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Cultura escolar e práticas sociais: episódios cotidianos

da vida escolar e a transição para a adolescência*

Luciana de Oliveira Campolina


Maria Cláudia Santos Lopes de Oliveira
Universidade de Brasília

Resumo

É posição corrente que a cultura tem papel central no desenvolvi-


mento psicológico do ser humano. Considerando-se o caráter plu-
ral dos contextos socioinstitucionais que participam da configura-
ção de um contexto cultural particular, torna-se fundamental inves-
tigar como a cultura escolar participa do desenvolvimento humano,
como ela influi nos processos de mudança e demarca trajetórias
típicas. O presente estudo investiga a escola como contexto cultural
e analisa interações espontâneas ocorridas entre alunos de 5ª e 6ª
séries durante o período de recreio, a fim de compreender como a
escola contribui para circunscrever um processo de desenvolvimen-
to particular: a transição da infância à adolescência. O método
adotado no estudo envolveu seções de observação de atividades
cotidianas em sala de aula e no pátio de uma escola pública de
Ensino Fundamental localizada na capital do Brasil. Toma-se como
material de análise um episódio ocorrido durante o recreio escolar
e que envolvia uma brincadeira, em grupo, de faz de conta. A aná-
lise do episódio revela a transgressão simbólica de normas escolares
e as representações construídas coletivamente sobre a adolescência
como seus temas centrais. As análises apontam ainda duas linhas
de reflexão sobre o significado da transição para a adolescência na
escola: (1) o papel das normas escolares na regulação moral do
corpo e da conduta dos alunos; e (2) o papel do jogo e da expe-
riência adolescente na transformação da ordem disciplinar imposta
pelo funcionamento das escolas.

Palavras-chave

Escolarização — Subjetividade — Transições de desenvolvimento.


Correspondência:
Luciana de Oliveira Campolina
SHIN QL 12 conj. 05 casa 06
71525-255 – Brasília – DF
E-mail: lucianacampolina@terra.com.br

*
Trabalho de pesquisa financiado
pela CAPES.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.35, n.2, p. 369-380, maio/ago. 2009 369
School culture and social practices: daily events of
school life and the transition to adolescence*

Luciana de Oliveira Campolina


Maria Cláudia Santos Lopes de Oliveira
Universidade de Brasília

Abstract

It is a commonly held position that culture plays a central role in


the psychological development of human beings. Considering the
plural nature of the socio-institutional contexts that take part in
the configuration of a specific cultural context, it becomes
essential to investigate how the school culture participates in
human development, how it influences the processes of change,
and outlines typical trajectories. The present study looks into the
school as a cultural context, and analyzes spontaneous interactions
between students belonging to 5th and 6th grade classes during
breaktime, with a view to understand how the school contributes
to circumscribe a specific development process: the transition
from childhood to adolescence. The method adopted here
involved sessions of observation of daily activities in the classroom
and in the schoolyard of a public school of Fundamental Education
located in Brazil’s capital city. An episode taken as material for
analysis consisted of a make-believe game played by a group of
pupils during breaktime. The analysis of the episode reveals as its
main themes the symbolic transgression of school rules, and the
collectively built representations about adolescence. The analyses
also point to two lines of reflection about the meaning of the
transition to adolescence at school: (1) the role played by school
rules in the moral regulation of the body, and in pupils’ conducts;
and (2) the role of games and adolescent experiences in the
transformation of the disciplinary order imposed by the
functioning of the schools.

Keywords
Contact:
Luciana de Oliveira Campolina Schooling — Subjectivity — Development transitions.
SHIN QL 12 conj. 05 casa 06
71525-255 – Brasília – DF
E-mail: lucianacampolina@terra.com.br

*
This research was financed by
CAPES.

