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Resumo de Direito Eleitoral para PCGO

1 Lei Federal nº 4.737/1965 e suas alterações (Código Eleitoral). .............................................. 2


1.1. Introdução ......................................................................................................................... 2
1.2. Órgãos da justiça eleitoral. ............................................................................................... 3
1.3. Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição, cancelamento e exclusão. .................... 7
1.4. Eleições: sistema eleitoral; atos preparatórios da votação; material para a votação;
votação; apuração. ................................................................................................................... 9
1.5. Garantias eleitorais. ........................................................................................................ 14
1.6. Propaganda partidária. ................................................................................................... 15
1.7. Recursos. .......................................................................................................................... 16
1.8. Disposições penais........................................................................................................... 17
2. Lei Federal nº 9.504/1997 ...................................................................................................... 20
2.1. Disposições gerais............................................................................................................ 20
2.2. Coligações e federações .................................................................................................. 21
2.3. Convenções para escolha de candidatos ........................................................................ 23
2.4. Registro de candidatos .................................................................................................... 24
2.5. Sistema eletrônico de votação e totalização dos votos ................................................. 24
2.6. Propaganda eleitoral. ...................................................................................................... 25
3. Lei Federal nº 9.096/1995. ..................................................................................................... 27
3.1. Disposições preliminares................................................................................................. 27
3.2. Filiação partidária. ........................................................................................................... 29
4. Resolução do TSE nº 23.659/2021. ........................................................................................ 30
5. Lei Federal n. 6.091/1974 ....................................................................................................... 35
6. Disposições constitucionais acerca dos direitos políticos, partidos políticos e organização
da Justiça Eleitoral. ..................................................................................................................... 37
7. Súmulas, jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores e legislação relacionada com
os temas. ..................................................................................................................................... 40

Recomendação: Este material busca abordar o mais relevante de cada um dos tópicos
elencados no edital, todavia, é certo que nem todos eles serão cobrados levando em
consideração o número pequeno de questões (cinco). Assim, através de análises, recomenda-
se maior atenção às inovações legislativas (inclusive a Resolução n° 23.659/21), às disposições
penais e ao texto da Constituição Federal pertinente. Frise-se que todos os temas deverão ser
lidos! A equipe selecionou o mais importante de cada tópico para facilitar sua revisão.

Bons estudos!

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1 Lei Federal nº 4.737/1965 e suas alterações (Código Eleitoral).

1.1 Introdução.

1.2 Órgãos da justiça eleitoral.

1.2.1 Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

1.2.2 Tribunais Regionais Eleitorais.

1.2.3 Juízes eleitorais e juntas eleitorais: composição, competências e atribuições.

1.3 Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição, cancelamento e exclusão.

1.4 Eleições: sistema eleitoral; atos preparatórios da votação; material para a votação;
votação; apuração.

1.5 Garantias eleitorais.

1.6 Propaganda partidária.

1.7 Recursos.

1.8 Disposições penais.

1.1 Introdução

O direito eleitoral é um ramo do direito público cujo objetos são os institutos, normas
e procedimentos regularizadores dos direitos políticos. Regulamenta o exercício do sufrágio
com finalidade de concretizar a soberania popular (José Jairo Gomes).

“Código eleitoral, art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a


organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado”.

Artigos importantes:

Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até 30
(trinta) dias após a realização da eleição, incorrerá na multa de 3 (três) a 10 (dez) por cento
sobre o salário-mínimo da região, imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no
art. 367.

§ 1º Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que
se justificou devidamente, não poderá o eleitor:

IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas


econômicas federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em
qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este
participe, e com essas entidades celebrar contratos;

Obs: Este inciso IV ficou sem aplicação até 31 de dezembro de 2021, por conta das
complicações causadas pela COVID-19, nos termos da Lei 14.179/21.

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§ 3º Realizado o alistamento eleitoral pelo processo eletrônico de dados, será
cancelada a inscrição do eleitor que não votar em 3 (três) eleições consecutivas, não pagar a
multa ou não se justificar no prazo de 6 (seis) meses, a contar da data da última eleição a que
deveria ter comparecido.

