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SÉRIE ARTE E VIDA URBANA Comissão Editorial João Alexandre Barbosa (Presidente)
Celso Lafer
José Mindlin
A Carta de Atenas, Le Corbusier Oswaldo Paulo Forattini
Djalma Mirabelli Redondo
D E A T E N A S
Copyright 1986 da Fondation Le Corbusier, Paris. Direitosdetradução (da edição francesa La
Carte d'Athènes. Les Editions de Minuit. 1957) epublicaçãoemlíngua portuguesa reservados pela
Editora de Humanismo, Ciência e Tecnologia HUCITEC Ltda., Rua Gil Eanes, 713---04604-042
São Paulo, Brasil. Telefones: (011)543-0653 e 530-9208. Fac-símíle: (011)535-4187.
Primeira reimpressão
Foi feito o depósito legal.
Le Corbusier, 1887-1965.
A
Scherer]. — São Paulo:HUCITEC:EDUSP, 1993.— (Estudos Urbanos)
CDD-724.91
89-2300 -7! 1
Índices para catálogo sistemático
PRIMEIRA PARTE
A CIDADE
E SUA REGIÃO
1
A CIDADE Й SУ UMA PARTE DE UM CONJUNTO ECO
NФMICO, SOCIAL E POLНTICO QUE CONSTITUI A RE
GIГO.
2 TICO, OS VALORES DE ORDEM PSICOLУGICA E FISIO
LУGICA PRУPRIOS AO SER HUMANO INTRODUZEM
NO DEBATE PREOCUPAΗХES DE ORDEM INDIVIDUAL
colaboraзгo frutнfera, propiciando ao mбximo a liberdade individual.
Irradiaзгo da pessoa no quadro do civismo.
E DE ORDEM COLETIVA. A VIDA SУ SE DESENVOLVE NA ME
DIDA EM QUE SAO CONCILIADOS OS DOIS PRINCНPIOS CON
TRADITУRIOS QUE REGEM A PERSONALIDADE HUMANA: O
INDIVIDUAL E O COLETIVO
3 ESSAS CONSTANTES PSICOLУGICAS E BIOLУGICAS SO
FRERГO A INFLUКNCIA DO MEIO: SITUAΗГO GEO
GRБFICA E TOPOGRБFICA, SITUAΗГO ECONФMICA E
POLНTICA. PRIMEIRAMENTE, DA SITUAΗГO GEOGRБ
FICA E TOPOGRБFICA, O CARБTER DOS ELEMENTOS, БGUA
E TERRA, DA NATUREZA, DO SOLO, DO CLIMA.
Isolado, o homem sentese desarmado; por isso ligase espontanea
mente a um grupo. Entregue somente a suas forзas, ele nada cons A geografia e a topografia desempenham um papel considerбvel no
truiria alйm de sua choзa e levaria, na inseguranзa, uma vida subme destino dos homens. Й preciso nunca esquecer que o sol comanda, im
tida a perigos e a fadigas agravadas por todas as angъstias da solidгo. pondo sua lei a todo empreendimento cujo objeto seja a salvaguarda do
Incorporado ao grupo, ele sente pesar sobre si o constrangimento de ser humano. Tambйm planнcies, colinas e montanhas contribuem para
disciplinas inevitбveis, mas, em troca, fica protegido em certa medida modelar uma sensibilidade e determinar uma mentalidade. Se o mon
contra a violкncia, a doenзa, a fome; pode aspirar melhorar sua mora tanhкs desce voluntariamente para a planнcie, o homem da planнcie
dia e satisfazer tambйm sua profunda necessidade de vida social. jaramente sobe os vales e dificilmente transpхe os desfiladeiros. Foram
Transformado em elemento constitutivo de uma sociedade que o man os cumes dos montes que delimitaram as бreas de aglomeraзгo onde,
tйm, ele colabora direta ou indiretamente nas mil atividades que asse pouco a pouco, reunidos por costumes e usos comuns, os homens se
guram sua vida fнsica e desenvolvem sua vida espiritual. Suas inicia constituнram em povoaзхes. A proporзгo dos elementos бgua e tenra,
tivas tornamse mais frutнferas, e sua liberdade, melhor defendida, sу quer atue na superfнcie, opondo as regiхes lacustres ou fluviais бs ex
se detйm onde ameaзaria a de outrem. Se os empreendimentos do tensхes de estepes, quer se expresse em densidade, produzindo aqui
grupo sгo sбbios, a vida do indivнduo й ampliada e enobrecida. Se a gordos pastos e alhures pвntanos ou desertos, conforma, da tambйm,
atitudes mentais que se inscreverгo nos empreendimentos e encontra invariбveis, pode ser modificada a cada momento pelo aparecimento de
rгo sua expressгo na casa, na aldeia ou na cidade. Conforme a inci forзas imprevistas, que o acaso ou a iniciativa humana podem tornar
dкncia do sol na curva meridiana, as estaзхes contrapхemse brutal produtivas ou deixar inoperantes. Nem as riquezas latentes, que й pre
mente ou sucedemse em passagens imperceptнveis e, ainda que em ciso querer explorar, nem a energia individual tкm carбter absoluto.
sua esfericidade contнnua, de parcela em parcela, a terra nгo experi . Judo й movimento, e o econфmico, afinal, й sempre um valor momen
mente ruptura, surgem inъmeras combinaзхes, cada uma das quais tвneo.
com seus caracteres particulares. Enfim as raзas, com suas religiхes ou
suas filosofi as variadas, multiplicam a diversidade dos empreendimen
tos e cada uma propхe seu modo de ver e sua razгo de viver pessoais. 5 EM TERCEIRO LUGAR, DA SITUAΗГO POLНTICA, SIS
TEMA ADMINISTRATIVO.
4 EM SEGUNDO LUGAR, DA SITUAΗГO ECONФMICA. OS
RECURSOS DA REGIГO, CONTATOS NATURAIS OU
ARTIFICIAIS COM O EXTERIOR...
6 NO DECORRER DA HISTУRIA, CIRCUNSTΒNCIAS PAR
TICULARES DETERMINARAM AS CARACTERISTICAS
DA CIDADE: DEFESA MILITAR, DESCOBERTAS CIENTН
FICAS, ADMINISTRAΗХES SUCESSIVAS, DESENVOLVI
constrangimentos arbitrбrios davam origem a injustiзas flagrantes.
Sobreveio a era do maquinismo. A uma medida milenar, que se pode
ria crer imutбvel, a velocidade do passo humano, somouse uma me
d i d a e m plena evoluзгo, a velocidade dos veнculos mecвnicos.
MENTO PROGRESSIVO DAS COMUNICAΗХES E DOS MEIOS
DE TRANSPORTE (ROTAS TERRESTRES, FLUVIAIS E MARН
7
TIMAS, FERROVIБRIAS E AЙREAS). AS RAZХES QUE PRESIDEM O DESENVOLVIMENTO
DAS CIDADES ESTĂO, PORTANTO, SUBMETIDAS A MU-
DANÇAS CONTНNUAS.
A histσria está inscrita nos traçados e nasarquiteturasdascidades.
Aquilo que dela subsisteforma о fi о condutor que, juntamente com os
Aumento ou redução de uma população, prosperidade ou decadęncia
textos e os documentos gráficos, permite a representação de imagens
da cidade, demolição de muralhas que se tornaram asfixiantes, novos
sucessivas do paitado. Os motivos que deram origem ás cidades foram
meios de transporte ampliando a zona de trocas, benefícios ou male-
de natureza diversa. Por vezes era o valor defensivo. E o alto de um
fícios de uma política escolhida ou suportada, aparecimento do maqui-
rochedo ou a curva de um rio viam nascer um pequeno burgo fortifi-
nismo,tudoémovimento.А medida que o tempo passa, os valores
cado. Аs vexes, era o cruzamento de duas, rotas, uma cabeça de ponte
indubitavelmente se inscrevem no patrimonio de um grupo, seja ele
ou uma baía do litoral que determinava a localização do primeiro esta-
cidade, país ou humanidade; a vetustez, não obstante, atinge um dia
belecimento. A cidade «ra de formato incerto,maisfreq٧entemente em
todo conjunto de construçőes ou de caminhos. A morte atinge tanto as,
circulo ou semicírculo. Quando era uma cidade de colonização, organi-
obras como os seres. Quem fará adiscriminaçãoentreaquilo que deve
zavam-na como um acampamento, com eixos de βngulos retos e cer-
subsistir e aquilo que deve desaparecer?Oespírito da cidade formou-se"
cada de paliçadas retilíneas. Tudo nela era ordenado segundo a pro-
no decorrer dos anos; simples construзхes adquiriram um valor eterno decadкncia, revolta. O mal й universal, expresso nas cidades por um
na medida em que simbolizam a alma coletiva; constituem o arcabouзo congestionamento que as encurrala na desordem e, no campo, pelo
de uma tradiзгo que, sem querer limitar a amplitude dos progressos abandono de numerosas terras.
futuros, condiciona a formaзгo do indivнduo, assim como o clima, a
regiгo, a raзa, o costume. Por ser uma "pequena pбtria", a cidade
comporta um valor moral que pesa e que estб indissoluvelmente ligado
a ela.
