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Ácido

Ácido, no âmbito da química, pode se referir a um composto capaz de transferir Íons (H+)
numa reação química (vide ácido de Brønsted), podendo assim diminuir o pH de uma solução
aquosa, ou a um composto capaz de formar ligações covalentes (vide ácido de Lewis) com
um par de eléctrons.[1] As bases são os análogos opostos aos ácidos.

Há dois tipos de ácidos, os hidrácidos e os oxiácidos (que possuem oxigênio em sua


composição).

Conceito de Arrhenius

Segundo o químico sueco Arrhenius (1887), um ácido é toda substância molecular que, em
solução aquosa, sofre ionização e produz como único cátion, o íon H3O .[2] Um exemplo é o
ácido clorídrico, de fórmula HCl:

Conceito de Brønsted e Lowry

Anos mais tarde, em 1923, o físico-químico dinamarquês Brønsted e o também físico-


químico inglês Lowry propuseram independentemente a ideia de que ácido é uma
substância que pode ceder prótons (íons H+).[3]

Esta última definição generaliza a teoria de ácidos de Arrhenius. A teoria de Brønsted e


Lowry de ácidos também serve para dissoluções não aquosas; as duas teorias são muito
parecidas na definição de ácido, mas a de Brønsted-Lowry é muito mais geral.
Exemplos de ácidos de Brønsted e Lowry: HCl, H3O+ (oxônio (ou Hidrônio), H3PO4 – se
doarem o H+ durante a reação.
Se estiverem em solução aquosa também são ácidos de Arrhenius.

Conceito de Lewis

No mesmo ano (1923) em que a teoria de Brønsted-Lowry foi formulada, o químico


estadunidense Lewis ampliou ainda mais a definição dos ácidos, teoria que não obteve
repercussão até alguns anos mais tarde. Segundo a teoria de Lewis um ácido é aquela
espécie química que, em qualquer meio, pode aceitar um par de elétrons. Desta forma
incluem-se substâncias que se comportam como ácidos, mas não cumprem a definição de
Brønsted e Lowry, sendo denominadas ácidos de Lewis.[4] Visto que o próton, segundo esta
definição, é um ácido de Lewis (tem vazio o orbital 1s, onde pode alojar-se o par de elétrons),
pode-se afirmar que todos os ácidos de Brønsted-Lowry são ácidos de Lewis, e todos os
ácidos de Arrhenius são de Brønsted-Lowry.

Exemplos de ácidos de Lewis: Ag+, AlCl3, CO2, SO3 – se receberem par de elétrons.

Ionização e equilíbrio

As reações de ácidos são generalizadas frequentemente na forma HA H+ + A-, onde HA


representa o ácido, e A- é a base conjugada. Os pares ácido-base conjugados diferem em um
próton, e podem ser convertidos pela adição ou eliminação de um próton (protonação e
deprotonação, respectivamente). Observe que o ácido pode ser a espécie carregada, e a
base conjugada pode ser neutra, em cujo caso o esquema de reação generalizada poderia
ser descrito como HA+ H+ + A. Em solução existe um equilíbrio entre o ácido e sua base
conjugada. A constante de equilíbrio K é uma expressão das concentrações do equilíbrio das
moléculas ou íons em solução. Os colchetes indicam concentração, assim [H2O] significa a
concentração de [H2O]. A constante de ionização ácida Ka é usada geralmente no contexto
das reações ácido-base. O valor numérico de Ka é igual à concentração dos produtos,
dividida pela concentração dos reagentes, sendo o reagente o ácido (HA) e os produtos a
base conjugada e H+.

O ácido mais forte tenderá a ter o Ka maior que o ácido mais fraco; a relação dos íon
hidrogênio com o ácido será maior para o ácido mais forte, pois o ácido mais forte tem uma
tendência maior a perder seu próton. Devido à gama de valores possíveis para Ka se
estender por várias ordens de magnitude, mais frequentemente utiliza-se uma constante
mais manipulável, pKa, onde pKa = -log10 Ka. Os ácidos mais fortes têm o pKa menor do que
os ácidos fracos. Os valores de pKa. determinados experimentalmente a 25 °C em solução
aquosa geralmente aparecem em livros e material de referência.[5]
Força dos ácidos (segundo Arrhenius)

Um parafuso (contendo ferro em sua composição) e um fio de cobre mergulhados em ácido. O ácido clorídrico não
reage com o fio de cobre.

