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RESENHA

Disciplina : Técnicas de exame psicológico II


Filme: NISE: O coração da loucura
Acadêmica: Rosana Mesquita Mendes Pereira

Trata-se de um belíssimo trabalho de reconstituição da história de uma


grande psiquiatra brasileira: Nise da Silveira. A narrativa traz fatos ocorridos em
meados do século XX, a partir de 1944. A psiquiatra enfrentava no contexto
profissional inúmeras barreiras, dentre as quais podemos citar a questão de
gênero (era a única mulher entre os colegas médicos) e o fato de ser inovadora
em seus métodos, crendo que cada um daqueles “clientes” mereciam respeito
de toda a comunidade médica.

Contrariando a todas concepções da época que tratavam a doença


mental e acreditavam na remissão dos sintomas através de métodos como
eletrochoques e loboterapias, ela introduz ao tratamento de doenças como
esquizofrenia, a arte como terapia ao mesmo tempo em que possibilitava aos
seus clientes uma vida fora dos muros do hospital.

Nise da Silveira introduz ao tratamento o indispensável: a humanização


de todos os doentes mentais que estavam sob sua responsabilidade. O que
chama a atenção é o fato de não ver os doentes mentais como meros dejetos
humanos, mas tratá-los com integridade conferindo a eles uma posição de
seres humanos, o que lhes era negado pelo discurso médico desde os idos do
século XIX que inaugura a história da loucura na europa.

Ao elaborar essa resenha pude ver alguns trabalhos dando conta de que
a arte funciona como mediadora na reelaboração emocional através das
técnicas projetivas, tendo como base teórica a psicanálise. E é disto que trata o
filme, demonstrando o sucesso do uso de técnicas projetivas, dando ênfase ao
poder criador inerente ao ser humano, permitindo uma ressignificação das
angústias, traumas e vivências daqueles que estavam aprisionados em seus
mundos interiores. A pintura transvestiu-se de uma vivência catártica operando
uma nova conexão da psiquê dos sujeitos
RESENHA
Disciplina : Técnicas de exame psicológico II
Filme: NISE: O coração da loucura
Acadêmica: Rosana Mesquita Mendes Pereira
Influenciada pelos estudos de Dr. Carl Gustav Jung, ela percebeu
reorganização psíquica de seus pacientes através da arte em pintura produzida
por eles. A maioria das obras produzidas em seu “atelier” por seus “clientes”
eram em forma específica, remetendo à teoria de Jung que nos ensina que a
mandala

“significa um suporte para a transformação e crescimento interno


no indivíduo para alcançar a totalidade. Segundo ele, as
mandalas se mostravam como tentativas do inconsciente de
buscar uma cura para a nossa forma interna. Com isso, a nossa
psique poderia ser restaurada e colocada em ordem.” 1

Percebendo isto, a Doutora Nise da Silveira incentivou ainda mais a


expressão de seus clientes através das suas pinturas, o que possibilitou uma
melhora substancial na condição clínica de cada um deles. A reorganização
mental de cada um deles foi possibilitada pela expressão de seus
pensamentos, emoções extravasados nas artes plásticas. Oportunizando a alta
hospitalar de alguns. Em síntese: uma revolução na psiquiatria que impulsiona-
nos até os dias atuais.

1
Mandala para Jung: significado do símbolo - Psicanálise Clínica, disponível em
https://www.psicanaliseclinica.com › acesso em 03/10/2022

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