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3 Os seres vivos

Nesta Unidade, você vai estudar as características dos seres vivos


e como diferenciá-los dos não vivos. Verá que, embora os seres vivos
possam ser divididos em cinco grandes reinos (Monera, Protista,
Fungi, Plantae e Animalia), esses grupos não são suficientes para
incluir formas de vida como os vírus, que, por terem características
muito peculiares, não se enquadram em nenhum deles.
Por fim, analisará mais detalhadamente os vírus e os reinos
Monera, Protista e Fungi, podendo identificar semelhanças e diferen-
ças entre eles. Estudará também a interferência desses reinos na saúde
humana e na economia da sociedade em geral.

Para iniciar...
Observe a imagem abaixo e converse com seus colegas e professor.
© Diomedia

• Quais seres vivos você consegue observar nessa imagem?


• Na atmosfera que envolve a Terra, existem seres vivos que não
conseguimos enxergar?
• Quais são as características que diferenciam os seres vivos dos
não vivos?

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Ciências – Unidade 3

Características dos seres vivos


Até meados do século XIX, os filósofos achavam que os seres vivos
eram animados por uma força vital ou sopro divino que lhes dava o
dom da vida. Atualmente, os cientistas explicam a vida de maneira
diferente. De acordo com eles, a matéria que forma os organismos
vivos é basicamente a mesma dos corpos não vivos. A diferença é que,
nos corpos inanimados, ela é constituída apenas por substâncias inor-
gânicas, compostas por moléculas relativamente simples.
Nos seres vivos, certos elementos químicos, como o carbono, o
hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio, estão presentes em grandes pro-
porções, compondo substâncias mais complexas, chamadas generica-
mente de substâncias orgânicas (proteínas, carboidratos, lipídios etc.).
Portanto, além de serem formados por substâncias inorgânicas, os
seres vivos apresentam, também, matéria orgânica, formada por gran-
des conjuntos de átomos, chamados cadeias, nas quais o carbono é o
elemento principal.
Além disso, existe um conjunto de aspectos que também diferen-
ciam os seres vivos.

Célula: a unidade da vida


Uma característica marcante dos seres vivos é que todos são for-
mados por células.
© The Bridgeman Art/Keystone

© Dr. Jeremy Burgess/Science Photo Library/Latinstock

Gravura do microscópio de Robert Hooke (esq.) e desenho de um corte de cortiça visto no microscópio,
mostrando células de uma amostra biológica.

Em 1665, o cientista inglês Robert Hooke (1635-1703) observou


ao microscópio fatias muito finas de cortiça. Ele descreveu a cortiça
como um conjunto formado por inúmeras e minúsculas cavidades,
semelhantes aos favos de mel de uma colmeia. Ele deu o nome de
célula a cada uma dessas cavidades. Hoje sabemos que a célula possui
uma estrutura interna e é a unidade básica da vida.

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Ciências – Unidade 3

A maioria das células apresenta três partes fundamentais:

© Hudson Calasans
Núcleo Citoplasma Membrana
Parte da célula que guarda Substância gelatinosa Película muito fina que
o DNA, ou seja, o material que preenche a célula. delimita a célula, definindo
genético que armazena as sua parte interna e externa.
informações sobre as Ela seleciona as substâncias
características da célula que entram e saem da célula
que serão transmitidas aos e estabelece a comunicação
descendentes. com outras células.

Com o desenvolvimento das pesquisas sobre células, descobriu-se


que nem todas têm núcleo. Então, elas foram divididas em dois grupos:
• as que não têm núcleo, como as células bacterianas, chamadas
procarióticas, nas quais o material genético (DNA) está espalhado
no citoplasma;
• as eucarióticas, que possuem uma membrana que isola o núcleo
(e, portanto, o DNA) do citoplasma.

Membrana Material
© Hudson Calasans

Parede celular Citoplasma


plasmática genético

Célula procariótica.

As células de animais e vegetais são do tipo eucariótica. Embora


sejam bastante parecidas, existem diferenças significativas entre elas.

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Ciências – Unidade 3

Atividade 1 Observando as células


Forme um grupo com dois ou três colegas. Observem as imagens
a seguir, que representam uma célula vegetal e uma célula animal,
e identifiquem diferenças entre elas, completando o quadro da pró-
xima página.

Representação de célula vegetal


© Hudson Calasans

Fonte: São Paulo faz escola. Biologia, 2a série, v. 1, 2011, p. 7.


© Hudson Calasans

Representação de célula animal

Fonte: São Paulo faz escola. Biologia, 2a série, v. 1, 2011, p. 7.

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Ciências – Unidade 3

Célula vegetal Célula animal

Parede celular

Cloroplasto

Plasmodesmos

Centríolos

Quantas células tem um ser vivo?

Os seres vivos formados


© Wim van Egmond/Visuals Unlimited/Corbis/Latinstock
por apenas uma célula são
chamados seres unicelula-
res, como bactérias, amebas
e certos tipos de fungos e
algas.

A ameba é um
ser unicelular.

Os seres pluricelulares
© Blickwinkel/Alamy/Other Images

são aqueles formados por


diversas células, como é o
caso do ser humano, dos
outros animais e das plantas.

O piolho é constituído
por diversas células.

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Ciências – Unidade 3

No caso dos seres pluricelulares, as células se agrupam em teci-


dos (epitelial, gorduroso, muscular etc.), e estes se juntam em órgãos
(pele, fígado, rins, cérebro etc.), constituindo os sistemas (respirató-
rio, circulatório etc.) que formam os organismos (pessoas, animais,
plantas etc.).

Para manter a célula funcionando, o organismo precisa rea-


lizar um conjunto de reações químicas que lhe forneça energia.
Esse conjunto de reações químicas necessárias para a manutenção
da vida e para a reprodução das células é chamado metabolismo.
A respiração, a digestão, a transpiração e o sono são exemplos de
funções que fazem parte do metabolismo dos seres vivos. Toda ação
que requer o uso de energia em um ser vivo envolve seu metabolismo.

© Hudson Calasans
Molécula
Átomo Macromolécula

Tecido

Organela
Célula

Órgão

Sistema
Organismo

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Ciências – Unidade 3

Atividade 2 Sono e metabolismo


Em sua opinião, quando uma pessoa está dormindo, seu metabo-
lismo para? Justifique.

Reação a estímulos
Outra característica que distingue os seres vivos dos seres inani-
mados é a capacidade de reagir a estímulos. Todos os seres vivos res-
pondem a estímulos. Estes podem ser físicos (mudança de temperatura,
pressão, luminosidade etc.) ou químicos (poluição do ar, ingestão de
alimentos, remédios etc.). Embora mais lentamente que os animais, as
plantas também respondem a estímulos. São exemplos conhecidos as
plantas crescerem mais em direção à luz, os vegetais ficarem mais fortes
com o uso de adubos, o movimento de abrir e fechar nas plantas carní-
voras para atrair e alimentar-se de insetos, entre outros.

Ciclo vital
Outra característica dos seres vivos é que todos passam por diver-
sas fases, realizando o ciclo vital: nascem, crescem, se reproduzem,
envelhecem e morrem. Embora alguns organismos não completem
todo o ciclo, ele acontece na espécie em geral.

Ciclo vital do ser humano


© Didem Hizar/123RF

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Ciências – Unidade 3

Ciclo vital da

© Dorling Kindersley/Getty Images/Cotas e setas externas acrescentadas com fins didáticos.


Fase
samambaia assexuada

Esporófito
adulto
Soro
Esporófito
jovem
Esporângio
fechado

Zigoto Oosfera
Esporângio
se abrindo

Liberação
Anterídio dos esporos

Prótalo
Anterozoide
Fase
sexuada

Ciclo vital do mosquito


© Hudson Calasans

Ovos

Primeiro
estágio da larva

Adulto

Segundo
estágio da larva

Pupa

PURDUE University. Insects and Terceiro


Mosquitoes. Medical Entomology. estágio da larva
Disponível em: <http://extension.
entm.purdue.edu/publichealth/
insects/mosquito.html>. Acesso Quarto
em: 21 nov. 2012. estágio da larva

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Ciclo vital da bactéria


© Peter Gardiner/Science Photo Library/Latinstock

Ciclo vital do sapo


© Hudson Calasans

Adulto Fêmea Macho

Metamorfose
completa

Espermatozoides
Óvulos

Ovo
Metamorfose fecundado

Embrião

Girino

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Ciências – Unidade 3

Reprodução
A reprodução, processo pelo qual os seres vivos produzem des-
cendentes para perpetuar a espécie, é outra de suas características.
A reprodução pode ser sexuada ou assexuada.
A reprodução sexuada ocorre quando existe a fusão de duas
células sexuais ou reprodutivas – chamadas gametas –, como o
espermatozoide (gameta masculino) e o óvulo (gameta feminino),
entre dois indivíduos da espécie, macho e fêmea. Como ocorre uma
mistura das características do macho e da fêmea em seus descenden-
tes, eles nunca são idênticos aos pais, o que favorece a diversidade.
A reprodução assexuada é realizada de maneira isolada, pelo
próprio indivíduo, que dá origem a outros seres idênticos a ele, ou
seja, não envolve a fusão de células sexuais entre dois indivíduos
da espécie. A reprodução assexuada é particularmente visível nas
plantas, como as bananeiras, mas ocorre também com as amebas,
certas bactérias, estrelas-do-mar e esponjas marinhas, entre outros
organismos.

Atividade 3 Seres vivos e reprodução


1. No 7o ano/2o termo, você viu que a água e o carbono também têm
seu ciclo na natureza. Consulte seu material e retome tais ciclos.
Eles podem ser considerados seres vivos? Por quê?

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Ciências – Unidade 3

2. Algumas plantas, como o hibisco, podem ser plantadas de

© Nikolay Korzhov/123RF
um pedaço de seu caule, fincando-o na terra. Isso significa
que de um galho de hibisco pode brotar outro hibisco. Essa
forma de reprodução é sexuada ou assexuada? Justifique.

3. Frutas e verduras podem ser ingeridas frescas, tendo importante


papel em uma alimentação saudável. Em sua opinião, é correto
considerar frutas frescas como seres vivos? E as folhas verdes que
você come em uma salada? Justifique.