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Episódios cotidianos da vida tas para lidar com o mundo, a cultura é “um
escolar e a transição para a modo de lidar com os problemas humanos:
adolescência com as transações humanas de todo o tipo,
representadas em símbolos” (p. 99).
Estudos anteriores das autoras indicaram Os processos psicológicos da pessoa são
o significativo papel exercido pelas práticas referidos a contextos sociais e culturais parti-
educativas da escola ao impulsionar a transição culares, embora não se relacionem com eles de
de desenvolvimento que marca a passagem da modo linear. As trajetórias de desenvolvimento
infância à adolescência. O presente trabalho ao mesmo tempo traduzem os valores da cul-
aprofunda o tema e busca trazer à luz elemen- tura e diferenciam-se deles, não sendo possível
tos que levem ao exame mais minucioso do encontrar um único sentido para os diferentes
papel que práticas sociais específicas da cultu- processos de desenvolvimento em curso. Des-
ra — no caso, a escolarização — representam na se modo, as ações dos sujeitos no mundo não
promoção de processos e trajetórias peculiares de significam em si mesmas. Seu valor é extraído
desenvolvimento humano. Para tanto, ele segue de processos de negociação entre sujeitos, que
uma orientação coerente com a perspectiva só- respeitam a situação social e histórica e o sis-
cio-histórico-cultural em Psicologia e Educação. tema de práticas em que se inserem as ativida-
Segundo essa perspectiva, o desenvolvi- des concretas (Gaskins; Miller; Corsaro, 1992).
mento humano se caracteriza como o proces- Vygotsky (1929/1994) afirma que o
so de contínua aproximação e diferenciação do mesmo ambiente e/ou situações semelhantes
outro e do contexto social e cultural na linha podem influir no desenvolvimento humano de
do tempo (Bruner, 1997; Castro, 1998; diferentes formas. Nesse caso, os mesmos fato-
Vygotsky, 2000). Bruner (1997) salienta que o res e aspectos se refletem diferentemente na
foco dos estudos sobre desenvolvimento huma- experiência de dois sujeitos, atuando de modo
no não deve incidir apenas sobre o aspecto singular sobre o desenvolvimento de cada um.
cultural ou o biológico, mas abordar a relação Uma vez que o contexto intervém de maneira
mutuamente constitutiva de ambas as dimen- complexa sobre as experiências singulares de
sões. Desse modo, os estudos que pretendem a crianças, adolescentes e adultos, os significados
compreensão dos sistemas de significação mediados pelas interações e práticas sociais
construídos nos diferentes espaços sociais per- assumem papel central em todo o processo.
mitem a articulação entre o social e o individu- Como prática sociocultural instituída e
al, o cultural e o histórico, que se caracterizam historicamente consolidada em diferentes con-
como dimensões interdependentes do desenvol- textos geográficos, a educação escolar consti-
vimento (Gaskins; Miller; Corsaro, 1992). No tui um sistema cultural com características pró-
contexto das atividades sociais, as experiênci- prias. Vygotsky (1998) e Bruner (2001) parecem
as dos sujeitos se entrelaçam à produção da concordar em que a escola funciona primeira-
ordem social e cultural, tanto originando as mente como espaço cultural voltado para a
experiências singulares da pessoa, como tam- transação de conhecimentos e experiências. Ao
bém contribuindo para a produção e transfor- mesmo tempo, ela constitui um contexto de
mação cultural. socialização das gerações mais jovens, um sis-
Conforme Bruner (2001), a cultura é um tema de atividade no qual as trocas são medi-
conjunto de sistemas simbólicos que perpassam adas por valores, crenças e signos sociais pró-
as práticas sociais e as experiências individuais, prios, que mantém com os valores sociais mais
provendo os meios pelos quais os significados amplos ora um vínculo de continuidade, ora de
são colocados em uso. O mesmo autor desta- tensão (Bruner, 2001). Desse modo, a escola
ca que, além de ser um conjunto de ferramen- cumpre também a função de engendrar na

