Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
PUBLICIDADE
A mostra foi criada por Augusto de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, Ferreira Gullar e
Wladimir Dias Pino.
Os concretistas aspiravam uma nova literatura, uma nova arte, baseada no experimentalismo.
Rompendo com versos longos e discursivos, os poetas apostaram na concisão, no rigor e na
precisão ao criarem poesias visuais com imagens que possibilitavam múltiplas leituras.
O poema composto com apenas duas palavras levanta uma discussão acerca da temática
social e convoca múltiplas interpretações possíveis.
O luxo nos leva ao lixo? Vivemos numa sociedade que valoriza o luxo sem analisar
amplamente o que a acumulação gera (o lixo)? A prática do esbanjamento, da acumulação,
nos torna seres humanos ruins? Ou ainda, o sistema econômico em que vivemos nos enche de
produtos e demandas desnecessárias para atender os interesses de alguns poucos bilionários?
Assim como outros grandes poemas concretos, Lixo, Luxo convoca o leitor para mergulhar
numa profunda reflexão.
Tirando proveito de uma sonoridade ímpar criada a partir da repetição vocabular, Décio joga
com a construção das frases (beba coca cola / babe cola / beba coca / babe cola caco).
O poeta chama a atenção para os signos numéricos e para o número de letras que compõe a
palavra cinco que, neste caso, curiosamente coincidem: a palavra cinco possui também cinco
letras.
Os poetas concretos, de modo geral, tiraram proveito do espaço branco da página imprimindo
significado à disposição do texto. Essa geração trouxe ao leitor a necessidade de também
saber interpretar os espaços vazios da página como um elemento significativo na criação
poética.
Considerado um poema em movimento, Leminski produziu aqui uma poesia visual que não é
mais só literatura nem só arte plástica. Fazendo jogos gramaticais, há em Lua na água uma
imagem rebatida, simulando espelhos em formato de degraus.
Uma presença importante na obra do criador - e presente também em Lua na água, é o haicai,
tipo de construção poética oriental concisa.
Para buscar um efeito gráfico, o poeta precisou abandonar os versos tradicionais. A estreia de
Leminski no mundo da poesia concreta aconteceu em 1964 na revista Invenção, dirigida por
Décio Pignatari, onde o poeta publicou cinco poemas.
Gente, de Arnaldo Antunes (1960), é um típico exemplar de poema concreto. Conciso, feito a
partir de uma escrita telegráfica e objetiva, o poema apresenta uma experimentação radical no
nível da linguagem, quase com um olhar infantil.
O poema, composto por uma palavra só desdobrada em outra, permite uma série de
interpretações possíveis. Como ET está dentro da palavra gente, eles estão entre nós? Somos
uns com os outros ETs, criaturas misteriosas e desconhecidas? O poema seria afinal uma
crítica ao individualismo contemporâneo?
Convém o leitor ter atenção para a tipologia escolhida, para a cor, para a forma como as letras
ocupam o campo visual, enfatizando a palavra ET. Todas essas escolhas são relevantes para o
projeto concretista.
6. Girassol, de Ferreira Gullar
PUBLICIDADE
Gullar respondeu o artigo que tanto o incomodou em 1957 com o artigo Poesia Concreta:
Experiência Fenomenológica, publicado no mesmo veículo.
Motivado a marcar o seu lugar de fala e a de outros colegas simpatizantes, o poeta criou o
movimento neoconcreto ao lado de Lygia Clark e Helio Oiticica. Sobre esse período da sua
vida, Gullar relembrou em entrevista:
Lembro-me que defendia a tese de que a questão fundamental da nova poesia não era
'criar um novo verso' e, sim, 'superar o caráter unidirecional da linguagem, rompendo
com a sintaxe verbal'.
Pós-tudo foi criado em 1984, décadas depois do concretismo ter surgido no Brasil.
A obra poética, incluída em Despoesia (1994), foi adaptada para o audiovisual. Um traço
importante da poesia concreta foi a incorporação de elementos sonoros, táteis, visuais. Isso
deu a possibilidade de ultrapassar a barreira do livro e ir para galerias de arte, revistas, na
televisão, através de videoclipes, projeções, etc.
Os poetas concretos, representados aqui por Augusto de Campos (1931), foram em busca de
uma nova linguagem,capaz de provocar o leitor e tirá-lo da sua zona de conforto.
Em Pós-tudo, o autor reflete sobre o próprio fazer literário, sobre a sua própria produção
poética e o seu lugar no mundo.
Incluído no livro Ideogramas, lançado em 1961, o poema é criado com apenas uma palavra. A
palavra "pêndulo" é decomposta de modo a respeitar o movimento pendular sugerido, Desse
modo, o conteúdo entra em sintonia com a sua representação gráfica.
Esse poema está em consonância com o projeto da poesia concreta, que fazia uso
majoritariamente de substantivos e tinha uma preocupação de condensação poética.
Verbos e pronomes eram habitualmente renegados, havia um desejo de encontrar a essência
das palavras.
Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro (1932) autor português de destaque, pertenceu ao
movimento da Poesia Experimental (PO-EX) durante a década de 60 e é dos maiores
representantes internacionais do concretismo.
PUBLICIDADE
Outro nome importante da poesia concreta foi o de Haroldo de Campos (1929-2003), que no
poema A desconstrução do verso reflete sobre o processo de criação literária, e, ao mesmo
tempo, sobre o ciclo natural da vida.
Observamos também como o poeta usa uma linguagem enxuta, concisa, e dá o máximo de
adubo para o pensamento no menor espaço possível. Há uma preocupação com a simetria,
uma atenção voltada não só para os signos verbais como também para os não verbais.
Um dos poemas mais famosos de Ronaldo Azeredo (1937-2006) é Velocidade, composto por
uma única palavra grafada de uma maneira original. Nessa criação poética, a estrutura é de
fundamental importância.
Trata-se de uma forma que informa. Entre os poetas concretos cada elemento da criação
importa: o espaço branco da página onde está inserido, as fontes tipográficas, o meio em que
o poema é veiculado (livro? tela? escultura? monitor?).
Ronaldo Azeredo foi apresentado pela irmã, Lygia Azeredo (1931), ao poeta Augusto de
Campos, que veio a se tornar seu cunhado. Com a proximidade com Augusto, Ronaldo se
interessou pela poética inovadora e acabou participando da Exposição Nacional de Arte
Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo (em 1956). O poeta também foi colaborador
das revistas concretistas Noigandres e Invenção.
PUBLICIDADE