Adaptabilidade
Outra característica dos seres vivos é a adaptabilidade, desenvol-
vida ao longo de muito tempo, permitindo a sobrevivência e a repro-
dução da espécie em determinado ambiente. Ela é bastante influen-
ciada pela variabilidade e pelo processo de seleção natural.

Os seres vivos e seus reinos


De acordo com o que você estudou na Unidade 2, os seres vivos
podem ser classificados em vários grupos. Uma classificação muito
utilizada, segundo os critérios científicos, divide os seres vivos em
cinco grandes reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

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Ciências – Unidade 3

Características dos reinos


Reino Características gerais Exemplos

© Deco Images II/Alamy/Diomedia


• Unicelulares.
Monera • Procariontes. Bactérias
• Heterótrofos ou autótrofos.

Bactéria E. coli.

© Dr. David Patterson/Science


Photo Library/Latinstock
• Unicelulares ou pluricelulares.
Algas, amebas,
Protista • Eucariontes.
paramécios
• Heterótrofos ou autótrofos.

Paramécio.

© Simon Booth/Science Photo


Library/Latinstock
• Unicelulares ou pluricelulares.
Leveduras,
Fungi • Eucariontes. cogumelos,
bolores
• Heterótrofos.

Cogumelo.

© Fabio Colombini

• Pluricelulares.
Samambaias,
Plantae • Eucariontes.
árvores, grama etc.
• Autótrofos.

Manacá-da-serra.
© Cia de Foto/Latinstock

• Pluricelulares.
Peixes, aves,
Animalia • Eucariontes.
mamíferos etc.
• Heterótrofos.

Tamanduá-bandeira.

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Ciências – Unidade 3

Atividade 4 Cadeia alimentar


Analise o quadro “Características dos reinos” e, pensando na
cadeia alimentar, escreva o papel que cada reino desempenha (produ-
tor, consumidor e/ou decompositor). Veja o exemplo a seguir:

Reino Monera Protista Fungi Plantae Animalia

Papel na cadeia
Consumidor
alimentar

Vírus
Os vírus apresentam características tão peculiares que alguns
cientistas afirmam que não deveriam ser considerados seres vivos.
Como não podem ser classificados em nenhum dos cinco reinos,
outras formas de classificação dos seres vivos foram propostas, de
modo a abranger até mesmo os vírus.

Os vírus são parasitas que dependem da célula hospedeira para


todas as funções biológicas. Fora de uma célula hospedeira, são
incapazes de se reproduzir e de realizar os processos metabólicos,
ou seja, fora de outro ser vivo, um vírus parece um ser inanimado
qualquer. Embora se comportem como seres vivos apenas no inte-
rior de células vivas de animais, plantas ou bactérias, os vírus mui-
tas vezes chegam a matar as células para
sobreviver. Contudo, diferentemente de

© Kallista Images/Getty Images


Material
genético Capsídeo
outros seres vivos, um vírus nem sem-
pre se decompõe após a morte do hospe-
deiro. Sua estrutura permite que sobre-
viva em uma espécie de dormência, por
muito tempo, até infectar outras células.

Além disso, os vírus não são formados


por células. São extremamente pequenos
(em 1 cm seria possível enfileirar 2 bilhões
de vírus!) e apresentam estrutura bastante
simples. Ainda que existam vários tipos,
todos possuem apenas uma cápsula, cha-
mada capsídeo, no interior da qual se
encontram uma ou mais moléculas de seu
material genético (genes).

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Ciências – Unidade 3

Para se reproduzir, o vírus introduz esse material em uma célula.


A partir daí, passa a controlar o metabolismo da célula infectada,
utilizando o material que encontra dentro dela para fazer cópias de
si mesmo. Um único vírus pode originar centenas de outros em um
curto intervalo de tempo. Nesse processo, alguns vírus deixam parte
de seu material genético misturado ao das células do ser vivo hospe-
deiro, podendo causar diversos problemas de saúde.
© Hudson Calasans

O vírus entra em
contato com a
célula-hospedeira
Vírus

Bactéria

Os novos vírus
recomeçam o ciclo

O vírus injeta seu


material genético na
célula bacteriana...

A bactéria é rompida
e os novos vírus
são liberados

...e se reproduz no
Novos vírus são formados interior da bactéria

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Ciências – Unidade 3

Praticamente todos os tecidos e órgãos humanos podem ser objeto Condiloma


de alguma infecção viral. Algumas dessas infecções são transmitidas Também conhecido
como jacaré, jacaré de
por insetos, como a febre amarela e a dengue. Outras, como a Aids crista, crista de galo e
(sigla em inglês que significa síndrome de imunodeficiência adquirida) verruga genital, é uma
doença sexualmente
e o condiloma, são doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além transmissível
delas, existem viroses mais comuns, como resfriado, caxumba, hepa- cujo sintoma é o
aparecimento de
tite, herpes, meningite, mononucleose, poliomielite, raiva, rubéola, verrugas na área genital
do homem e da mulher.
sarampo, varíola etc.
© Andrzej Dudzinski/Science Photo Library/Latinstock

© Mehau Kulyk/Science Photo Library/Latinstock

© Pasieka/Science Photo Library/Latinstock


Vírus bacteriófago. Vírus HIV (da Aids). Vírus da gripe.

Prevenção e tratamento de doenças virais

Os vírus têm capacidade de adaptação e camuflagem bastante efi-


Você sabia que o
caz, o que torna difícil a prevenção e o tratamento de viroses. Antibi- vírus de computador e o
vírus biológico agem de
óticos são inúteis contra os vírus. As vacinas constituem a principal e modo semelhante?
mais eficiente solução para as doenças virais, e há drogas que tratam Vírus de computador é
um programa (software)
os sintomas ou inibem o metabolismo do vírus. Por isso, é importante malicioso que, assim
como o vírus biológico,
estar sempre com a carteira de vacinação em dia. entra de forma
disfarçada, prejudica
o funcionamento do
Atividade 5 Vacinação sistema, faz cópias de si
mesmo e se espalha para
outros computadores.
Você sabe quais são as vacinas que um adulto deve tomar? E as Por agir de maneira
crianças? semelhante a um vírus
biológico, foi batizado
também como vírus.
Além de informações sobre as vacinas, o que mais se anota em
uma carteira de vacinação?
Procure essas informações na internet ou no posto de saúde mais
próximo e anote o resultado de sua pesquisa. Compare-o com o de
seus colegas e veja se está faltando alguma informação.

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Ciências – Unidade 3

Atividade 6 Cidadania em exercício


1. Leia o texto a seguir.

Justiça determina reintegração de soropositivo


A demissão de trabalhador portador do vírus da Aids é considerada discriminatória, cabendo à empresa rein-
tegrá-lo ao serviço. Assim decidiu a 6ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região - Campinas/SP.
Ex-empregado [de uma empresa alimentícia], o trabalhador moveu reclamação trabalhista que tramitou na
1ª Vara do Trabalho de Marília, alegando que durante quatro anos trabalhou de forma exemplar, mas mesmo assim
foi despedido logo que soube ser portador de Aids. Segundo disse, sua reintegração no emprego deve ser deferida,
pois a médica da empresa tinha conhecimento de sua enfermidade, o que prova a dispensa discriminatória.
Em sua defesa, a empresa alega que desconhecia o estado de saúde do empregado e que a dispensa foi por
motivo de contenção de despesas. Afirma, ainda, que foram demitidos setenta e três funcionários no mesmo
mês em que o autor foi dispensado. Julgada improcedente a ação, o ex-empregado recorreu ao TRT.
“Desde logo afasto o alegado desconhecimento da empresa sobre o estado de saúde do trabalhador, eis que
a empresa foi cientificada através de sua médica, que, na verdade, manteve sigilo quanto ao caso, como lhe
recomenda o código de ética médica”, disse Luiz Carlos de Araújo, relator do recurso. Segundo o magistrado,
a legislação não avançou em relação à necessária estabilidade ao empregado portador da síndrome da imu-
nodeficiência adquirida, cabendo ao juiz aplicar os princípios gerais do direito, a analogia e os costumes para
resolver questões dessa natureza.
“Dada sua proliferação, o contágio pelo vírus HIV já se tornou há muito tempo, não somente no Brasil, mas
em escala mundial, um caso de saúde pública. Mas, se a cura depende ainda do avanço da ciência médica, eviden-
temente o combate ao preconceito com relação aos portadores do famigerado vírus depende simplesmente da
conscientização e de legislação específica”, fundamentou Araújo, para quem o empregador não pode se recusar
a contratar um soropositivo ou tratá-lo de forma diferenciada ou, ainda, dispensá-lo pelo fato de estar infectado.
Baseado na Constituição Federal e na Lei 9.029/95, Araújo reconheceu o direito à estabilidade do traba-
lhador e, como a empresa não encerrou suas atividades, a alegada dispensa por contenção de despesas não
poderia ter ocorrido. Para concluir, foi determinado, inclusive, o pagamento de todos os salários, reajustados
desde a demissão até a real reintegração, corrigidos monetariamente e acrescidos dos juros de mora. O valor
da condenação foi estipulado em R$ 10 mil.

Justiça determina reintegração de soropositivo. Expresso da Notícia, 4 maio 2006. Disponível em: <http://expresso-noticia.jusbrasil.com.br/
noticias/137347/justica-determina-reintegracao-de-soropositivo>. Acesso em: 21 nov. 2012.

Trabalho 2. Com base no que você leu, responda:


6o ano/1o termo
Unidade 1 a) Qual foi o motivo da ação movida pelo trabalhador contra a
empresa?

b) Qual foi o motivo da demissão alegado pela empresa?

c) Qual foi o resultado da ação movida pelo trabalhador? Ele


ganhou ou perdeu a ação?

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Ciências – Unidade 3

d) Quais os motivos apresentados pelo relator Luiz Carlos de


Araújo para justificar a sentença final?

