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Língua Portuguesa

Coerência Textual
A coerência textual está ligada à significação do texto. Um texto pode estar
perfeitamente coeso, porém incoerente, como o exemplo:
“As ruas estão molhadas porque não choveu”

Princípios Básicos da Coerência Textual


→ Princípio da Não Contradição
Em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que
quebram a lógica

→ Princípio da Não Tautologia


Tautologia é um vício de linguagem que consiste na repetição de alguma ideia, utilizando
palavras diferentes.
Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando há repetição
excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a
informação Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será
incoerente

→ Princípio da Relevância
Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si,
acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência
individual Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o
princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto

→ Continuidade Temática
Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras
partes do texto (quebrando também a coesão) A sensação é que se mudou o assunto (tema)
sem avisar ao leitor

→ Progressão Semântica
Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas
informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto) A sensação do leitor é
que o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo
final da mensagem

Coesão Textual
A coesão textual é feita por meio de mecanismos linguísticos que permitem uma sequência
lógico-semântica entre as partes de um texto

Coesão por Substituição


São empregadas palavras e expressões que retomam termos já enunciados através da anáfora
·1 Observe o exemplo:
Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso isso volte a acontecer, eles
serão suspensos.
·2 Em vez de:
Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso o mau comportamento
volte a acontecer, os alunos serão suspensos.

Coesão por Elipse


Ocorre por meio da omissão de uma ou mais palavras sem que isso comprometa a clareza
de ideias da oração:
Maria faz o almoço e ao mesmo tempo conversa ao telefone com a amiga.
Em vez de:
Maria faz o almoço e ao mesmo tempo Maria conversa ao telefone com a amiga.

Coesão Lexical
Ocorre por meio do emprego de sinônimos, pronomes, hipônimos ou heterônimos
Observe o exemplo:
Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro Gênio maior de nossas letras,
foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras

Coesão Referencial
É um dos tipos mais utilizados em um texto Graças a ela, evitamos repetições de termos,
descuido que pode tornar desagradável a leitura de um texto:
·3 Exemplo:
Os alunos foram visitar o Museu. Eles foram acompanhados pelos professores.
·4 Em vez de:
Os alunos foram visitar o Museu da Língua Portuguesa. Os alunos do terceiro ano
foram acompanhados pelos professores.

→ Catáfora
Reivindicamos isto: moradia, saúde e educação
→ Anáfora
A presidente anunciou medidas que podem acalmar os ânimos

→ Principais mecanismos
·5 Pronominalização, sejam os pronomes em questão retos, oblíquos, demonstrativos,
possessi- vos, relativos, indefinidos, de tratamento
·6 Processos de sinonímia, aí incluídos os hiperônimos, hipônimos e casos de sinonímia
contextual
·7 Elipse, ou seja, a própria supressão da referência direta, por esta já estar óbvia no contexto
·8 Nominalização, ou seja, a utilização de um substantivo que retoma, semanticamente, um
verbo utilizado no texto
·9 Uso de epítetos, menções culturais de mundo, quando se traz ao texto uma informação ou
atri- buição que, normalmente, funciona como referência de conhecimento universal
Cinemas em Paris
Elencamos três cinemas clássicos e elegantes na Cidade Luz Que tal colocar um no seu
roteiro?
·10Repetição parcial ou integral do nome

Coesão Sequencial
Esse tipo de coesão possibilita relações entre os termos do texto através do emprego
adequado de conjunções:
Como não consegui ingressos, não fui ao show, contudo assisti ao espetáculo pela televisão

→ Valores semânticos dos conectivos


·11 Relação de causalidade ou de explicação – porque, uma vez que, visto que, já que,
dado que, como, pois etc
·12 Relação de condicionalidade – se, caso, desde que, contanto que, a menos que, sem
que, salvo se,
exceto se, a não ser que, em caso de etc
·13 Relação de temporalidade – quando, enquanto, mal, logo que, antes que, depois que,
assim que, sempre que, até que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, à medida que,
à proporção que, etc
·14 Relação de finalidade – para, para que, a fim de, a fim de que, etc
·15 Relação de alternância – ou, ou ou, ora ora, seja seja, quer quer, etc
·16 Relação de conformidade – conforme, consoante, segundo, como, de acordo com, etc
·17 Relação de adição – e, também, ainda, não só mas também, além de, nem, nem
nem, além do mais, ademais, etc
·18 Relação de oposição – mas, porém, contudo, entretanto, no entanto / embora, se bem
que, ainda que, apesar de, etc
·19 Relação de conclusão – logo, portanto, pois, por conseguinte, então, assim, etc
·20 Relação de comparação – como, feito, mais do que, menos do que, tanto
quanto, tal como, tal qual, etc
Coesão e Pronomes Relativos
·21 “Isso acontece pelas marcas que esse tipo de briga deixavam ao longo da História ”
(correto: deixava)
·22 “O indivíduo se importa também com a forma de que é lembrado, ou seja, que
define sua marca pessoal ” (correto: a forma como é lembrado)
·23 “Alguns não encontram pessoas que valham a pena se relacionar ” (correto:
“Alguns não en- contram pessoas / com quem (ou “com as quais”) valha a pena / se
relacionar )
·24 “Escrever corretamente é uma obrigação que muitos não conseguem cumpri-la
devido a circuns- tâncias como a falta de oportunidade para estudar ” (correto: que
muitos não conseguem cumprir)
·25 “O Brasil sofre os reflexos das atividades sedentárias dos latifundiários, nos
quais suas políti- cas mercantis eram pautadas na derrubada da vegetação original para
substituí-la pela lavoura e pecuária ” (correto: cujas políticas mercantis)
Exercícios

