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2 O solo terrestre

Na unidade anterior você viu que a Terra é um dos corpos celes-


tes que fazem parte do Universo, estudando como são os movimentos
desse planeta. Pôde também discutir a respeito do Sol, da Lua, das
estrelas e de outros planetas e corpos que compõem o Sistema Solar e
o Universo.

Nesta unidade, vai estudar um aspecto específico da Terra: o solo.


Analisará como se forma o solo, quais são os elementos que o consti-
tuem, bem como suas funções e sua importância para a vida terrestre.

Você também vai observar como a água está presente na Terra:


as águas doces e salgadas, sua distribuição, como a água se relaciona
com o solo. E, ao final, discutirá como se pode melhorar o solo e como
ele deve ser preparado para abrigar diferentes plantas, aprimorando,
assim, a agricultura e a produção de alimentos.

Para iniciar...
Observe, na imagem a seguir, a cidade de Barão de Antonina, na
região Oeste do Estado de São Paulo. Nela, é possível observar mui-
tas cores e formas.
© Google Earth
© 2011 Geoeye

Vista da cidade Barão de


Antonina (SP), gerada por
satélite.

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Ciências – Unidade 2

• Ao observar essa imagem, é possível distinguir área urbana e


área rural? Quais elementos da imagem você utiliza para respon-
der a essa pergunta?
• Você acredita que existam criações de animais, como porcos, ga-
linhas, gado, na região apresentada na imagem?
• Quais tipos de utilização do solo você pode identificar nessa ima-
gem?
• Pela imagem, é possível afirmar que a ocupação do solo ocorre de
forma planejada e organizada? Por quê?
• Você acha que a região onde você vive é parecida com essa mos-
trada na imagem?

O solo
No início da nossa história, o ser humano era nômade, ou seja,
não se fixava em um único lugar. Vivia em locais onde havia alimen-
tos e, quando estes se esgotavam, mudava para outro local. Há cerca
de 20 mil anos, os seres humanos passaram a fixar moradia, cultivar
alimentos e criar animais.
Para melhorar a estrutura das habitações e a produção de ali-
mentos, eles passaram a organizar e a aprimorar seus conhecimentos
sobre o solo. Como resultado desse longo processo, a humanidade
passou a perceber que o solo é um recurso fundamental para a vida
na Terra. Assim como o ar e a água, o solo é algo tão familiar, que
muitas vezes não percebemos sua importância nem sua fragilidade.
Reflita sobre a seguinte afirmação: “muitos problemas que
enfrentamos hoje são consequência do uso inadequado do solo”.
Identifique um desses possíveis problemas e discuta com sua turma o
que poderia ser feito para resolvê-lo.
Origem do solo
Quando o planeta Terra se formou, ele era uma mistura de mate-
riais muito quentes. Nessa mistura havia muitas substâncias, como
minerais, metais, gases etc. Com o passar do tempo, a parte mais
externa desse material foi se resfriando e se solidificando, dando ori-
gem à parte sólida da Terra, chamada litosfera.

A parte mais externa da litosfera é a crosta, essa “casquinha”


que recobre a Terra (ver figura a seguir). É a partir dela que se forma
o solo. O solo, a água e o ar são os elementos fundamentais para a
composição de um ambiente.

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Ciências – Unidade 2

Camadas da Terra

© Hudson Calasans
Representação fora de escala. Cores-fantasia.

Diferentes camadas compõem o planeta Terra. A mais externa delas é a litosfera, que é recoberta
pela crosta. A crosta está em constante modificação pela ação das chuvas, dos ventos e de outros
fenômenos.

A formação do solo
Desde sua origem, a crosta terrestre vem sendo constantemente
modificada pela ação do clima (ventos, chuvas etc.) e de outros
fenômenos naturais chamados de intemperismo. Com o passar do
tempo, as rochas se fragmentam e se desintegram. Isso faz que elas Intemperismo
é a ação de fenômenos
diminuam de tamanho e provoquem reações químicas entre seus naturais, como chuvas,
constituintes, até que se transformem em um material relativamente tempestades, erosão,
ventos, calor etc., que
solto e macio. atingem e modificam
o solo.

© Hudson Calasans
Formação do solo

Representação fora de escala. Cores-fantasia.

Com o passar do tempo, a ação do clima e dos organismos nas rochas produz o que chamamos solo.

