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MÓDULO 12

AULA 02

ESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

Art. 15. A criança e ao adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à


dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e
nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - Ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,


ressalvadas as restrições legais;

II - Opinião e expressão;

III - crença e culto religioso;

IV - Brincar, praticar esportes e divertir-se;

V - Participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

VI - Participar da vida política, na forma da lei;

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade


física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,


pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.
Art. 18-A. A criança e ao adolescente têm o direito de ser educados e
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante,
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto,
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:

I - Castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o


uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em:

a) sofrimento físico; ou b) lesão;

II - Tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento


em relação à criança ou ao adolescente que:

a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize.

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os


agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer
pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los,
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel
ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:

I - Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à


família;

II - Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

III - Encaminhamento a cursos ou programas de orientação;


IV - Obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;

V - Advertência.

Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas


pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.

DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no
seio da sua família e excepcionalmente, em família substituta [80],
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta
seu desenvolvimento integral.

§ 1º. Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de


acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no
máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente,
com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de
reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

§ 2º. A permanência da criança e do adolescente em programa de


acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos,
salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária

§ 3º. A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua


família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em
que será está incluída em serviços e programas de proteção, apoio e
promoção.
§ 4º. Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe
ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas
pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela
entidade responsável, independentemente de autorização judicial.

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,


terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

Tem especial relevância em relação à filiação adotiva, que uma vez


consumada atribui ao adotado a condição de filho do(s) adotante(s), em
absoluta igualdade de condições em relação aos filhos biológicos. A rigor,
portanto, a expressão “filho adotivo” somente subsiste para fins didáticos,
não mais devendo ser empregada para designar pessoas adotadas, que para
todos fins e efeitos são e devem ser pura e simplesmente tratadas como
filhos de seus adotantes, sem qualquer designação complementar.

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo


pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a
qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade
judiciária competente para a solução da divergência.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e


deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da
criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta
Lei.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo


suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.

§ 1º. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da


medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem,
a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas
oficiais de proteção, apoio e promoção.

§ 2º. A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição


do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso,
sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas


judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na
legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado
dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

DA FAMÍLIA NATURAL

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se


estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada
por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos
pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento,
por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer
que seja a origem da filiação.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho


ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,


indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

DA FAMÍLIA SUBSTITUTA

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela


ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou
adolescente, nos termos desta Lei.

§ 1º. Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente


ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e
terá sua opinião devidamente considerada.

§ 2º. Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu


consentimento, colhido em audiência.
§ 3º. Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a
relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as
consequências decorrentes da medida.

§ 4º. Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da


mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de
abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de
solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
definitivo dos vínculos fraternais.

§ 5º. A colocação da criança ou adolescente em família substituta será


precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior,
realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à convivência
familiar.

§ 6º. Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de


comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:

I - Que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os


seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não
sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta
Lei e pela Constituição Federal;

II - Que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua


comunidade ou junto a membros da mesma etnia;

III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável


pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de
antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
acompanhar o caso.
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que
revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou
não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da


criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não
governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida


excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará


compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo
nos autos.

DA GUARDA

Art. 33. A guarda obriga à prestação de assistência material, moral e


educacional [126] à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o
direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º. A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser


deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção,
exceto no de adoção por estrangeiros.

§ 2º. Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e


adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos
pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a
prática de atos determinados.

§ 3º. A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente,


para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
§ 4º. Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da
autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em
preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente
a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação
específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica,


incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de
criança ou adolescente afastado do convívio familiar.

§ 1º. A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento


familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em
qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos
desta Lei.

§ 2º. Na hipótese do §1º deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no


programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente
mediante guarda.

§ 3º. A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em


família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de
equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de
adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e
acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção.

§ 4º. Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e


municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família
acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família
acolhedora.

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato
judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
DA TUTELA

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18
(dezoito) anos incompletos.

Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da


perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de
guarda.

Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico,


deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar
com pedido destinado ao controle judicial do ato.

Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos


previstos nos artigos. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à
pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que
a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em
melhores condições de assumi-la.

Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.

A destituição da tutela é medida aplicável ao tutor, que somente pode ser


decretada pela autoridade judiciária, em procedimento contencioso, no qual
seja assegurado o contraditório e a ampla defesa.

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