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ESTUDOS

CULTURAIS
ANTROPOLÓGICOS

Guilherme Marin
Relações étnico-raciais,
ensino da história e
cultura afro-brasileira,
africana e indígena
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância das matrizes indígena, europeia e africana


na formação histórica e cultural do Brasil.
 Desenvolver uma abordagem sobre o histórico das Leis nº 10.639/2003
e nº 11.645/2008.
 Abordar as possibilidades de trabalho acerca da cultura afro-brasileira,
africana e indígena através do ensino de história.

Introdução
O Brasil é um país fortemente marcado pela diversidade étnico-racial de-
corrente da presença das matrizes indígena, europeia e africana ao longo
da história. As Leis Federais nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008 constituem
marcos na legislação brasileira e afirmam justamente a necessidade de se
pensar uma educação que reconheça e valorize as diferentes visões de
mundo, as experiências históricas e a contribuição dos diferentes povos
na formação cultural de nossa sociedade. Ao educador cabe conhecer
os debates existente em torno de tais legislações e pensar um ensino
que vise promover a igualdade no exercício da cidadania e, sobretudo,
o respeito às diferenças. Concebemos que o ensino de história pode se
configurar em importante via para a concretização das temáticas em
pauta, conforme você vai ver ao longo deste texto.

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2 Relações étnico-raciais, ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena

A importância das matrizes indígena, europeia


e africana na formação histórica e cultural do
Brasil
O Brasil é um país marcado pela diversidade, a começar pelas suas carac-
terísticas naturais, a pluralidade dos povos que formam a sua população e a
heterogeneidade dos aspectos históricos e culturais que formam o mosaico
da sociedade brasileira. Em outros termos, podemos dizer que a formação do
povo brasileiro é decorrente da presença e das relações entre povos indígenas,
africanos e imigrantes europeus (TRENNEPOHL, 2014). Para acompanhar
esse processo de formação, partiremos do aspecto retrospectivo, tecendo uma
breve caracterização das diversas etnias que contribuíram para a constituição
do povo brasileira, porém, sempre tendo em vista que nesse caminho não
houve nada de pacífico, pois os diversos grupos sociais se relacionaram de
maneiras diferenciadas.
A costa atlântica, ao longo de milênios, foi percorrida e ocupada por inume-
ráveis povos indígenas que disputavam os melhores lugares para se alojarem.
Nos últimos séculos, porém, os índios de fala tupi, bons guerreiros, instalaram-
-se ao longo de toda a costa atlântica pelo Amazonas acima, subindo pelos
rios principais, como o Paraguai, o Guaporé e o Tapajós até suas nascentes.
Configuraram, desse modo, a ilha Brasil, prefigurando o que viria a ser o
nosso país (RIBEIRO, 1995).
O legado indígena começou com a inspiração para a construção das pri-
meiras casas portuguesas, seguindo com a rede para dormir, o banho de rio, o
uso da mandioca na alimentação, cestos de fibras de vegetais e um numeroso
vocabulário nativo, principalmente tupi, associado às coisas da terra: no nome
dos lugares, nos vegetais e na fauna (FRANTZ; TRENNEPOHL, 2014).
Mas as contribuições indígenas não param por aí. A primeira contribuição
dos povos indígenas teve início logo após a chegada dos portugueses, uma vez
que os índios, pacificados e dominados, ensinaram-lhes as primeiras formas
de sobrevivência na selva, como lidar com várias situações perigosas nas
matas e como orientar-se nas diversas expedições realizadas (SURUÍ, 2017).
Nas expedições empreendidas pelos desbravadores e colonizadores portu-
gueses, os indígenas fizeram-se presentes como guias e serviçais, conforme
atestam vários registros documentais da época. Ao longo de toda a história
da colonização brasileira, os povos indígenas estiveram ora como aliados na
expulsão de outros invasores estrangeiros, ora como mão de obra nas frentes
de expansão agrícola ou extrativista (SURUÍ, 2017).