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Ciências – Unidade 2

A ação de organismos vivos (como fungos, bactérias, animais,


vegetais e o próprio homem) também contribui para a formação do
solo. Os animais que vivem no solo se alimentam de nutrientes que ali
se encontram. As plantas, por
sua vez, dependem da retirada
Composição média do solo de nutrientes e de água do
Minerais (45%) solo para, então, produzir seu
Água (25%)
próprio alimento. Ao mor-
ESPAÇOS POROSOS

Fonte: College of Science and

SÓLIDOS
Technologie. CMU Central
rer, todos esses organismos se
Michigan University. Disponível decompõem e se degradam, e
em: <http://cst.cmich.edu/users/
Franc1M/2GEO334/lectures/ Ar (25%) Húmus (5%) seus detritos passam a fazer
whatissoil.htm>. parte do solo, como compos-
Acesso em: 9 jan. 2012.
tos orgânicos.

Portanto, foi por meio da ação transformadora de fenômenos


naturais e, mais recentemente, também de fenômenos artificiais (explo-
sões, escavações, ocupações humanas, irrigação, adubação etc.) que
lentamente o solo se formou – e tem se remodelado continuamente.

Formação do solo
© Hudson Calasans

(compostos
orgânicos)

Representação fora de escala. Cores-fantasia.

Como você já observou o solo não é maciço. Ele apresenta poros,


pequenos espaços entre grãos, nos quais ficam armazenados a água
e o ar utilizados pelas plantas e outros organismos para se hidratar e
respirar (veja a figura a seguir). O solo é um elemento dinâmico, está
em constante transformação.

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Ciências – Unidade 2

© Hudson Calasans
Representação fora de escala. Cores-fantasia.

O solo apresenta porosidades nas quais são armazenados água e ar.

Atividade 1 O solo em sua vida


1. O solo possui diversas utilidades no seu dia a dia. Procure identi-
ficar pelo menos três delas e registre-as abaixo.

2. Agora, converse com seus colegas e compare as respostas. O que


foi listado por você também foi listado por seus colegas?

Funções do solo
Além de servir de base para nossa moradia e para os deslocamen-
tos, o solo é parte importante do ambiente. Ele desempenha diversas
funções relacionadas ao ciclo da água, ao armazenamento e à reci-
clagem de nutrientes para as plantas e outros seres vivos, além de ter
ação filtradora da água e ação protetora da qualidade do ar.

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Ciências – Unidade 2

A água e o solo
A água é um elemento fundamental para a vida e é uma das subs-
tâncias mais abundantes em nosso planeta.

Praticamente 75% da superfície do nosso planeta é coberta


por água. A água se encontra na forma de mares, oceanos, geleiras
(água sólida, principalmente nos polos e no topo das montanhas
mais altas), rios, lagos, entre outras. Apesar de existir em grande
quantidade na Terra, nem toda água é potável. Como se pode ver no
gráfico a seguir, a maior parte dela é salgada e está acumulada nos
oceanos e nos mares. Essa água salgada não é potável, e a retirada
de sal (dessalinização) em larga escala é um processo muito caro, o
que dificulta sua utilização.

Apenas 3% de toda água disponível na Terra é doce, e a maior


parte dela se encontra congelada nas geleiras polares, o que tam-
bém a torna indisponível. Do restante, grande parte encontra-se
sob o solo.
© D’Livros Editorial

Distribuição de água na Terra Distribuição da água doce disponível para consumo

Água doce (1%)


Geleira (2%) Rios, lagos
Água salgada: mares e represas (5%)
e oceanos (97%)
Aquíferos
subterrâneos (95%)

Fonte: U.S. Geological Survey. Disponível em: <http://ga.water.usgs.gov/edu/waterdistribution.html>. Acesso em: 9 jan. 2012.

Parte do ciclo da água está associado ao solo. Depois de evapo-


rar e condensar (formando nuvens), boa parte da água cai novamente
sobre o solo na forma de chuva. Uma parte dessa água que cai evapora
novamente; outra é absorvida pelas plantas e pelos animais que vivem
no solo. A água que atinge o solo se infiltra e atravessa o subsolo, jun-
tando-se às águas subterrâneas.
As águas subterrâneas constituem a maior reserva de água
doce do planeta. Cerca de 95% de toda água doce disponível para
o uso da humanidade encontra-se no subsolo, na forma de água
subterrânea.

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Ciências – Unidade 2

A água passa da superfície para o interior do solo por meio da


infiltração. Nesse fenômeno, a água atinge as regiões mais profun-
das, através dos espaços vazios entre as partículas do solo, até atin-
gir uma camada impermeável que a retém, formando, assim, um
reservatório de águas subterrâneas.
Durante a infiltração, a água dissolve minerais que se misturam
ao solo e são absorvidos pelas plantas e incorporados por animais na
sua alimentação. Ao morrer, plantas e animais se decompõem, e esses
minerais voltam ao solo.

