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TDAH SIMPLIFICADO

Um guia para pais e professores

Érica Alves Costa Lopes


CRPP/MG 29556
Espaço de
Desenvolvimento
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dedesenvolvimentoespaco@gmail.com

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Érica Alves Costa Lopes
Sou Psicóloga Clínica, Especialista em Psicopedagogia.
Trabalho com Clínica há 10 anos. Atualmente atendo à Prefeitura de Alpercata/MG
atuando no NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família).
Trabalho também como Perita Judicial e Palestrante.
Sempre amei o meu trabalho. E hoje, com o amadurecimento da profissão,
descobri que ser Psicóloga é tudo que eu sempre quis e me sinto completamente
realizada com o meu trabalho.
Esse EBOOK é uma forma de contribuir para um mundo melhor, dedicando um
pouquinho do meu tempo para ajudar você a melhorar a vida de uma criança.
Obrigada por estar aqui!
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ÍNDICE

Conhecendo o TDAH ...................................................................................... 06


Sintomas do TDAH ........................................................................................... 09
Tratamento e possíveis intervenções .............................................................. 13
Orientação para os pais ................................................................................ 18
Orientação para os professores ................................................................... 21

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CONHECENDO O TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um tema bastante discutido entre pais
e profissionais, pois o número de crianças diagnosticadas cresce a cada ano. Uma intervenção adequada faz
toda a diferença em se tratando da aprendizagem, pois a criança com TDAH na fase escolar geralmente se
encontra em desvantagem em relação aos seus colegas, e esse fato, por si só, é responsável pela baixa
autoestima dessa criança.
Muito se fala sobre o TDAH. Porém, muitos desconhecem os sintomas e as possibilidades de
tratamento. O encaminhamento de criança com TDAH tem se tornado uma constante para os serviços de
psicologia/psicopedagogia, acompanhado de queixas diversas decorrentes do transtorno. Seu comportamento no
ambiente escolar muitas vezes compromete seu aprendizado e seu convívio social. Muitos pais resistem ao
tratamento, mas acabam cedendo diante da constatação de estarem cansados de tantos problemas.
O atendimento inicial é muito importante para que o profissional possa avaliar a situação da criança.
São falas carregadas de dúvidas, tanto da família como da escola. Muitas vezes há, ainda, uma ideia
estigmatizada de que, para crianças com o TDAH não há soluções. Um olhar observador e ouvidos atentos, livre
de julgamentos, é muito importante nessa fase do atendimento.
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Por ser um dos transtornos mais estudados atualmente, muitos pais já trazem discursos prontos e
opiniões distorcidas sobre o assunto. O atendimento psicológico/psicopedagógico vem elucidar as principais
dúvidas e propor uma série de ações a serem desenvolvidas tanto pelas crianças como para as pessoas
interessadas em seu aprendizado.
Geralmente essas crianças apresentam, já na avaliação, as dificuldades de aprendizagem e
relacionamento, além de sinais de ansiedade e frustração. O papel do profissional ao atender uma criança com
TDAH é propor intervenções para auxiliar o aprendizado e o convívio social da mesma. Ao visar o sucesso da
criança, este profissional deve propor ações para uma prática transformadora no processo ensino-aprendizagem
e nas habilidades sociais, com o intuito de impulsioná-la em sua caminhada rumo ao sucesso escolar e pessoal.
O TDAH não é uma doença que “surge” por algum fator externo à criança. Apesar de muitos pais
(principalmente as mães) se culparem pelo fato de seus filhos apresentarem o transtorno, não é algo que eles
fizeram ou a forma como eles educaram que causou o problema. É um distúrbio neurobiológico. Há um consenso
entre os profissionais sobre a hereditariedade do transtorno. Se um dos pais possui o diagnóstico do transtorno,
as chances dessa criança desenvolver o mesmo são de 50% ou mais.
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SINTOMAS DO TDAH

Os sintomas do TDAH serão divididos aqui em partes, para facilitar o seu reconhecimento, e assim
auxiliar os pais e os professores sobre a real necessidade de se encaminhar uma criança para uma avaliação
profissional.