8
O ADVENTO DA ERA DA MΑQUINA PROVOCOU IMEN-
SAS PERTURBAÇХES NO COMPORTAMENTO DOS HO-
MENS, EM SUA DISTRIBUIÇĂO SOBRE A TERRA, EM
SEUS EMPREENDIMENTOS, MOVIMENTO DESENFREA-
DO DE CONCENTRAÇĂO NAS CIDADES A FAVOR DAS VELO-
CIDADES MECΒNICAS, EVOLUÇĂO BRUTAL E UNIVERSAL
SEM PRECEDENTES NA HISTΣRIA. O CAOS ENTROU NAS CI-
DADES.
SEGUNDA PARTE
HABITAÇÃO
OBSERVAÇХES
9
NO INTERIOR DO NÚCLEO HISTУRICO DAS CIDADES,
ASSIM COMO EM DETERMINADAS ZONAS DE EXPAN
SГO INDUSTRIAL DO SЙCULO XIX, A POPULAΗГO Й
MUITO DENSA (CHEGA A MIL E ATЙ MIL E QUINHEN
TOS HABITANTES POR HECTARE).
16
AS CONSTRUΗХES EDIFICADAS AO LONGO DAS escandalosas. Chegase entгo a este triste resultado: uma fachada em
VIAS DE COMUNICAΗГO E AO REDOR DOS CRUZA quatro, seja ela voltada para a rua ou para o pбtio, estб orientada para
MENTOS SГO PREJUDICIAIS Ŕ HABITAΗГO: BARU o norte e nгo conhece o sol, enquanto as outras trкs, em conseqькncia
L H O S , POEIRAS E GASES NOCIVOS. da estreiteza das ruas, dos pбtios e da sombra projetada disso resul
tante, sгo tambйm parcialmente privadas de sol. A anбlise revela que
Se se quiser levar em consideraзгo esta interdiзгo, atribuirseб dora nas cidades a proporзгo de fachadas nгo ensolaradas varia entre a me
tade e trкs quartos do total. Em certos casos, essa proporзгo й ainda As escolas, limitandose o julgamento a seu programa e ŕ sua dispo
mais desastrosa. siзгo arquitetфnica, estгo em geral mal situadas no interior do com
plexo urbano. Muito longe da moradia, elas colocam a crianзa em con
tato com os perigos da rua. Alйm disso, й freqьente que nelas sу se
ΗХES DE USO COLETIVO DEPENDENTE DA HABI dispense a instruзгo propriamente dita, e a crianзa, antes dos seis
TAΗГO. anos, ou o adolescente, depois dos treze, sгo regularmente privados de
organizaзхes prй ou pуsescolares que responderiam ŕs necessidades
A moradia abriga a famнlia, funзгo que constitui por si sу todo um mais imperiosas de sua idade. O estado atual e a distribuiзгo do domн
programa e coloca um problema cuja soluзгo — que outrora jб foi por nio edificado prestamse mal бs inovaзхes por meio das quais a infвncia
vezes feliz — estб hoje entregue, em geral, ao acaso. Mas, fora da e a juventude seriam nгo somente protegidas de inъmeros perigos, mas
moradia, e em suas proximidades, a fam нlia ainda reclama a presenзa ainda colocadas nas ъnicas condiзхes que permitem uma formaзгo
de instituiзхes coletivas que sejam verdadeiros prolongamentos da sйria, capaz de lhes assegurar, ao lado da instruзгo, um pleno desen
quela. Sгo elas: centros de abastecimento, serviзos mйdicos, creches, volvimento tanto fнsico quanto moral.
jardins de infвncia, escolas, ŕs quais se somarгo organizaзхes intelec
tuais e esportivas destinadas a proporcionar aos adolescentes a ocasiгo
de trabalhos ou de jogos adequados б satisfaзгo das aspiraзхes prу
prias dessa idade e, para completar, os "equipamentos de saъde", as E SEM LIGAΗГO NORMAL COM A CIDADE.
бreas prуprias ŕ cultura fнsica e ao esporte cotidiano de cada um. O
benefнcio dessas instituiзхes coletivas й evidente, mas sua necessidade Os subъrbios sгo descendentes degenerados dos arrabaldes. O burgo
й ainda mal compreendida pela massa. Sua realizaзгo estб apenas era outrora uma unidade organizada no interior de uma muralha mili
esboзada, da maneira mais fragmentбria e desvinculada das necessi tar. O falso burgo, contнguo a ele pelo lado de fora, construнdo ao longo
dades gerais da habitaзгo. de uma via de acesso e desprovido de proteзгo, era o escoadouro da
populaзгo excedente que, bom ou mau grado, devia acomodarse em
sua inseguranзa. Quando a criaзгo de uma nova muralha encerrava
AS ESCOLAS, MUITO PARTICULARMENTE, NГO ESTГO SITUADAS NAS VIAS DE CIRCULAΗГO
RARO burgo, com seu trecho de via, no seio da cidade, ocorria
um dia o falso
E MUITO AFASTADAS DAS HABITAΗХES. uma primeira alteraзгo na regra normal dos traзados. A era do maqui
algum barraco, galpгo ou oficina
nismo nгo pode ser desapropriado sem inъ
й caracterizada pelo sub
sгo jogados todos os resнduos, onde se arriscam todas as tentativas, meras dificuldades. A densidade populacional nele й muito baixa e o
onde se instalam em geral os artesanatos mais modestos, com as in solo dific ilmente explorado; entretanto, a cidade й obrigada a prover
dъstrias julgadas de antemгo provisуrias, algumas das quais porйm a бrea dos subъrbios dos serviзos necessбrios: vias pъblicas, canaliza
conhecerгo um crescimento gigantesco. O subъrbio й o sнmbolo ao згo, meios de transporte rбpidos, polнcia, iluminaзгo e limpeza pъ
mesmo tempo do fracasso e da tentativa. Й uma espйcie de onda ba blica, serviзos hospitalares ou escolares etc. Й chocante a desproporзгo
tendo nos muros da cidade. No decorrer dos sйculos XIX e XX, essa entre as despesas ruinosas causadas por tantas obrigaзхes e a pequena
onda tornouse marй, e depois inundaзгo. Ela comprometeu seria contribuiзгo que pode dar uma роpulaзгo dispersa. Quando a admi
mente o destino da cidade e suas possibilidades de crescer conforme nistraзгo intervйm para corrigir a situaзгo, ela se choca com obstбculos
uma regra. Sede de uma populaзгo incerta, destinada a suportar inъ insuperбveis e se arruina em vгo. Й antes do nascimento dos subъrbios
meras misйrias, caldo de cultura de revoltas, o subъrbio й com frequencia que a administraзгo deve apropriarse da gestгo do solo que cerca a
dez vezes, cem vezes mais extenso do que a cidade. Deste subъrbio doente, cidade para assegurar a esta os meios para um desenvolvimento harmo
onde a funзгo distвnciatempo suscita uma difнcil questгo que continua nioso.
sem soluзгo, alguns procuram fazer cidadesjardins. Paraнsos ilusуrios,
FREQ٢ENTEMENTE OS SUB٠RBIOS NADA MAIS
soluзгo irracional. O subъrbio й um erro urbanнstico, disseminado por todo
o universo e levado ŕs suas consequencias extremas na Amйrica. Ele
constitui um dos grandes males do sйculo. 22 SĂO DO QUE UMA AGLOMERAÇĂO DE BARRACOS
ONDE A INFRA-ESTRUTURA INDISPENSΑVEL DIFI-
CILMENTEÉRENTΑVEL.