Aquífero Guarani

© Portal de Mapas
O Aquífero Guarani é a maior reserva de água subter-
rânea da Terra, ocupando parte do Brasil, da Argentina,
do Uruguai e do Paraguai. Seu volume de água é sufi-
ciente para abastecer toda a população brasileira durante
dez anos, sem reposição de água.
A área em que ocorre a maior exploração desse
aquífero encontra-se em São Paulo, onde mais de mil
poços já estão em operação. Em sua maioria, os poços
ficam nas áreas de recarga (regiões do terreno em que
a água se concentra pela ação da gravidade), que é a
zona na qual acontece a infiltração das águas da chuva.
A presença de poças nessa zona pode causar a poluição
desse reservatório.

A maior parte da água doce do planeta está submersa,


armazenada em aquíferos, como o Aquífero Guarani.
[Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA).]

© Hudson Calasans
Aquífero Linha de Área de recarga
nascentes

Aquífero
suspenso

Nível de água Rio

Camadas
impermeáveis

Aquíferos
confinados
Representação fora de escala. Cores-fantasia.

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Ciências – Unidade 2

Atividade 2 Experimento: infiltração


A infiltração é a passagem da água da superfície para o interior do
solo, e a permeabilidade é a propriedade do solo que determina a faci-
lidade com que a água o atravessa. Essa passagem da água depende do
tipo de solo. Qual tipo de solo favorece a infiltração? Para responder a
essa pergunta, realize o experimento a seguir em grupo, na sala de aula.

Material

© Hudson Calasans
• 3 garrafas pet pequenas;
• 3 chumaços de algodão (cerca de
50 g);
• 2 copos de areia (aproximada-
mente);
• 2 copos de terra (aproximada-
mente);
• 4 copos descartáveis iguais (de
mesmo volume).

Procedimento
• Corte as três garrafas pet, formando um funil com a parte superior de cada uma
delas (observe a figura).
• Coloque um chumaço de algodão em cada um dos três funis. O algodão deve ser
colocado de modo a tampar a boca pequena do funil, mas sem apertar muito.
• Coloque em cada um dos funis um tipo de solo, na mesma quantidade:

– funil 1: areia;
– funil 2: terra;
– funil 3: mistura de terra e areia (partes iguais, ou seja, meio a meio).
• Despeje em cada funil uma quantidade de água equivalente a ¾ do copo (utilize o
quarto copo para isso).
• Observe a quantidade de água que passou para o copo vazio sob o funil e quanto
tempo levou para atravessar o solo depositado em cada funil.
• Em seu caderno, elabore um quadro como o do exemplo a seguir e preencha-o con-
forme suas observações.

Funil 1 Funil 2 Funil 3


Quantidade de água que passou
(pouca, média, muita)

Tempo
(pouco, médio, muito)

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Ciências – Unidade 2

1. Com base nesse experimento, converse com seus colegas e responda:


Qual tipo de solo é mais permeável? Ou seja, qual solo permite a
passagem de mais água e mais rapidamente? Justifique a sua res-
posta apontando a diferença entre o que ocorreu com a areia, com
a terra e com a mistura.

2. Que tipo de solo seria mais adequado para a agricultura? Justifique


sua resposta, considerando suas observações nesse experimento.

Solo: um ambiente repleto de vida


Embora pareça inerte, o solo está repleto de seres vivos. Os orga-
nismos nele presentes incluem uma diversa fauna, formada por animais
que vivem em tocas, como ratos e tatus, além de outros menores
(minhocas, larvas de insetos, lesmas, formigas etc.), e outros micros-
cópicos (principalmente fungos e bactérias).
© Hudson Calasans

O solo abriga várias formas de


vida. Nele podemos encontrar,
além das plantas, insetos,
minhocas, formigas, fungos,
micróbios, vermes, lesmas e
animais maiores, que vivem
entocados, como ratos, tatus,
toupeiras, todos coexistindo
Representação fora de
escala. Cores-fantasia. em relação de interdependência.

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Ciências – Unidade 2

Todos esses organismos participam do processo de transformação


da matéria orgânica em minerais, que é chamado decomposição da
matéria orgânica. Esse processo se inicia pelos animais maiores até che-
gar aos animais impossíveis de ser vistos “a olho nu” (conhecidos como
organismos microscópicos). Por exemplo, os ratos e outros animais
maiores, além de se alimentar de animais menores, espalham restos
de alimentos pelo solo. As formigas, as baratas, os besouros e outros
insetos se alimentam desses restos e do que sobrou das plantas, frag-
mentando ainda mais o material orgânico. Durante sua movimentação,
além de aerar o solo, as minhocas ingerem a terra, aproveitando todo
material orgânico, e eliminam compostos orgânicos ainda menores. As
bactérias e os fungos que vivem no solo transformam o que ingerem em
compostos ainda mais simples.