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consciência de seus atores significações da vida os quanto à idade — até a atualidade, quando
social e cultural da sociedade. Finalmente, a se converteu em um espaço social bem mais
escola tem função identitária, ou seja, de con- complexo, a escola desempenhou um papel
tribuir para promover o desenvolvimento psico- importante na construção social do sentido de
lógico de cada um de seus atores, à medida que infância e da adolescência. Por meio das prá-
ele passa a se reconhecer como parte de um ticas institucionais da escola, a ideia de infân-
grupo, uma geração, um contexto institucional cia como etapa diferenciada de desenvolvimen-
cujos significados compartilhados contaminam a to se consolidou, originando um tipo de vida
identidade pessoal. social a que Ariès (1981) caracteriza como a
Nunca a estreita interdependência entre vida escolar. Nesse sentido, em sua gênese, a
escola e sociedade esteve tão em voga como escola serviu não só à demarcação dos limites
nos dias atuais. Cotidianamente, temos testemu- entre espaços públicos e privados, mas foi
nhado situações em que a fronteira simbólica destinada a estabelecer a separação das idades,
da escola é atravessada por casos de violência primeiramente entre a criança e o adulto e,
intramuros, problemas derivados da perda do posteriormente, entre o adolescente e a crian-
sentido de autoridade acadêmica dos professo- ça (Ariès, 1981; Costa, 1989).
res e de diluição de sua potência como fator de Nas primeiras escolas, via de regra, crian-
promoção de mudança pessoal daqueles que ali ças e adolescentes integravam um mesmo gru-
convivem. Assim, se as práticas educacionais na po, o qual estava submetido a um regime soci-
escola têm relevância para se apreender como o al próprio, diferente daquele que governava os
desenvolvimento é produzido, investigar a escola adultos. Segundo Ariès (1981), um lento proces-
é um meio de compreendermos mudanças ao so ocorreu até que se passou a isolar em salas
longo do desenvolvimento, seja o desenvolvi- diferentes grupos mais ou menos homogêneos
mento histórico da sociedade, seja o desenvol- quanto à idade. Isso se deu à medida que as
vimento pessoal de crianças e adolescentes. práticas pedagógicas passaram a se orientar pela
lógica da aquisição progressiva de capacidades
A escola e seu papel histórico intelectuais. Esse processo de diferenciação da
na formação da infância e da massa escolar em grupos de idade foi o germe
adolescência das classes escolares, que serviu para enquadrar
os grupos segundo as necessidades pedagógicas
As escolas são instituições sociais recen- atribuídas a cada um, o que envolveu também
tes, que adquiriram particular importância his- processos correlatos de disciplinarização e
tórica a partir da era moderna, quando se con- moralização. O autor analisa como a separação
verteram em um dos principais dispositivos das classes por idades passou a se caracterizar
institucionais para o projeto de modernização como um dispositivo de organização intrínseco
da sociedade (Boto, 2003). Conforme Forquin e típico à escola, resultando em uma correspon-
(1993) e Romanelli (2005), o processo históri- dência cada vez mais estreita entre as idades e
co de institucionalização da educação escolar as classes escolares.
esteve fortemente ligado às forças econômicas, Segundo Boto (2003), no século XVI,
às mudanças políticas e à própria matriz cultural com o advento da imprensa e o incremento da
da sociedade ocidental. Examinar as práticas cultura escrita, a escola passou a ter na alfabe-
sociais da escola possibilita perceber que esta tização sua função central. Desempenhando um
é um contexto vivo, orgânico e dinâmico. De papel complementar à família de importância
acordo com Ariès (1981), desde sua origem na crescente, a escola passa a atuar na formação
Idade Média — quando se resumia a uma sala de adultos integrados à cultura por meio da
de aula, com alunos mais velhos e heterogêne- leitura e da escrita. Na modernidade, a educa-

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ção escolar passa a se caracterizar como a ação mentos culturais em textos escolares, originando
exercida pelas gerações adultas na preparação uma cultura própria da escola. Segundo o autor,
das mais jovens para a vida social. Do sujeito ainda que apoiada em valores e acervos de con-
moderno era esperado dominar a natureza e a teúdos obtidos da cultura maior, a escola é
si próprio por meio do conhecimento. Era por
meio da escola que ele obtinha os recursos [...] um mundo social que tem característi-
necessários à concretização desse ideal. Progres- cas de vida próprias, seus ritmos, seus ritos,
sivamente, as ciências passam a figurar como sua linguagem, seu imaginário, seus modos
paradigma para a seleção e o arranjo do currí- próprios de regulação e transgressão, seu
culo escolar, assim como para o desenho de regime próprio de produção e gestão de
métodos pedagógicos. A formação de hábitos, símbolos. (p. 167)
conhecimentos e valores legitimados socialmente
(Boto, 2003; Forquin, 1993), assim como a No processo de transposição didática,
aprendizagem de competências intelectuais, fí- produzem-se modelos e envolvem-se os sujeitos
sicas e morais necessárias à participação ativa na em uma trama complexa de práticas, discursos e
sociedade converteram-se em suas principais dispositivos pedagógicos relativamente autôno-
funções, o que se mantêm até a atualidade. mos face à organização sociocultural maior, os
O processo histórico de institucionalização quais afetam seu desenvolvimento e as relações
da escola manteve correspondência com situação entre eles. Entendemos a escola como contexto
cultural a cada momento. A consolidação da que celebra modos de relação e exprime concep-
importância assumida pela escola no mundo ções de sujeito, continuamente negociados no
ocidental a partir da modernidade deve-se à intrincado jogo das práticas sociais, revelando-
possibilidade de se atender, por meio desse mes- se não apenas nos conteúdos e objetivos edu-
mo dispositivo social, a objetivos tão caros à cacionais formais, mas nos processos relaciona-
sociedade como a regulação do comportamento dos às construções identitárias (Bruner, 2001).
individual, a sua própria organização e a trans- As interações e relacionamentos cotidia-
missão de conhecimentos e saberes historicamente nos na escola participam ativamente da consti-
acumulados. Ao mesmo tempo, não se pode es- tuição psíquica dos atores. Por essa razão, o
quecer que cada instituição escolar representa um cenário escolar fornece boas oportunidades para
contexto cultural movido por contradições: ao se investigar in loco as significações em torno
oferecer possibilidades de mudança pessoal e de do desenvolvimento e da aprendizagem em di-
transformação de si por meio das relações soci- ferentes momentos do curso de vida. Adotando-
ais, a escola favorece questionar as formas con- se uma perspectiva crítica e interpretativa, a
vencionais de relacionamento dos homens entre investigação das escolas pode gerar conheci-
si e com a realidade circundante (Freire, 1982). mentos relevantes acerca dos processos de de-
Para Forquin (1993), entender a escola senvolvimento humano. O interesse desse traba-
implica contemplar a cultura em que ela se inse- lho é, pois, aprofundar a compreensão de como
re, a qual constitui “o conteúdo substancial da as práticas escolares atuam diante desse especí-
educação (no sentido do passado, do patrimônio), fico processo de desenvolvimento humano – a
sua fonte e sua justificação” (p. 14). Na escola, transição da infância à adolescência. Com esse
acontece a seleção e a reelaboração dos conteú- intuito, analisamos situações de interação espon-
dos simbólicos da cultura, perpetuando-se ele- tânea ocorridas durante o recreio de uma esco-
mentos culturais que provêm de diferentes épo- la de Ensino Fundamental, que revelam de
cas e de várias fontes. À seleção e reelaboração modo vívido como o desenvolvimento da infân-
desses elementos, Forquin (1993) dá o nome de cia e da adolescência é experimentado e que
transposição didática, que é a conversão dos ele- significados ganha no contexto da escola.

