiro, houve um raciocinio para determinar de que maneira seria “grudada” uma atriz na outra, se teriam a “perna comum’ defeituosa ou normal, pois isso determi- raria como unir suas pernas. Foi elaborada uma espécie de meia-calga para ser vestida © figurino dos sonhos na construcdo do personagem cinematografies Figura 2-croqul de -P. Gaultier. 20 mesmo tempo, seguida de uma outra meia, trés-quartos, que unia fivos pés e facilitava 0 uso do sapato (ainda que fosse feito um espe- ‘© caso). A confeccdo dessa "pré-roupa’ foi bastante importante para as Ssavam ensaiar suas cenas estudando um modo mais natural de caminhar scondicao. De resto, o figurino das duas era bastante parecido, diferindo , como a tonalidade de uma blusa, 0 comprimento do cabelo ou 0 », que se fez de modo espelhado. Todo esse conjunto de escolhas foi iconferir um resultado mais dindmico e natural a dupla juniverso dos “ladrées” de sonhos, que possuem um olho s6, os figurinos menos natural e mais tecnolégico, futurista, evidenciando a tematica Ses cientificas que estdo na origem de toda essa falta de humanidade. possuem capas emborrachadas que quase sempre parecem umidas e (e tém algo de asqueroso). Ha também um aparato mecanico para ‘afixado na cabeca das personagens que se movem mecanicamente, mesmo maquinas. Interessante notar que o comandante desses solda- Bando vestido com um traje que nos lembra o de um padre e num local uma espécie de templo, com velas, e muito abafado, no qual todos 0 ou- Postura que nos parece maquinal/irracional, pois absurdos sao pregados se como se fossem sagrados, e nao se nota o menor sinal de revolta. lado das personagens, hé uma busca por um “irmao", uma identifica- alguém, uma sensacdo de pertencimento afetivo. E, curiosamente, jé 110 | Didrio de Pesquisadores: Traje de Cena no inicio do filme vemos o grandalhao One procurar pelo pequenino Petisco, menino sequestrado pelos ladrées de sonhos, chamando-o de “irmaozinho’. Assistimos acontecer a identificacao entre os que nao se parecem na superficie, indicando que ha muito mais por tras da aparéncia das coisas. Jeunet também pée em questao em seus filmes a diferenca, 0 preconceito, a per- sonagem marginalizada, incompreendida num mundo atroz. One, cujo proprio nome. indica, é Unico, sem par no mundo. Talvez seja uma referéncia a La strada (1954), de Fell ni, 0 fato de esse personagem nos ser apresentado em um espetaculo de rua, em que ele arrebenta correntes pela expansdo de seus pulmdes, sen camisa, usando uma calga muito parecida com a que o ator Anthony Quinn usava. Mas, diferentemente de Zampand (personagem de Quinn), ele nao é 0 dono do espetaculo. Ele esta sendo apresentado por outro, que explora suas qualidades fisicas. One é tido, de certo modo, apenas como uma aberracéo. Além deste figurino de espetéculo, One usa, durante quase todo o filme, uma calca reta de tecido rustic, com cés alto, e blusa grossa de la, traje tipico de um estivador, sua antiga profisséo. € um mundo da desvalorizacao da alma, One faz parte de um espetéculo mambem- be que estd prestes a morrer como arte de rua, como 0 seu proprio apresentador, que em seguida € assassinado por alguém do puiblico. Esse espetaculo despreza sensibilidades e é calcado na forca bruta. Para piorar, quem tenta roubar o dinheiro da caixinha dos artis- tas sdo as préprias criangas. Um mundo sem ética ou respeito, sem sonho, sem infancia e sem cores. Jeunet mais uma ver se vale do verde e do vermelho prioritariamente - mais verde acinzentado do que vermelho, que aqui também é€ sujo, amarronzado, indicando um mundo adoecido. Outra personagem circense é 0 diretor do circo, que vemos deprimido em sua casa, destituido de sua fungao de criador, jé que 0 circo esta arruinado por ter se deixado con- taminar pelas personagens dominantes. Jeunet agrega valor especial ao circense, a0 que magico, genuino e inocente, por meio do papel salvador dado a essa personagem, pois quando acionado, salva Miette e One com suas pulgas adestradas sensiveisa musica. Jeu- net fala, de leve, sobre o poder