Assim, os materiais orgânicos presentes em animais e plantas


mortos são decompostos. O produto final desse processo de decom-
posição é conhecido como húmus.
Húmus
Matéria orgânica O solo apresenta, então, uma atividade de ciclagem de nutrien-
depositada no
tes, na qual seres menores decompõem os maiores sucessivamente
solo, resultante da
decomposição de até transformá-los em minerais, que serão absorvidos pelas plantas,
plantas e animais que, por sua vez, servirão de alimento a outros animais, e assim
mortos, ou de
seus subprodutos, sucessivamente. Esse ciclo é conhecido como ciclagem do solo.
que favorece o
desenvolvimento das
plantas. Esse material

© Hudson Calasans
pode ser produzido em
larga escala e vendido
na forma de adubo
orgânico.

Representação fora de escala. Cores-fantasia.

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Ciências – Unidade 2

A utilização do solo pelo homem


Além de servir de lar e alimento para plantas e animais, o solo
apresenta uma série de outras funções para as pessoas. Nele, elas ins-
talam construções, plantações e criações de animais, encontram fontes
de água e outras matérias-primas, servindo também como depósito de
resíduos.

Compostagem em casa

A compostagem é um sistema em que cada indivíduo, em sua própria casa,


pode processar restos de jardim, principalmente folhas e aparas de grama. Se
forem galhos, mato e toras de madeira, também funciona. O método mais sim-
ples requer a disposição do material em uma pilha que será regada e revolvida
de tempos em tempos, para fornecer umidade e oxigênio aos microrganismos
da mistura.
Durante o período de compostagem (que poderá levar entre um mês e
um ano), o material empilhado sofre decomposição por intermédio de bac-
térias e fungos até a formação de húmus. Quando este material se estabilizar
biologicamente (isto é, quando terminar a decomposição), poderá ser usado
como adubo.
É importante salientar que sistemas imaginativos de compostagem em jar-
dins têm sido desenvolvidos com grande êxito, devido à facilidade em cons-
truir o sistema.
Como fazer
Compostagem é como cozinhar, com muitas receitas e variações. A receita
que apresentamos é simples:

1. recolha folhas, ervas e aparas de jardim;

2. coloque-as num monte ou caixote;

3. salpique com água, mantendo a umidade ao longo dos dias.

Para uma compostagem rápida (1-3 meses), alterne camadas de misturas


verdes e materiais secos. Para arejar o empilhado, remexa e retalhe os mate-
riais em partes menores e umedeça-os. Para uma compostagem lenta (3-6 ou
mais meses), adicione, continuamente, mais material ao caixote e mantenha
a umidade.

Obs.: restos de comida serão bem-vindos no momento de fazer compos-


tagem em casa. Mas concentre-se no uso de alimentos de origem vegetal.
Alimentos de origem animal (carnes) podem atrair ratos e produzem mau
cheiro.

Fonte: Projeto de Educação Ambiental. Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC).


Programa Educar. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt10.htm>.
Acesso em: 9 jan. 2012

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Ciências – Unidade 2

Atividade 3 Decomposição: tempos diferentes


1. Observe o quadro a seguir:
© Hudson Calasans

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Ciências – Unidade 2

• O quadro anterior mostra o tempo de decomposição de alguns


materiais. Qual é sua hipótese para explicar por que os materiais
orgânicos se decompõem mais rapidamente do que outros?

2. Na sala de aula, faça o experimento a seguir.

Material

• Um recipiente transparente (pode ser uma garrafa pet).


• Terra suficiente para encher o recipiente.
• Algumas cascas de fruta, folhas, papel, pedaço de metal, de borracha, plás-
tico e outros materiais.

Procedimento

• Coloque um pouco de terra no recipiente.


• Adicione algumas cascas de fruta, de modo que seja possível observá-las
pela lateral do recipiente. Cubra-as com mais terra e coloque os outros
materiais, tomando cuidado para que sejam visíveis pelo lado externo da
garrafa. Durante um ou dois meses, em grupo, observe e registre a cada
semana o que acontece com cada um desses objetos.
• Ao final desse período, consulte seus registros, converse sobre os resul-
tados e produza individualmente um texto sobre as conclusões a que sua
turma chegou.

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Ciências – Unidade 2

Solo e agricultura
Há cerca de 10 mil anos, a humani­
© Hudson Calasans

dade começou a desenvolver novas formas


de aproveitamento dos recursos naturais.
Observando o ciclo de crescimento das plan­
tas, aprendeu a aproveitar a fertilidade natu­
ral dos diversos solos para cultivar e colher
alimentos. Além disso, aprendeu a criar e a
domesticar animais. Essas conquistas per­
mitiram que os seres humanos deixassem de
ser coletores e caçadores para se fixar em
algumas regiões, nas quais poderiam desen­
volver atividades agrícolas.