Reino Monera
O reino Monera é composto de bactérias e cianobactérias, que
podem ser encontradas em todos os biomas da Terra e até mesmo no
interior de outros seres vivos. São os menores e mais antigos orga-
nismos conhecidos; seu tamanho varia entre 0,5 e 10 milésimos de
milímetro e seu surgimento na Terra data de aproximadamente 3,4
bilhões de anos. Por isso, são considerados os precursores das formas
de vida atuais. São unicelulares, embora várias espécies se apresentem
como colônias, formadas por agrupamentos de células que, juntas,
podem chegar a medir 1 metro, como acontece com as cianobactérias.
A célula desses seres não apresenta um núcleo organizado. Portanto,
seu material genético encontra-se disperso em seu interior. © Can Stock Photo

Diversas espécies de bactérias


compõem o reino Monera.

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Ciências – Unidade 3

A importância das bactérias


Biotecnologia
Conjunto multidisciplinar Existem mais de 20 mil espécies de bactérias conhecidas. Algu-
de conhecimentos e mas delas são de grande importância para a saúde, o ambiente e até
técnicas que envolve
a manipulação de mesmo a economia de um país, na medida em que sua existência
organismos vivos leva à fabricação de produtos que podem ser comercializados.
(organismos, células,
organelas, moléculas) para É comum associar as bactérias a infecções e doenças, mas nem
gerar produtos (como
remédios, alimentos
todas são nocivas à saúde. Existem as que vivem no trato digestório,
transgênicos, plantas por exemplo, participando do processo da digestão, além de pro-
e animais modificados duzirem vitaminas essenciais à saúde. Com o desenvolvimento da
geneticamente,
clonagem etc.). biotecnologia, as bactérias passaram a ser utilizadas também na sín-
tese de várias substâncias, entre elas a insulina (para o tratamento
Insulina
da diabete) e o hormônio de crescimento, e na produção de antibió-
Hormônio que regula a
absorção de açúcar pelo ticos e vitaminas.
corpo e cuja carência
provoca a diabete. As cianobactérias, por exem-
plo, ao realizar a fotossíntese,
© Steve Gschmeissner/Science Photo Library/Latinstock

transformam o gás carbônico


em outras substâncias e libe-
ram oxigênio no ar. Foram seus
ancestrais que, provavelmente,
liberaram todo o oxigênio que
há atualmente na atmosfera.

Além disso, diversas outras


espécies de bactérias são úteis
ao homem, como as do ácido
As cianobactérias (filamentos
amarelos da imagem), também acético, utilizadas na fabrica-
conhecidas como algas azuis, ção do vinagre, e os lactoba-
não podem ser consideradas
algas ou bactérias comuns, cilos, que provocam a coagu-
pois apresentam características
mistas de ambas: são bactérias
lação do leite e são utilizados
que realizam fotossíntese. na preparação de coalhadas,
iogurtes e queijos, entre outros.

Atividade 7 
Você é o cientista – Experimento:
pesquisando e produzindo iogurte
O iogurte é produzido pela fermentação realizada por uma cultura
mista de bactérias (Streptococcus e Lactobacillus). Nesse processo de
fermentação, elas consomem lactose para obter energia e liberam ácido
lático. O leite coalhado preserva a gordura, os minerais e as vitaminas
do leite puro, mas com uma proporção menor de lactose. Isso faz com
que a digestão do iogurte seja mais fácil que a do leite.

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Ciências – Unidade 3

1. Experimente fazer esta receita de iogurte.

Materiais necessários Você sabia


que as bactérias
• 1 litro de leite. desempenham,
• 1 copo de iogurte natural bem fresco. também, importantes
funções ecológicas?
• 1 colher de pau.
Algumas delas são
• 5 copos preferencialmente de vidro. decompositoras, o que
permite a ciclagem de
• Papel toalha (ou guardanapos).
elementos por meio
da decomposição de
Procedimentos animais, plantas e outros
seres, assim como de
1. Aquecer o leite até quase ferver ou ferver por pouco tempo (não deixar fer-
seus dejetos e secreções,
ver muito porque a temperatura de fervura do leite mataria todas as bacté- como urina e fezes. Além
rias responsáveis pela fermentação). disso, elas participam
do ciclo do nitrogênio,
2. Deixar o leite esfriar até ficar morno.
absorvendo-o durante a
3. Acrescentar meio copo de iogurte natural e misturar bem, utilizando a colher vida e liberando-o para
de pau. o ambiente quando
morrem, permitindo
4. Colocar a mistura nos copos. assim sua utilização
5. Enrolar bastante papel em cada copo e guardar em um armário. pelas plantas terrestres.

6. Depois de 24 horas está pronto o iogurte.

2. Existem outras receitas para o preparo de iogurte. Pesquise sobre


elas e anote suas descobertas no caderno. Você pode perguntar
para as pessoas que conhece, procurar em livros de receita ou na
internet. Depois, compare com as de seus colegas e discuta: Qual
delas parece ser mais fácil de fazer? Por quê? Alguma delas parece
mais saborosa do que as outras? Por quê?

3. Retome a receita de iogurte que aparece no experimento e pro-


cure identificar:

a) Em qual etapa da produção do iogurte ocorre a fermentação?

b) Por que se acrescenta meio copo de iogurte ao leite morno?

Atividade 8 Doenças causadas por bactérias


A maioria das doenças causadas por bactérias é transmitida pela
contaminação de alimentos ou água (cólera, febre tifoide) e pela con-
taminação do ar (pneumonia, tuberculose). Conheça, no quadro da
próxima página, quais bactérias transmitem cada uma dessas doen-
ças, como ocorre o contágio e quais são os sintomas e o tratamento.

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Ciências – Unidade 3

Principais doenças causadas por bactérias


Agente
Doença Forma de contágio Sintomas Vacina
causador

Contato com secreções Febre alta, rigidez da nuca, dor de


Haemophilus Tetravalente (DPT
Meningite respiratórias de pessoas cabeça intensa, enjoo, vômito, perda
influenzae + Hib)
infectadas. de apetite e prostração.

Contato dos esporos com


Tétano Clostridium Dificuldade de abrir a boca (trismo) e Antitetânica ou
lesões na pele, como cortes,
(acidental) tetani de engolir e espasmos musculares. Tríplice (DPT)
arranhões, mordidas etc.

Placas nas amígdalas e, em alguns


Contato com secreções
Corynebacterium casos, na traqueia e na faringe;
Difteria respiratórias de pessoas Tríplice (DPT)
diphtheriae comprometimento do estado geral,
infectadas.
febre moderada e insuficiência cardíaca.

Coqueluche Contato com secreções


Acessos de tosse longa,
(tosse Bordetella pertussis eliminadas pelo doente ao Tríplice (DPT)
seca e prolongada.
comprida) tossir, espirrar ou falar.

Febre baixa no fim da tarde, sudorese,


Mycobacterium Contato com saliva e
tosse com expectoração, às vezes com
Tuberculose tuberculosis secreções respiratórias BCG
sangue, comprometimento do estado
(bacilo de Koch) de pessoas infectadas.
geral e perda de apetite.

Ingestão de água ou
Na forma grave, forte diarreia, com Dukoral
Vibrio cholerae alimentos contaminados por
Cólera desidratação e prostração, dor (mas tem
(vibrião) fezes ou vômito de pessoas
abdominal e câimbra. baixa eficácia)
contaminadas.

Mycobacterium Contato com secreções


Hanseníase Lesões cutâneas e perda da
leprae respiratórias de pessoas BCG
(lepra) sensibilidade na região afetada da pele.
(bacilo de Hansen) infectadas.

Contato com saliva e


Streptococcus Febre, tosse com muco purulento, Específica
Pneumonia secreções respiratórias
pneumoniae mal-estar generalizado e falta de ar. (Antipneumocócica)
de pessoas infectadas.

Ferida nos órgãos sexuais; no estágio


Sífilis Treponema pallidum Relações sexuais. mais avançado, cegueira, doença do Não há
coração e paralisias.

Nos homens, coceira, corrimento


Gonorreia Neisseria purulento e ardor ao urinar. Nas
Relações sexuais. Não há
(blenorragia) gonorrhoeae mulheres, na maioria dos casos,
não há sintoma.

Nos homens, feridas dolorosas no pênis


com secreção clara; nas mulheres, os
Cancro mole Haemophilus ducrey Relações sexuais. Não há
mesmos tipos de lesões na vagina e
próximas à região anal.

Fontes: Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias:
guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília (DF), 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_
bolso.pdf>. PINHEIRO, Bruno do Valle; OLIVEIRA, Júlio César Abreu de. Pneumonia adquirida na comunidade. Pneumoatual, jun. 2006. Revisado
em fev. 2007. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Pneumonia%20Adquirida%20na%20Comunidade.pdf>.
FERNANDES, Guilherme Côrtes; MARTINS, Fernando S. V.; CASTIÑEIRAS, Terezinha Marta P. P. Vacina antipneumocócica. Centro de Vacinação de
Adultos - UFRJ, 14 mar. 2003. Disponível em: <http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/pneum-pr.html>. Acessos em: 21 nov. 2012.

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Ciências – Unidade 3

Com um colega, pesquise em sites e revistas sobre que outros cui-


dados devem ser tomados para evitar essas doenças, além da vacina. Fica a dica
Existe uma crença de
que bastaria tomar um
antibiótico antes de ter
relações sexuais e outro
depois para não pegar
gonorreia ou outras
doenças sexualmente
transmissíveis. Isso não é
verdade! Os antibióticos
só podem ser utilizados
para tratamentos e
receitados por médicos.

Reino Protista
As algas e os protozoários constituem o reino Protista. Os protistas
possuem células eucarióticas e podem ser autótrofos ou heterótrofos.
Alguns organismos desse reino são unicelulares, como amebas e para-
mécios, e outros são pluricelulares, como as algas gigantes, que chegam
a atingir vários metros. Suas células são tão complexas que são capazes
de executar sozinhas todas as funções (locomoção, respiração, excreção,
reprodução etc.) que os tecidos, os órgãos e os sistemas realizam em um
ser pluricelular complexo.
© Dr. Tony Brain/Science Photo Library/Latinstock
© Steve Gschmeissner/Science Photo Library/Latinstock

Alga. Protozoário.