transformador da arte e, acredita nele, a0 escolher 0 tipo de cinema que faz. Sobre a colaboragao dos cenarios no processo de construgao dos personagens, hé um depoimento dado pelo cenégrafo do filme, Jean Rabasse, muito significativo: Esse filme é, sobretudo, a tentativa de criar um universo com personagens muito fortes, com situacdes muito fortes, e com conviccdes muito fortes. Tentamos sempre encontrar uma premissa para justificar os cendtios. Ndo era apenas uma imagem de fundo, era um tipo de arquitetura que devia acompanhar completamente as persona- gens. Quanto a cor, tivemos que escolher a luz, a pelicula e 0 contraste. Nés usamos pinturas como base. Fizemos algo que ndo se faz hé 40 anos na Franca: um filme feito inteiramente no esttidio. Para ajudar, misturamos as técnicas antigas de construgdo em estidi coms técnicas de pintura e imagem sintetizada que nos permitiram dar uma dimenséo ao porto’ "Making of do filme Ladrdo de sonhos inserido no DVD. m1 CO figurine dos sonhos na construgso do personagem cinematogrsfico | Figura 3-Mettee One em cena Fonte; Galeria de fotos, extras Lodo de sonhos 0s cenatios, que foram montados no Arpajon Stiidios, ocupavam ao todo 4 mil me- es quadrados. Afinal, toda uma cidade cenografica foi construida, com casas, bares, ruas lum porto, fora 0 mar artifical, feito com gua mesmo - tinha 80 cm de profundidade ‘enormes barcos chegavam a ter 14 metros de altura e eram puxados por tratores nas as em que precisavam mover-se. Mais deslumbrante do que a magnitude dos cenérios g apenas a preciso dos profissionais que, da mesma maneira, na cenografia € no figu- 9, se preocupam em equivaler a forca das personagens & forca de suas escolhas cro- icas e formais, que s40 feitas individualmente, mesmo que de modo sutil. As imagens > meticulosamente compostas, segundo intengdes muito especificas, gerando diversas adas de interpretacdo possiveis, sempre mais profundas e complexas. Nas obras de Jeunet hé espaco para a fabulacéo, sem medo de que nao sejam acei- «dentro do padrao realista mais inteligivel para a maior parte das pessoas. Essas obras o 2lém, atingem as pessoas pelas metéforas que proporcionam, fazem com que cade ‘ador estenda os significados apreendidos para o campo de sua vida, seu proprio do. Sao filmes que fisgam” o espectador pelas emogdes e pelas sensacdes proporcio- das pelas imagens e pela musica. H4 em comum o gosto por contar histérias que abordem temas universais, que nos .¢sem enquanto seres humanos. E contam essas hist6rias de modo diferente, talvez ‘por isso nos facam entrar mais ainda em seus espacos diegéticos. Ha um jogo estabe- © com o piiblico, um pacto, como no teatro. Basta que nds, espectadores, entremos esse jogo e aceitemos as regras ditadas por quem o inventou, o diretor.A partir de ento, [que se dé é uma leitura desse novo mundo criado, a ressignificacio das coisas. Cabe aqui também a dimensao do ritual, do sagrado, que 0 universo do teatro com- de muito bem, e que o universo do cinema, as vezes, parece se esquecer. Diretores 9 Jeunet parecem voltar & dimenséo humana, ainda que contem com uma direc30 larte grandiosa, e até com grandes recursos de pés-producéo, ela vem a0 encontro da , do sentimento, sem em nenhum momento afastar-se disso. Logo, certo misti- 112 | Disrio de Pesquisadores:Traje de Cena cismo encontrado em Fellini e certa fé no mundo que se cria (nas “mentiras” inventadas e contadas) encontram-se também em Jeunet. As personagens, assim, revelam-se com clareza, forca, empatia, fluidez, e seus pontos de vista serio construidos a partir dos recursos visuais disponiveis no cinema. Sabe-se que so muitos, mas o figurino, por identificar mais facilmente a personagem, 0 respon- savel mais direto por dar a medida das sensagées, opinides e postura da personagem. E necessério construir essas identidades com todos os recursos de que dispomos, sem limitagées. E 0 que nos aponta a construgao de personagens feita por Jeunet. REFERENCIAS ALBERS, Josef. A interagéo da cor. Trad. 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