© Portal de Mapas
Divisão política atual

TURQUIA

Ri
oT
Eufra ig
Rio re
As primeiras comunidades se
tes IRÃ
fixaram preferencialmente SÍRIA Bagdá
em regiões próximas aos
rios, que se mostraram LÍBANO IRAQUE
férteis e promissoras para 34º N

agricultura. É o caso dos


povos que habitaram a ISRAEL
N IA KUWAIT
região da Mesopotâmia, RDÂ
entre os rios Tigre e Eufrates JO
ARÁBIA
(região que corresponde, SAUDITA
aproximadamente, ao 40º L 48º L
território do atual Iraque). Fonte: IBGE.

A origem da agricultura marcou o começo de um longo processo


de modificação da paisagem terrestre. Houve crescimento dos povoa­
dos e a necessidade de ocupar maiores extensões de terra para o cul­
tivo de plantas e a criação de animais. Isso obrigou as comunidades
a desenvolver e a empregar novas técnicas, como a construção de
barragens para acumular água, a escavação de canais para irrigação
(diques) e para a distribuição de água em terras secas, a invenção de
enxadões de pedra com cabos de madeira e do arado para remexer a
terra, entre outras.
Portanto, a agricultura não representou apenas uma mudança
na maneira de sobreviver, mas transformou praticamente todos os
aspectos do cotidiano das pessoas.
A agricultura promoveu ainda mais a especialização do traba­
lho, o desenvolvimento do conceito de propriedade e de comércio

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Ciências – Unidade 2

(troca) e o acúmulo de informações, o surgimento da escrita, em


razão da necessidade de registro da movimentação comercial. Além
da produção de alimentos, a agricultura – ao longo dos séculos e
contando cada vez mais com tecnologia – gerou uma vasta gama
de produtos para consumo e troca, mercadorias, como flores e
plantas ornamentais, fertilizantes orgânicos, fibras (algodão, linho,
sisal, piaçava e cânhamo) e, mais recentemente, produtos quími-
cos industriais (látex, perfumes, óleos, álcool etc.) e combustíveis
(lenha, etanol, metanol, biodiesel, entre outros).
Para melhorar a produtividade agrícola, preservar, recuperar
e melhorar o solo, muitas técnicas foram desenvolvidas ao longo
do tempo. Para crescer, as plantas precisam essencialmente de luz,
ar, água e alimento. Para aprimorar a agricultura, o ser humano
iniciou um processo de observação detalhada, elaboração e teste de
hipóteses e aprendeu muito sobre o solo. Passou, então, a modifi-
car a composição e a textura do solo, ampliando as possibilidades
de sua utilização.

Arte
6o ano/1o termo
Unidade 2

Falar sobre solo nos remete ao tema da questão fundiária,


também debatida no Caderno do Estudante de Arte, em que se
discute como persiste no Brasil a desigualdade no acesso à terra,
que é uma propriedade privada.
Muitos filósofos e pensadores questionaram a propriedade
privada. Talvez um dos primeiros e mais fervorosos críticos des-
se tipo de propriedade tenha sido o filósofo suíço Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778). Para ele, a propriedade privada é a ori-
gem da desigualdade entre os homens. Afinal, quem a possui
detém um poder perante quem não a possui.
No Brasil, a concentração de terra em poucas mãos acon-
tece desde o período da colonização, passando pelos ciclos da
cana-de-açúcar, do café, da soja, todos com base em extensas
áreas de produção e voltados à exportação, e não ao mercado
interno. Isso criou a categoria dos trabalhadores rurais, que
não detêm a propriedade da terra. Esses trabalhadores foram
reconhecidos pela Lei no 5.889/73, mas somente com a promul-
gação da Constituição de 1988 tiveram seus direitos equipara-
dos aos dos trabalhadores urbanos.

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Ciências – Unidade 2

Atividade 4 Um mundo sem produção agrícola


Pense sobre tudo o que você conhece que tenha ligação com a
produção agrícola e o aprimoramento da agricultura. Escreva um
texto procurando responder às seguintes questões:
• Como seria o desenvolvimento humano se as pessoas não tivessem
desenvolvido a agricultura?

• Seria possível viver em centros urbanos, como atualmente vive-


mos?
Geografia Irrigação
6o ano/1o termo
Unidade 2
Como todos os seres vivos precisam de água para viver, as plan-
tas também necessitam dela para se desenvolver. Por isso, quando a
quantidade de chuva não é suficiente, é necessário regar as plantas,
fornecendo-lhes água. Quando esse processo é realizado em grande
escala, recebe o nome de irrigação. As técnicas de irrigação mais uti-
lizadas são alagamento, aspersão e gotejamento.

A irrigação por alagamento desvia grande quantidade de


© Delfim Martins/Pulsar Imagens

água dos rios para a plantação, inundando o terreno plantado.