Até meados do século passado, os protozoários eram conside-


rados animais primitivos. São seres unicelulares que se alimentam
por ingestão (como os animais) e muitos são parasitas. Para se
locomover, alguns protozoários possuem flagelo, como a leishmâ-
nia, e outros, cílios, como o paramécio. Ambos têm movimento
constante em uma única direção. O que os difere é o formato (os
cílios são menos curvos), o tamanho (os flagelos são mais longos) e
a quantidade (os cílios são numerosos, enquanto o flagelo é único).

59
Ciências – Unidade 3

Os protozoários podem
© Sinclair Stammers/Science Photo Library/Latinstock

© Science Photo Library/Latinstock


ser encontrados nos mais
variados biomas, sobretudo
em ambientes aquáticos e
terra úmida. Algumas espé-
cies convivem em relação
harmônica (mutualismo ou
comensalismo) com outros
seres vivos, enquanto outras
parasitam alguns animais.
Os protozoários parasitas
podem se alojar em várias
partes do corpo, como, por
exemplo, no sangue e no
tubo digestório.
O paramécio (esq.) é um protozoário que se movimenta com os cílios, enquanto a
leishmânia se movimenta com o flagelo.

Atividade 9 Os mapas das doenças


1. Observe o mapa a seguir, que representa as áreas com transmissão
de leishmaniose no Brasil entre 2008 e 2010.

Áreas com transmissão de Leishmaniose Visceral (LV) no Brasil


Mapa de estratificação de LV segundo município de residência e média de casos de 2008 a 2010

Fonte: SVS/MS

Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS). Ministério da Saúde (MS). Disponível em: <http://portal.saude.
gov.br/portal/arquivos/jpg/mapa_leish_casos_2008_2010.jpg>. Acesso em: 21 nov. 2012.

60
Ciências – Unidade 3

a) Em quais Estados a leishmaniose era mais ativa nesse período?

b) Em que região do Estado de São Paulo a leishmaniose era mais


ativa entre 2008 e 2010?

c) O mapa a seguir apresenta a renda per capita nos Estados


brasileiros em 2009. É possível estabelecer alguma relação en-
tre a leishmaniose e esse indicador econômico? Justifique.

Brasil: renda per capita e renda total mensal, 2009

MAIA, Alexander Gori; BUAINAIN, Antonio Marcio. Pobreza objetiva e subjetiva no Brasil.
In: Confins. Revista Franco-Brasileira de Geografia, n.13/2011. Disponível em: <http://confins.revues.
org/7301#tocto2n1>. Acesso em: 21 nov. 2012.

61
Ciências – Unidade 3

2. Agora, observe o mapa a seguir, que representa as regiões do Brasil


onde a malária está mais disseminada.

Brasil: risco de transmissão de malária por município, 2011

Ministério da Saúde (MS); Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Sistema de Informação de


Vigilância Epidemiológica (SIVEP) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

a) Quais regiões do Brasil apresentam mais casos de malária?

62
Ciências – Unidade 3

b) Volte ao mapa Brasil: renda per capita e renda total mensal,


2009. É possível estabelecer alguma relação entre a dissemina-
ção da malária e a distribuição de renda no Brasil? Justifique.

c) Analisando o mapa abaixo, é possível estabelecer relação entre


a malária e os tipos de clima predominantes em nosso país?

Climas zonais

IBGE. Clima. Atlas geográfico escolar. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/


mapas_brasil.shtm>. Acesso em: 21 nov. 2012.

63
Ciências – Unidade 3

d) Observe agora o mapa de desmatamento no Brasil. É possível


estabelecer alguma relação entre as áreas desmatadas e os ca-
sos de malária no País?

Brasil: desmatamento, 2002-2008

As áreas de desmatamento
estão representadas em
vermelho.

VASCONCELOS, V. V. Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Coordenadoria-Geral das


Promotorias por Bacia Hidrográfica, 2012.

64
Ciências – Unidade 3

São Paulo, 26 de abril de 2011 Brasil de Fato – Entrevistas

Alteração no Código Florestal causará


impactos nas cidades
Para o defensor público Wagner Giron, a população das
áreas urbanas deveria ter mais participação no debate

Danilo Augusto
Radioagência NP

Previsto para ser votado – na Estados para legislar sobre meio


Câmara dos Deputados – nos dias ambiente. [...]
3 e 4 de maio, o projeto que altera
Segundo Wagner Giron, “a par-
o Código Florestal brasileiro (PL
tir do momento que a alteração do
1.876/99) pode extinguir uma
Código Florestal, promovida pelos
área de aproximadamente 200 mil
interesses da bancada ruralista no
km² de mata nativa. Como compa-
Congresso, procura diminuir a pro-
rativo, é como se uma área prote-
teção normativa ao meio ambiente,
gida do tamanho do Estado de São
aumentando a fronteira do agro-
Paulo fosse liberada para o desma-
negócio e áreas de desmatamento,
tamento.
o que acontece? Vai haver maior
Entre os pontos críticos no texto número de queimadas, emissões
de alteração, que foi proposto pelo gigantescas de CO² e outros gases
deputado Aldo Rebelo (PCdoB- que causam o efeito estufa, perda
-SP), estão a redução das áreas de da qualidade do ar, desfloresta-
Reserva Legal nas propriedades mento com aumento de doenças
particulares, o perdão das multas que já foram erradicadas das áreas
aplicadas a proprietários que des- urbanas. Podemos citar as doen-
mataram até julho de 2008 e a flexi- ças malária e de Chagas, que estão
bilização da produção agropecuária tomando conta dos espaços urba-
em Áreas de Proteção Permanente nos do Brasil. Isso acontece porque
(APPs), com a redução de 30 para os pernilongos e insetos, que são
15 metros das áreas de preservação vetores dessas doenças, não tendo
nas margens de rios. Além disso, o floresta, vêm para a área urbana.
texto deixa de considerar topos de Toda flexibilização das normas
morros como áreas de preserva- ambientais gera catástrofes climá-
ção permanente e também prevê ticas globais que afetam, principal-
a ampliação da autonomia dos mente, as concentrações urbanas”.

AUGUSTO, Danilo. Alteração no Código Florestal causará impactos nas cidades,


Radioagência NP, Brasil de Fato, 26 abr. 2011. Disponível em: <http://www.brasildefato.com.
br/node/6158>. Acesso em: 21 nov. 2012.

65
Ciências – Unidade 3

Reino Fungi
© Andrewblue/123RF

© John Wright/Science Photo Library/Latinstock


Cogumelos e orelhas-de-pau são alguns representantes do reino Fungi.

Os fungos mais conhecidos são cogumelos, bolores, mofos, leve-


duras, fermentos, orelhas-de-pau e trufas. A princípio, quando todos
os organismos eram classificados como animais ou plantas, os fun-
gos foram incluídos no reino das plantas. Atualmente, constituem
o reino Fungi, que abrange organismos eucariontes e heterótrofos,
podendo ser unicelulares ou pluricelulares.

É um grupo bastante numeroso, formado por cerca de 200 mil


espécies espalhadas por praticamente todo tipo de ambiente. A maio-
ria sobrevive obtendo alimento da decomposição de organismos mor-
tos. Existem espécies que se desenvolvem de maneira independente, e
outras, em associação com outros seres vivos. Essa associação, cha-
mada “simbiose”, oferece vantagens a ambos os organismos, como
é o caso da relação harmônica de mutua­lismo que ocorre entre os
fungos e as algas que formam os líquens.
Contudo, algumas espécies são
© Duncan Shaw/Science Photo Library/Latinstock

parasitas, já que se alimentam das


substâncias que retiram dos orga-
nismos vivos nos quais se instalam,
mantendo relações desarmônicas
com plantas e animais. Além desses
mais comuns, existem alguns gru-
pos de fungos considerados preda-
dores, que capturam pequenos ani-
mais e deles se alimentam.

Líquen em
tronco de árvore.

66
Ciências – Unidade 3

Os fungos estão mais presen-

© Dr. Jeremy Burgess/Science Photo Library/Latinstock


tes no dia a dia do que se pode
imaginar. Com algumas bacté-
rias, compõem o grupo de orga-
nismos decompositores, reali-
zando a ciclagem de nutrientes,
de grande importância ecológica,
já que a matéria orgânica contida
em organismos mortos é devol-
vida ao ambiente, podendo ser
reutilizada por outros organis-
mos. Além disso, são utilizados
na fabricação de remédios, como
antibióticos, de bebidas alcoóli-
cas e de alimentos, como pães,
tortas, massas e queijos. A peni-
cilina, por exemplo, é um pode-
roso antibiótico natural derivado
de um fungo: o bolor do pão. Fungo que produz penicilina.

Fungos na culinária

© Alexandra Grablewski/Foodpix/Getty Images


A fabricação de pães e bebi-
das alcoólicas, como a cerveja e o
vinho, depende da ação dos fun-
gos. São eles que realizam o pro-
cesso de fermentação alcoólica,
transformando o açúcar em gás
carbônico e álcool etílico. Para a
preparação do pão, o importante
é o gás carbônico produzido na
fermentação, enquanto na pro-
dução de bebidas alcoólicas o
importante é o álcool.

Durante a preparação do
pão, mistura-se fermento bio-
lógico (que nada mais é do que
levedura, um tipo de fungo) à massa, deixando-a “descansar”. O gás
carbônico que a levedura libera se acumula no interior da massa, ori-
ginando pequenas bolhas que tornam o pão poroso e mais leve. O
teor alcoólico da massa do pão pode chegar perto de 1%, mas, ao
assá-lo, o álcool evapora.

67
Ciências – Unidade 3

Os fungos também estão

© Jomphong Polprasart/123RF
presentes em outros pratos da
culinária, como em saladas ou no
estrogonofe. A espécie Agaricus,
o popular champinhom, é a mais
consumida nesses pratos. Já
no Oriente, cogumelos como o
shitake e o shimeji são bastante
apreciados, enquanto os europeus
preferem as trufas.

Shitake, cogumelo bastante


utilizado na culinária japonesa.