Para manifestações de desatenção:


 Não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros por descuido;
 Tem dificuldade em manter a atenção na escola e/ou no lazer;
 Não ouve quando abordado diretamente, mesmo quando chamado pelo nome;
 Não consegue terminar as tarefas propostas pela escola, os compromissos domésticos ou os deveres de
casa;
 Tem dificuldade em organizar atividades;
 Evita tarefas ou brincadeira que exijam um esforço mental prolongado;
 Perde coisas, derruba objetos, esbarra com frequência, é desleixado com seus objetos pessoais;
 Distrai-se facilmente e/ou mantém um hiperfoco (concentração excessiva desligando-se do mundo);
 É esquecido, “voado”, distraído.

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Para manifestações da hiperatividade:
 Tamborila com os dedos, se contorce na cadeira, emite sons com a boca ou com objetos;
 Sai do lugar quando se espera que permaneça sentado;
 Corre de um lado para o outro ou escala coisas em situações em que tais atividades são inadequadas;
 Tem dificuldade de brincar em silêncio, quando o mesmo é esperado da criança;
 Age como se fosse “movido a pilha”;
 Apresenta dificuldade de se manter quieto e em silêncio em situações que exijam tal comportamento (igrejas,
auditórios, bibliotecas, etc.);
 Fala em excesso.

Para manifestações da impulsividade:


 Responde antes que a pergunta seja completada;
 Tem dificuldade de esperar sua vez;
 Interrompe os outros ou se intromete.
 Abre portas, armários, pega objetos sem pedir, invade a privacidade do outro.

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Claro que cabe aqui o bom senso!
Estamos falando de crianças, e cada uma tem sua própria personalidade e sua fase de
desenvolvimento.
É necessário buscar outras fontes de informação para se fazer o diagnóstico, como dados escolares
e relatos dos professores, resultados de testes de desempenho, entrevistas com os pais e com as crianças,
avaliação psicopedagógica, diagnóstico médico especializado, entre outros.
É o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. E tudo isso se trata de um problema do
funcionamento de certas áreas do cérebro, principalmente do córtex pré-frontal, que comanda o comportamento
inibitório (freio), a capacidade de executar tarefas de planejamento, a memória de trabalho, entre outras funções
importantes, determinando que essa criança apresenta sintomas indesejados socialmente, como a desatenção, a
agitação constante (hiperatividade) e/ou a impulsividade. Sem falar nas comorbidades que precisam ser
identificadas.
Antigamente, nos baseávamos em tradições e mitos para definirmos as crianças “normais”, para
estabelecermos uma rotina comum ou decidirmos sobre a necessidade de um determinado tratamento. Hoje,
com a expansão do conhecimento e o avanço das pesquisas científicas, vivemos um tempo de trabalhar o
incomum e superar os desafios.
Não cabe mais nos moldes de hoje uma criança padronizada, com comportamentos pré-determinados
pela sociedade. É necessário que todos os envolvidos ampliem seus olhares e busquem o que há de melhor para
a criança, respeitando suas individualidades e características próprias, mas orientando-as sobre as melhores
formas de adaptação ao convívio social e ao bem comum.

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TRATAMENTO E
POSSÍVEIS INTERVENÇÕES

O TDAH é um transtorno e, portanto é passível de tratamento. Mas é preciso estar atendo, pois o
mais importante aqui é tratar o sofrimento humano e não apenas o transtorno em si. Assim, o tratamento se torna
eficaz e a criança segue seu desenvolvimento sem que haja um estigma sobre ela.
O tratamento pode ser dividido em quatro partes: informação, apoio técnico, intervenção
medicamentosa e psicoterapêutica.
A primeira é a informação: quanto mais informação e conhecimento houver sobre o assunto, mais os
envolvidos poderão contribuir com o sucesso do tratamento do TDAH. E você que já chegou até aqui sabe muito
bem dessa importância. Então, leia e se informe sempre que possível. A ciência avança a cada dia e novas
informações e novos tratamentos podem surgir. Quem lida com crianças com TDAH precisa estar sempre bem
informado.
Sobre o apoio técnico, é necessário que todos os profissionais que acompanham a criança, em
qualquer setor que ela se encontre, possam ajudá-la a criar uma rotina pessoal, favorecendo o aprendizado das
regras e dos limites necessários. É que, longe de algo burocrático e complicado, a criança crie uma estrutura
interna e externa, facilitando assim sua vida cotidiana. Também é necessário que esse apoio técnico esteja
integrado, ou seja, que todos “falem a mesma língua”. Porque senão o trabalho de um pode ser desfeito pelo
outro. Lembrem-se de que as crianças são espertas e podem fazer disso um jogo ao seu favor.