Essa técnica é muito utilizada, por exemplo, em plantações de
arroz.

© Nigel Cattlin/FLPA/Minden Pictures-Latinstock


A irrigação por gotejamento fornece água diretamente à raiz
da planta, deixando a folhagem seca e menos suscetível a fungos.
Por isso, é utilizada em plantas cujas folhas mofam rapidamente,
como é o caso das plantações de tomate, uva e morango.
© Mehmet Can/123RF

A irrigação por aspersão lança água sobre a plantação,


molhando tanto o solo quanto as próprias plantas, como se esti-
vesse chovendo. É recomendada para grandes áreas, como pas-
tagem e plantações de cana-de-açúcar e café.

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Ciências – Unidade 2

Drenagem

© Delfim Martins/Pulsar Imagens


O excesso de água também pode
ser prejudicial ao crescimento das
plantas, pois elas podem ficar sem ar
e apodrecer. Nesses casos, para evi-
tar o alagamento do solo, é necessário
retirar o excesso de água. É por isso
que nos vasos de plantas, em geral, se
faz um pequeno orifício no fundo para
A drenagem é fundamental para o crescimento das plantas em regiões
que a água em excesso possa escoar. onde ocorrem muitas chuvas.

O processo de retirar o excesso de água do solo chama-se drena-


gem. Os estádios de futebol, por exemplo, costumam ter sistemas de
drenagem para possibilitar a realização de jogos em dias de chuva. As
técnicas de drenagem mais utilizadas são:
• abertura de valas no terreno, que permitem que a água acumulada
escoe;
• uso de bombas de sucção para retirada do excesso de água;
• aterramento do local (cobrir o solo alagado com terra);
• plantio de vegetais que absorvem muita água, como palmeira, eu-
calipto, girassol etc.

Atividade 5 A oscilação de preços


1. Leia a notícia a seguir.

Jaú, 11 de janeiro de 2011 comércio do jahu – caderno


Preço das verduras aumenta após as chuvas; qualidade diminui
As chuvas contínuas e o calor típico excesso de chuva prejudica as hortas,
do verão reduzem o volume de verdu- fazendo que grande parte da produção
© Delfim Martins/Pulsar Imagens

ras produzidas nas lavouras e provoca seja perdida. Isso causa uma queda na
aumento de 150% nos preços das hor- oferta e majora os preços.”
taliças. O Comércio visitou supermerca-
O gerente do supermercado Fer-
dos e quitandas de Jaú ontem e consta-
racini, Hamilton Marostica, reafirma
tou que, além de mais caras, as folhas
a alta de preços e explica a causa da
estão mais escassas nas prateleiras.
baixa oferta de verduras. “As chuvas
Segundo o secretário de Agricul- fortes de verão encharcam o miolo das
tura e Abastecimento, Octavio Celso hortaliças, fazendo que apodreçam.
Pacheco de Almeida Prado Filho, o É possível aproveitar uma pequena
aumento de preço nas hortaliças é parte da produção, por isso há pouca
uma tendência natural do período. “O oferta nos supermercados.”

Preço das verduras aumenta após as chuvas; qualidade diminui. Comércio do Jahu, 11 jan. 2011.
Disponível em: <http://www.comerciodojahu.com.br/noticia.asp?id=1001183&titulo=Pre%C3%A7o+das+
verduras+aumenta+ap%C3%B3s+as+chuvas%3B+qualidade+diminui>. Acesso em: 9 jan. 2012.

57
Ciências – Unidade 2

2. Converse com os colegas e responda: você já percebeu esse tipo de si-


tuação ao fazer compras em feiras livres, supermercados ou sacolões?

3. O que você costuma fazer quando percebe que o preço de alguns


produtos que costuma consumir aumentou muito?

Atividade 6 O regime de chuvas


Pesquise os índices de chuva de sua cidade, denominados índices
pluviométricos, e responda:

1. Em qual época do ano é necessário irrigar o solo? Por quê?

2. É necessário drenar o solo de sua cidade? Em qual época do ano?


Por quê?

Aração
Além de precisar de água, as plantas e os microrganismos preci-
sam de ar para sobreviver. Para melhorar a aeração do solo, é neces-
sário revolvê-lo, o que pode se fazer com as mãos ou com a ajuda de
equipamentos como ancinho, arado, tratores etc.
A aração é a descompactação da terra para facilitar a penetração
das raízes e expor o subsolo ao Sol, o que permite aquecê-lo. Também
contribui para que os restos de plantas e de animais sejam enterrados,
facilitando a ação dos decompositores e a produção de húmus. Além
disso, facilita a infiltração de água e de ar no solo.