Doenças causadas por fungos


Fica a dica
Os fungos também podem ser responsáveis pela decomposição de
É muito comum a alimentos frescos, pelo apodrecimento de materiais utilizados em dife-
ocorrência de mofo e
rentes tipos de construção, pela destruição de tecidos e utensílios de
bolor nos armários por
causa da umidade. madeira, além de prejudicar lavouras e criações de animais, causando
Para reduzir a umidade doenças em plantas e animais.
nesses móveis, basta
espalhar pequenos
© Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

pacotes com carvão em

© Geoff Kidd/Science Photo Library/Latinstock


seu interior. Um modo
simples de realizar essa
operação é colocar
pedaços de carvão
dentro de meias
velhas e limpas,
fechá-las com um nó
para o carvão não sujar
as roupas e distribuí-las
pelos armários.

Os fungos podem crescer na casca da Nas flores, os fungos podem causar desde
laranja, causando apodrecimento da fruta. pequenas manchas até a destruição completa
das pétalas.

68
Ciências – Unidade 3

© Diomedia
© Martin Hospach/Getty Images
Os fungos podem crescer no pão, tornando-o
inadequado ao consumo humano.

O mofo se estende pela parede


devido à umidade, tornando o
ambiente insalubre.

Os fungos afetam também o ser humano,


provocando micoses e outras doenças. As

© Diomedia
micoses aparecem comumente na pele e se
manifestam em qualquer parte da superfície
do corpo, sendo mais comuns as das unhas
e dos pés, conhecidas como frieiras ou pé de
atleta. Podem também afetar a mucosa vagi-
nal, como acontece na candidíase.

A candidíase é uma doença sexualmente


transmissível e uma das causas mais fre-
quentes de infecção genital. Nas mulheres,
caracteriza-se por coceira e ardor na região Fungos provocam micose em unhas dos pés.
dos órgãos genitais, dor durante a relação
sexual e corrimento vaginal esbranquiçado, semelhante à nata do
leite. Nos homens, é comum inchaço e avermelhamento do pênis,
além da presença de pequenas lesões puntiformes (em forma de
pontos) e avermelhadas, que provocam intensa coceira. O trata-
mento deve ser feito com remédios específicos, conhecidos como
antifúngicos. Quando a candidíase afeta a boca, provoca os conhe-
cidos “sapinhos”, muito comuns em crianças ou adultos com sis-
tema imunológico fragilizado.

69
Ciências – Unidade 3

Atividade 10 V
 ocê é o cientista – Experimento:
pesquisando bolores
1. Neste experimento, você vai estudar os elementos que influem no
crescimento de fungos (bolores) nos alimentos.

Materiais necessários
• 1 fatia de pão amanhecido.
• 1 fatia de pão torrado.
• 1 fatia (pedaço) de queijo.
• 1 fruta (banana, por exemplo).
• 1 fatia de batata.
• 1 pedaço de limão.
• Outro alimento qualquer.
• Sacos plásticos transparentes.
• Fita adesiva ou fita crepe.
• 1 caixa de papelão (ou papel grosso).
• 1 lupa.

Procedimentos
1. Coloque cada alimento dentro de um saco plástico isolado. Feche o saco e prenda-o com fita adesiva ou
fita crepe.
2. Coloque os sacos na caixa de papelão e deixe-a acomodada em um local onde possa ficar guardada e
ser observada.
3. Combine com seus colegas e professor a periodicidade de observação da caixa.
4. Nas datas combinadas, com o auxílio da lupa, observe os pacotes com os alimentos e analise as transfor-
mações ocorridas, como o surgimento ou não de bolor, a coloração, a textura que o alimento parece ter,
a forma e o tamanho do bolor, ou ainda outros elementos que perceber e julgar importantes. Faça uma
tabela no caderno, como a sugerida a seguir, e anote nela suas observações.

Outro
Data Pão Torrada Queijo Fruta Batata Limão
alimento

5. Quando o bolor estiver bem desenvolvido, faça uma observação final mais detalhada e compare com a do
início do experimento. Em seguida, com cuidado, descarte todo o material no lixo.

70
Ciências – Unidade 3

2. Ao terminar o experimento, responda:

a) O bolor apareceu em todas as amostras? Como você explica


esse fato?

b) A quantidade de bolor que cresceu nas amostras foi a mesma?


Ele se desenvolveu ao mesmo tempo em todas elas?

c) Se as amostras estavam todas embrulhadas em sacos plásticos,


como pode ter aparecido bolor nelas? De onde veio o bolor?

d) Compare seus resultados e respostas com os dos colegas. Os


resultados obtidos são os mesmos? Justifique.

71
Ciências – Unidade 3

Você estudou

Nesta Unidade, você estudou como diferenciar um ser vivo de


um ser não vivo. Viu que essa diferenciação não é tão simples como
parece, principalmente no caso dos vírus. Estudou também os rei-
nos de modo geral e, em mais detalhes, os reinos Monera, Protista
e Fungi, observando a grande biodiversidade que abrangem e como
podem ser utilizados pelo ser humano. Conheceu, ainda, uma série
de doenças causadas por esses organismos, analisando seus sinto-
mas e aprendendo como é possível preveni-las ou tratá-las.

Pense sobre

Você percebeu que muitas doenças geradas por vírus, bactérias,


protozoários e fungos são sexualmente transmissíveis. Quais medidas
de prevenção as pessoas devem tomar para evitar que tais doenças
continuem sendo transmitidas, podendo ter como consequência sérios
transtornos ou mesmo a morte de quem as desenvolve?

72
4 Plantas e animais

Nesta Unidade, você vai estudar os reinos Plantae e Animalia. Verá


que as plantas são classificadas em diversos grupos, como briófitas,
pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, e aprenderá como diferen-
ciar umas das outras. Em seguida, vai conhecer o reino Animalia e suas
características, o que diferencia animais e plantas, e ainda as diferenças
entre os próprios animais. Para finalizar, estudará alguns grupos de
animais que muitas vezes nem se sabe se são machos ou fêmeas.

Para iniciar...
A imagem a seguir mostra uma situação bastante comum na mata
e pouco comum nas cidades.

© Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

• Que tipo de planta é essa na qual a ave está pousada?


• O que são as bolinhas escuras que podem ser vistas nessa imagem?
• Quais são as funções que a planta está desempenhando para essa ave?
• A ave contribui para a vida da planta?

73
Ciências – Unidade 4

Reino Plantae
Na Terra, existem diversos tipos de seres vivos. A vasta variedade
de organismos é agrupada de acordo com as características que eles
têm em comum. Dentre eles, estão microrganismos, animais e plantas.
Microrganismos
Também chamados Para que um organismo seja classificado como planta, são necessá-
micróbios, são
rias algumas características, tais como:
organismos
microscópicos, que • a capacidade de realizar a fotossíntese; e
não podem ser vistos
a olho nu, geralmente • a existência de parede celular em suas células.
unicelulares. Entre
eles estão os vírus, as
bactérias, os protistas e
Por meio da fotossíntese, a energia luminosa do Sol é transfor-
alguns tipos de fungos. mada em energia química, que fica guardada nas ligações químicas
entre os elementos que constituem a planta. Por essas característi-
cas, as plantas são seres autótrofos, multicelulares e formados por
células eucarióticas.

Provavelmente, as plantas surgiram de um grupo ancestral de


algas verdes, pois plantas e algas verdes possuem características seme-
lhantes, como a parede celular constituída de celulose e a presença de
clorofila nos cloroplastos. Fósseis e outros registros sugerem que a
passagem para o ambiente terrestre ocorreu aproximadamente há 430
milhões de anos.
© Pietus/123RF

Ao contrário do carvalho, o musgo não tem sistema vascular que lhe dê sustentação.

74
Ciências – Unidade 4

De acordo com a teoria da evolução, no começo da história das


plantas na Terra existiam vegetais menores com apenas alguns cen-
tímetros de altura e pequeno comprimento. Se todos os organismos
têm um ancestral aquático comum – e considerando o exemplo dos
primeiros animais, que sofreram transição de um ambiente molhado
para um seco –, é razoável pensar que o mesmo ocorreu com as plan-
tas: a princípio, cresceram em locais úmidos e com sombra para,
depois, espalharem-se por locais quentes e secos.

Atualmente, as plantas são divididas em dois grandes grupos:

• plantas atraqueófitas, que não têm sistema vascular para distribui-


ção de nutrientes;

• plantas traqueófitas (ou vasculares), que têm sistema de distribui-


ção interna de seiva (o alimento das plantas) formado por vasos
que se espalham por toda a planta, como se fossem a tubulação
de água de uma casa.

Evolução simplificada dos grandes


grandesgrupos
gruposde
deplantas
plantas

© Hudson Calasans
Ev

Hepática Avenca Araucária Cupuaçu

Gimnospermas Angiospermas

Primeiras
plantas com
flôr e frutos

Primeiras
plantas com
sementes

Primeiras
plantas
vasculares

75
Ciências – Unidade 4

Briófitas

© Andrew Neilan/123RF
Musgo crescendo sobre pedras.

As briófitas são plantas de pequeno porte (a maioria delas não


ultrapassa 5 centímetros de altura) que vivem em ambientes úmidos e
sombreados, pois desidratam muito facilmente. Isso acontece porque
são plantas sem vascularização, isto é, sem um sistema que conduza
água e sais minerais da raiz para as outras partes. É essa ausência do
sistema condutor que justifica, em parte, o seu tamanho.
As briófitas prendem-se ao solo por estruturas denominadas rizoi-
des, mas qualquer parte dessas plantas é capaz de realizar a absorção e
a distribuição de nutrientes, que é realizada de célula para célula. Toda-
via, nesse processo, o transporte de água e nutrientes é muito lento. Os
principais representantes do grupo das briófitas são os musgos.

Esquema das partes de um musgo


© Hudson Calasans

Cápsula

Esporos

Haste
Você sabia que o sufixo “-oide” quer
dizer “com a mesma forma, a mesma
aparência”? Filoide
Significa que os rizoides assemelham-se
a raízes; os cauloides, a caules; e os
filoides, a folhas. No entanto, nenhum
deles, de fato, cumpre a mesma função Cauloide
que as estruturas das plantas pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas (como Rizoide
uma bananeira, por exemplo).