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Já a intervenção medicamentosa é de indicação médica. Os medicamentos disponíveis no mercado
auxiliam no tratamento do transtorno e é necessário que haja acompanhamento de um profissional da medicina
para verificar tanto o tipo de medicamento, a dosagem e o seu controle. Também é necessário que o diagnóstico
seja dado pelo médico, que é o profissional capacitado para isso. Sem contar que podem haver comorbidades,
ou seja, outras doenças associadas (distúrbios, transtornos, etc.), que apenas o médico pode distinguir durante o
diagnóstico. Sem contar que as crianças são diferentes, e os transtornos também.
Podemos verificar que é do senso comum, nas mais diversas áreas da saúde e da educação,
surgirem comentários e expressões de conhecimento sem fundamento teórico. Pessoas com explicações e
tratamentos voltados para aquilo que elas próprias julgam como relevantes. Não há nenhuma comprovação
científica, nenhuma experiência e nenhuma observação criteriosa sobre o caso. Mas ainda assim sugerem seus
“tratamentos mirabolantes”.
No caso do TDAH não é diferente. Todos tem uma solução e um palpite para o tratamento. Alguns até
mesmo (pasmem) indicam medicamento de outra criança para “ajudar” os pais. Cuidado! Cada caso é único e
apenas o profissional da medicina está habilitado para receitar medicamentos. E quanto às sugestões, se estas
não forem sugestivas para um tratamento adequado, ou se os pais e professores não quiserem ser indelicados (o
que nesse caso seria aceitável), o ideal é não entrar em discussões inúteis e apenas sorrir.
Porque não se encontram por aí pessoas a todo momento dando seus palpites em tratamentos de
diabetes e hipertensão. Por que então todos estão tão empenhados em ajudar na educação das crianças? O
ideal é sempre buscar orientação profissional quando se tratar de TDAH.

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CONHECENDO A PROPOSTA DA
PSICOLOGIA/PSICOPEDAGOGIA

PARA O TRATAMENTO DE

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TDAH
Por fim, a intervenção psicoterapêutica, que vem como uma parte importante no tratamento do TDAH.
Fala-se aqui sobre as experiências significativas vividas pela criança e sobre as marcas (positivas e negativas)
deixadas por essas experiências durante seu desenvolvimento.
Uma criança com TDAH geralmente apresenta sintomas de baixa autoestima, já que precisa
diariamente lidar com problemas relacionados como a sua desorganização e uma autoimagem negativa em
consequência das críticas e a incompreensão das pessoas que estão à sua volta.
E não podemos deixar de destacar que são muitas as dificuldades que a criança precisa enfrentar,
principalmente as que estão ligadas à distração/concentração, à impulsividade, aos esquecimentos e à
desorganização.
Aqui falo com convicção de que a intervenção psicológica/psicopedagógica é particularmente uma
etapa fundamental para o desenvolvimento saudável da criança com TDAH. E ainda se faz necessário uma
orientação aos pais e cuidadores, e também uma orientação aos professores, pois precisam conhecer as
particularidades da criança em tratamento para melhor auxiliá-la em seu processo de evolução.
Mas, infelizmente, muitos pais abrem mão dessa intervenção por julgá-la desnecessária ou pelo
preconceito de que “psicólogo é pra doido”. E é a criança quem precisa enfrentar sozinha todos os problemas
emocionais e de comportamento. E nem preciso dizer as consequências disso no futuro, não é mesmo?
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A intervenção com a Terapia Comportamental é atualmente a mais indicada para o tratamento
do TDAH. Ela ajuda na psicoeducação da criança através de técnicas e estratégias de adaptação para
superação das dificuldades. Além da intervenção junto com os pais para auxiliar no reforço positivo e na
organização espacial e direcionamento das atividades a serem desenvolvidas.
A mudança no comportamento da criança, uma criação de novos hábitos e rotinas, uma
melhora no engajamento e uma capacidade de enfrentamento dessa criança, uma motivação sustentada
na cultura e nos princípios da comunidade em que está inserida, uma melhora na autoestima e na
autonomia dessa criança, tudo isso faz parte do processo psicoterapêutico comportamental para
superação dos sintomas do TDAH.
E também a contribuição da psicopedagogia, que vem como um apoio mais direto às
dificuldades específicas no aprendizado e no desenvolvimento escolar da criança, com trabalhos ligados
à atenção concentrada, memória, orientação espacial, coordenação motora, auxilio no aprendizado das
estruturas iniciais necessárias, entre outros. E ainda o apoio direto à escola, com a troca de informações
e as ações multidisciplinares, que favorecem muito o aprendizado da criança.