1. A coerência refere-se aos nexos de sentido estabelecidos entre as informações


ou argumentos de um texto A falta de coerência pode prejudicar o entendimento do
leitor Assinale o trecho que NÃO apresenta problema de coerência

a) Quando eu estava vendo televisão nos EUA, as propagandas me chamaram a


atenção.

b) Andando pela calçada, o ônibus derrapou e pegou o funcionário quando entrava


na livraria

c) Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no
luxuoso hotel Maksoud Plaza

d) Desde os três anos de idade minha mãe me ensinava a ler e escrever

Leia o texto a seguir.


Além do ato instintivo, inconsciente, automático, puramente reflexo, evitação do
sentimento doloroso, ocorre a infindável série dos gestos intencionais, expressando
o pensamento pela mímica, convencionada através do tempo. Essa Signe
Language, Gebärdensprache, Langue per Signes, Language per Gestes, tem
merecido ensaios de penetração psicológica, indicando a importância capital como
índices do desenvolvimento mental.

Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem


gesticulada, com áreas mais vastas no plano da compreensão e expansão que o
idioma. Primeira forma da comunicação humana, mantém sua prestigiosa eficiência
em todos os recantos do mundo. As pesquisas sobre antiguidade e valorização de
certos gestos, depoimentos insofismáveis de certos temperamentos pessoais e
coletivo, índices de moléstias nervosas, apaixonam estudiosos.
A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a capacidade
criadora, e não esses àqueles, possui, presentemente, alto número de defensores.
Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e potência intelectual da Mímica como
documento vivo, milenar e contemporâneo, individual e coletivo.
Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no
ajustamento da conduta social, todos nós aprendemos o gesto desde a infância e
não abandonamos seu uso pela existência inteira. Os desenhos paleolíticos
registram os gestos mais antigos, de mão e cabeça, e toda literatura clássica,
história, viagem, teatro, poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão
insubstituível.

Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto,


universalmente conhecido. Na famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada
antagonista entendia o gesto contrário de acordo com seu interesse. Negativa e
afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação inversa para
chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação
respei- tosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se,
elevar a mão à fronte, são uni- versais. A mecânica da adaptação necessária a
outras finalidades de convívio explica a multiplicação

(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História dos Nossos Gestos


Edição digital Rio de Janeiro: Global, 2012)

2. A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a


capacidade criadora, e não esses àqueles, possui, presentemente, alto número de
defensores. (3° parágrafo)
Os pronomes sublinhados referem-se, respectivamente, a:
a) gestos − centros cerebrais – gestos
b) centros cerebrais − gestos – gestos
c) centros cerebrais − centros cerebrais − gestos
d) centros cerebrais − gestos − centros cerebrais
e) gestos − gestos − centros cerebrais

Leia as frases a seguir:


A banalização da cultura é perceptível no mundo atual. O desejo de escapar do tédio
pode ser legítimo. O entretenimento ocupa lugar de destaque no mundo atual.

3. As frases acima articulam-se com clareza, coerência e correção em:


a) Não deixa de ser legítimo o desejo de escapar do tédio, mesmo que o
entretenimento ocupa lugar de destaque, no mundo atual, tornando perceptível a
banalização da cultura.

b) O entretenimento que ocupa lugar de destaque no mundo atual, cuja banalização da


cultura é perceptível, e onde o desejo de escapar do tédio pode ser legítimo.

c) Ainda que o desejo de escapar do tédio pode ser legítimo, o entretenimento, mesmo
assim, ocupa lugar de destaque no mundo atual, onde a banalização da cultura é
perceptível.

d) Embora possa ser legítimo o desejo de escapar do tédio, é perceptível a banalização


da cultura no mundo atual, em que o entretenimento ocupa lugar de destaque.

e) Assim como o entretenimento ocupa lugar de destaque, no mundo atual, cuja a


banalização da cultura é perceptível, o desejo de escapar do tédio pode ser legítimo.

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