As cidades, tal como existem hoje, estгo construнdas em condiзхes con
trбrias ao bem pъblico e privado. A histуria mostra que sua criaзгo
e seu desenvolvimento obedeceram a razхes profundas, superpostas ao
longo do tempo, e que elas nгo apenas cresceram, mas freqьentemente
se renovaram no decorrer dos sйculos, e sobre o mesmo solo. A era da
mбquina, ao modificar brutalmente determinadas condiзхes centenб
rias, levouas ao caos. Nossa tarefa atual й arrancбlas de sua desordem
por meio de planos nos quais serб previsto o escalonamento dos em
preendimentos ao longo do tempo. O problema da moradia, da habi
taзгo, prevalece sobre todos. Os melhores locais da cidade devera ser
reservados a ela, e se estes foram devastados pela indiferenзa ou pela
concupiscкncia, tudo deve ser feito para recuperбlos. Muitos fatores
concorrem para a qualidade da moradia. Й preciso buscar ao mesmo
tempo as mais belas paisagens, o ar mais saudбvel, levando em consi
deraзгo os ventos e a neblina, os declives melhor expostos, e, enfim,
utilizar as superficies verdes existentes, criбlas se nгo existem ou recu
perбlas se foram destruнdas.
lizar um ato de gestгo pleno de conseqькncias. Quando surgiu a era da
mбquina, as cidades se desenvolveram sem controle e sem freio. A dis
DEVE SER DITADA POR RAZХES DE HIGIENE. plicкncia й a ъnica explicaзгo vбlida para esse crescimento desmesu
rado e absolutamente irracional, que й uma das caus
As leis de higiene universalmente reconhecidas fazem uma grave acu Tanto para nascer como para crescer, as cidades tкm razхes particula
saзгo contra as condiзхes sanitбrias das cidades. Porйm, nгo basta res, que devem ser estudadas e que levarгo a previsхes que abarquem
formular um diagnуstico e nem sequer encontrar uma soluзгo; й pre um certo espaзo de tempo: cinqьenta anos por exemplo. Poderseб
ciso ainda que esta seja imposta pelas autoridades responsбveis.. Bair pressupor uma certa cifra de populaзгo. Serб necessбrio alojбla, sa
ros inteiros deveriam ser condenados em nome da saъde pъblica. Al bendose em que бrea ъtil, prever qual "tempodistвncia" serб seu qui
guns, fruto de uma especulaзгo prematura, sу merecem a picareta; nhгo cotidiano, fixar a superfнcie e a capacidade necessбrias ŕ realiza
згo desse programa de cinqьenta anos. Quando a cifra da populaзгo e
outros, em funзгo das memуrias histуricas ou dos elementos de valor
artнsticos que contкm, deverгo ser parcialmente respeitados; hб modos as dimensхes do terreno sгo fixadas, a "densidade" й determinada.
de preservar o que merece ser preservado, destruindo implacavelmente
aquilo que constitui um perigo., Nгo basta sanear a moradia, mas й
r
preciso ainda criar e administrar seus prolongamentos exteriores, lo 26 UM NÚMERO MНNIMO DE HORAS DE INSOLAΗГO
cais de educaзгo fнsica e espaзos diversos para esporte, inserindo, ante DEVE SER FIXADO PARA CADA MORADIA.
cipadamente, no plano geral, as бreas que lhes serгo reservadas.
A ciкncia, estudando as radiaзхes solares, detectou aquelas que
sгo indispensбveis ŕ saъde humana e tambйm aquelas que, em certos
DENSIDADES RAZOБVEIS DEVEM SER IMPOSTAS,
casos, poderiam serlhe nocivas. O sol й o senhor da vida. A medicina
DE ACORDO COM AS FORMAS DE HABITAΗГO POS
demonstrou que a tuberculose se instala onde o sol nгo penetra; ela
TAS PELA PRУPRIA NATUREZA DO TERRENO.
exige que o indivнduo seja recolocado, tanto quanto possнvel, nas "con
diзхes naturais". O sol deve penetrar em toda moradia algumas horas
As densidades populacionais de uma cidade devem ser ditadas pelas por dia, mesmo durante a estaзгo menos favorecida. A sociedade nгo
autoridades. Elas poderгo variar segundo a destinaзгo do solo urbano tolerarб mais que familias inteiras sejam privadas de serf e, assim, con
e resultar, de acordo com seu indice numa cidade muito extensa ou denadas ao definhamento. Todo projeto de casa no qual um ъnico alo
numa concentrada sobre si mesma. Fixar as densidades urbanas й rea
canalizadas para um leito particular, enquanto o pedestre disporб de
jбmenlo seja orientado exclusivamente para o norte, ou privado de sol
caminhos diretos ou de caminhos de passeio para ele reservados.
devido ŕs sombras projetadas, serб rigorosamente condenado. Й pre
ciso exigir dos construtores uma planta demonstrando que no solsticio
de inverno o sol penetrarб em cada moradia no mнnimo 2 horas por dia.
LEVADOS EM CONTA PARA ERGUER CONSTRUΗХES
Na falta disso serб negada a autorizaзгo para construir. Introduzir o
sol й o novo e o mais imperioso dever do arquiteto. ELEVADAS.
Cada йpoca utilizou em suas construзхes a tйcnica que lhe era imposta
27 O ALINHAMENTO DAS HABITAΗХES AO LONGO DAS
VIAS DE COMUNICAΗГO DEVE SER PROIBIDO.
LAZER
vez fixada esta densidade, serб admitida uma cifra de populaзгo pre
sumнvel que permita calcular a superfнcie reservada ŕ cidade. Decidir
sobre a maneira como o solo serб ocupado, estabelecer a relaзгo entre a
superfнcie construнda e aquela deixada livre ou plantada, dividir o ter
reno necessбrio tanto para as moradias particulares quanto para seus
diversos prolongamentos, fixar uma superfнcie para a cidade que nгo
poderб ser ultrapassada durante um perнodo determinado, constitui
esta grave operaзгo, da qual a autoridade estб incumbida: a promul
gaзгo do "estatuto do solo". Assim se construirб a cidade daqui para
diante com toda seguranзa e, dentro dos limites das regras estabeleci
das por esse estatuto, serб dada toda a liberdade ŕ iniciativa privada e ŕ
imaginaзгo do artista.
1
. Hб ainda superfнcies livres no interior de algumas cidades. Elas sao a
sobrevivкncia, miraculosa em nossa йpoca, de reservas constituнdas no
passado: parques rodeando residкncias principescas, jardins adjacen
tes a casas burguesas, passeios sombreados ocupando a бrea de uma
muralha militar derrubada. Os dois ъltimos sйculos consumiram com
voracidade essas reservas, autкnticos pulmхes da cidade, cobrindoos
de imуveis, colocando alvenaria no lugar da relva e das бrvores. Ou
trora os espaзos livres nгo tinham outra razгo de ser senгo o prazer de alguns privilegiados
Nгo interviera ainda o ponto de vista social, que
dб hoje um sentido novo ŕ sua destinaзгo. Eles podem ser os p r o l o n g a
Esta decisгo sу terб resultado se estiver sustentada por uma verdadeira
legislaзгo: o "estatuto do solo"'. Esse estatuto terб a diversidade cor
respondente ŕs necessidades a satisfazer. Assim, a densidade da popu
laзгo ou a porcentagem de superfнcie livre e de superfнcie edificada
poderгo variar segundo as funзхes, os locais ou os climas. Os volumes
edificados serгo intimamente amalgamados ŕs superfнcies verdes que
os cercam. As zonas edificadas e as zonas plantadas serгo distribuнdas
levandose em consideraзгo um tempo razoбvel para ir de umas ŕs ou
tras. De qualquer modo, a textura do tecido urbano deverб mudar; as
aglomeraзхes tenderгo a tornarse cidades verdes. Contrariamente ao
que ocorre nas cidadesjardins, as superfнcies verdes nгo serгo compartimentads em pequenos el mentos de uso privado, mas consagra
das ao desenvolvimentos
das diversas atividades c omuns
que form am o prolongamento
da
titui, de fato, o principal argumento a favor das cidadesjardins, po
derб muito bem ser levado em consideraзгo aqui; uma porcentagem
do solo disponнvel lhe serб destinada, dividida em mъltiplas parcelas
individuais; mas certas organizaзхes coletivas, como a aragem eventual
e a irrigaзгo ou a rega, poderгo diminuir o trabalho e aumentar o
rendimento.
venis, centros de entretenimento intelectual ou de cultura fнsica, saias
LIDOS E SUBSTITUIDOS POR SUPERFНCIES VERDES: de leitura ou de jogos, pistas de corrida ou piscinas ao ar livre. Elas
OS BAIRROS LIMНTROFES SERГO SANEADOS. serгo o prolongamento da habitaзгo e, como ela, deverгo estar subor
dinadas ao "estatuto do solo".
