Propriedades Térmicas

As propriedades térmicas são a resposta produzir um aumento de 1ιC na

dos materiais frente a uma variação de temperatura do material. A unidade de
temperatura. medida é J/mol-K ou cal/mol-K.
Quando um sólido é aquecido, sua energia O calor específico (c) é a capacidade
interna e sua temperatura aumentam, calorífica por unidade de massa, isto é, a
isto é, o material assimila energia na quantidade de energia necessária para
forma de calor. produzir um aumento de 1ιC na
temperatura de 1 g de material. A unidade
>> Como um material assimila calor? de medida é J/kg-K ou cal/g-K.
De três maneiras principais: Existem duas formas de medir a
capacidade calorífica de um material:
> Através do aumento da frequência de
quando o sistema está com volume
vibração de seus átomos/moléculas. Essa
constante (Cv) ou, quando o sistema está
vibração está presente em todos os
com pressão constante (Cp).
materiais acima de zero K e pode ser
percebida e se propaga no interior dos
materiais como uma onda mecânica, tal >> Fenômenos de transmissão de calor
como o som. Estas ondas chamamos de
FÔNONS.
> Através do aumento da energia cinética
de elétrons livres.
> Através de radiação térmica
(irradiação). Qualquer corpo acima de zero
K emite energia eletromagnética. Esta
emissão ocorre na faixa do infravermelho,
uma radiação invisível aos nossos olhos.
Mas em temperaturas acima de 600ιC,
para grande parte dos materiais, existe a
emissão conjunta de radiação
Radiação: é transferência de calor
eletromagnética na faixa do visível. Assim,
realizada por meio de ondas
começamos a perceber, além da emissão
eletromagnéticas.
de calor, um brilho avermelhado. Com o
aumento da temperatura a cor emitida Convecção: é um processo de transmissão
varia, passando do vermelho para o de calor que ocorre em virtude dos
alaranjado, amarelo, azul e por fim branco. movimentos ascendente e descendente de
(dica: veja relação entre energia e comprimento de onda um fluido que se encontra fora de
– cor – no capítulo das propriedades ópticas). equilíbrio térmico. Como aquela frase: “o
ar quente sobe o ar frio desce”.
>> Capacidade calorífica ou capacidade
térmica (C) Condução: transferência de calor dentro
de um mesmo material ou mediante o
A capacidade calorífica (C) mede a contato entre as superfícies de dois ou
habilidade de um material absorver calor mais corpos que se encontram em
de sua vizinhança. Representa a diferentes temperaturas.
quantidade de energia necessária para
>> Condutividade térmica (k)
A condutividade térmica (k) é a
propriedade que indica a capacidade de um
material transferir calor das regiões de
maior temperatura para as regiões de
baixa temperatura.
T1 T2<T1
fluxo de calor
O calor é transportado nos sólidos de
duas maneiras principais: por fônons (kf) e
pela movimentação de elétrons livres (ke).
A condutividade térmica é diretamente
proporcional ao número de
transportadores de calor (n); velocidade
média destes transportadores (v); ao
calor específico do material (c) e à
distância média entre colisões que
dispersam os transportadores (l).
Ex.
Alumínio: k=237 Wm−1 K−1
Aço inox 304: k~15 Wm−1 K−1
Al2O3: k~30 Wm−1 K−1
Polietileno (PE) comum: k=0.2–0.5 Wm−1 K−1
Madeira pinus: k=0,13 Wm−1 K−1
Isopor®: k=0,03 Wm−1 K−1
Ar: k=0,03 Wm−1 K−1
>> Mecanismos de condução do calor
Nos metais: ke>>kf: pois os elétrons livres
têm maior velocidade e não são
espalhados facilmente pelos defeitos
como os fônons.
Metais = condução eletrônica de calor.
Nos não metais: kf>>ke: pois não possuem
elétrons livres. Assim, contam apenas com
a contribuição dos fônons para a
condução de calor. Fônons são ineficientes
por serem ondas mecânicas (lentas) e
facilmente espalhadas por defeitos.
Não-metais = condução de calor por
fônons.
>> Fatores que afetam a condutividade
térmica nos materiais
Temperatura; composição (elementos de
liga metálica e impurezas); porosidade;
cristalinidade (amorfo ou cristalino);
forma e orientação de grãos, fases,
defeitos e porosidade.
Efeito da pureza e da temperatura em
METAIS
A condutividade
térmica dos metais
diminui com a adição
de elementos de liga e
impurezas.
Estes agem como
centros de
espalhamento para os
elétrons.
A variação da temperatura tem pouca
influência na condutividade térmica dos
metais. Por um lado, há o aumento da
energia cinética dos elétrons, que contribui
com um aumento da condutividade
térmica, mas, por outro lado, há o
aumento das colisões que causam o
espalhamento dos elétrons levando a uma
diminuição da condutividade.
Efeito da temperatura em NÃO-METAIS
A condutividade
térmica das
cerâmicas, por
exemplo, diminui
com o aumento da
temperatura. Isso
é causado pela
agitação térmica
que afeta a
propagação dos
fônons.
Acima de certa temperatura, porém, pode
ocorrer o aumento da condutividade térmica,
devido ao início da transmissão de calor por
radiação.
>> Expansão térmica
Com o aumento da temperatura a
grande maioria dos sólidos se expande. A
origem deste fenômeno está relacionada
à energia das ligações interatômicas.
Ao ser aquecido um material absorve
energia. Isso faz com que sua energia
interna aumente. Assim, novas condições
de equilíbrio de distância interatômicas
devem ser satisfeitas para esta nova
condição mais energética do sistema.
 A diferença de temperatura entre a
superfície fria e o interior quente depende
basicamente da condutividade térmica do
material (k):