76
Ciências – Unidade 4

Atividade 1 Difusão de Difusão


nutrientes Processo que envolve o movimento de partículas de uma região
muito concentrada para outra menos concentrada, até que se atinja
Como você estudou, as briófitas um equilíbrio. Esse processo se realiza sem gasto de energia.
não possuem sistema de vasos para Membrana semipermeável

© Hudson Calasans
distribuir água e nutrientes pelo corpo
da planta. Esse transporte é feito por
difusão, de célula para célula, o que
Após certo
torna esse processo bastante lento. tempo
Discuta com seus colegas e responda:
1. Como isso explica o fato de essas
plantas crescerem em locais úmi-
dos e não ultrapassarem poucos Região com grande
concentração
Região com pequena
concentração
Regiões com igual
concentração
centímetros de altura? de partículas de partículas de partículas

2. O que aconteceria na parte superior dessas plantas se elas tives-


sem 1 metro de altura? Justifique sua resposta.

3. E se fossem colocadas ao Sol? O que aconteceria? Por quê?

Uso das briófitas pelo ser humano


As briófitas, assim como os fungos, são bastante sensí-
veis a ambientes poluídos e não se desenvolvem nesses locais,
© Chuyu/123RF

sendo boas indicadoras de poluição, preservação ou degrada-


ção ambiental. Elas também podem ser utilizadas no combate às
bactérias, no controle da erosão do solo e com fins ornamentais.
Com o passar do tempo, ocorreu uma adaptação extre-
mamente importante das plantas a ambientes terrestres, o que
permitiu um aumento significativo no tamanho de algumas
espécies. A evolução foi marcada pelo aparecimento de um sis-
tema vascular muito eficiente, que se comporta, como você viu
antes, tal qual a tubulação hidráulica de uma casa, transpor-
tando com rapidez água e nutrientes de uma região para outra. Musgo na base de bonsai.

77
Ciências – Unidade 4

Foi possível, portanto, que os vasos desse sistema vascular con-


duzissem a seiva através da planta. A seiva é um fluido viscoso que
circula e distribui os nutrientes pelas células da planta, como se fosse
o sangue dos animais. Existem dois tipos de seiva:

• a seiva bruta, formada na raiz por

© Wuttichok Panichiwarapun/123RF
absorção dos nutrientes, que leva
água e sais minerais do solo para a
planta; e

• a seiva elaborada, produzida nas


folhas verdes pela fotossíntese, que
leva outros nutrientes, como a glico-
se (um tipo simples de açúcar), para
a raiz e outras partes da planta.

A borracha é derivada
do látex, seiva extraída
da seringueira.

Pteridófitas
As pteridófitas foram as primeiras plantas a apresentar um sis-
tema de vasos condutores de nutrientes, com raiz, caule e folha ver-
dadeiros. Por isso, seu tamanho pode variar bastante, desde as bem
pequenas (como a aquática salvínia, com 2,5 centímetros) até espécies
arborescentes (como a samambaiaçu, com mais de 5 metros).

© Blickwinkel/Alamy/Other Images

Fóssil de samambaia (pteridófita).

78
Ciências – Unidade 4

Em tempos remotos (300 milhões de anos atrás), as pteridófitas


Você sabia que a
dominavam grandes áreas do planeta, com espécies que chegavam ausência de sementes
a mais de 30 metros de altura. Esses vegetais fossilizados formaram nas plantas estimulou a
imaginação do homem,
parte da hulha, ou carvão mineral (carvão em pedra), utilizada atual- principalmente durante
mente como combustível. a Idade Média?
Na Europa, por exemplo,
Assim como as briófitas, surgiram várias lendas

© J. Paul Moore/Getty Images


sobre isso. Os europeus
as pteridófitas não produzem acreditavam que plantas
flores, frutos ou sementes. Por como as samambaias
produzissem sementes,
isso, dependem da água e do mas que elas só podiam
vento para se multiplicar, pois ser vistas em algumas
noites especiais do
se reproduzem por meio de ano. Quem conseguisse
coletar uma semente
pequenas unidades chamadas de samambaia
esporos. adquiriria poderes
de invisibilidade e de
A maioria das pteridófi- proteção contra o mal.

tas é terrestre e, assim como


as briófitas, vive preferencial-
mente em locais úmidos e com
sombra. No Brasil, a maior
diversidade de pteridófitas vive Pteridófitas como as samambaias
possuem esporos agrupados nas
na Mata Atlântica, que concen- folhas. São eles que reproduzem
tra mais de 800 espécies, o que esse tipo de planta.

se deve ao fato de parte dessa


região apresentar a combinação ideal de clima tropical úmido, mon-
tanhas e ecossistemas florestais, favorecendo o desenvolvimento desse
tipo de planta. Os exemplos mais conhecidos de pteridófitas no Brasil
são samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas.

Uso das pteridófitas pelo ser humano

Atualmente, as samambaias são utilizadas como plantas ornamen-


tais. Suas raízes podem ser emaranhadas e usadas como substrato
para o cultivo de orquídeas.

Os troncos da samambaiaçu eram utilizados para fazer xaxim,


mas a prática da poda predatória praticamente provocou a extinção
dessa espécie e, atualmente, sua utilização é proibida no Brasil.

Algumas pteridófitas são empregadas como vermífugos por comu-


nidades indígenas e quilombolas. Também são usadas na culinária
desses povos e entre os povos do Oriente. É importante destacar que
há pesquisas que correlacionam o consumo desse alimento com a inci-
dência de câncer intestinal.

79
Ciências – Unidade 4

Atividade 2 Samambaia que intoxica


1. Leia o texto a seguir.

[...]
Os níveis produtivos do rebanho brasileiro também sofrem ingerências de
fatores relacionados à alimentação animal, mais precisamente pela ingestão de
vegetais tóxicos.
Nesse aspecto, e assumindo grande importância na exploração pecuária
extensiva, se destaca a Pteridium aquilinum, planta tóxica encontrada em quase
todas as regiões brasileiras, especialmente com solo ácido. Estima-se haver um
grande prejuízo na criação de bovinos no Brasil causado pela ingestão dessa
planta e suas consequências tóxicas.
Considerações sobre a planta
A Pteridium aquilinum, popularmente chamada de samambaia-do-campo ou
simplesmente samambaia, é uma planta perene [...] medindo entre 50 e 180 cm
de altura.
Os estudiosos destacam que a samambaia é uma planta cosmopolita de todas
as regiões tropicais e temperadas. Com exceção feita às plantas daninhas, é pos-
sivelmente a mais ampla e distribuída das plantas vasculares.
Trata-se de um vegetal de característica invasora, sendo bastante frequente
em solos ácidos, arenosos e de baixa fertilidade. Infesta campos, matas ciliares,
capoeiras, beiras de matos e de estradas. [...]
Condições para intoxicar
[...] Em épocas de escassez alimentar, a fome constitui a primeira causa básica
de ingestão da samambaia pelos bovinos. Isto normalmente ocorre na estação seca
(julho a outubro), pois a planta suporta bem o período sem chuvas, possibilitando
sua procura pelos animais. Segundo alguns estudiosos, os bovinos que ingerem a
samambaia acabam “viciados na planta”, caracterizando, com isso, ingestões repe-
tidas e compulsivas. O terceiro fator que possibilita a procura dos animais pela
planta é a carência de pastagem fibrosa. Como a samambaia costuma se desen-
volver e atingir boa altura, os bovinos suprem a necessidade de fibra, comendo
os caules e folhas longas que a planta normalmente possui. Por fim, os bovinos
eventualmente se intoxicam pelo fornecimento de feno contaminado que contenha
a samambaia, o que pode ocorrer com animais semiconfinados. [...]
Riscos para a saúde pública
No leite bovino, a toxina da planta já foi isolada, demonstrando que os bezer-
ros que mamam o leite de vacas intoxicadas fecham o ciclo da doença e continu-
arão a ser doentes. Estudos também demonstraram a formação de tumores em
ratos e camundongos alimentados com leite de vacas que consumiram samam-
baia. O consumo de leite de vacas intoxicadas deve ser rigorosamente evitado [...].
[...] não há, ainda, conhecimento científico suficiente para condenar o con-
sumo de carne dos bovinos acometidos pela enfermidade. Entretanto, alguns
pesquisadores alertam que uma maior porcentagem de câncer de estômago no
homem ocorre nas regiões onde existem vacas que se alimentam de samambaia.
Por estas conexões, os exemplos ressaltam a importância dos conhecimentos da
ciência veterinária e suas inúmeras contribuições também para a saúde pública.

MARÇAL, Wilmar Sachetin. A toxidez da samambaia nos bovinos. Saúde animal. Disponível em:
<http://www.saudeanimal.com.br/bovino_samambaia.htm>. Acesso em: 21 nov. 2012.

80
Ciências – Unidade 4

2. Agora, responda:

a) Localize no texto duas características que identificam a planta


citada como uma pteridófita.

b) Por que os animais acabam ingerindo essa planta tóxica?

c) O que poderia ser feito para evitar a contaminação dos animais?

d) Quais são os perigos dessa contaminação para o ser humano?

Gimnospermas
Com o passar do tempo e a sucessão de gerações, surgiu um novo
tipo de planta. Além dos vasos que conduzem a seiva, que as pteridó-
fitas já possuíam, elas apresentam uma variação muito importante em
relação às anteriores: as sementes.

As gimnospermas foram os primeiros vegetais a produzir semen-


tes, característica que ajudou as plantas a conquistar de maneira
definitiva o ambiente terrestre. A semente fornece água ao embrião,
protegendo-o da desidratação, e nutrientes para seu desenvolvimento,
o que possibilita a sobrevivência mesmo em condições ambientais des-
favoráveis.

Outra característica das gimnospermas é a independência de água


para a fecundação, graças ao grão de pólen, que é a parte reprodutora
masculina, que fecunda a parte feminina. O processo de dispersão do
grão de pólen é chamado polinização e, nas gimnospermas, se dá pre-
dominantemente com a ação do vento.