Um conhecimento elementar das principais noзхes de higiene basta
para discernir os cortiзos e discriminar os quarteirхes notoriamente
insalubres. Estes quarteirхes deverгo ser demolidos. Deverseб apro RER EM LOCAIS ADEQUADAMENTE PREPARADOS:
veitar essa ocasiгo para substituнlos por parques que serгo, pelo menos PARQUES, FLORESTAS, БREAS DE ESPORTE, ESTБ
nos bairros limнtrofes, o primeiro passo no caminho do saneamento. DIOS, PRAIAS ETC...
Todavia, pode acontecer que alguns desses quarteirхes ocupem um
local particularmente conveniente ŕ construзгo de certos edifнcios indis Nada ou quase nada foi ainda previsto para o lazer semanal. Na regiгo
pensбveis ŕ vida da cidade. Nesse caso, um urbanismo inteligente sa que cerca a cidade, amplos espaзos deverгo ser reservados e organi
berб darlhes a destinaзгo que o plano geral da regiгo e o da cidade zados, e o acesso a eles deverб ser assegurado por meios de transporte
tenham antecipadamente considerado a mais ъtil. suficientemente numerosos e cфmodos. Nao se trata mais de simples
grama cercando a casa, com uma ou outra бrvore plantada, mas de
am AS NOVAS SUPERFНCIES VERDES DEVEM SERVIR A verdadeiros prados, de bosques, de praias naturais ou artificiais cons
С Я OBJETIVOS CLARAMENTE DEFINIDOS: ACOLHER tituindo uma imensa reserva cuidadosamente protegida, oferecendo
J f JARDINS DE INFΒNCIA, ESCOLAS, CENTROS JUVE mil oportunidades de atividade saudбvel ou de entretenimento ъtil aos
NIS OU TODAS AS CONSTRUΗХES DE USO COMUNI habitantes da cidade. Toda cidade possui em sua periferia locais capa
TБRIO LIGADAS INTIMAMENTE Ŕ HABITAΗГO. zes de corresponder a este programa, os quais, atravйs de uma orga
nizaзгo bem estudada dos meios de transporte, tornarseгo facilmente
As superfнcies verdes, que se terб intimamente amalgamado aos volu acessнveis.
mes edificados e inserido nos setores habitacionaist nгo terгo por fun
згo ъnica o embelezamento da cidade. Elas deverгo, antes de mais
nada, ter um papel ъtil, e as instalaзхes de carбter coletivo ocuparгo ETC...
seus gramados: creches, organizaзхes prй ou pуsescolares, cнrculos ju
Deve ser estabelecido um protrama de entretenimento comportando Uma destinaзгo fecunda das horas livres forjarб uma saъde e um cora
atividades de todo tipo: o passeio, solitбrio ou coletivo, em meio ŕ be згo para os habitantes das cidades.
leza dos lugares; os esportes de toda natureza: tкnis, basquete, futebol,
nataзгo, atletismo; os espetбculos, concertos, teatros ao ar livre, jogos
de quadra e torneios diversos. Enfim, serгo previstos equipamentos
precisos: meios de transporte que demandam uma organizaзгo racio
nal; locais para alojamento, hotйis, albergues ou acampamentos e, en
fim, nгo menos importante, um abastecimento de бgua potбvel e vн
veres que deverб ser cuidadosamente assegurado em toda parte.
Graзas ao aperfeiзoamento dos meios mecвnicos de transporte, a ques
tгo da distвncia nгo desempenha mais aqui um papei preponderante.
Mais vale escolher bem, ainda que se tenha que procurar um pouco
mais longe. Tratase nгo sу de preservar as belezas naturais ainda in
tactas, mas tambйm de reparar as agressхes que algumas delas tenham
podido sofrer; enfim, que a industria do homem crie, em parte, sнtios e
paisagens que correspondam ao programa. Esse й um outro problema
social muito importante, cuja responsabilidade estб nas mгos dos edis:
encontrar uma contrapartida para o trabalho estafante da semana, tor
nar o dia de repouso verdadeiramente re vitalizante para a saъde fнsica e
moral, nгo mais abandonar a populaзгo бs mъltiplas desgraзas da rua.
OS LOCAIS DE TRABALHO NГO ESTГO MAIS DIS
Outrora, a moradia e a oficina, unidas por vнnculos estreitos e perma
nentes, estavam situadas uma perto da outra. A expansгo inesperada
do maquinismo rompeu essas condiзхes de harmonia; em menos de um
sйculo, ela transformou a fisionomia das cidades, quebrou as tradiзхes
seculares do artesanato e deu origem a uma nova mгodeobra anф
nima e instбvel. O desenvolvimento industrial depende essencialmente
dos meios de abastecimento de matйriasprimas e das facilidades de es
coamento dos produtos manufaturados. Foi, portanto, ao longo das
vias fйrreas introduzidas pelo sйculo XIX, e ŕs margens das vias flu
viais, cujo trбfego a navegaзгo a vapor multiplicava, para onde as in
dъstrias verdadeiramente se precipitaram. Mas, aproveitando as dispo
nibilidades imediatas de habitaзхes e de abastecimento das cidades
existentes, os fundadores das indъstrias instalaram suas empresas na
cidade ou em seus arredores, a despeito do mil que disso poderia re
sultar. Implantadas no coraзгo dos bairros habitacionais, as fбbricas aн
espalham suas podras e seus ruidos. Instaladas na periferia e longe
desses bairros, elas condenam os trabalhadores a percorrer diariamente
longas distвncias
em condiзхes cansativas de pressa e de agitaзгo, f a
zendo-os perder inutilmente uma parte de suas horas de lazer. A rup
tura com a antiga organizaзгo do trabalho criou uma desordem indi
zнvel e colocou um problema para o qual, atй o presente, sу foram
dadas soluзхes paliativas. Derivou disso o grande mal da йpoca atual: a agitaзгo neles й frenйtica, e os usuбrios pagam caro, de seu bolso,
o nomadismo das populaзхes operбrias. uma organizaзгo que lhes vale, diariamente, horas de sacolejo somadas
ŕs fadigas do trabalho. A exploraзгo desses transportes й ao mesmo
tempo minuciosa e cara; sendo a cota dos passageiros insuficiente para
TRABALHO NГO Й MAIS NORMAL; ELA IMPХE PER cobrir sua despesa, eles se tornam um pesado encargo pъblico. Para
CURSOS DESMESURADOS. remediar semelhante estado de coisas, foram sustentadas teses contra
ditуrias: fazer viver os transportes ou fazer viver bem os usuбrios dos
Desde entгo foram rompidas as relaзхes normais entre essas duas fun transportes? Ј preciso escolher! Umas supхem a reduзгo e as outras o
зхes essenciais da vida: habitar, trabalhar. Os arrabaldes se enchem de aumento do diвmetro das cidades.
oficinas e manufaturas, e a grande indъstria, que continua seu desen
volvimento sem limites, й empurrada para fora, para os subъrbios. Fi 44 PELA FALTA DE QUALQUER PROGRAMA CRES
cando a cidade saturada, sem poder acolher novos habitantes, fezse CIMENTO DESCONTROLADO DAS CIDADES, AUSКN
surgir apressadamente cidades suburbanas, vastos e compactos blocos CIA DE PREVISХES, ESPECULAΗГO COM OS TERRE
de caixotes para alugar ou loteamentos interminбveis. A mгodeobra NOS ETC. — A INDÚSTRIA SE INSTALA AO ACASO,
intercambiбvel, que absolutamente nгo estб ligada por um vinculo es NГO OBEDECENDO A REGRA ALGUMA.
tбvel ŕ indъstria, suporta de manhг, ŕ tarde e a noite, no verгo e no
inverno, a perpйtua movimentaзгo e a deprimente confusгo dos trans O solo das cidades e o das regiхes vizinhas pertencem quase que intei
portes coletivos. Horas inteiras se dissolvem nesses deslocamentos de ramente a particulares. A prуpria indъstria estб nas mгos de socieda
sordenados. des privadas, sujeitas a todo tipo de crises e сuj а situaзгo й ŕs vezes
instбvel. Nada foi feito para submeter o surto industrial a regras lуgi
cas; ao contrбrio, tudo foi deixado ŕ improvisaзгo que, se бs vezes
favorece o indivнduo, sempre oprime a coletividade.