Este parágrafo terceiro deve ser lido em conjunto com o art. 71 da mesma Lei: “Art. 71.
São causas de cancelamento: I - a infração dos artigos. 5º e 42; II - a suspensão ou perda dos
direitos políticos; III - a pluralidade de inscrição; IV - o falecimento do eleitor; V - deixar de
votar em 3 (três) eleições consecutivas”.

1.2 Órgãos da justiça eleitoral.

A justiça eleitoral encontra-se disciplinada nos arts. 118 a 121 da CF, bem como nos
arts. 12 a 41 do Código Eleitoral.

Nos termos da Constituição Federal: “Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: I - o
Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as
Juntas Eleitorais”.

Algumas características da Justiça Eleitoral: a) é uma justiça especializada; b) possui


estrutura piramidal e hierárquica (base composta pelos juízes e juntas eleitorais, que são
subordinados ao TRE e estes, por sua vez, subordinados ao TSE; c) não possui magistratura
própria, apenas servidores próprios; d) juízes são investidos de forma periódica (dois anos,
permitida uma recondução por igual período) e e) competência definida por lei complementar.

1.2.1 Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Conforme expresso na Constituição Federal: “Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral


compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de


notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-


Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre
os Ministros do Superior Tribunal de Justiça”.

Possui elencadas suas competências jurisdicionais no art. 22 do Código Eleitoral e as


competências administrativas no art. 23. Algumas regras disciplinadas pelo Código Eleitoral
que valem a leitura:

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Art. 16. § 1º - Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que
tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo
ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último.

Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:

IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;

Obs: Código Eleitoral, art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no


parágrafo único do art. 1º e no inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a
matérias especificamente autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral
tratar de matéria relativa à organização dos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº14.211, de
2021)

XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;

Aqui temos uma importante e muito cobrada função do TSE, que é a função consultiva.
Algumas informações relevantes sobre este ponto: a) não pode ser utilizada para casos
concretos; b) a resposta à consulta deve ser fundamentada; c) apenas TSE e TREs possuem
essa função (juízes e juntas eleitorais não) e d) possuem caráter vinculativo

Obs: “Apesar do entendimento tradicional ser de que as consultas não possuíam um


caráter vinculante, mais recentemente o TSE passou a adotar o entendimento de que as
respostas às consultas possuem sim um caráter vinculante, inclusive com base no art. 30 da
LINDB, inserido pela Lei 13.655/18, o qual trata da segurança jurídica e da vinculação das
respostas das autoridades públicas às consultas.”

Por fim, as decisões do TSE são tomadas por maioria de votos, presentes a maioria dos
membros, salvo em relação a três matérias que se exige a presença de todos os membros,
quais sejam: a) interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição Federal; b) cassação
de registro de partidos políticos e c) recurso que importe anulação geral das eleições ou perda
de diplomas.

1.2.2 Tribunais Regionais Eleitorais.

Partindo do texto constitucional:

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito
Federal.

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no


Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
Regional Federal respectivo;

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III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados
de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre


os desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais,
dos juízes de direito e das juntas eleitorais.

§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas


eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
garantias e serão inamovíveis.

§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos,
no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que


contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei (recurso


especial);

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais


(recurso especial);

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou


estaduais (recurso ordinário);

Obs: Eleições presidenciais ficam a cargo do TSE (presidente e vice); Eleições federais e
estaduais ficam a cargo do TRE (senador, deputado federal, estadual e distrital, governador e
vice) e Eleições municipais ficam a cargo dos juízes eleitorais (vereador e prefeito e vice).

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou


estaduais (recurso ordinário);

V - denegarem habeas corpus , mandado de segurança, habeas data ou mandado de


injunção (recurso ordinário).

Obs: Os recursos tratados neste artigo possuem prazo de 3 dias, apesar de não serem
todos os mesmos, aplica-se a regra do Código Eleitoral: “Art. 258. Sempre que a lei não fixar
prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou
despacho”.