(T2-T1) v 1/k.

Associando a equação da tensão gerada

pelo choque térmico e a equação da
Como a curva de energia por distância
diferença de temperatura entre a
interatômicas não é simétrica, pois a
superfície e o interior do material,
energia de repulsão é mais intensa que a
determina-se o parâmetro de resistência
de atração, quando o sistema assume um
ao choque térmico (RCT):
patamar energético maior, mais positivo, o
equilíbrio das energias de atração e
repulsão ocorre com o deslocamento dos RCT = Vf . k / E . D
átomos no sentido de se afastarem.
Assim, macroscopicamente, percebemos
>> Para saber mais:
que ao ser aquecido os materiais se
expandem. Polímeros com condutividade térmica maior que aço
inox e cerâmicas:
https://www.nature.com/articles/s41467-019-09697-7
>> Choque térmico
Os materiais frágeis, como as cerâmicas,
que não apresentam deformação plástica,
são suscetíveis ao choque térmico.
O choque térmico ocorre quando há uma
diferença significativa de temperatura
entre a superfície e o interior do material.
Imagine um material que esteja
totalmente e homogeneamente aquecido
a uma temperatura T2. Quando
resfriamos este material rapidamente
até uma temperatura T1, a superfície, por
onde o material troca calor, esfria
primeiro que o interior do material. Isso
faz com que ocorra uma contração
térmica, enquanto o interior ainda está
expandido pelo calor.
A tensão causada na superfície fria é:
módulo de elasticidade coeficiente de expansão térmica

V= -E.D(T2-T1)
Se esta tensão causada pela contração
(V) for igual ou maior que a tensão de
ruptura do material, ele irá se romper.
Assim, existe uma diferença de
temperatura crítica que vai gerar a
fratura de um material por choque
térmico.
 Propriedades Ópticas
As propriedades ópticas são a resposta
dos materiais frente a um estímulo
eletromagnético.
Em ciência dos materiais se estuda,
particularmente, os efeitos da luz visível
(comprimento de onda de 400 a 700 nm)
nos materiais.
Espectro eletromagnético:
A radiação eletromagnética se propaga na
forma de ondas. Estas ondas possuem
frequência (f), amplitude (A), energia (E) e
comprimento de onda (Ɖ).
A radiação eletromagnética também pode
ser entendida como a propagação de
fótons que são pacotes de energia (diz-se
que a energia eletromagnética é
quantizada).
Existe uma relação matemática entre o
comprimento de onda de uma radiação
eletromagnética e sua energia (a energia
do fóton):
INTERAÇÃO DA LUZ COM OS SÓLIDOS
A luz incidente (I
I) pode ser refletida (R
R),
transmitida (TT) ou absorvida (AA).
I = R+T+A
Materiais transparentes: a transmissão é
muito maior que a reflexão e, a
absorbância é praticamente nula.
Materiais opacos: a transmissão é nula, a
reflexão é baixa e a absorção é alta.
Materiais translúcidos: a luz é transmitida
de maneira difusa: há baixa transmissão e
reflexão e, absorção variável.
>> METAIS
Os metais são opacos à radiação visível.
A radiação visível tem energia suficiente
para ser absorvida pelos elétrons dos
metais e promovê-los a níveis maiores de
energia.
Essa absorção de energia ocorre em
profundidade inferior a 0,1 Pm. Isto quer
dizer que películas metálicas com
espessura inferior a 0,1 Pm podem
transmitir luz visível.
Os metais apresentam brilho metálico e
quando bem limpos e polidos apresentam-
se como espelhos.
Entre 90 a 95% da luz visível absorvida
pelos metais é posteriormente refletida.
 Se um não-metal possuir band gap menor
Ao iluminar metais com luz branca, a cor do que 1,8 eV, a luz visível possui energia
dos metais é determinada pela distribuição suficiente para promover os elétrons da
dos comprimentos de onda que são Bv para a Bc. Assim, estes materiais são
refletidos. opacos, pois a luz visível foi totalmente
absorvida.
Luz branca: mistura de todos os
comprimentos de onda da radiação Se um não-metal possuir band gap maior
visível (mistura de todas as cores) do que 3,1 eV, a luz visível não tem energia
suficiente para promover os elétrons da
Para metais coloridos como o ouro Bv para a Bc. Assim, estes materiais são
(amarelo, Ɖ = 570-590 nm) parte da transparentes, não absorvem nenhum
energia correspondente a comprimentos comprimento de onda da luz visível.
de ondas menores não são reemitidos, são
de certa maneira absorvidos ou dispersos No caso de materiais com band gap entre
no interior do material, fazendo com a luz 1,8 e 3,1 eV, vai existir um certo
refletida não tenha todos os comprimento de onda da luz visível que
componentes de cor da luz incidente. Isso poderá ser absorvido. Assim, o material
faz com que se perceba uma cor vai ter uma aparência opaca e colorida,
diferente da cor branca incidente. correspondente ao comprimento de onda
que foi absorvido.