81
Ciências – Unidade 4

As gimnospermas são plantas exclusivamente terrestres e apresen-


tam tamanhos variados. Pinheiros, sequoias (que chegam a ter 120
metros de altura e 15 metros de diâmetro) e araucárias são exemplos
de gimnospermas. Vivem, em geral, em ambientes frios ou tempera-
dos, sendo abundantes no Hemisfério Norte e não muito comuns em
países de clima predominantemente tropical, como o Brasil. Entre-
tanto, a araucária, ou pinheiro-do-paraná, é nativa do País e compõe
um ecossistema característico do Sul brasileiro: a Mata de Araucá-
rias. Essa mata, que ocorria desde o Paraná até o Rio Grande do Sul,
está atualmente muito reduzida, devido à exploração da madeira do
pinheiro-do-paraná. A manutenção dessa mata, no entanto, é funda-
mental para a proteção das bacias hidrográficas da região.

© Fabio Colombini

© Hércules Testa/Latinstock
Pinheiro. Araucária.

© Galyna Andrushko/123RF

Sequoia.

82
Ciências – Unidade 4

Uso das gimnospermas pelo ser humano

As gimnospermas são

© Fabio Colombini
muito utilizadas na extração de
madeira, que alimenta a indús-
tria de papéis e móveis. Delas
também são extraídas gomas e
outras resinas para a produção
de solventes, perfumes, tintas
e vernizes, além de fornece-
rem matéria-prima para a pro-
dução de resinas empregadas
como substâncias antissépticas.
Podem ser usadas, ainda, como
plantas ornamentais.

A araucária produz tam-


bém os pinhões, comida típica
das festas juninas, e que são
usados na produção de outros
alimentos. Boa parte da fauna
local se alimenta do pinhão. Pinhão.

Atividade 3 Adaptação vegetal


Diferentemente das briófitas e das pteridófitas, as gimnospermas
não precisam de água para se reproduzir. Por isso, podem crescer em
climas frios e locais mais secos.

Em sua opinião, quais são as características dessas plantas que


permitiram tais adaptações?

83
Ciências – Unidade 4

Angiospermas
As angiospermas se espalharam pelo ambiente terrestre graças
a dois fatores evolutivos que as diferenciaram das gimnospermas: o
desenvolvimento de uma proteção às sementes, chamado fruto, e de
um órgão reprodutor denominado flor.

A maioria das plantas conhecidas são angiospermas, constituindo


o grupo mais representativo de seres vivos em número de espécies
– superado apenas pelos insetos. Existem entre 250 mil e 400 mil
espécies de angiospermas em uma enorme diversidade de formas, que
vão desde pequenas plantas, com 1 milímetro de comprimento, até
eucaliptos, com mais de 100 metros. Elas são facilmente reconhecíveis
pela produção de flores e frutos. São abundantes na Terra e ocupam
os mais diversos ambientes. Sendo assim, têm grande importância na
produção de matéria orgânica em todo o planeta.
© Fabio Colombini

© Fabio Colombini

Ipê-rosa florido. Flores da bananeira.

As angiospermas são os vegetais mais complexos, pois possuem


raiz, caule, folha, flor, semente e fruto.

84
Ciências – Unidade 4

As cores, o perfume e a produção do néctar, substância nutritiva


que se apresenta nas flores, atraem insetos, aves e morcegos para as
estruturas onde a planta produz o pólen. Esses animais contribuem
para a polinização, ao levar o pólen de uma planta à outra, favore-
cendo a fecundação, que produzirá sementes. Ao envolver as semen-
tes, os frutos protegem e servem de alimento para essas estruturas,
permitindo que sobrevivam por mais tempo e possibilitando que a
dispersão delas aconteça de modo mais eficiente. Tais características
contribuíram para que esse grupo vegetal se tornasse o mais represen-
tativo das plantas, pelo menos em variedade.

Uso das angiospermas pelo ser humano


As angiospermas são as principais produtoras dos ecossistemas
terrestres, servindo também para a alimentação de animais e seres
humanos, aplicações industriais (móveis, tecidos etc.), ornamentação
(flores em geral) e fabricação de produtos farmacêuticos e cosméticos
(remédios, perfumes etc.).

Atividade 4 Revendo características


O quadro a seguir apresenta um resumo do que você estudou
sobre as plantas. Consulte o texto e verifique se as informações con-
tidas nele estão corretas. Caso localize algum equívoco, discuta com
seus colegas e corrija.

Reino Plantae
Briófitas Pteridófitas Gimnospermas Angiospermas

Úmido e Úmido e
Ambiente Frio ou temperado Diversos ambientes
sombreado sombreado
Rizoide,
Raiz, caule, Raiz, caule, folha, Raiz, caule, folha, flor,
Órgãos cauloide,
folha semente semente, fruto
filoide

Vasos Não Sim Sim Sim

Sementes Não Não Sim Sim

Exemplo Musgo Samambaia Pinheiro Banana

Indicador de
poluição e Alimentação e
Uso Ornamental Alimentação
combate à ornamental
erosão

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Ciências – Unidade 4

Atividade 5 Os animais
1. Nesta imagem, quais animais estão representados?

© Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens


2. Agora, converse com um colega para responder às questões a seguir.

a) Quais características dos animais os tornam semelhantes às plantas?

b) Quais características dos animais os diferenciam das plantas?

c) Vocês diriam que a água-viva é um animal ou uma planta?


Por quê?

86
Ciências – Unidade 4

Reino Animalia
Os animais são seres eucariontes, pluricelulares e heterótrofos, ou
seja, são formados por muitas células nucleadas e se alimentam por
ingestão de nutrientes do meio.

Há, ainda, outras características que apenas animais apresentam,


embora nem todos eles. Ao contrário das plantas, a maior parte dos ani-
mais tem a capacidade de se locomover, o que permitiu que se distribu-
íssem pelos mais diversos ambientes. Outro fator que os distingue dos
outros reinos é que apenas eles possuem tecidos nervosos e musculares.

Além disso, muitos animais apresentam simetria. Ela pode ser:

• bilateral, como em seres humanos, peixes e planárias, o que lhes


possibilita melhor equilíbrio corporal; Substrato
Qualquer objeto ou
material ao qual um
• radial, como se observa principalmente em animais aquáticos que
organismo está fixado,
vivem fixos ao substrato, o que possibilita o contato com o am- servindo de suporte a ele.
biente em várias direções, proporcionando a captura de alimentos
de maneira mais eficiente.

© Hudson Calasans
BILATERAL

Ser humano

RADIAL

Hidra Esponja
(cnidário) (ascoide ou
sinicoide)

87
Ciências – Unidade 4

Historicamente, os animais conhecidos eram classificados em dois


grandes grupos: os vertebrados e os invertebrados. A maior parte dos
animais ficava no segundo grupo – ou seja, dos que não possuem
vértebras nem coluna vertebral, como vermes, minhocas, insetos, ara-
nhas, estrelas-do-mar e outros.

No entanto, atualmente essa classificação está ultrapassada. O


reino Animalia pode ser dividido em vários filos: poríferos, cnidários,
platelmintos, nematódeos, moluscos, anelídeos, artrópodes, equino-
dermos e cordados, entre outros.

Atividade 6 Classificando os animais


1. O quadro a seguir apresenta uma lista de animais. Leia-o com
atenção.

Minhoca, baleia, lagartixa, coelho, rato, sapo, onça, tamanduá, tucano, mosca,
borboleta, tubarão, tatu, camarão, pato, barata, formiga, aranha, galinha, gafa-
nhoto, macaco, polvo, cobra.

Divida esses animais em grupos. Como você os classificaria?

2. Compare a classificação que você fez com a de seus colegas. Elas


são iguais? Qual foi o critério que você utilizou para organizar os
grupos? Por que escolheu essas características? E quanto aos seus
colegas, qual foi o critério usado por eles?

Poríferos
O termo “poríferos” faz referência ao fato de os representantes
desse filo apresentarem o corpo todo perfurado por poros microscópi-
cos. Os poríferos pertencem ao grupo mais antigo de animais de que
se tem conhecimento, tendo surgido provavelmente há cerca de 600
milhões de anos. Supõe-se que sejam a conjunção de seres unicelulares
e heterótrofos que se agruparam em colônias. Não possuem tecidos
nem apresentam órgãos ou sistemas – não têm sistemas muscular,
nervoso ou sensorial.

88
Ciências – Unidade 4

A maioria dos poríferos é marinha, mas existem também os de


água doce. Vivem presos a algum substrato, como rochas ou objetos
submersos, e se alimentam capturando restos orgânicos ou micror-
ganismos que flutuam na água que passa pelo seu corpo, através dos
poros. Os poríferos habitam muitas regiões aquáticas do planeta, de
qualquer temperatura ou profundidade, sendo encontrados tanto nas
águas polares como nas tropicais, na superfície da água ou nas regiões
mais profundas do oceano.

© Vanessa Devolder/Keystone

As esponjas marinhas são exemplos conhecidos de poríferos.

As esponjas, que são poríferos, são animais exclusivamente aquá-


ticos. Antes do advento das esponjas sintéticas, elas eram utilizadas
(e ainda são) para banho, lavar louças, carros etc. Além disso, suas
toxinas podem ser usadas na produção de remédios.

Cnidários
O grupo dos cnidários – do qual fazem parte as águas-vivas, os
corais, as caravelas e as anêmonas, por exemplo – foi o primeiro do
reino Animalia a apresentar uma cavidade digestiva no corpo. Essa
característica lhes permite ingerir porções maiores de alimento, que
podem ser reduzidos a pequenos pedaços na cavidade digestiva e,
assim, ser facilmente digeridos, antes da absorção pelas células. Tam-
bém foram os primeiros animais nos quais se constituíram tecidos,
embora sem a formação de órgãos. Em geral, vivem presos a algum
substrato, como rochas ou objetos submersos, mas algumas espécies
podem se locomover livremente.

89
Ciências – Unidade 4

Os cnidários possuem um tipo de célula especializada, que produz


toxinas que provocam irritação nos predadores. A ação dessas toxi-
Toxina
Substância de origem nas pode causar reação alérgica nas pessoas.
biológica, venenosa,
produzida pela
atividade metabólica

© Fedor Selivanov/123RF
de certos organismos.

A água-viva é
um cnidário.