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Além disso, os índios, através de sua forte ligação com a floresta, descobri-
ram nela uma variedade de alimentos, como a mandioca (e suas variações como
a farinha, o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju e o guaraná, utilizados
até hoje em nossa alimentação. Esse conhecimento das populações indígenas
em relação às espécies nativas é fruto de milhares de anos de conhecimento da
floresta. Neste âmbito, eles experimentaram o cultivo de centenas de espécies
como o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o tomate, o amendoim, o tabaco,
a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate e o guaraná (PROGRAMA DE
DOCUMENTAÇÃO DE LÍNGUAS E CULTURAS INDÍGENAS, 2012).
Outro benefício que faz parte da herança indígena diz respeito às florestas,
plantas e ervas medicinais. O conhecimento da flora e das propriedades das
plantas os fez utilizá-las nos tratamentos de doenças. Por exemplo, a alfavaca,
que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo, que é digestivo,
antitóxico, combate a prisão de ventre e que pode ser usado também nas
febres intermitentes, são descobertas dos índios ainda utilizadas por muitas
pessoas no cotidiano (PROGRAMA DE DOCUMENTAÇÃO DE LÍNGUAS
E CULTURAS INDÍGENAS, 2012).
Os portugueses, provenientes da Península Ibérica (na Europa), possuíam
no rol de suas experiências culturais o contato com povos fenícios, gregos,
romanos, judeus, árabes, visigodos, mouros, celtas e africanos. É deles o
idioma português, principal veículo da cultura brasileira e, por extensão, da
cultura greco-romana, marco da civilização ocidental. Deles provém a religião
católica, com seus anjos e santos, depois simbioticamente unidos a entidades
de religiões africanas (FRANTZ; TRENNEPOHL, 2014).
Em termos culturais, podemos elencar várias contribuições lusitanas à
formação cultural brasileira. No que se refere ao calendário, pode-se dizer
que as duas festas mais difundidas no Brasil, o carnaval e as festas juninas,
só chegaram aqui por intermédio dos portugueses. Chamada inicialmente
de ‘joanina’ por homenagear São João, as festas dos santos populares, como
são conhecidas em Portugal, acabaram virando festa junina, incorporada aos
costumes locais brasileiros. Outros exemplos de festas populares que tem o pé
em Portugal são a Festa do Divino, a Farra do Boi e a Folia de Reis (MUNDO
LUSÍADA, 2016).
Além das festas populares, o folclore brasileiro também sofreu grande
influência do folclore lusitano, incorporando uma série de criaturas e seres
mágicos que faziam parte do imaginário do povo português, tais como o
bicho-papão, a cuca e o lobisomem. Diversas danças brasileiras também
vieram de Portugal. Destaque para o maracatu, o fandango e a caninha-verde.
Ritmo musical tradicional do Nordeste, especialmente nas cidades de Olinda e

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Recife, no estado de Pernambuco, acredita-se que o maracatu tenha chegado