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Pesquisas realizadas segundo a perspec- que se seguem, ele se mostra particularmente
tiva sócio-histórico-cultural buscam uma com- elucidativo do modo como os sujeitos incorpo-
preensão profunda dos fenômenos, tendo em ram às atividades cotidianas (no caso, as brin-
consideração sua natureza dinâmica e comple- cadeiras) concepções, significados e valores em
xa. Por essa razão, a pesquisa qualitativa se torno da transição da infância à adolescência,
apresenta como alternativa epistemológica co- que permeiam a cultura escolar, posicionando-
erente ao abordar a realidade psicológica em se frente aos outros e ao enredo da brincadei-
seu caráter multifacetado, plural (Denzin; ra de modo coerente com tais significados.
Lincoln, 1998; González Rey, 1999). O conhe-
cimento qualitativo valoriza formas inovadoras de Episódio: o jogo do corre-bate-
construção da informação e preza o caráter ati- volta e o desafio de sair da escola
vo do pesquisador, que participa de todas as (duração: 15 min.)
etapas do processo, estabelecendo um diálogo
permanente entre teoria e método por meio da (a) Contextualização do episódio
interpretação. Segundo González Rey (1997;
1999), a investigação qualitativa em psicologia O grupo de alunos se encontrava con-
constitui processo interativo e reflexivo, que o versando e brincando na área externa, próximo
pesquisador conduz em parceria com os partici- ao portão da escola que dá acesso à rua. Esse
pantes e, preferencialmente, inserido nos contex- portão, que recentemente havia mudado de
tos específicos dos quais os últimos participam. lugar e sido alargado, passara a permanecer
O estudo foi realizado em uma escola aberto até a reinstalação do sistema eletrônico.
pública do Distrito Federal, situada em sua No momento observado, o portão estava aber-
região central, a qual funciona nos turnos to e não havia nenhum adulto presente. A
matutino, atendendo às turmas de 7ª e 8ª séri- poucos metros do portão, já na via pública,
es, e vespertino, às turmas de 5ª e 6ª séries. O havia uma área de circulação, na qual se en-
espaço físico dessa escola é dividido entre o contravam um tanque de areia e um parque
edifício e a área externa. Na parte construída, infantil, delimitado por uma mureta.
ficam as salas de aula, a área administrativa,
banheiros, cozinha e biblioteca. A área externa (b) Descrição do episódio
da escola é um pátio cimentado, separado da
via pública por meio de uma cerca e um portão. A brincadeira consistia em que os meninos,
Os procedimentos adotados foram a rea- um de cada vez, trespassassem o portão correndo
lização de sessões de observação do cotidiano muito rápido e, no menor tempo, voltassem para
escolar e entrevistas individuais. Ambos tiveram dentro do pátio externo da escola, após tocarem
a finalidade de compreender os significados a mureta que delimitava o parque infantil. Enquan-
institucionais em torno da infância e ado- to isso, os outros meninos permaneciam no pátio
lescência, assim como apreender práticas que vi- da escola, controlando o tempo gasto no percur-
sam promover a passagem de um a outro ciclo so por cada um dos participantes. As meninas
de desenvolvimento. presentes permaneceram mais atrás, torcendo por
No presente trabalho, limitamo-nos a um ou outro colega, rindo e acompanhando o
apresentar a análise de episódio de jogo espon- movimento deles sem participar diretamente da
tâneo extraído de uma das sessões de observa- competição. Meninos e meninas monitoravam
ção. Tal episódio ocorreu durante o período de constantemente com o olhar a área interna da
recreio do turno vespertino, com a participação escola, de onde poderiam vir o diretor, vice-dire-
de doze meninos e meninas, estudantes de 5ª tor ou algum funcionário. Um dos meninos co-
e 6ª séries. Conforme verificaremos nas análises mentou com a pesquisadora que estavam “fazen-