UM ESTADO CRITICO.
Os transportes coletivos, trens de subъrbio, фnibus e metrфs sу funcio
nam verdadeiramente em quatro momentos do dia. Nas horas de pico,
45 NAS CIDADES, OS ESCRITУRIOS SE CONCENTRA
RAM EM CENTROS DE NEGУCIOS. OS CENTROS DE
NEGУCIOS, INSTALADOS NOS LOCAIS PRIVILEGIA
DOS DA CIDADE, DOTADOS DA MAIS COMPLETA
CIRCULAΗГO, SГO LOGO PRESA DA ESPECULAΗГO. COMO
SГO NEGУCIOS PRIVADOS, FALTA ORGANIZAΗГO PROPНCIA
PARA SEU DESENVOLVIMENTO NATURAL.
Isso supхe uma nova distribuiзгo, conforme um piano cuidadosamente
elaborado, de todos os lugares destinados ao trabalho. A concentraзгo
das indъstrias em anas em torno das grandes cidades pфde ser, para
certas empresas, uma fonte de prosperidade, mas й preciso denunciar
as deplorбveis condiзхes de vida que disso resultaram para a massa.
Essa disposiзгo arbitrбria criou uma promiscuidade insuportбvel. A
duraзгo das idas e vindas nгo tem relaзгo com a trajetуria cotidiana do sol. As indъstrias devem ser transferidas para locais de pas agem das matйrisprimas, ao longo das grandes vias fluvias, terres
reas. Um lugar de passagem й um elemento linear. As cidades industriais, ao invйs de se
47 DENTES DOS SETORES HABITACIONAIS E SEPARA
DOS UNS DOS OUTROS POR UMA ZONA DE VEGE
TAΗГO.
O artesanato, por sua natureza, difere da indъstria e requer disposiзхes
CIRCULAΗГO
51 A REDE ATUAL DAS VIAS URBANAS Й UM CONJUN
OBSERVAÇХES TO DE RAMIFICAΗХES DESENVOLVIDAS EM TOR
NO DAS GRANDES VIAS DE COMUNICAΗГO. NA EU
ROPA, ESSAS ÚLTIMAS REMONTAM A UM TEMPO
BEM ANTERIOR Ŕ IDADE MЙDIA, OU ŔS VEZES ATЙ MESMO
Ŕ ANTIGÜIDADE.
Certas cidades militares ou de colonizaзгo beneficiaramse em seu nas
cimento, de um plano deliberado. Primeiro foi traзada uma muralha
de forma regular, nesta muralha terminavam as grandes vias de comu
nicaзгo. A disposiзгo interna tinha uma ъtil regularidade. Outras ci
dades, mais numerosas, nasceram na intersecзгo de duas grandes rotas
que atravessam a regiгo ou no ponto de cruzamento de vбrios caminhos
radiais que partiam de um centro comum. Essas vias de comunicaзгo
estгo intimamente ligadas ŕ topografia da regiгo, que freqьentemente
lhes impхe um traзado sinuoso. As primeiras casas se instalaram ŕ
beira delas; assim tiveram origem as ruas principais a partir das quais
vieram ramificarse, no decorrer do crescimento da cidade, artйrias
secundбrias cada vez mais numerosas. As vias principais sempre foram
filhas da geografia; multas delas puderam ser corrigidas ou retificadas,
mas sempre conservarгo sua determinaзгo fundamental.
52 AS GRANDES VIAS DE COMUNICAΗГO FORAM CON
CEBIDAS PARA RECEBER PEDESTRES OU COCHES; INADEQUADO, SE OPХE Ŕ UTILIZAΗГO DAS NOVAS
HOJE ELAS NГO CORRESPONDEM AOS MEIOS DE VELOCIDADES MECΒNICAS E Ŕ EXPANSГO REGU
TRANSPORTE MECΒNICOS. LAR DA CIDADE.
Nгo hб uma larguratipo uniforme para as ruas. Tudo depende de seu
a necessidades estritamente definidas.
OBJETIVOS REPRESENTATIVOS, PUDERAM OU PO
trбfego, em nъmero e natureza dos veнculos. As antigas vias principais, DEM CONSTITUIR PESADOS ENTRAVES Ŕ CIRCU
impostas desde o inicio da cidade pela topografia e pela geografia, e LAΗГO.
que formam o tronco da inumerбvel ramificaзгo de ruas, conservaram
quase sempre um trбfego intenso. Elas sгo geralmente muito estreitas, Aquilo que era admissнvel e atй mesmo admirбvel no tempo dos pe
mas seu alargamento nгo й sempre uma soluзгo fбcil e nem sequer destres e dos coches pode terse tornado, atualmente, uma fonte de
eficaz. Й preciso que o problema seja retomado bem mais de cima. problemas constantes. Certas avenidas concebidas para assegurar uma
perspectiva monumental, coroada por um monumento ou um edifнcio
DIANTE DAS VELOCIDADES MECΒNICAS O QUA sгo, no presente, uma causa de engarrafamento, de atraso, e, ŕs vezes,
56 DRO DAS RUAS APRESENTASE IRRACIONAL, FAL
TANDO PRECISГO, FLEXIBILIDADE, DIVERSIDADE
E ADEQUAΗГO.
de perigo. Essas composiзхes de ordem arquitetфnica deveriam ser pre
servadas da invasгo de veнculos mecanicos, para os quais nгo foram
feitas e ŕ cuja velocidade nunca poderгo ser adaptadas. A circulaзгo
tornouse hoje uma funзгo primordial da vida urbana. Ela pede um
A circulaзгo moderna й uma operaзгo das mais complexas. As vias programa cuidadosamente estudado, que saiba prever tudo o que й
destinadas a mъltiplos usos devem permitir, ao mesmo tempo: aos au preciso para regularizar os fluxos, criar os escoadouros indispensбveis
tomуveis, ir de um extremo a outro; aos pedestres, ir de um extremo a e chegar assim a suprimir os engarrafamentos e o malestar constante
outro; aos фnibus e bondes, percorrer itinerбrios prescritos; aos cami dos quais sгo a causa.
nhхes, ir dos centros de abastecimento a locais de distribuiзгo infini
tamente variados; a determinados veнculos, atravessar a cidade em sim
ples transito. Cada uma dessas atividades exigiria uma pista particular,
condicionada para satisfazer necessidades claramente caracterizadas.
Й, portanto, preciso dedicarse a um estudo profundo da questгo, con
58 EM INÚMEROS CASOS, A REDE DAS VIAS FЙRREAS
TORNOUSE, POR OCASIГO DA EXTENSГO DA CI
DADE, UM GRAVE OBSTБCULO Ŕ URBANIZAΗГO.
ELA ISOLA OS BAIRROS HABITACIONAIS, PRIVAN
DOOS DE CONTATOS ÚTEIS COM OS ELEMENTOS VITAIS DA
CIDADE.
Tambйm aqui o tempo andou muito depressa. As estradas de ferro
foram construнdas antes da prodigiosa expansгo industrial que elas
mesmas provocaram. Penetrando nas cidades, elas seccionam arbitra
riamente zonas inteiras. A estrada de ferro й uma via que nгo se atra
vessa; ela isola uns dos outros setores que, tendose coberto pouco a
pouco de habitaзхes, viramse privados de contatos para eles indispen
sбveis. Em certas cidades, a situaзгo й grave para a economia geral
e o urbanismo й chamado para considerar o remanejamento e o deslo
camento de certas redes, de modo a fazкlas i n s e r i r s e na harmonia de
um plano geral.