ao Brasil pela mão dos portugueses por volta de 1700. Já o fandango, dança
em pares que tem raiz no Barroco, adentrou no país cerca de meia década
depois e permanece popular até hoje no Sul. Outra modalidade de dança de
pares, a caninha-verde é ainda mais antiga, tendo sido introduzida durante o
Ciclo da Cana-de-Açúcar em regiões canavieiras por todo o país. Atualmente
é considerada típica do Ceará (MUNDO LUSÍADA, 2016).
Outra grande herança portuguesa para a cultura brasileira são as cantigas
de roda, que eram bastante comuns em Portugal na época do descobrimento.
Músicas clássicas como Escravos de Jó, Sapo Cururu e Roda Pião, além das
populares Atirei o Pau no Gato e Ciranda-Cirandinha, são todas de origem lusi-
tana. Muitos dos pratos hoje considerados típicos da gastronomia brasileira são
nada menos que resultado de adaptações da culinária portuguesa às condições
do Brasil Colônia. Alguns exemplos são a feijoada, o quindim, o caldo verde,
a cachaça e, claro, a bacalhoada. Do mesmo modo, várias frutas, legumes e
verduras naturais de Portugal foram trazidos para serem plantados em terras
brasileiras e, com isso passaram a ser introduzidos nas comidas daqui, como
jaca, fruta-do-conde, coco, manga, couve, pepino, alface, cebola e alho, entre
vários outros, além dos condimentos e ervas (MUNDO LUSÍADA, 2016).
A influência africana no processo da formação da sociedade brasileira
começou a ser delineada pelo tráfico negreiro, com o qual milhões de africanos
deixaram, forçadamente, o continente africano e despontaram no Brasil para
exercer o trabalho escravo (FERREIRA, 2013). Para garantir o controle sobre
eles, separaram-nos, dificultando a comunicação e a fuga. Mesmo assim,
tornaram-se a principal força de trabalho no Brasil, contribuindo para o desen-
volvimento da economia brasileira durante os primeiros séculos (FRANTZ;
TRENNEPOHL, 2014).
O escravo africano era um elemento de suma importância no campo eco-
nômico do período colonial, sendo considerado “[...] as mãos e os pés dos
senhores de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar
e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente [...]” (ANTONIL, 1982, p. 89
apud FERREIRA, 2013). Em outros termos, para os portugueses, a escravidão
era necessária para a execução de seu projeto de desenvolvimento.
Contudo, a contribuição africana no período colonial foi muito além do
campo econômico, uma vez que os escravos souberam reviver suas culturas
de origem e recriaram novas práticas culturais através do contato com outras

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culturas. Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os africanos, ainda,


incorporaram algumas práticas europeias e indígenas, além de influenciá-los
culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados contribuiu
para uma formação cultural afro-brasileira híbrida e bastante peculiar (FER-
REIRA, 2013).
É válido destacar que os africanos não constituíam um grupo homogêneo
entre si. Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se desta-
caram no Brasil: os bantos e os sudaneses. Os bantos foram assim classificados
devido à relativa unidade linguística dos africanos oriundos de Angola, Congo
e Moçambique. No Brasil, bantos e sudaneses se misturaram, resultando em
cruzamentos biológicos, culturais e religiosos (FERREIRA, 2013).
Segundo Paiva (2001, p. 36):

Misturavam-se informações, assim como etnias, tradições e práticas


culturais. Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela
apropriadas para designar grupos diferentes de pessoas, para indicar
hierarquização das relações sociais, para impor a diferença dentro de
um mundo cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos que a
escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas coloniais,
reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à matéria vegetal, mineral,
animal e cultural.

Assim, é possível perceber que as relações culturais estabelecidas entre


os povos africanos propiciaram a construção de uma identidade cultural bra-
sileira ou uma cultura afro-brasileira (FERREIRA, 2013), uma vez que eles
não tiveram medo de “inventar códigos de comportamentos e de recriarem
práticas de sociabilidade e culturais” (PAIVA, 2001). Assim, este cruzamento
foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar
ao Brasil (Figuras 1 e 2).
Por fim, é válido considerar que as três matrizes étnicas aqui analisadas
são partes constitutivas da formação histórica e cultural brasileira. Cada
um, à sua maneira, exerceu contribuições significativas para a constituição
do mosaico cultural de nosso território e, como pudemos observar, não de
forma homogênea ou pacífica, mas sim fortemente heterogênea e também
repleta de contradições. Eis aqui uma pequena parte da origem do Brasil que
conhecemos e ao qual pertencemos.

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Figura 1. Jogo de Capoeira: mescla de movimentos de artes marciais


e musicalidade, de origem africana, praticado no Brasil desde o
século XVI. Em novembro de 2014, recebeu o título de Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO.
Fonte: Will Rodrigues/Shutterstock.com

Figura 2. A forte presença indígena na cultura brasileira.