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ORIENTAÇÃO PARA
OS PAIS

Para você que é pai ou mãe de uma criança com TDAH, essas dicas são muito importantes. Claro
que hoje não existem mais formatos de família perfeita. Mas com um pouco de esforço e dedicação de todos, seu
filho pode , sim, conseguir cumprir as regras e os limites impostos por você.
A primeira dica é a rotina. Não há como estabelecer limites a uma criança desatenta sem rotina. Seu
filho precisa memorizar todas as tarefas que lhe cabem, e para isso ele precisa repetir, repetir e repetir. Essa
rotina deve estabelecer horários regulares, organização de cronogramas específicos e claros sobre suas
obrigações, e um esforço contínuo em conseguir cumprir cada tarefa ao longo do dia.
A criança precisa se habituar com as coisas que precisa fazer, e para isso valem as anotações,
pequenos lembretes e muito carinho ao lembrá-lo quando se esquecer. Seu filho(a) não é preguiçoso(a). Ele
apenas não se lembra dos combinados porque se distraiu.
E tem mais: não adianta gritar!
Que a criança com TDAH se distrai com facilidade você já sabe. Mas o hiperfoco, que é uma
concentração excessiva em um determinada atividade, mantém sua criança imersa em um “outro mundo”, e
quando ela diz que não te ouviu chamar, ela não ouviu mesmo. Mesmo que você esteja chamando pelo nome ao
lado dela. O ideal aqui é tocar na criança e pedir a ela que olhe para você, e só depois falar o que precisa. Esse
simples gesto fará com que você perceba nela muito mais proatividade.
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Vale reforçar que, mesmo que a criança apresente dificuldade com a nova rotina (e quase sempre
apresenta), é preciso insistir. E é preciso também que os pais se entendam e falem a mesma língua. E se há
outros parentes que vivam na mesma casa, peçam que colaborem com você. Vale uma reunião familiar para
estabelecer quais regras e quais limites serão aceitos por todos.
Senão, você vai viver insistindo com a criança, enquanto os outros estarão apenas “atrapalhando”
seus avanços. E não pense que é por pura maldade. É que muitas pessoas acham que o choro ou a reclamação
constante da criança traz sofrimento, quando no entanto é apenas uma resistência à nova adaptação, mas que
num futuro bem próximo será de grande auxílio para ela.
E mesmo que a criança seja ainda bem pequena, converse sempre e peça para que ela mesma
colabore com você. Porque mesmo apresentando dificuldade em se habituar a uma nova rotina, criar os novos
hábitos diminuirá a insegurança e a ansiedade da criança, substituindo a sensação de incapacidade em novas
conquistas e muitos elogios.
Na verdade, o que a criança mais quer é ser feliz e viver em harmonia com a família. Mas no caso do
TDAH, ela não sabe como fazer as coisas certas, porque desde que nasceu já era assim. O TDAH é um
transtorno que nasce com a criança.
E muita paciência com as “pirraças”, porque elas virão. Pense antes de dizer um não à criança.
Porque dizer e depois voltar atrás reforça o comportamento inadequado. O ideal é dizer: “ Espere, vou pensar”. Aí
você terá tempo para refletir se o que a criança quer é possível ou não. E se sua resposta final for um não,
mantenha sua posição. E seu filho aprenderá que nem tudo é possível e que não adianta chorar para conseguir o
que quer.

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ORIENTAÇÃO PARA
OS PROFESSORES

O primeiro passo para que o professor trabalhe efetivamente com uma criança portadora do
TDAH é a certeza de que todos os seus alunos aprendem. Todos eles sabem alguma coisa e todos tem
coisas a lhe ensinar. Então, convença-se de é possível trabalhar com todas as individualidades, que cada
criança tem o seu jeito próprio e o seu tempo. Não crie expectativas em relação aos seus alunos!
Cada aluno(a) aprende de acordo com a sua capacidade de progredir. O aprendizado é uma
sequência e a paciência (e nessa altura você já sabe disso) é uma ferramenta essencial para a sala de
aula.
As crianças aprendem quando ouvem, veem, sentem, pegam, experimentam, tiram dúvidas. É
uma infinidade de sensações e emoções (sim, elas são muito importantes no aprendizado). É preciso
que a turma toda esteja em sintonia, como uma orquestra.
Comece com o diálogo! As crianças, mesmo as bem pequenas, conseguem a compreensão
de que o colega necessita de mais tempo para aprender, necessita de mais atenção e mais afeto. Mas se
você ensinar que o grito funciona, eles aprenderão a gritar e sua turma será sempre a mais barulhenta de
toda a escola. E não é isso que você quer, não é mesmo?