I
É PRECISO EXIGIR EM ESTATНSTICAS RIGOROSAS DO CONJUNTO DA
CIRCULAΗГO NA CIDADE E SUA REGIГO, TRABA
LHO QUE REVELARБ OS LEITOS DE CIRCULAΗГO
E A QUALIDADE DE SEUS TRБFEGOS.
DAS CONFORME SUA NATUREZA, E CONSTRUНDAS
EM FUNΗГO DOS VEНCULOS E DE SUAS VELOCI
DADES.
64
PRINCНPIO, OS LEITOS DE GRANDE CIRCULAΗГO.
Sendo as vias de trвnsito ou de grande circulaзгo bem diferenciadas
das vias de circulaзгo miъda, nгo terгo nenhuma razгo para se apro
ximarem das construзхes pъblicas ou privadas. Serб bom que elas se
jam ladeadas por espessas cortinas de vegetaзгo.
PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
DAS CIDADES
VAGUARDADOS (EDIFНCIOS ISOLADOS OU CONJUN lesados pela persistкncia de determinadas presenзas insignes, majesto
TOS URBANOS).
ciliar dois pontos de vista opostos: nos casos em que
A vida de uma cidade й um acontecimento continuo que se manifesta construзхes repetidas em numerosos exemplares, algumas serгo con
ao longo dos sйculos por obras materiais, traзados ou construзхes que servadas a tнtulo de documentбrio, as outras demolidas; em outros ca
dotamna de sua personalidade prуpria e dos quais emana pouco a sos poderб ser isolada uma ъnica parte que constitua uma lembranзa
pouco a sua alma. Sгo testemunhos preciosos do passado que serгo ou um valor real; o resto serб modificado de maneira ъtil. Enfim, em
respeitados, a princнpio por seu valor histуrico ou sentimental, depois, certos casos excepcionais, poderб ser aventada a transplantaзгo de ele
porque alguns trazem em si uma virtude plбstica na qual se incorporou mentos incфmodos por sua situaзгo, mas que merecem ser conservados
o mais alto grau de intensidade do gкnio humano. Eles fazem parte do por seu alto significado estйtico ou histуrico.
patrimфnio humano, e aqueles que os detкm ou sao encarregados de
sua proteзгo, tкm а responsabilidade e a obrigaзгo de fazer tudo o que
й licito para transmitir intacta, para os sйculos futuros, essa nobre he
ranзa. 67 SE SUA CONSERVAΗГO NГO ACARRETA O SACRI
FНCIO DE POPULAΗХES MANTIDAS EM CONDIΗХES
INSALUBRES...
O crescimento excepcional de uma cidade pode criar uma situaзгo peri 70
O EMPREGO DE ESTILOS DO PASSADO, SOB PRE
gosa, levando a um impasse do qual sу se sairб mediante alguns sacri TEXTOS ESTЙTICOS, NAS CONSTRUΗХES NOVAS
fнcios. O obstбculo sу poderб ser suprimido pela demoliзгo. Porйm, ERIGIDAS NAS ZONAS HISTУRICAS, TEM CONSE
quando esta medida acarreta a destruiзгo de verdadeiros valores arqui QÜКNCIAS NEFASTAS. A MANUTENΗГO DE TAIS
tetфnicos, histуricos ou espirituais, mais vale, sem dъvida, procurar USOS OU A INTRODUΗГO DE TAIS INICIATIVAS NГO SERГO
uma outra soluзгo. Ao invйs de suprimir o obstбculo ŕ circulaзгo, des TOLERADAS DE FORMA ALGUMA.
viarseб a prуpria circulaзгo ou, se as condiзхes o permitem, se lhe
imporб uma passagem sob um tъnel. Enfim, podese tambйm deslocar Tais mйtodos sгo contrбrios ŕ grande liзгo da histуria. Nunca foi cons
um centro de atividade intensa e, transplantandoo para outra parte, tatado um retrocesso, nunca o homem voltou sobre seus passos. As
mudar inteiramente o regime circulatуrio da zona congestionada. obrasprimas do passado nos mostram que cada geraзгo teve sua maneira de pensar, suas concepзхes, sua estйtica, recor endo, como trampolim ŕ sua imaginaзгo, ŕ to alidade dos recursos tйcnicos da sua йpoca. Copiar servilmente o p
A imaginaзгo, a invenзгo e os recursos tйcnicos devem combinarse
para chegar a desfazer os nуs que parecem mais inextrincбveis.
"falso" como princнpio, pois as antigas condiзхes de trabalho nгo po
NUMENTOS HISTORICOS DARБ A OCASIГO PARA deriam ser reconstituнdas e a aplicaзгo da tйcnica moderna a um ideal
CRIAR SUPERFНCIES VERDES. ultrapassado sempre leva a um simulacro d e s p r o v i d o de qualquer vida.
Misturando o "falso" ao "verdadeiro", longe de se alcanзar uma im
Й possнvel que, em certos casos, a demoliзгo de casas insalubres e de pressгo de conjunto e dar а sensaзгo de pureza de estilo, chegase so
cortiзos ao redor de algum monumento de valor histуrico destrua uma mente a uma reconstituiзгo factнcia, capaz apenas de desacreditar os
ambiкncia secular. Й uma coisa lamentбvel mas inevitбvel. Aproveitar testemunhos autкnticos que mais se tinha empenho em preservar.
i
CONCLUSХES
TERCEIRA PARTE
PONTOS
DE DOUTRINA
ESTA SITUAΗГO REVELA, DESDE O COMEΗO DA
71 АMAIORIA DAS CIDADES ESTUDADAS OFERECE
HOJE A IMAGEM DO CAOS: ESSAS CIDADES NГO
CORRESPONDEM DE MODO ALGUM Ŕ SUA DESTI
NAΗГO, QUE SERIA SATISFAZER AS NECESSIDA
72 ERA DO MAQUINISMO, O CRESCIMENTO INCES
SANTE DOS INTERESSES PRIVADOS.
A base desse lamentбvel estado de coisas estб na preeminкncia das ini
DES PRIMORDIAIS, BIOLУGICAS E PSICOLУGICAS, DE SUA ciativas privadas inspiradas pelo interesse pessoal e pelo atrativo do
POPULAΗГO. ganho. Nenhuma autoridade consciente da natureza e da importвncia
do movimento do maquinismo interveio atй o presente para evitar os
As cidades analisadas por ocasiгo do congresso de Atenas, por diligкn danos pelos quais ninguйm pode ser efetivamente responsabilizado. As
cia dos grupos nacionais dos "Congressos Internacionais de Arquite empresas estiveram, durante cem anos, entregues ao acaso. A constru
tura Moderna" foram trinta e trкs: Amsterdг, Atenas, Bruxelas, Bal згo de habitaзхes ou de fбbricas, a organizaзгo das rodovias, hidrovias
timore, Bandoeng, Budapeste, Berlim, Barcelona, Charleroi, Colфnia, ou ferrovias, tudo se multiplicou numa pressa e numa violкncia indi
Como, Dalat, Detroit, Dessau, Frankfurt, Genebra, Gкnova, Haia, vidual da qual estavam excluнdos qualquer plano preconcebido e qual
Los Angeles, Litoria, Londres, Madri, Oslo, Paris, Praga, Roma, Ro quer reflexгo prйvia. Hoje, o mal estб feito. As cidades sгo desumanas,
terdг, Estocolmo, Utrecht, Verona, Varsуvia, Zagreb e Zurique. Elas e da ferocidade de alguns interesses privados nasceu a infelicidade de inъmeras pessoas.
ilustram a histуria da raзa branca nos mais diversos climas e latitudes.
Todas testemunham o mesmo fenфmeno: a desordem instituнda pelo
maquinismo em uma situaзгo que comportava atй entгo uma relativa 73 A VIOLКNCIA DOS INTERESSES PRIVADOS PRO
harmonia; e tambйm a ausкncia de qualquer esforзo sйrio de adapta VOCA UM DESASTROSO DESEQUILIBRIO ENTRE O
moralfoi salvaguardado
згo. Em todas essas cidades o homem й molestado. Tudo que o cerca,
sufocao e esmagao. Nada do que й necessбrio ŕ sua saъde fнsica e
ou organizado. Uma crise de humanidade
assola as grandes cidades e repercute em toda a extensгo dos territуrios.