Um ácido forte é aquele que se ioniza completamente na água, isto é, libera íons H+,
porém não os recebe. O exemplo anterior (ácido clorídrico) é um ácido forte. Outro é o
ácido nítrico.[6]

Um ácido fraco também libera íons H+ , porém parcialmente, estabelecendo um equilíbrio


químico. A maioria dos ácidos orgânicos são deste tipo, e também alguns sais como o
cloreto de alumínio.[6]
HOAc H+ + OAc- ( em solução aquosa )

Neste caso HOAc equivale ao ácido acético, e a seta dupla indica o equilíbrio.

Aspectos liberais genéricos da força dos ácidos

Autoionização

Ácidos resistentes e não resistentes

Classificação dos ácidos

Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis


Monopróticos: são ácidos que podem liberar apenas um átomo de hidrogênio (em forma
de próton, cátion de hidrogênio ou H+) de sua estrutura em solução aquosa. Ex.: HCl,
HNO3, H3PO2 (libera 1xH+);
Dipróticos: podem liberar dois átomos de hidrogênio de sua estrutura em solução aquosa,
Ex.: H2Cr2O7, H2MnO4, H2S, H2SO4, H3PO3 (libera 2xH+);
Tripróticos: podem liberar três átomos de hidrogênio de sua estrutura em solução aquosa,
Ex.: H3PO4.

Quanto ao número de grupos funcionais (H+)

Monácidos: possuem um íon H+ por molécula. Ex.: HCl, HNO3, HClO4, etc;
Diácidos: possuem dois íons H+ por molécula. Ex.: H2S, H2CO3, H2SO4, etc;
Triácidos: possuem três íons H+ por molécula. Ex.: H3BO3, H3PO4, H3SO4, etc;
Tetrácidos: possuem quatro íons H+ por molécula. Ex.: H4P2O7, H4SiO4, etc.

Quanto à presença de oxigênio

Hidrácidos: sem oxigênio (fórmula geral: HnA);


Oxiácidos: com oxigênio (formula geral: HnAO).

Quanto à volatilidade

(mais de seis átomos) Fixos, ex.: H1.B5sd,KlPH54,H2so4, H3PO4, entre outros.


(até seis átomos) Voláteis, ex.: HCl, HBr, HI, H2S, HCN, HNO3, entre outros.

Quanto à força (pKa)

Quanto ao grau de hidratação

Orto: represente um ácido hidratado, p. ex.: H3PO4 (Ácido Fosfórico); representa


formalmente H2PO2•1·H2O
Meta: represente um ácido menos uma molécula de água: H3PO4 → H2O + HPO3 (Ácido
Metafosfórico)
Piro: represente um ácido que perdeu duas moléculas de água: 2·H3PO4 → 2·H2O +
H4P2O7 (Ácido Pirofosfórico)

Outras definições

A definição mais simples de um ácido se resume a uma substância de gosto azedo.[10]


Um ácido também pode ser definido como uma substância que tem o valor de pH inferior
a 7 (a uma temperatura de 25º).[10]

Um ácido pode ser também definido como um derivado da oxidação de álcoois ou


aldeídos.[10] Neste caso trata-se de um ácido orgânico ou ácido carboxílico.

História

Na antiguidade, as propriedades organolépticas, eram importantes na caracterização das


substâncias. A palavra ácido, por exemplo, vem do latim acere, que significa azedo, e
produtos que tinham esse sabor, como o vinagre, o leite coalhado e o suco de limão, eram
considerados ácidos. Atualmente, sabemos que o sabor azedo característico destes
produtos é devido a presença de ácidos carboxílicos em sua composição, como o ácido
acético (vinagre), o ácido D-láctico (leite coalhado) e o ácido cítrico (suco de limão). [11]