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Educar uma criança é como modelar a argila. Elas chegam sempre cheias de expectativa com
relação a você. E não é diferente com uma criança portadora de TDAH. Dependendo das vivências que teve no
passado, ela pode estar magoada, cansada de ser a mais “difícil”, e chega a você ansiosa por uma pouco de
compreensão e afetividade.
Trabalhar com essa criança pode exigir de você muita tolerância e dedicação, uma vez que se faz
necessário não apenas conhecimento em didática, mas uma capacidade de liderança para estabelecer regras e
limites (incansavelmente). E isso talvez você não tenha aprendido enquanto se preparava para lecionar.
É importante que você educador(a) busque conhecer o universo do TDAH. Assim, poderá verificar
que aquela criança não é apenas desobediente e “voada”, mas sofre de um transtorno mental e está dando o
máximo de si para tentar se adequar.
Assim, é necessário se preparar. Verifique seus materiais, seus métodos, seu ritmo de trabalho.
Modifique o ambiente escolar para adequá-lo a essa criança. Verifique suas tarefas, suas avaliações e o tempo
distribuído para cada atividade. Essa criança exigirá novas ideias, um grau de participação diferenciado e uma
adequação do seu rendimento.
Necessita ainda de um lugar especial na sala de aula, assim com as outras crianças com dificuldades
específicas, ou seja, longe da janela e da porta, no centro da sala, na primeira ou segunda fila. Pode ser próximo
da sua mesa se essa criança precisar constantemente de você. Enfim, tudo deverá ser preparado para a real
inclusão da criança com TDAH na escola.

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Seguem aqui algumas dicas especiais que preparei com carinho para você.

Para manter a atenção:


• Sempre que possível, faça uso de projetores e vídeos. As imagens favorecem o aprendizado;
• Faça uso de novidades: brinquedos, materiais didáticos e objetos palpáveis;
• Use técnicas eficazes de questionamento e uma forma adaptada de avaliação;
• Experiente usar sinais auditivos que chamem a atenção das crianças, mas sem comprometer o
andamento da escola. Esse sinal deve ser previamente combinado com as crianças para que atendam
o seu comando;
• Faça o uso de respostas escritas associadas com atividades auditivas. Lembre-se que o TDAH tem
dificuldade de concentração e associações facilitam o aprendizado;
• Se for possível, faça uso de materiais eletrônicos na sala de aula.
• Mantenha na parede apenas o necessário. Sei que muitas escolas gostam de decorar as salas e que
alguns materiais didáticos são expostos. Mas a lista de aniversários e os cartazes de incentivo devem
ficar no fundo da sala. Na parte central e nas paredes laterais é bom manter apenas os combinados e
as regras a serem seguidas.

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Esse é um modelo adequado de sala de aula. Cartazes ao fundo,
paredes laterais vazias, crianças sentadas em duplas.
A imagem não mostra, mas na frente devem estar apenas as
regras e os combinados.

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Para melhorar a hiperatividade:
• A criança com TDAH costuma ser prestativa. Então, aproveite que ela está muito inquieta na cadeira e
peça que ela faça algo para você ou para os colegas. Assim, ela se sentirá útil e não inadequada;
• Sempre que possível, trabalhe em grupos;
• Utilize todos os espaços da sala. O chão é sim um excelente local de aprendizagem. O pátio também;
• Faça atividades mais dinâmicas após o recreio. As crianças sempre voltam agitadas e aprender uma
matéria nova de matemática, por exemplo, pode ser uma tarefa muito complicada para uma criança
com TDAH;

Para melhorar a impulsividade:


• Lembre-se de que a criança com TDAH geralmente é impulsiva. Ela se intromete nas
conversas, invade seu espaço, se adianta na sua fala, mexe nas suas coisas e na dos
colegas. Claro que limites devem ser estabelecidos, mas não adianta gritar. Ela faz
primeiro e só depois se dá conta que errou. Então, tenha paciência e volte sempre nos
combinados;
• Estabeleça regras claras e que fiquem visualmente expostas. Principalmente as que
envolvem comportamentos impulsivos.