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do um desafio” e o vencedor seria “quem se afas- pela coordenação de um conjunto de marcadores
tasse o mais longe da escola”. Outro completou simbólicos como, por exemplo, as atividades ro-
dizendo que estavam “contando o tempo”. As tineiras, a separação funcional dos espaços, as
meninas ouviram as explicações acerca do jogo e regras e os valores que medeiam as relações
comentaram que eles estavam fazendo isso “para pedagógicas. No horário exato, um dispositivo
desafiarem”, pois quem fosse pego iria levar adver- sonoro sinaliza que, a partir daquele momento, o
tência. É importante enfatizar que o portão esta- espaço de convivência das crianças e dos adoles-
va completamente aberto, mas o grupo não ultra- centes fica restrito ao espaço institucional. Assim,
passava a cerca da escola, à exceção daquele que qualquer ação que viole essa regra merece ser
fosse começar a corrida. A certa altura, os meninos examinada e eventualmente punida segundo as
instigaram as meninas a entrar na brincadeira, normas de grande parte das escolas.
comentando com sarcasmo que elas não tinham A análise histórica das práticas sociais rela-
coragem de competir. Uma delas exclamou em cionadas à infância e adolescência evidencia como
resposta: “Isso é coisa de adolescente, ficar desa- os dispositivos morais ajudaram a delinear o con-
fiando a autoridade do diretor da escola”. O jogo ceito moderno de infância e as representações no
continuou durante mais alguns minutos, até que o campo social de criança e adolescente. Da mesma
sinal sonoro tocou para anunciar o fim do recreio forma, a organização da rotina da escola e a im-
e os alunos retornaram para as salas de aula. plantação de seu modus operandi na sociedade
contemporânea mostram como essas forças ainda
Resultados: análise do episódio exercem um papel importante sobre as experiên-
cias subjetivas da infância e adolescência.
Uma das características que se pode atri- Costa (1989) argumenta que o estabele-
buir ao desenvolvimento da adolescência contem- cimento do papel moralizador dos colégios e
porânea é a busca da expansão do horizonte de internatos esteve historicamente relacionado
possibilidades de atividade por meio da apropri- com “a implantação de uma disciplina e de um
ação do espaço público, embora continuando a regulamento fundamentado na ordem” (p. 181).
contar com a segurança do espaço privado da A lógica disciplinar presente, desde os regimen-
casa. Isso pode ser compreendido como expres- tos às práticas, determinava considerar detalhes
são da busca de autonomia e ampliação da rede que iam dos aspectos físicos da construção dos
social e afetiva. Sendo assim, identificamos no prédios à organização disciplinar do tempo e o
presente episódio de jogo o ensaio de uma mai- controle do próprio corpo. Os espaços físicos
or abertura para o espaço social, no qual se dos colégios eram organizados para agrupar e
entrecruzam duas dimensões constitutivas dos separar os alunos em idades e séries, calculan-
significados sobre a subjetividade adolescente no do-se cuidadosamente o tempo reservado às
contexto escolar, que nos servem como eixos de atividades específicas, divididas entre atividade
análise do episódio: (1) o papel moralizador exer- intelectual, alimentação e sono. O objetivo era
cido pela escola no curso do desenvolvimento; (2) manter a todo custo a disciplina e evitar o ócio,
o papel transformador que o jogo e a própria extremamente indesejado por parte dos mestres.
experiência adolescente podem desempenhar, A rotina da escola é organizada também
ressignificando as normas escolares. a partir de valores, conceitos e pressupostos
culturalmente construídos em torno da infância
Normas escolares e regulação e da adolescência (Ariès, 1981; Costa, 1989). As
moral da conduta regras e normas instituídas na escola são orien-
tadas por crenças culturais sobre como ocorre
Mais do que um contexto circunscrito o desenvolvimento da autonomia, a capacida-
pelo espaço físico, uma escola é caracterizada de de julgamento moral e a avaliação de riscos.