 Fonte: Filipe Frazao/Shutterstock.com

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Roda de Capoeira: Patrimônio da Humanidade


Uma das manifestações culturais mais conhecida no Brasil e reconhecida no mundo, a
Roda de Capoeira recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O
título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO). Após votação durante a 9ª sessão do Comitê Intergovernamental para
a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, a Roda de Capoeira ganhou oficialmente o título.
Originada no século XVII, em pleno período escravista, a capoeira desenvolveu-se
como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados, estratégia
para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da iden-
tidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de ter praticantes
em mais de 160 países, em todos os continentes.
A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira tiveram o reconhecimento do
IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2008 e estão inscritos, respectivamente,
no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes. O
Patrimônio Cultural Imaterial abrange expressões de vida e tradições de toda parte do
mundo que ancestrais passam para seus descendentes. Segundo a UNESCO, embora
procure manter uma identidade e continuidade, esse patrimônio é vulnerável porque
muda constantemente.
Por isso, a comunidade internacional adotou a Convenção para a Salvaguarda do
Patrimônio Cultural Imaterial em 2003. O documento legal define o que é Patrimônio
Cultural Imaterial, além de definir também o comitê e os métodos de trabalho dele
(Portal Brasil, 2014).

Uma abordagem sobre o histórico das leis nº


10.639/2003 e nº 11.645/2008
Em 2003, concretizou-se uma antiga reivindicação dos movimentos negros com
a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana
nas instituições públicas e privadas do Brasil, a partir da promulgação da Lei
Federal 10.639/2003.

[...] Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,


oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura
Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo
incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros
no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade

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nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,


econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2 Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira [...] (BRASIL, 2003).

Com a Lei, que posteriormente foi alterada para Lei nº 11.645/2008, pela
primeira vez na história do ensino de História, Arte e Literatura temáticas
dedicadas aos africanos e afro-brasileiros perpassariam, ao menos oficialmente,
para além da passividade e da escravidão, na medida em que fora enfatizado
o ensino e aprendizagem da “luta” do povo africano e de seus descendentes e
suas contribuições para a formação social, política, cultural e econômica do
Brasil (MURINELLI, 2012).
A década de 1980 é demarcada como sendo de grande luta de movimentos
em favor da causa afrodescendente e do combate à desigualdade racial e aos
preconceitos. Na década seguinte, as temáticas ligadas às questões étnico-
-raciais passaram a ter mais importância dentro dos debates políticos. É somente
nessa década, por exemplo, que a mídia, a sociedade, o governo da União e
as instituições escolares se voltaram, de fato, para essas questões e passaram
a discuti-las de modo mais apropriado e profundo.
Nesse mesmo período histórico, outras políticas públicas especificamente
voltadas para a população afrodescendente foram criadas, como, por exemplo,
a instauração do Movimento Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC),
inicialmente no Estado do Rio de Janeiro, com a intenção de promover a
entrada nos alunos negros nas universidades públicas. A Marcha Zumbi dos
Palmares, no ano de 1995, também contribuiu para que o Estado brasileiro
voltasse seus olhos para as lutas anti-racistas, forçando, a partir de então, o
reconhecimento público da existência do racismo no Brasil e incentivando,
assim, uma ação mais diretiva no sentido de se discutir o problema e realizar
algumas medidas de combate ao racismo.
No ano de 1996, o Governo da União lançou o Programa Nacional de
Direitos Humanos, isto é, um documento que estabelece um conjunto de
metas para promover os Direitos Humanos, de modo geral, e a luta contra a
discriminação racial de modo específico. No conjunto dessas proposições,
encontravam-se ações afirmativas para negros e outras propostas de políticas
públicas, voltadas para a superação da discriminação racial e exclusão social
que impediam muitos brasileiros de se tornarem cidadãos.
Foi a partir do contexto constitucional que o deputado Paulo Paim apre-
sentou à Câmara Federal a proposição de lei que seria o princípio da Lei nº