A cidade nгo corresponde mais ŕ sua funзгo, que й a de abrigar os
НMPETO DAS FORΗAS ECONФMICAS, DE UM LADO,
E, DE OUTRO, A FRAQUEZA DO CONTROLE ADMI
NISTRATIVO E A IMPOTENTE SOLIDARIEDADE SOCIAL.
O sentimento de responsabilidade administrativa e o da solidariedade
homens, e abrigбlos bem. social sгo derrotados diariamente pela forзa viva e sem cessar renovada
do interesse privado. Essas diversas fontes de energia estгo em perpй A CIDADE DEVE ASSEGURAR, NOS PLANOS ESPIRI
tua contradiзгo, e quando uma ataca, a outra se defende. Nessa luta,
infelizmente desigual, o interesse privado triunfa o mais das vezes,
assegurando o sucesso dos mais fortes em detrimento dos fracos. Mas,
do prуprio excesso do mal ŕs vezes advйm o bem; e a imensa desordem
75 TUAL E MATERIAL, A LIBERDADE INDIVIDUAL E O
BENEFНCIO DA AΗГO COLETIVA.
Liberdade individual e aзгo coletiva sгo os dois pуlos entre os quais se
material e moral da cidade moderna terб talvez como resultado fazer desenrola o jogo da vida. Todo empreendimento cujo objetivo й a me
surgir enfim o estatuto da cidade que, apoiado em uma forte respon lhoria do destino humano deve levar em consideraзгo esses dois fato
sabilidade administrativa, instaurarб as regras indispensбveis ŕ prote res. Se ele nгo chega a satisfazer suas exigкncias, freqьentemente con
згo da saъde e da dignidade humanas. traditуrias, ele se condena a um inevitбvel fracasso. Й impossнvel, em
todo caso, coordenбlos de maneira harmoniosa se nгo se elabora de
EMBORA AS CIDADES ESTEJAM EM ESTADO DE antemгo um programa cuidadosamente estudado e que nada deixe ao
74 PERMANENTE TRANSFORMAΗГO, SEU DESENVOL
VIMENTO Й CONDUZIDO SEM PRECISГO NEM CON
TROLE, E SEM QUE SEJAM LEVADOS EM CONSIDE
acaso.
Os princнpios do urbanismo moderno foram produzidos pelo trabalho
76 DISPOSITIVO URBANO SУ PODE SER REGIDO PELA
ESCALA HUMANA.
A medida natural do homem deve servir de base a todas as escalas que
de inъmeros tйcnicos: tйcnicos da arte de construir, tйcnicos de saъde, estarгo relacionadas ŕ vida e ŕs diversas funзхes do ser. Escala das
tйcnicos da organizaзгo social. Eles foram objeto de artigos, livros, medidas que se aplicarгo ŕs superficies ou ŕs distancias, escala das
congressos, debates pъblicos ou privados. Mas й preciso fazer com que distancias que serгo consideradas em sua relaзгo com o ritmo natural
sejam admitidos pelos уrgгos administrativos encarregados de velar do homem, escala dos horбrios que devem ser determinada conside
pelo destino das cidades e que nгo raro sгo hostis ŕs grandes transfor randose o trajeto cotidiano do sol.
maзхes propostas por esses dados novos. Й necessбrio portanto que a
autoridade seja esclarecida e, depois, que ela aja. Clarividencia e energia podem vir a restaurar a situaзгo comprometida.
77 AS CHAVES DO URBANISMO ESTГO NAS QUATRO OS PLANOS DETERMINARГO A ESTRUTURA DE
FUNΗХES: HABITAR, TRABALHAR, RECREARSE
(NAS HORAS LIVRES), CIRCULAR.
O urbanismo exprime a maneira de sor de uma йpoca. Atй agora, ele
78 CADA UM DOS SETORES ATRIBUНDOS ŔS QUATRO
FUNΗХESCHAVE, E ELES FIXARГO SUAS RESPEC
TIVAS LOCALIZAΗХES NO CONJUNTO.
A arquitetura preside os destinos da cidade. Ela ordena a estrutura da
pas do empreendimento. moradia, cйlula essencial do tecido urbano, cuja salubridade, alegria,
harmonia sгo subordinadas ŕs suas decisхes. Ela reъne as moradias em
A MARCHA DOS ACONTECIMENTOS SERA PROFUN unidades habitacionais cujo кxito dependerб da justeza de seus cбlcu
Nгo basta que a necessidade do "estatuto do solo" e de certos princн
los. Ela reserva de antemгo os espaзos livres em melo aos quais se er
guerгo os volumes edificados em proporзхes harmoniosas. Ela organiza
os prolongamentos da moradia, os locais de trabalho, as бreas consa
gradas ao entretenimento. Ela estabelece a rede de circulaзгo que colo
pios de construзгo seja admitida. Й preciso ainda, para passar da teo carб em contato as diversas zonas. A arquitetura й responsбvel pelo
ria aos atos, o concurso dos seguintes fatores: um poder polнtico tal bemestar e pela beleza da cidade. Й ela que se encarrega de sua cria
como se o deseja, clarividente, convicto, decidido a realizar as melhores згo ou sua melhoria, e й ela que estб incumbida da escolha e da dis
tribuiзгo dos diferentes elementos cuja proporзгo feliz constituirб uma
94 A PERIGOSA CONTRADIΗГO AQUI CONSTATADA
obra harmoniosa e duradoura. A arquitetura й a chave de tudo.
SUSCITA UMA DAS QUESTХES MAIS PERIGOSAS
DA ЙPOCA: A URGКNCIA DE REGULAMENTAR, POR
93 A ESCALA DOS TRABALHOS A EMPREENDER COM
UM MEIO LEGAL, A DISPOSIΗГO DE TODO O SOLO
URGКNCIA PARA A ORGANIZAΗГO DAS CIDADES,
ÚTIL PARA EQUILIBRAR AS NECESSIDADES VITAIS DO INDI
DE OUTRO LADO, O ESTADO INFINITAMENTE PAR
VНDUO EM PLENA HARMONIA COM AS NECESSIDADES CO
CELАD О DA PROPRIEDADE TERRITORIAL, SГO
LETIVAS.
DUAS REALIDADES ANTAGФNICAS.
Devem ser empreendidos sem demora trabalhos de importвncia capi Hб anos que as empresas de equipamento, em todos os pontos do
tal, uma vez que todas as cidades do mundo, antigas ou modernas, mundo, se batem contra o estatuto petrificado da propriedade privada.
revelam as mesmas taras advindas das mesmas causas. Mas nenhuma O solo — territуrio do paнs — deve tornarse disponнvel a qualquer
momento , e por seu justo valor, avaliado antes do estudo dos projetos.
obra fragmentбria deve ser empreendida se ela nгo se insere no con
texto da cidade e no da regiгo, tais como eles terгo sido previstos por O solo deve ser mobilizбvel quando se trata do interesse geral. Inъ
um amplo estudo e um grande plano de conjunto. Este plano, forзosa meros inconvenientes se abateram sobre os povos que nгo souberam
mente, comportarб partes cuja realizaзгo poderб ser imediata e outras medir com exatidгo a amplitude das transformaзхes tйcnicas e suas
cuja execuзгo deverб ser remetida para datas indeterminadas. Inъme formidбveis repercussхes sobre a vida pъblica e privada. A ausкncia de
urbanismo й a causa da anarquia que reina na organizaзгo das cida
ras parcelas fundiбrias deverгo ser expropriadas e serгo objeto de tran des, no equipamento das indъstrias. Porque se ignoraram certas re
saзхes. Entгo serб preciso temer o jogo sуrdido da especulaзгo, que tгo gras, o campo se esvaziou, as cidades se encheram para alйm de qual
freqьentemente esmaga no berзo os grandes empreendimentos ani quer limite razoбvel, as concentraзхes industriais se fizeram ao acaso,
mados pela preocupaзгo com o bem pъblico. O problema da proprie as moradias operбrias tornaramse cortiзos. Nada foi previsto para a
dade do solo e de sua possнvel requisiзгo se coloca nas cidades, em sua salvaguarda do homem. O resultado й catastrуfico e й quase uniforme
periferia, e se estende atй a zona mais ou menos ampla que constitui em todos os paнses. Й o fruto amargo de cem anos de maquinismo sem
sua regiгo.
direзгo.
95 O INTERESSE PRIVADO SERБ SUBORDINADO AO
INTERESSE COLETIVO.