>> NÃO-METAIS
Refração: fenômeno
em que a luz quando
é transmitida no
interior de material
transparente tem a
sua velocidade de
propagação alterada.
n é o índice de refração de um material. Nos materiais não-metálicos e
transparentes, com band gap maior do
n ar = 1,0
que 3,1 eV, a transmissão da luz
n água = 1,33 (transparência) pode ser afetada pela
Por isso quando observamos de fora da presença de defeitos internos que
água objetos que estão submersos eles promovem a dispersão (espalhamento) da
não estão localizados em sua posição luz por reflexão ou refração.
aparente, mas levemente deslocados.
Assim, materiais teoricamente
Os não-metais podem ser opacos,
transparentes podem se tornar
translúcidos ou transparentes de acordo
translúcidos ou opacos de acordo com o
com a estrutura de suas bandas de
tamanho e quantidade de defeitos em seu
energia.
interior.
Em geral a absorção da energia luminosa
(luz) nos não-metais ocorre pela Qualquer defeito com dimensões maiores
promoção de elétrons da banda de do que o comprimento de onda da luz
valência (Bv) para a banda de condução incidente causará o espalhamento da luz
(Bc). Estas transições dependem do no interior do material, tornando-o
espaçamento entre estas bandas (band translúcido ou opaco.
gap - Bg).
>> COR NOS MATERIAIS TRANSPARENTES
No caso dos materiais com band gap
maior que 3,1 eV, eles são transparentes e
incolores, por exemplo: vidros puros,
diamante e safira (Al2O3).
A cor nos materiais transparentes é
resultado da absorção seletiva de certos
comprimentos de onda da luz.
A cor observada é, então, o resultado da
combinação dos comprimentos de onda
que conseguem ser transmitidos pelo
material transparente.
A absorção da energia luminosa
normalmente ocorre pela excitação dos
elétrons de bandas de menor energia para
banda de maior energia. Logo, o band gap
dos materiais interfere na cor que o
material apresenta.
Ao se adicionar quantidades adequadas de
materiais que ocupem os estados de
energia vazios dentro de um material
transparente, pode-se alterar sua cor.
É o que ocorre no caso do óxido de
alumínio (Al2O3). Este é um óxido que
forma um monocristal transparente
chamado de safira (usada em relógios e
películas de celulares, por exemplo). Ao se
adicionar pequenas quantidades (0,5 a 2%)
de Cr+3 na safira, esta adquire uma cor
vermelha, e chamamos este material de
rubi.
O Cr+3 cria níveis de energia adicionais
dentro das bandas vazias da safira,
criando novos estados de energia e então,
modificando os mecanismos de excitação
e reemissão de luz no material, mudando
sua cor.
>> FENÔMENOS ÓPTICOS
Luminescência: capacidade de um material
absorver energia e reemitir luz visível. A
fonte de energia incidente possui maior
energia do que o bang gap do material (UV,
calor, energia mecânica, química...) e
promove elétrons para níveis de mais alta
energia. No decaimento ao estado original,
há emissão de energia na forma de luz
visível.
O tempo de atraso entre os eventos de
absorção e reemissão diferenciam a
luminescência em dois tipos:
>> Fluorescência: quando a reemissão
ocorre em tempos muito menores que 1 s.
>> Fosforescência: quando a reemissão
ocorre em tempo mais longos que 1 s.
LEDs (diodos emissores de luz) são
dispositivos que geram luz por
eletroluminescência.
Quando um potencial elétrico é aplicado
neste tipo de material, que possui uma
junção p-n, isto é, tem uma parte rica em
elétrons (n) e outra rica em buracos
eletrônicos (p), os elétrons (-) e buracos
(+) se combinam liberando energia.
Controlando-se a composição do material,
a energia liberada pode ser
correspondente à energia da luz visível e,
de uma cor específica (comprimento de
onda/energia).
Fotocondutividade: existem certos
materiais, semicondutores, que ao serem
iluminados por uma radiação maior que o
seu band gap, são capazes de conduzir
corrente elétrica (fotocondutividade).
Isso ocorre porque a energia da luz é
suficiente para promover os elétrons da
banda de valência para a banda de
condução, fazendo com que estes
materiais ao serem iluminados conduzam
energia elétrica pelo transporte de
elétrons livres. Assim funcionam as células
solares, por exemplo.