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10.639/2003, muito embora tal projeto tenha sido arquivado em 1995. Todavia,
uma das grandes conquistas foi a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB – 9.394/1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs). De acordo com essas leis, vemos o tema Pluralidade Cultural, em
que se enfatiza a necessidade de trabalho e compreensão das diversas culturas
que formam a sociedade brasileira, defendendo a tolerância e a diversidade
étnica e cultural.
Na década de 2000, presenciou-se uma intensificação dos debates acerca
da questão étnico-racial no Brasil. O ponto culminante se deu com o envol-
vimento do Estado e, por conseguinte, com a participação do Brasil na “III
Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia
e Intolerância Correlata”, organizada pela ONU e realizada em Durban, na
África do Sul, no ano de 2001 (MURINELLI, 2012).
Conforme aponta Marques (2014), a Conferência de Durban fortaleceu as
entidades do Movimento Social Negro, demonstrando a necessidade de se
implantar, no Brasil, ações afirmativas e políticas de combate ao racismo e às
desigualdades étnico-raciais. Ainda segundo a autora, apesar de ser possível
identificar avanços significativos para a população negra, especialmente garan-
tidos por meio de legislações advindas do governo Fernando Henrique Cardoso
e fortalecidos nos mandatos de Luis Inácio Lula da Silva, a desigualdade entre
negros e brancos ainda permanece. A ideologia etnocêntrica é hegemônica e
ainda dita muitos dos princípios e regras da educação brasileira.
Em suma, convém destacar que a Lei nº 10.639/2003 é fruto do Projeto
de Lei nº 259/99, proposto na Câmara dos Deputados pelo então Deputado
Federal pelo PT/MS Eurídio Benhur Ferreira, ativista do Movimento Negro
de Campo Grande (Grupo TEZ Trabalho - Estudos Zumbi), e pela Deputada
Federal Ester Grossi (PT/RS). Com a aprovação daquela Casa de Leis, foi
enviado ao Senado da República no dia 05 de abril de 2003 e, no dia 09 de
maio de 2003, sancionado (MARQUES, 2014).
Segundo Marques (2014, p. 558):

A referida lei representou um avanço significativo no campo do cur-


rículo e, consequentemente, no trabalho docente, na medida em que
disciplina a educação das relações étnico-raciais, quando entende que é
imprescindível que as práticas escolares reflitam sobre o etnocentrismo
e enfrentem o racismo, o preconceito e a discriminação racial, por muito
tempo marginalizados no contexto das escolas do Brasil.

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Em 2008, após pressões dos movimentos indígenas e indigenistas no Brasil,


obteve-se a aprovação da Lei nº 11.645/2008, na qual as mesmas orientações
com relação às temáticas afro-brasileiras e africanas foram destinadas às
temáticas indígenas. Desse modo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (9394/96), no que diz respeito à diversidade cultural brasileira, em
seu Artigo 26-A, passou a ter a seguinte redação:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino


médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e
cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º. O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá
diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação
da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o
estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio
na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições
nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º. Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos
povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o cur-
rículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura
e história brasileira. (BRASIL, 2008).

Freitas (2010) tece uma importante consideração: a inclusão da experiência


indígena no ensino de história é um direito dos indígenas e também dos não
indígenas. Como entender essa generalização? A resposta, conforme o autor,
está no cultivo da necessária ideia de diversidade: nossos filhos têm o direito
de saber que não estão sozinhos no mundo e que a escola, a TV, os livros, a
feira, o futebol e a cidade não foram inventados, apenas, para o seu próprio
usufruto e o do seu grupo de amigos e vizinhos. Nossos alunos têm o direito
de saber que os seus modos e os modos de viver (pensar, agir e sentir) dos
seus pais não são os únicos possíveis, os principais ou os mais adequados a
serem reproduzidos dentro de uma mesma escola.
Em suma, nossos filhos e alunos têm o direito de saber que as pessoas são
diferentes. Eles precisam saber que o mundo é plural e a cultura é diversa.
Que essa diversidade deve ser conhecida, respeitada e valorizada. E mais,
eles precisam saber que a diferença e a diversidade são benéficas para a
convivência das pessoas, a manutenção da democracia e a sobrevivência de
nossa espécie (FREITAS, 2010).