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Conforme explicita Bruner (2001), as crianças Por meio do ritual do jogo, os partici-
podem ser vistas como teimosas e necessitando pantes revelaram outra forma de se relacionar
de correção; como inocentes e precisando ser com os limites simbólicos da escola. O portão,
protegidas de uma sociedade vulgar; ou até que possui como significado culturalmente fi-
mesmo como egocêntricas que precisam ser so- xado ser local de passagem, de barreira e de
cializadas. Do mesmo modo, os adolescentes são fronteira entre ‘dentro’ e ‘fora’ institucional, é
caracterizados ora como imaturos e carentes, ora ressignificado no jogo como simultaneamente
como rebeldes e em crise. Essas versões sobre a ‘dentro e fora’, um marco a ser ultrapassado
criança e o adolescente têm impacto sobre as como parte de ‘um desafio’.
atividades cotidianas da escola e sobre as formas Como relata McLaren (1992), os rituais na
de definir e negociar as regras (Bruner, 2001). escola têm um papel fundamental na vida do
No episódio, o jogo criado pelos alunos estudante, na medida em que se relacionam sim-
para extrapolar os limites espaciais da escola, bolicamente às ideologias sociais e culturais e à
num tempo destinado à alimentação e à distra- capacidade de resistência dos sujeitos. Especifi-
ção como é o recreio, convida-nos a refletir camente, os “rituais de resistência” (McLaren,
sobre os dispositivos morais que a escola uti- 1992) emergem como formas culturais sutis, que
liza para manter a ordem e cumprir seu papel se mostram contrárias às normas de conduta
socialmente conferido. A função pedagógica da estabelecidas pelos agentes morais da escola. A
escola se exerce por meio das práticas sociais brincadeira de grupo criada pelos alunos pode
e morais e pela via das ações propriamente ser entendida como um ritual que expressa a
pedagógicas. Assim, a escola especifica para os oposição entre a norma formal e as disposições
sujeitos formas de convivência e determina os e motivações daquelas crianças e/ou adolescen-
símbolos que marcam o tempo e o espaço, tes para o jogo.
fornecendo referências e significações sobre Ao longo de todo o episódio, os alunos
como crianças e adolescentes podem dar sen- permanecem olhando para a porta de onde
tido às suas experiências singulares no contex- poderiam sair um desses agentes de disciplina.
to coletivo (Bruner, 1997; 2001; Castro, 1998). Esse comportamento parece revelar que a vigi-
Crianças e adolescentes, a partir das situações lância é incorporada às práticas informais das
que vivenciam em contextos socioculturais próprias crianças e adolescentes no tempo de
concretos, aprendem comportamentos, afetos, permanência na escola. Como nos aponta Ariès
aspirações e sentidos subjetivos, que refletem (1981), a disciplina da escola começou a ser
seu contexto cultural e institucional. introduzida pela organização moderna dos
O desenrolar do episódio só pode ser bem colégios, quando pela norma “o diretor e os
compreendido considerando os circunscritores mestres deixavam de ser primi inter pares para
simbólicos instituídos pelo contexto sociocultural se tornarem depositários de uma autoridade
da escola investigada. A permanência do portão superior” (p. 180). Dessa maneira, o controle
aberto, uma novidade introduzida no cotidiano autoritário e hierarquizado dos colégios permi-
escolar, gerou novos comportamentos e a tiu, desde o século XV, o estabelecimento e
flexibilização dos limites antes estabelecidos pela fortalecimento de um sistema disciplinar cada
norma reguladora da instituição. As ações dos vez mais rigoroso. Esse sistema consolidou-se
alunos se manifestam em contraposição à regra por volta dos séculos XVI e XVII, pautando-se
impeditiva de se deixar a escola durante o tem- na vigilância constante, na delação e nos cas-
po de aula. Para eles, ultrapassar o limite espaci- tigos corporais (Ariès, 1981). Desses dispositi-
al da escola em horário acadêmico pareceu sig- vos disciplinares, apenas os castigos corporais
nificar uma experiência de negação das regras foram posteriormente abolidos com o surgimento
originalmente definidas. das pedagogias humanistas. Estas reorientaram as