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Uso do espaço, da tecnologia e do
companheirismo favorecem o aprendizado da
criança com TDAH

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Outras dicas também são muito importantes:
• Mantenha a clareza na comunicação e livre-se das expectativas;
• Se for possível, tenha monitores para te ajudar;
• Faça o uso de elogios e de encorajamento (para todos);
• Faça revisões com frequência. Lembre-se que a repetição favorece a todas as crianças;
• Use de músicas e melodias para favorecer o aprendizado. Histórias também são bem vindas;
• Faça intervalos para alongamento e pequenos exercícios antes de iniciar uma matéria nova;
• Favoreça as equipes de estudo, onde os colegas troquem conhecimento;
• Use o mistério como didática: objetos em caixas, segredos, prêmios em envelopes, frases de
incentivo em tiras, etc. As crianças com TDAH são curiosas e acabarão mais rapidamente a tarefa
se puderem abrir a caixa quando terminar. Mas que esse mistério se modifique com frequência e
que seja algo que trabalhe com a autoestima da criança;
• Planeje antecipadamente as respostas e evite “reagir” às impulsividades da criança;
• Permaneça sempre calmo e evite medir forças com a criança. Um bom líder sabe conduzir todas
as situações, principalmente as de conflito;
• Seja sempre justo, firme e mantenha a estabilidade;
• Para estabelecer um bom vínculo, olhe nos olhos e ouça o que o aluno tem a dizer; isto inclui seus
objetivos, suas expectativas e medos.

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E ainda tenho outra dicas:
• Evite objetos cortantes ou que possam se quebrar facilmente. Os acidentes são frequentes com as
crianças com TDAH;
• Faça o uso de perguntas especulativas para aguçar a curiosidade da turma. Assim você pode
gerar uma discussão ou a introdução de uma aula, sem que as crianças percebam que já estão
aprendendo;
• Diminua o tempo de fala e a quantidade de escrita no quadro. E, se for possível, negocie com os
pais mandar as lições impressas para casa. Assim, a criança terá mais tempo para poder copiar
aquilo que ela perdeu e você não ficará o tempo todo chamando sua atenção;
• O formato de carteiras em dupla favorecem o aprendizado. Mesmo que as crianças acabem
conversando muito (e vão mesmo), incentive para que essa conversa seja sobre o assunto da aula
e em um tom de voz mais baixo. Escolha as duplas de forma a favorecer todo o grupo e não
separar os que sabem mais e os que sabem menos;
• Seja criativo ao chamar seus alunos. Use características ao invés do nome, tipo “quem estiver de
laço vermelho vai ler agora”. Mas evite apelidos, mesmo que carinhosos;

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• Use sinais visuais, como piscar uma lanterna ou algum outro objeto luminoso para chamar a
atenção das crianças. Mas lembre-se de colocar isso no seu combinado;
• Use pinceis e objetos coloridos como didática; Uma prova amarela por pode facilitar seu
entusiasmo;
• Nunca se canse de ilustrar. Serve para o quadro, a prova ou as tarefas escolares. Mesmo que
seus alunos sejam maiores, facilitará o engajamento da criança com TDAH sem comprometer a
turma;
• Faça o uso de um cronômetro para auxiliar a criança a acompanhar o tempo gasto para cada
tarefa. Mas lembre-se de não usar continuamente, senão a criança se acostumará e a dinâmica
perderá o valor;
• Tente envolver as crianças com TDAH em atividades extra curriculares;
• Tenha contatos individuais com a criança e mantenha o apoio e a motivação;
• Se for necessário, peça-o para repetir o que entendeu sobre o que acabou de ouvir;
• Avise sobre possíveis mudanças com antecedência, para que ele se prepare e ajude a monitorar
os imprevistos, pois estes são vividos com muito sofrimento pela criança com TDAH, mesmo as
impulsivas;
• Evite corrigir a criança em voz alta diante de outras pessoas, pois ele poderá se sentir
humilhado e reagir de forma mais distante ou mesmo agressiva, reforçando as características
negativas do TDAH.
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EXISTE CURA PARA O
TDAH?
A ciência atual não fala em cura para o TDAH, porque é uma condição neurobiológica, e no momento
atual, mesmo com os avanços do estudo do cérebro, pouco se sabe sobre a totalidade do seu funcionamento.
Mas hoje a ciência fala em controle do transtorno e em adaptação da criança. O que se tem de concreto é que
precisamos melhorar a qualidade de vida da criança, e para isso vale o esforço de todos.
Hoje, uma pessoa com TDAH poderá aprender a lidar com as características do transtorno e se
adaptar. Até porque, o TDAH por si só pode não significa um “problema”, já que não compromete a inteligência e
as outras funções do cérebro. E ainda porque há níveis diferentes de TDAH. Então, o que se fala é em aprender
a ser e a se comportar socialmente, apesar de apresentar o transtorno.
Um tratamento eficaz para o TDAH deve ser multidisciplinar, ou seja, é necessário todos que
convivam com a criança estejam unidos nesta tarefa. E quando falo em todos, são todos mesmo. Pai, Mãe,
Irmãos, Avós, Tios, Médicos, Psicólogos, Professores, Pedagogos, etc.
Somente assim poderemos dar dignidade a essa criança, e suporte necessário para que ela cresça
saudável e eficiente em suas habilidades sociais.