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As possibilidades de trabalho acerca da cultura


afro-brasileira, africana e indígena através do
ensino de história
Após as reflexões aqui tecidas em torno das relações étnico-raciais e as leis nº
10.639/2003 e nº 11.645/2008, destinaremos esta parte final do texto a elencar
algumas possibilidades de trabalho e abordagens acerca da cultura afro-
-brasileira, africana e indígena a partir do ensino de história. Compreende-se
que uma abordagem por meio da História abre perspectivas para pensar as
temáticas em outras áreas do conhecimento.
Assim, diante da relevância e do dever de ensinar a cultura e a história
africana, afro-brasileira e indígena, é necessário perguntar: Quais são os
temas e conteúdo a serem abordados? Quais aspectos da cultura em questão
devem ser considerados? Quais metodologias e recursos serão necessários
para trabalhar as temáticas selecionadas?
Conceição (2010) comenta que, com relação aos temas e conteúdos, é
importante fugir dos estereótipos que demarcam as culturas africana e indí-
gena como sendo algo exótico. É preciso selecionar temas e conteúdos que
apresentem a valorização das lutas dos negros no Brasil (e no mundo), seus
diferentes modos de vida, sua cultura, formas de sobrevivência, contribuições
para a política e para a economia. Através do ensino de história, perpassando
outras disciplinas, é importante destacar a formação dos Quilombos e das
comunidades quilombolas no passado e na atualidade. As diferentes formas de
resistência dos negros no Brasil e o modo como se constituíram, por exemplo,
os movimentos sociais negros e indígenas na atualidade.
Observe nos tópicos abaixo outras possibilidades de trabalhos, abordagens
e significados, conforme listadas por Conceição (2010):

 Candomblé (significado para os afro-brasileiros): praticado no Brasil,


desde o século XVIII, essa expressão religiosa é caracterizada pelo culto
aos orixás através de um rico ritual de trocas simbólicas no qual nenhuma
entidade, bichos, plantas, minerais, homens (vivos e mortos) é excluída
da busca da força vital ou axé. Como exemplo de preservação da tradição
de matriz africana, o Candomblé vem sendo ressignificado para os dias
de hoje. Como já foi visto socialmente? Prática de feitiçaria, animismo;
motivo de perseguição pela Igreja Católica através do Santo Ofício.

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 Brincadeiras de negro: folguedos, danças e batuques (significado para


os afro-brasileiros): estratégia disfarçada dos negros para reviver seus
ritos, cultuar seus deuses e retomar a linha do relacionamento comu-
nitário. Como já foram vistas socialmente? Inicialmente aconselhadas
pelos colonizadores como estratégia de controle dos negros escravos,
passou a ser proibida nos textos legais do Império a partir de 1814.
 Capoeira (Significado para os afro-brasileiros): manifestação de ma-
triz africana reelaborada no Brasil a partir do repertório de vivências
dos africanos e seus descendentes; desde o século XIX faz parte das
tradições afro-brasileiras. Congrega elementos da ancestralidade afri-
cana e da historicidade dos contextos sociais. Mistura de luta, jogo,
mandinga, musicalidade e corporalidade, expressa um profundo diálogo
com a identidade afro-brasileira. Como já foi vista socialmente? Pelo
Decreto nº 847/1890 do Código Penal da República dos Estados Unidos
do Brasil foi considerada contravenção penal e somente nos anos 1930
sai oficialmente da ilegalidade.