Entregue a si mesmo, o homem й rapidamente esmagado pelas dificul
dades de todo o tipo que deve superar. Pelo contrбrio, se estб subme
tido a muitas obrigaзхes coletivas, sua personalidade resulta sufocada.
O direito individual e o direito coletivo devem portanto sustentarse,
reforзarse mutuamente e reunir tudo aquilo que comportam de infi
nitamente construtivo. O direito individual nгo tem relaзгo com o vul
gar interesse privado. Este, que satisfaz a uma minoria condenando
o resto da massa social a uma vida medнocre, merece severas restriзхes.
Ele deve ser, em todas as partes, subordinado ao interesse coletivo,
tendo cada indivнduo acesso ŕs alegrias fundamentais: o bemestar do
lar, а beleza da cidade.
NOTAS SOBRE OS CONGRESSOS IN
TERNACIONAIS DE ARQUI
TETURA MODERNA
DECLARAÇĂO DE LA SARRAZ
Os arquitetos abaixo assinados, representantes dos grupos nacionais de
arquitetos modernos, afirmam sua unidade de pontos de vista sobre as
concepçőes fundamentais da arquitetura e sobre suas obrigaçőes pro-
fissionais. Eles insistem particularmente no fato de que "construir"
éumaatividade elementar do homem, ligada intimamente ΰ evolução
da vida. O destino da arquitetura é o de exprimir o espirito de uma
época. Eles afirmam hoje a necessidade de uma concepção nova da
arquitetura que satisfaça as exigęncias materiais, sentimentais e espi-
rituais da vida presente. Conscientes das perturbaзхes profundas cau U R В A N I S M О
sadas pelo maquinismo, eles reconhecem que a transformaзгo da estru
tura social e da ordem econфmica acarreta fatalmente uma transfor O urbanismo й a administraзгo dos lugares e dos locais diversos que
maзгo correspondente do fenфmeno arquitetфnico. Eles estгo reunidos devem abrigar o desenvolvimento da vida material, sentimental e espi
com a intenзгo de pesquisar a harmonizaзгo dos elementos presentes ritual em todas as suas manifestaзхes, individuais ou coletivas. Ele en
no mundo moderno e de recolocar a arquitetura em seu verdadeiro volve tanto as aglomeraзхes urbanas quanto os agrupamentos rurais.
plano, que й de ordem econфmica e sociolуgica e inteiramente a serviзo O urbanismo nгo poderia mais estar exclusivamente subordinado ŕs re
da pessoa humana. Й assim que a arquitetura escaparб da dominaзгo gras de um estetismo gratuito. Por sua essкncia, ele й de ordem fun
esterilizante das Academias. Firmes nesta convicзгo, eles declaram as cional. As trкs funзхes fundamentais pela realizaзгo das quais o ur
sociarse para realizar suas aspiraзхes. banismo deve velar sгo: 1o habitar; 2o trabalhar; 3o recrearse. Seus
objetivos sгo: a) a ocupaзгo do solo; b) a organizaзгo da circulaзгo;
E C O N O M I A G E R A L с ) a legislaзгo. As trкs funзхes fundamentais acima indicadas nгo sгo
favorecidas pelo estado atual das aglomeraзхes. As relaзхes entre os
O equipamento de um paнs reclama a нntima vinculaзгo da arquitetura diversos locais que lhes sгo destinados devem ser recalculadas de ma
com a economia geral. A noзгo de "rendimento", introduzida como neira a determinar uma justa proporзгo entre volumes edificados e es
axioma da vida moderna, nгo implica absolutamente o lucro comercial paзos livres. O problema da circulaзгo e o da densidade devem ser
mбximo, mas uma produзгo suficiente para satisfazer plenamente as reconsiderados. O parcelamento desordenado do solo, fruto de parti
necessidades humanas. O verdadeiro rendimento serб o fruto de uma lhas, de vendas e da especulaзгo, deve ser substituнdo por uma econo
racionalizaзгo e de uma normatizaзгo (aplicadas com flexibilidade mia territorial de reagrupamento. Este reagrupamento, base de todo
tanto nos projetos arquitetфnicos como nos mйtodos industriais de exe urbanismo capaz de responder бs necessidades presentes, assegurarб
cuзгo). Urge que a arquitetura, ao invйs de recorrer quase que exclusi aos proprietбrios e ŕ comunidade a justa distribuiзгo das maisvalias
vamente a um artesanato anкmico, sirvase tambйm dos imensos re resultantes dos trabalhos de interesse comum.
cursos que lhe oferece a tйcnica industrial, mesmo quando uma tal de
cisгo conduza a realizaзхes muito diferentes daquelas que fizeram a
glуria das йpocas passadas.
A ARQUITETURA E A OPINIĂO P٠BLICA O B J E T I V O S DOS CIAM
E indispensбvel que os arquitetos exerзam uma influкncia sobre a opi Os objetivos dos CIAM sгo: formular o problema arquitetфnico con
niгo pъblica e a faзam conhecer os meios e os recursos da nova arqui temporвneo; apresentar a idйia arquitetфnica moderna; fazer essa idйia
tetura. O ensino acadкmico perverteu o gosto pъblico, e nгo raro os penetrar nos cнrculos tйcnicos, econфmicos e sociais; zelar pela soluзгo
problemas autкnticos da habitaзгo sequer sгo levantados. A opiniгo do problema da arquitetura.
pъblica estб mal informada e os usuбrios, em geral, sу sabem formular
muito mal seus desejos em matйria de moradia. Alйm disso, essa mora OS C O N G R E S S O S CIAM
dia tem estado hб muito tempo excluнda das preocupaзхes maiores do
arquiteto. Um punhado de verdades elementares, ensinadas na escola Desde o momento de sua fundaзгo, os CIAM avanзaram pelo caminho
primбria, poderia constituir o fundamento de uma educaзгo domйs das realizaзхes prбticas; trabalhos coletivos, discussхes, resoluзхes,
tica. Esse ensino resultaria na formaзгo de geraзхes possuidoras de publicaзхes. Os congressos CIAM, que sempre foram assemblйias de
uma concepзгo saudбvel da moradia. Essas geraзхes, futura clientela trabalho, escolheram sucessivamente diferentes paнses para se reunir.
do arquiteto, seriam capazes de lhe impor a soluзгo do problema da A cada vez, eles provocaram, nos centros profissionais e na opiniгo
habitaзгo, por tanto tempo negligenciado. pъblica, uma agitaзгo fecunda, uma animaзгo, um despertar. 1928.
1o Congresso, La Sarraz. Fundaзгo dos CIAM. 1929. 2o Congresso,
A A R Q U I T E T U R A E O E S T A D O Frankfurt (Alemanha). Estudo da moradia mнnima. 1930. 3o Con
gresso, Bruxelas. Estudo do loteamento racional. 1933. 4o Congresso,
Os arquitetos, tendo a firme vontade de trabalhar no interesse verda Atenas. Anбlise de 33 cidades. Elaboraзгo da Carta do Urbanismo.
deiro da sociedade moderna, consideram que as Academias, conserva 1937. 5o Congresso, Paris. Estudo do problema Moradia e Lazer. 1947.
doras do passado, negligenciando o problema da moradia em beneficio 6o Congresso, Bridgwater. Reafirmaзгo dos objetivos dos CIAM. 1949.
de uma arquitetura puramente suntuбria, entravam o progresso social. 7o Congresso, Bйrgamo. Execuзгo da Carta de Atenas. Nascimento
Por sua apropriaзгo do ensino, elas viciam desde a origem a vocaзгo do da "grille" CIAM de urbanismo. 1951. 8o Congresso, Hoddesdon.
arquiteto e, pela quase exclusividade que tкm dos cargos do Estado, Estudo do centro, do coraзгo das cidades. 1953. 9o Congresso, Aix
elas se opхem ŕ penetraзгo do novo espнrito, o ъnico que poderia vivi enProvence. Estudo do habitat humano. 1956. 10o Congresso, Du
ficar e renovar a arte de edificar. brovnik. Estudo do habitat humano.
PUBLICAΗХES DO CIAM
S E G U N D A P A R T E
T E R C E I R A P A R T E
CONCLUSХES
PONTOS DE DOUTRINA 71 a 95
A JORNADA SOLAR DE 2 4 HORAS
RITMAAATIVIDADE DOS HOMENS