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Ciências – Unidade 2

© Sandro Vannini/Corbis (DC) – Latinstock


A arte permite conhecer vários
aspectos da vida do Egito antigo.
Esta pintura mural (Tumba de
Sennedjem, em Tebas) mostra que
o arado já era utilizado por essa
civilização, muitos séculos antes
de Cristo. O arado foi uma das
grandes invenções da humanidade,
pois permitiu a aeração do solo
e o crescimento da produção de
alimentos.

Rotação de culturas
Cada espécie de planta utiliza determinados elementos do solo
para seu desenvolvimento. Desse modo, quando se planta um mesmo
tipo de vegetal por muito tempo no mesmo solo (o que se chama
monocultura), esse solo rapidamente se esgota, deixando de ter os
nutrientes necessários para o desenvolvimento da agricultura.
Para evitar esse problema, utiliza-se a rotação de culturas, que
consiste em alternar espécies vegetais em uma mesma área de plantio.
A escolha das espécies deve considerar, simultaneamente, o tempo,
a recuperação do solo e a época de colheita das plantas, além de seu
valor comercial.
A rotação trienal de culturas foi uma técnica de agricultura desen-
volvida e praticada na Idade Média. Consistia em dividir um campo
de cultivo em três partes, utilizando-as para diferentes culturas de
forma rotativa. Atualmente essa técnica ainda é bastante utilizada,
principalmente pelos pequenos agricultores, com pequenas variações.

Exemplo de rotação de culturas


Campo Primeiro ano Segundo ano Terceiro ano
Batata, cenoura e
A Feijão, ervilha, cebola Repolho, brócolis, couve
outros tubérculos
Repolho, brócolis, Batata, cenoura e
B Feijão, ervilha, cebola
couve outros tubérculos
Repolho, brócolis, Batata, cenoura e outros
C Feijão, ervilha, cebola
couve tubérculos

Fonte: The Ministry of Imperial Food. Imperial War Museum. Disponível: <http://food.iwm.org.
uk/?p=474>. Acesso em: 9 jan. 2012.

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Ciências – Unidade 2

Adubação
A rotação de culturas minimiza, mas não resolve o esgotamento
dos nutrientes do solo. Quando o solo se torna pobre em nutrientes,
é necessário fornecê-los de forma artificial. Isso é feito por meio de
adubação ou fertilização.
© Delfim Martins/Pulsar Imagens

A aplicação de adubo aumenta


a concentração de nutrientes
no solo, possibilitando o
melhor desenvolvimento
das plantas. Contudo, a falta
de cuidado nessa aplicação
pode prejudicar tanto os
trabalhadores da agricultura,
expostos a esses produtos
químicos, como os alimentos
que ingerimos.

A adubação é o processo de agregação de húmus e sais minerais


(adubo) ao solo para recuperar, conservar ou aumentar sua produ-
tividade. Os adubos ou fertilizantes podem ser orgânicos, quando
têm origem animal ou vegetal, como restos de plantas, de animais ou
mesmo esterco (fezes de animais, como cavalos ou bois), ou inorgâni-
cos ou químicos, quando produzidos industrialmente. Nesse caso, eles
contêm os três nutrientes mais importantes para as plantas: fósforo,
nitrogênio e potássio.

Galeria
O pintor francês Jean-François Millet (1814-1875) inspirava-se
no trabalho do campo para compor suas obras.
Suas pinturas sobre camponeses iam além de retratar a beleza do
campo; mostravam as famílias que ali se encontravam, claramente
distintas das famílias urbanas, que eram as mais divulgadas em cen-
tenas de quadros da época. Na simplicidade de suas figuras huma-
nas, o pintor retratava a integração do homem com a natureza. É
nos pequenos detalhes que se pode perceber a capacidade de observa-
ção deste pintor. Exemplos disso são os quadros Angelus (1859) e o
O semeador (data aproximada: 1850).
A partir da imagem, discuta com seus colegas as semelhanças e
diferenças com a vida no campo atualmente.

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Ciências – Unidade 2

© Alinari Archives/CORBIS/Corbis (DC)-Latinstock

Jean-François Millet. O semeador, c. 1850. Óleo sobre tela, 105 cm x 86 cm. Museu de Arte de Carnegie, Pittsburgh, EUA.