Platelmintos
Os platelmintos, assim como espécies de outros grupos de ani-
mais, como os nematódeos e os anelídeos, são conhecidos popular-
mente como vermes. São animais invertebrados que: medem desde
alguns milímetros até vários metros de comprimento; têm corpo
achatado; e vivem em água doce ou salgada e em ambientes ter-
restres úmidos ou no interior de outros animais, como parasitas.
Os platelmintos surgiram na Terra provavelmente há cerca de 500
milhões de anos. Foram o primeiro grupo de que se tem registro a
possuir três camadas de tecido no início do desenvolvimento, e sime-
tria bilateral. Além disso, apresentam um princípio de formação de
cabeça, o que significa uma tendência à concentração dos principais
órgãos dos sentidos e do sistema nervoso na extremidade anterior
do corpo, a primeira a entrar em contato com os estímulos do meio,
o que acabou levando à diferenciação da cabeça.

Os principais representantes desse grupo são as planárias e as tênias


solium e saginata, além de vermes trematódeos, que parasitam seres
humanos e outros animais, como bois, porcos, cachorros, gatos etc. As
principais doenças provocadas por platelmintos são a teníase, a cisticer-
cose, a esquistossomose e outras doenças no sangue e no fígado.

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Ciências – Unidade 4

Atividade 7 Trabalho e doenças


1. Leia a notícia a seguir.

Segunda – 03/05/10 14h20 – atualizado em 03/05/10 17h12 Globo Nordeste – pe360graus

Esquistossomose ameaça trabalhadores rurais


em Pernambuco
Pesquisa da Associação Caruaruense de Ensino Superior revelou que 28,4% dos 310
moradores de Natuba, no Agreste do Estado, têm a doença

Da Redação do pe360graus.com

Quem costuma ir ao Agreste do Estado, quando Alunos da Associação Caruaruense de Ensino


passa por Vitória de Santo Antão, já deve ter visto Superior fizeram uma pesquisa com 310 morado-
plantações de verduras e legumes à beira da res de Natuba e descobriram que 28,4% deles têm
BR-232. É o distrito de Natuba, a 50 quilômetros do esquistossomose, doença causada por um parasita
Recife, fornecedor de boa parte das hortaliças que chamado de Schistossoma mansoni.
são vendidas em Pernambuco.
A transmissão se dá através do contato com a
O distrito emprega seis mil agricultores, que tra- água contaminada. Os ovos do verme são elimina-
balham nas plantações de hortaliças desde crianças. dos pelas fezes e urina humana e liberam larvas
Com a economia, está tudo bem. O problema lá é de que infectam caramujos. Depois de uma semana,
saúde pública. Os trabalhadores não usam luvas as larvas abandonam os caramujos. Presentes na
e nem botas. Por causa disso, são ameaçados por água, são elas que penetram na pele e contaminam
uma doença: a esquistossomose, também conhecida o homem. [...]
como barriga-d’água.

Esquistossomose ameaça trabalhadores rurais em Pernambuco. Globo Nordeste – Pe360graus. Disponível em:
<http://pe360graus.globo.com/diversao/cidades/sao-joao/2010/05/03/BLG,4183,4,270,DIVERSAO,1302-ESQUISTOSSOMOSE-AMEACA-
TRABALHADORES-RURAIS-PERNAMBUCO.aspx>. Acesso em: 18 dez. 2012.

2. Após a leitura da notícia, responda às questões a seguir.

a) Qual é a doença citada no texto que ataca os trabalhadores ru-


rais do Agreste de Pernambuco? Como ela contamina o homem?

Fica a dica
Muitos trabalhos
envolvem perigos nem
sempre evidentes. Antes
de assumir qualquer
b) Quais cuidados eles deveriam tomar para não serem vítimas cargo ou função,
procure se informar
dessa doença? sobre os níveis de
segurança adotados
pela empresa. Faça sua
parte, utilizando todos
os equipamentos de
segurança necessários!

91
Ciências – Unidade 4

Nematódeos
Os nematódeos (ou nematoides) reúnem grande variedade de ani-
mais de corpo cilíndrico e afilado nas duas pontas. Vivem em quais-
quer ambientes: na água salgada, na água doce, no vinagre, no solo,
em órgãos vegetais (raízes, tubérculos, caule, folhas, sementes) e em
tecidos de diferentes tipos de animais. Algumas espécies podem supor-
tar ambientes com baixa umidade por meses ou mesmo anos, como
no interior de sementes de plantas mantidas armazenadas.
Cachalote Alguns nematódeos
É o maior animal marinho com dentes já conhecido. Pode medir cerca de 18 metros são microscópicos, mas
de comprimento e ficou imortalizado na obra Moby Dick ou A baleia, romance do
estadunidense Herman Melville, publicado em 1851. podem também chegar a
mais de 8 metros de com-
primento, como o Pla-

© Dea Picture Library/Getty Images


centonema gigantissima,
parasita do cachalote.
Possuem sistema digestó-
rio completo, com boca,
tubo digestório e ânus, o
que lhes garantiu alguma
vantagem evolutiva.

Os nematódeos podem causar doenças em seres humanos, ani-


mais e vegetais.
© Rich Reid/Getty Images

© John Greim/Science Photo Library/Latinstock

Doença causada por Doença causada por nematódeos


nematódeos na cenoura. em uma pessoa (elefantíase).

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Ciências – Unidade 4

Atividade 8 Platelmintos, nematódeos e a saúde


Pesquise em livros e na internet quais são as doenças causadas por
platelmintos e nematódeos, bem como os sintomas e como evitá-las.
Registre os resultados de sua pesquisa em seu caderno, produzindo
um quadro como o do modelo a seguir.

Platelmintos Nematódeos

Doenças

Sintomas

Prevenção

Moluscos
Os moluscos são animais de corpo mole, embora alguns possuam
uma concha que protege o corpo. Essa concha pode ser externa, como
nos caramujos, mariscos e ostras, ou interna, como na lula. Mas há
também os que não têm concha, como o polvo e a lesma, entre outros.
© Planctonvideo/123RF

© Ivonne Wierink/Keystone

© Tspider/123RF

Polvo. Ostra. Caramujo.

Os moluscos apresentam simetria bilateral e têm o celoma, ou


cavidade interna, como grande novidade evolutiva. O celoma é uma
característica importante na separação entre os animais, pois permitiu
que desenvolvessem sistemas de órgãos internos complexos, como o
fígado e o estômago, que estão dentro do celoma.

Os moluscos possuem grande importância nas cadeias alimenta-


res, sendo predadores de vermes e consumidores de microrganismos,
algas e outras plantas.

93
Ciências – Unidade 4

Atividade 9 A convivência com os moluscos


O caramujo-gigante-africano é um molusco introduzido no Bra-
sil que vem se tornando uma praga, um problema de saúde pública.
Pesquise em livros e sites como ele foi introduzido no País e quais
são os problemas que ele acarreta.
© James Hager/Keystone

Caramujo-gigante-africano.

Anelídeos
Os anelídeos são animais invertebrados, de corpo cilíndrico, mole
e segmentado transversalmente, como se fosse composto por uma
sucessão de anéis – daí seu nome.

Vivem em ambientes aquáticos e em solos úmidos. Os mais


conhecidos são as minhocas, que vivem na terra; os vermes-do-fogo,
que habitam os mares; e as sanguessugas, que sobrevivem em ambien-
tes úmidos ou em água doce.
© Maria Gritsai/123RF

© Andrew J. Martinez/Photoresearchers/Latinstock
© Bildagentur RM/Tips/Glow Images

Exemplos de anelídeos: no alto,


minhoca (à esquerda) e verme-do-
-fogo. Ao lado, sanguessuga.

94
Ciências – Unidade 4

Atividade 10 Anelídeos e o ser humano


1. As minhocas são muito utilizadas pelas pessoas, seja na pesca, seja
na plantação. Como elas são usadas nessas atividades?

2. Você já ouviu falar em sanguessugas? Faça uma pesquisa

© Martin Dohrn/Science Photo Library/Latinstock


sobre esses anelídeos e descubra situações em que podem
ser nocivos ou benéficos na relação com seres humanos.
Registre suas descobertas nas linhas a seguir.

09/01/12 – 17:01 Biblioteca Virtual em Saúde

Censo 2010: uma leitura dos resultados


sobre saneamento básico
Por Mario Vettore e Gabriela Lamarca

Instalações sanitárias adequadas são usa- marcantes, que se estendem para a realidade
das por menos de dois terços da população brasileira [...].
mundial, ou seja, 2,6 bilhões de pessoas não
Segundo o último censo (IBGE, 2010), além
utilizam um sistema de fossa séptica ou têm
acesso a uma latrina ou saneamento conec- de deficiências nos sistemas de eliminação de
tado a uma rede pública de esgoto com trata- dejetos, existem também no Brasil desigualda-
mento. Essa informação alarmante presente do des regionais no que diz respeito ao saneamento.
relatório OMS/Unicef em 2010 apresenta um Enquanto no Sudeste 82,3% dos domicílios
panorama do saneamento global e deixa clara possuem saneamento adequado, no Norte esta
a presença de disparidades internacionais cobertura é de 22,4%. [...]

VETTORE, Mario; LAMARCA, Gabriela. Censo 2010: uma leitura dos resultados sobre saneamento básico. Biblioteca Virtual em Saúde.
Disponível em: <http://dssbr.org/site/2012/01/censo-2010-uma-leitura-dos-resultados-sobre-saneamento-basico/>. Acesso em: 21 nov. 2012.

95
Ciências – Unidade 4

Você estudou

Nesta Unidade, você estudou as plantas e os animais, per-


cebendo que a seleção natural tem um papel fundamental para
a biodiversidade que se vê atualmente entre os seres vivos.

Viu que as plantas, desde briófitas até angiospermas, exis-


tem há muito tempo e que foram evoluindo e se transforman-
do. Discutiu que o desenvolvimento de vasos para distribuir os
nutrientes permitiu a certas espécies ter maior tamanho, e que
sementes, flores e frutos ampliaram a possibilidade de disper-
são pelo ambiente.

Estudou as características que diferenciam as plantas dos


animais e conheceu algumas divisões do reino Animalia.

Pense sobre

A agricultura é um meio de produção que envolve algumas plantas,


animais e o trabalho humano. Que tipos de trabalho podem ser gera-
dos na interação do ser humano com as plantas e os animais?

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