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E PARA CONCLUIR:

Com o crescente número de crianças que apresentam o diagnóstico do Transtorno do Déficit de


Atenção (TDAH), saber sempre mais sobre o assunto passou a ser de grande importância, ou seja, estar atento
às novidades e se capacitar constantemente passou a ser a melhor e mais adequada forma de cuidado dessa
criança.
Geralmente, a criança com TDAH se sente inferior aos colegas, já que apresenta uma desvantagem
no processo de aprendizagem. Como não consegue acompanhar o ritmo de trabalho e aprendizagem do grupo,
sua autoestima é afetada e a mesma se sente desmotivada para continuar seu esforço.
O maior desafio da escola e das famílias é proporcionar meios adequados para a promoção da
aprendizagem e da verdadeira inclusão social da criança com TDAH. Assim, teremos um futuro de pessoas mais
motivadas e preparadas para enfrentar os desafios propostos pela vida adulta. E nós sabemos que são muitos e
cada vez mais exigentes, não é mesmo?
A Psicologia/Psicopedagogia trás grande contribuição para vencermos esse desafio, já que se trata
de é um(a) profissional capacitado(a) para auxiliar nesse processo, por está preparado para uma intervenção
eficiente com a criança, tanto dentro da clínica como no ambiente escolar.

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A Psicologia/Psicopedagogia, tanto em sua versão clínica com na versão escolar, capacita os pais e
os outros profissionais da escola para auxiliar a criança com TDAH em seu processo de aprendizagem.
E é importante a contribuição da Psicologia/Psicopedagogia, pois é através dessa ciência que são
feitas as intervenções individuais com a criança de um modo adequado, respeitando seus limites e dificuldades
de concentração, e o preparo no ambiente escolar para favorecer esse processo de aprendizagem.
Assim, a criança consegue adquirir tanto o conhecimento necessário para a vida escolar como
trabalhar sua autoestima e seu processo de enfrentamento, visando sempre um desenvolvimento saudável e
uma adequada inserção social.
É ainda a Psicologia/Psicopedagogia a responsável por fazer orientações necessárias para os pais,
para os professores, e para todos os interessados no bem estar da criança, indicando a melhor forma para o seu
êxito escolar e para a sua adequada socialização, trazendo assim o bem estar para todos.

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Se você chegou até aqui é porque realmente se interessa por uma
criança com TDAH. Seja você um Professor ou Pai (Mãe) de uma criança
assim, lembre-se de que foi escolhido para uma missão muito importante.
Sei que essa tarefa é árdua, e exige muito esforço físico e mental.
Porém, quanto mais difícil a missão, mais nobre nos tornamos. Pois nos força
a aprender e a conhecer, e a respeitar a individualidade do outro, que é uma
missão social importantíssima para a humanidade.
E ainda, quando movida pelo sentimento do amor incondicional, faz
com que essa tarefa se torne até mesmo prazerosa, pois ver a criança
avançando e superando seus próprios obstáculos é verdadeiramente a maior
recompensa que se pode ter.

Obs: Se você tiver dúvidas ou quiser acrescentar algo, terei muito prazer em receber seu comentário. Me mande
por e-mail (dedesenvolvimentoespaco@gmail.com) ou acesse o meu blog (www.espaçodedesenvolvimento.com)
que responderei com todo carinho.

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