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práticas escolares desde uma moral rígida para uma instituição escola, neste tópico, analisamos o
perspectiva caracterizada pela dignidade da pessoa significado desse episódio como parte do sis-
e o respeito para com a criança e o adolescente. tema semiótico construído a respeito da tran-
Nessa direção, destacamos no episódio a sição infância-adolescência. Para tanto, partimos
intervenção virtual do dispositivo da vigilância. de um provocativo enunciado, proferido por
Ainda que ali não houvesse a presença física de uma das participantes a certa altura da brinca-
qualquer representante da ordem moral e discipli- deira, resumindo assim o significado da brinca-
nar da escola, os alunos consideraram o risco da deira: “coisa de adolescente, ficar desafiando a
delação ou a retaliação ao se referirem à advertên- autoridade do diretor da escola”. Esse enuncia-
cia. Ao mesmo tempo, estavam motivados a desa- do torna-se especialmente relevante para fins de
fiar a autoridade por meio de suas ações lúdicas. análise quando consideramos ter sido ele profe-
Vygotsky (1998) argumenta que o cará- rido por uma adolescente. Isso nos convida a
ter lúdico da atividade humana oferece a pos- refletir sobre o impacto dos discursos culturais de
sibilidade de unir a ação real ao significado natureza moral, quando reproduzidos pelas vozes
simbólico. A brincadeira e, mais especificamen- das próprias crianças e adolescentes.
te, o jogo criam uma relação entre a dimensão Ao afirmar, de forma repreensiva, que tal
do significado social e a experiência individu- brincadeira é “coisa de adolescente”, a partici-
al em seu sentido subjetivo. Do ponto de vista pante nos oferece à análise, pelo menos, dois
do desenvolvimento, o jogo “conduz a ações posicionamentos subjetivos: (a) o que reconhe-
que estão subordinadas aos significados e a ce na adolescência uma categoria particular,
criança age de acordo com elas” (p. 136). dotada de comportamentos peculiares; (b) o
Do ponto de vista da experiência inter- que estabelece um julgamento valorativo à con-
subjetiva dos alunos, o jogo criado por eles dição adolescente, do qual se depreendem as-
constitui uma forma lúdica e criativa de con- pectos morais tais como menor maturidade,
frontar os poderes simbólicos instituídos histo- competitividade, desafio à autoridade e risco,
ricamente e as normas rotineiras. A contradição além de diferentes posições de gênero. Importa
aparece também pela necessidade de extrapolar salientar que, em seu comentário, a participan-
os limites espaciais em seu aspecto simbólico e te parece expressar um conjunto de significados
simultaneamente voltar aos limites da escola que, oriundos do senso comum, penetram na
em um movimento transitório e oscilante. escola, mediando não apenas as práticas peda-
O jogo criado pelas crianças e pelos ado- gógicas formais, como ainda as interações es-
lescentes mescla regras inerentes à situação con- pontâneas (Ozella, 2002).
creta — como, por exemplo, correr até o limite do Dessa maneira, os textos da escola se
tanque de areia e voltar para dentro da escola — tornam correlacionados ao contexto mais am-
e as regras simbólicas de não sair da escola em plo da sociedade, contribuindo fortemente para
horário acadêmico. Em última instância, o jogo se a construção da subjetividade dos estudantes.
torna um desafio à medida que gera uma com- A dimensão constitutiva da linguagem como
petição entre aqueles que correm e vão mais potencialidade de gerar entendimentos e repre-
longe dos limites simbólico-espaciais da escola. sentações sobre a escola e os sujeitos que a
integram pode estar a serviço de legitimar e
Adolescência e transformação reproduzir os discursos naturalizados, no caso,
das significações institucionais sobre a adolescência (McLaren; Giroux, 2000).
Como nos aponta Castro (2001), os su-
Enquanto a primeira parte dos resultados jeitos em desenvolvimento – crianças e adoles-
tem por foco a relação entre os participantes e centes – mostram-se engajados na comunida-
a configuração histórico-social e normativa da de, participando ativamente dos processos