Um dos primeiros ácidos preparados em laboratório foi o ácido sulfúrico, obtido


primeiramente por Helmont (~1600) através do aquecimento do sulfato ferroso, seguido de
destilação e, posteriormente, por queima do enxofre. O ácido clorídrico, que é um gás, foi
descoberto por Priestley em 1772, quando reagiu o ácido sulfúrico concentrado com cloreto
de sódio (NaCl). A dissolução desse gás em água conduziu a uma solução ácida, que foi
chamada de ácido muriático (no latim muria significa salmoura).[11]

Em 1657, o químico irlandês Robert Boyle observou que os ácidos tinham a propriedade de
transformar uma tintura vegetal azul (litmus) em vermelha, sendo esta descoberta
precursora dos indicadores usados em Química Analítica. Alguns anos depois (1777)
Lavoisier, considerado um dos fundadores da Química moderna, postulou que a acidez era
causada pela presença de um átomo na estrutura, o qual denominou de Oxigênio, cujo
significado é "gerador de ácido" (do grego: oxis = azedo e genes = nascido). Esta ideia
embora errada, foi a primeira tentativa de caracterizar quimicamente os ácidos.[11]

Ver também

Indicadores ácido-base

Reação ácido-base

Referências

1. A. D., A. Wilkinson (1997). «Acid» (http://goldbook.iupac.org/A00071.html) . IUPAC —


Compendium of Chemical Terminology (the “Gold Book”). versão interactiva (em inglês).
Versão on-line (2006-) corrigida por Nic, Jirat, Kosata; update por A. Jenkins 2014-02-24
ver.2.3.2 2ª ed. Oxford: Blackwell Scientific Publications. ISBN 0-9678550-9-8.
doi:10.1351/goldbook.A00071 (https://dx.doi.org/10.1351/goldbook.A00071) .
Consultado em 15 de maio de 2014

2. «Conceito de ácido de Arrhenius» (https://web.archive.org/web/20120321105930/http://w


ww.fisica.net/quimica/resumo9.htm#ConAci) . fisica.net. Consultado em 15 de janeiro de
2012. Arquivado do original (http://www.fisica.net/quimica/resumo9.htm#ConAci) em
21 de março de 2012

3. «Definição de Bronsted-Lowry» (http://www.quiprocura.net/acido_arquivos/bronsted.ht


m) . quiprocura.net. 4 de setembro de 2004. Consultado em 15 de janeiro de 2012

4. Medeiros, Miguel A. (4 de setembro de 2004). «Definição de Lewis» (http://www.quiprocur


a.net/acido_arquivos/lewis.htm) (htm). quiprocura.net. Consultado em 15 de janeiro de

2012

5. «pKa de ácidos orgânicos» (https://web.archive.org/web/20110316105615/http://www.uf


sm.br/quimica_organica/acidity2.htm) . ufsm.br. Consultado em 15 de janeiro de 2012.
Arquivado do original (http://www.ufsm.br/quimica_organica/acidity2.htm) em 16 de
março de 2011

6. «Classificação dos ácidos quanto à força» (http://www.colegioweb.com.br/quimica/classi


ficacao-dos-acidos-quanto-a-forca.html) . colegioweb.com.br. Consultado em 15 de
janeiro de 2012

7. «Auto-ionização da água» (https://web.archive.org/web/20130503055838/http://www.fisic


aequimica.net/acidobase/auto.htm) . fisicaequimica.net. Consultado em 15 de janeiro de
2012. Arquivado do original (http://www.fisicaequimica.net/acidobase/auto.htm) em 3
de maio de 2013

8. Charles E. Mortimer; Ulrich Müller (2010). Chemie (em alemão). Stuttgart: Thieme. p. 310.
ISBN 978-3-13-484310-1

9. H. F. Hollemann, N. Wiberg (2007). Lehrbuch der anorganischen Chemie (em alemão).


Berlim: Walter de Gruyter Verlag. p. 245. ISBN 978-3-11-017770-1

10. "ácido", Dicionário Priberam da Língua Portuguesa em linha (http://www.priberam.pt/dlpo/


dlpo.aspx?pal=%C3%A1cido) , 2010, consultado em 25-01-2013.

11. Ácidos e Bases em Química Orgânica. [S.l.: s.n.] 2005. ISBN 8536305339

Ligações externas
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Última modificação há 2 meses por Luisbrudna

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