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Ciências – Unidade 2

Você estudou

Nesta Unidade, você estudou o que é o solo e como ele se


origina a partir de fenômenos naturais, como o intemperismo,
e da atividade humana, principalmente com a ocupação do solo
para agricultura e moradia.
A agricultura é uma atividade essencial para a sobrevivência
humana, pois garante o suprimento dos alimentos necessários à
nutrição.
O desenvolvimento e a sobrevivência das diversas formas de
vida depende da água que, apesar de ser abundante na Terra,
nem sempre está acessível e é adequada para o consumo, pois se
encontra, em sua maioria, salgada ou congelada. A maior parte
da água disponível para consumo encontra-se submersa em for-
mações geológicas chamadas aquíferos.
Para a preservação e a melhoria da qualidade do solo, são
utilizadas várias técnicas, como a irrigação, a drenagem, a ara-
ção, o rodízio de culturas e a adubação, cada uma delas com
suas características e atendendo a determinada função, de acor-
do com o tipo de solo e da espécie cultivada.

Pense sobre

1. Leia o texto a seguir.

A Floresta Amazônica brasileira permaneceu completamente intacta até o


início da era “moderna” do desmatamento, com a inauguração da rodovia Tran-
samazônica, em 1970.
Os índices de desmatamento na Amazônia vêm aumentando desde 1991 com
o processo de desmatamento num ritmo variável, mas rápido. Embora a Flo-
resta Amazônica seja desmatada por inúmeras razões, a criação de gado ainda
é a causa predominante. As fazendas de médio e grande porte são responsáveis
por cerca de 70% das atividades de desmatamento. O comércio da carne bovina
é apenas uma das fontes de renda que faz que o desmatamento seja lucrativo. A
degradação da floresta resulta do corte seletivo, dos incêndios (facilitados pelo
corte seletivo) e dos efeitos da fragmentação e da formação de borda. A degra-
dação contribui para a perda da floresta. Os impactos do desmatamento incluem
a perda de biodiversidade, a redução da ciclagem da água (e da precipitação) e
contribuições para o aquecimento global.

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Ciências – Unidade 2

As estratégias para desacelerar o desmatamento incluem a repressão através


de procedimentos de licenciamento, monitoramento e multas. O rigor das pena-
lidades deve ser suficiente para impedir os desmatamentos ilegais, mas não tão
grande que as impeça de ser executadas.
Uma reforma política também é necessária para discutir as causas primordiais
do desmatamento, incluindo o papel do desmatamento no estabelecimento da
posse da terra.

FEARNSIDE, Philip M. Desmatamento na Amazônia brasileira: história, índices e consequências.


Megadiversidade, vol. 1, n. 1, jul. 2005. Disponível em: <http://www.conservation.org.br/
publicacoes/files/16_Fearnside.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2012.

2. Converse com seus colegas sobre o que compreendeu do texto,


abordando os seguintes aspectos:

a) Quando teve início o desmatamento da Floresta Amazônica?


Qual foi o principal motivo para que isso ocorresse?

b) Atualmente, quais são os motivos que provocam o desmata-


mento da Amazônia?

c) Quais são os impactos desse desmatamento?

3. Reflitam sobre os efeitos da agricultura e da agropecuária na pai-


sagem terrestre. Quais as modificações ambientais produzidas por
estas atividades? Registrem suas conclusões.

4. Quais são os benefícios e os problemas gerados pela agricultura


e pela pecuária, considerando as necessidades de alimentação da
população e de preservação ambiental?

5. A substituição de pequenas fazendas por grandes corporações no


setor agropecuário vem modificando drasticamente as relações de
trabalho no campo. Identifique três pontos favoráveis e três pon-
tos desfavoráveis dessas mudanças no campo.

6. Você representando seu Estado. Imagine que você deve participar


de uma votação na Câmara dos Deputados sobre a permissão do
uso de parte da Floresta Amazônica pela indústria agropecuária.
Reunindo os conhecimentos que obteve nesta Unidade, como você
se posicionaria na Câmara? A favor ou contra? Por quê?

7. Em grupo, pesquisem e obtenham informações em jornais ou na


internet sobre o novo Código Florestal Brasileiro, como o que é,
quais as principais leis e que mudanças vai causar.

Organizem as informações obtidas e debata com os outros grupos


na sala de aula.

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Ciências – Unidade 2

Sites sugeridos para consulta

• Lei federal no 4.771, de 15 de setembro de 1965, institui novo Código Flores-


tal. Portal do Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L4771.htm>. Acesso em: 9 jan. 2012.
• Código Florestal, o que é? Portal Planeta Água. Disponível em: <http://
www.docol.com.br/planetaagua/codigo-florestal-o-que-e>. Acesso em:
9 jan. 2012.
• Os perigos do novo código florestal brasileiro... Portal Centro de Estudos
Ambientais. Disponível em: <http://centrodeestudosambientais.wordpress.
com/2011/05/11/os-perigos-do-novo-codigo-florestal-brasileiro>. Acesso
em: 9 jan. 2012.
• Desliga essa motosserra. Portal do Greenpeace. Disponível em: <http://www.
greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Amazonia/Pagina-Codigo-Florestal>.
Acesso em: 9 jan. 2012.

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