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construtivos da cultura e de suas próprias iden- de, definindo pautas de comportamentos e cri-
tidades. Para a edificação de suas identidades, ando interditos (Louro, 1997).
crianças e adolescentes se apropriam de papéis Boto (2003) expressa que a escola, além
sociais e de representações embasados em atri- de sua função pedagógica, tem um papel
butos supostamente fixos e reificados sobre as identitário. A forma como a vida escolar é
características da adolescência. No seu desenvol- estruturada — especialmente a maneira como
vimento psicológico, relacionam de maneira os sujeitos são postos em convivência — influi
complexa referências comunicadas pelos agen- intimamente na formação das subjetividades. As
tes sociais sobre os próprios comportamentos e práticas sociais da escola relacionam-se aos
os significados atribuídos às ações de outros processos de identidade e, pela multiplicidade
sujeitos em uma dada situação (Castro, 2001). de referências e significados socioculturais ali
Portanto, o significado atribuído a esse negociados, convertem a escola em um campo
jogo dos alunos só pode ser compreendido si- relacional profundamente rico.
tuando-o nas práticas sociais que tornaram essa Embora constituindo um pequeno recor-
ação possível. O comportamento e a descrição te da realidade complexa de uma escola, o
sobre o ‘desafio’ do grupo em relação à escola episódio analisado fomenta nosso olhar inter-
não pode ser compreendido isoladamente ou de pretativo sobre o desenvolvimento da infância
maneira neutra, mas no jogo das influências e adolescência no contexto escolar. Ele nos
sociais e culturais dentro e fora da escola. A oferece elementos férteis também para uma
experiência concreta do grupo, atrelada aos dis- reflexão crítica sobre a construção da cultura
cursos e símbolos da cultura escolar, permite escolar moderna e sua relação com o proces-
enfocar a participação da instituição na consti- so de constituição do campo social. Nesse sen-
tuição e legitimação das práticas de socialização tido, o jogo do grupo de alunos é significati-
da infância e da adolescência na atualidade. A vo e inovador pelo seu caráter reconstrutivo do
escola, portanto, assume papel social importante sistema de regras da escola. O grupo de crian-
ao engendrar, na consciência subjetiva, signifi- ças e adolescentes vivenciou no recreio um
cações da vida social e cultural dominantes e momento lúdico em que regras simbólicas do
quando estabelece limites que definem as ações sistema escolar foram rompidas e renegociadas
concretas dos sujeitos (Bruner, 2001). (Ariès, 1981; Costa, 1989; Forquin, 1993).
É possível sustentar que os significados
Considerações finais: sociais em torno da infância continuam a situá-
desenvolvimento subjetivo e social la como estágio de menoridade social, condição
no cotidiano da escola provisória, estado de menos-valia a ser superado
por meio do desenvolvimento que a oriente ao
A escola não pode ser considerada como modo de vida adulto. Tal lógica adultocêntrica
um espaço neutro. As normas e práticas internas exige da escola empurrar a criança na direção da
da escola, os agentes sociais, os dispositivos de adolescência e juventude. O currículo e o cotidi-
poder, assim como a disciplina formal e os co- ano da escola devem procurar enfatizar as expe-
nhecimentos e saberes que aí circulam circuns- riências singulares dos alunos e de professores,
crevem os espaços e os tempos da escola, dis- intimamente relacionadas ao desenvolvimento
tinguindo-a de outros contextos institucionais e humano (Bruner, 2001; McLaren; Giroux, 2000).
determinando regimes próprios de regulação da Por outro lado, uma perspectiva que valorize a
conduta. Por estabelecerem modos de relação, criança e o adolescente como interlocutores de
os símbolos e as imagens distribuídos no inte- suas experiências pode constituir um caminho
rior da escola funcionam para os sujeitos em para a compreensão das especificidades da ado-
desenvolvimento como modelos de subjetivida- lescência contemporânea.

378 Luciana CAMPOLINA e Maria Cláudia OLIVEIRA. Cultura escolar e práticas sociais:...
Salientamos como especial contribuição processo, merece atenção especial uma vez que
do estudo a reflexão sobre o papel da escola também se encontra em desenvolvimento, ne-
na contemporaneidade. Acreditamos que a es- gociando com seus alunos e com o contexto,
cola tem o potencial de promover a autotrans- suas próprias transformações. Destacamos, por-
formação do sujeito em relação à trajetória tanto, a necessidade de construção de espaços
escolar e em relação aos relacionamentos hu- relacionais que valorizem as trocas intersubje-
manos (Freire, 1982). Ao mesmo tempo, ela se tivas dentro da escola. Dessa maneira, profes-
vê diante do desafio de atualizar-se, de incor- sores e alunos podem aprofundar-se na com-
porar às suas práticas pedagógicas os múltiplos preensão mútua das práticas e dos discursos,
sentidos das experiências vividas na infância e valorizando-se também como sujeitos de alte-
adolescência. O professor, figura central desse ridade e dotados de histórias.

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Recebido em 23.10.07
Aprovado em 04.10.08

Luciana de Oliveira Campolina, psicóloga, mestre em Psicologia (UnB) e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Educação da UnB.

Maria Cláudia Santos Lopes de Oliveira, mestre em Psicologia e doutora em Educação pela PUC-RJ, possui pós-
doutorado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Humano (Clark University, Massachusetts), é professora
adjunta do Instituto de Psicologia da UnB.

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