Perceba que tais temáticas, embora possam ser privilegiadas no ensino de


história, podem perpassar outras áreas do saber, e tudo dependerá da cria-
tividade do professor ou do orientador da atividade. Essas são algumas das
temáticas possíveis de serem trabalhadas. O importante é sempre buscar fugir
dos estereótipos e mostrar que tais práticas e manifestações são elementos
fundamentais para a compreensão de nossa própria sociedade.
No que se refere especificamente às temáticas indígenas, listamos a seguir
algumas possibilidades a partir das reflexões de Silva (2012):

 Considerar sempre a atualidade dos povos indígenas. Ou seja, por


meio de usos de mapas para localização dos povos indígenas atuais,
desvincular a ideia de passado colonial em que todos os índios supos-
tamente foram exterminados. O Censo do IBGE/2010 contabilizou a
população indígena no Brasil em cerca de 900 mil indivíduos – os que
se autodeclaram índios.
 Dar ênfase nas sociodiversidades indígenas, desmistificando ima-
gens genéricas do “índio”, da chamada “cultura indígena”. É preciso
discutir as diferentes expressões socioculturais indígenas no passado e
no presente, questionando a clássica dicotomia ‘Tupi’ versus ‘Tapuia’.
Sugere-se, por exemplo, utilizar fotografias para demonstrar as socio-
diversidades dos povos indígenas no Brasil.

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 Evidenciar a participação efetiva dos povos indígenas nos diversos


momentos históricos ao longo da história do Brasil, desnaturalizando a
ideia equivocada da presença do “índio” apenas na época do ‘Descobri-
mento’ ou somente na “formação do Brasil”. Ou seja, problematizando
o lugar pensado e o ocupado pelos povos indígenas na história do país.

Silva (2012) enfatiza que é interessante, ainda, promover momentos de


intercâmbio entre os povos indígenas e os estudantes durante o calendário
letivo, por meio de visitas previamente preparadas do alunado às aldeias, bem
como de indígenas às escolas. Essa ação deve ser desenvolvida, sobretudo, nos
municípios onde atualmente habitam povos indígenas, como forma de buscar
a superação dos preconceitos e as discriminações.

“O povo brasileiro” é um documentário elaborado a partir da obra homônima de


Darcy Ribeiro (1995). Em “O Povo Brasileiro”, o antropólogo Darcy Ribeiro nos conduz
pelos caminhos da nossa formação como povo e nação.
Afinal, quem são os brasileiros? Que matrizes nos alimentaram? Que traços nos
distinguem? A série é uma recriação da narrativa de Darcy Ribeiro em linguagem
televisiva. Os programas, de 26 minutos cada, discutem a formação dos brasileiros, sua
origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou.
Com imagens captadas em todo o Brasil, material de arquivo raro, depoimentos
de Antonio Cândido, Luis Melodia e Antonio Risério, entre outros, e a participação
especial de Chico Buarque e Tom Zé, o documentário propicia um debate sobre
nossas origens, nossos percursos históricos, nossos temas e problemas e também
nossas perspectivas de futuro.
Em 1995, lendo os primeiros capítulos dos originais de “O Povo Brasileiro”, Isa Grinspum
Ferraz sugeriu a Darcy Ribeiro (1922-1997), com quem colaborou por 13 anos, que
contasse aquela história para mais gente, em programas de televisão. Apesar de já
muito doente, Darcy aceitou a provocação e, por quatro dias, tornou-se ator de um
grande depoimento sobre a formação cultural d’O Povo Brasileiro.
Os capítulos do documentário estão divididos nas seguintes temáticas: Matriz Tupi;
Matriz Lusa; Matriz Afro; Encontros e Desencontros; Crioulo; Brasil Sertanejo; Brasil
Caipira; Brasil Sulino; Brasil Caboclo; Invenção do Brasil; O povo Brasileiro.
Direção: Isa Grinspum Ferraz (2000).
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14 Relações étnico-raciais, ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena

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de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir
no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República,
2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>.
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de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
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16 Relações étnico-raciais, ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena

Leituras recomendadas
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