O TRE possui competências jurisdicionais elencadas no art. 29 do Código Eleitoral e


competências administrativas no art. 30. Aqui valem as mesmas considerações feitas para o
TSE no que toca à competência consultiva do órgão.

Alguns artigos importantes:

Art. 13. O número de juízes dos Tribunais Regionais não será reduzido, mas poderá ser
elevado até nove, mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por ele sugerida.

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Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública,
com a presença da maioria de seus membros.

§ 4o As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem


cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser
tomadas com a presença de todos os seus membros. (Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:

VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese,
por autoridade pública ou partido político;

1.2.3 Juízes eleitorais e juntas eleitorais: composição, competências e atribuições.

Os juízes eleitorais são órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral que exercem a
jurisdição perante uma zona eleitoral. Os cargos são ocupados por magistrados estaduais.

“Código Eleitoral, art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz
de direito em efetivo exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das
prerrogativas do Art. 95 da Constituição”.

Obs: Não podem ser chefe de cartório: membro de diretório de partido político e
candidato ou seu cônjuge ou familiar até o segundo grau (art. 33, §1º do Código Eleitoral).

As competências dos juízes eleitorais estão elencadas no art. 35 do Código Eleitoral,


vejamos algumas mais relevantes:

Art. 35. Compete aos juízes:

II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos,


ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;

Obs: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem
conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos
comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente. STF.
Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info
933)

IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;

XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções;

XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com
pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;

XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal


Regional e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em
cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona.

Para finalizar, duas súmulas acerca do tema:

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Súmula 374 STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular
débito decorrente de multa eleitoral.

Súmula 368 STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de
retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral.

Partindo para a juntas eleitorais, temos que são órgãos colegiados de primeira
instância, cuja constituição ocorre próxima à data do pleito eleitoral (são transitórias). O
Código Eleitoral detalha o seguinte:

Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente,
e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.

§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da


eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre
também designar-lhes a sede.

§ 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor
as juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3
(três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações.

§ 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:

I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau,
inclusive, e bem assim o cônjuge;

II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos


nomes tenham sido oficialmente publicados;

III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de


cargos de confiança do Executivo;

IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Obs: Lei 9.504/97, art. 64. É vedada a participação de parentes em qualquer grau ou
de servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na mesma Mesa, Turma ou
Junta Eleitoral.

No tocante às competências das Juntas, importante frisar que são responsáveis por: a)
apurar as eleições no prazo de 10 dias; b) resolver impugnações durante os trabalhos de
apuração; c) expedir boletins de urna e d) expedir diplomas dos eleitos para cargos municipais.

1.3 Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição, cancelamento e exclusão.

O exercício do direito de voto depende da verificação pela Justiça Eleitoral do


preenchimento dos requisitos constitucionais e legais indispensáveis.

Nos termos do Código Eleitoral: “Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação
e inscrição do eleitor.

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Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência
ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio
qualquer delas”.

O alistamento eleitoral é o procedimento administrativo de inscrição e qualificação dos


eleitores. As suas quatro grandes operações são: o alistamento propriamente dito, a revisão,
transferência e a segunda via.

Segunda via: bastar estar devidamente inscrito e em situação regular na justiça


eleitoral, não houver alteração de dados e requerer o novo título eleitoral.

Obs: A Resolução 23.659/21 possibilitou que, alternativamente à segunda via, poderá


ser emitida a via digital do título eleitoral por meio de aplicativo da Justiça Eleitoral ou
reimpresso o documento a partir do sítio eletrônico do tribunal eleitoral.

Transferência: requerimento até o 151º dia antes das eleições; decurso do prazo de 1
ano desde a última transferência; pelo menos 3 meses de residência no domicílio (salvo
servidores removidos ou transferidos) e quitação com a justiça eleitoral.

Revisão: será utilizada pelo eleitor que necessitar alterar o local de votação dentro do
mesmo município, com ou sem alteração da zona eleitoral; para retificar dados pessoais; e
para regularizar a situação de inscrição cancelada.

Alguns artigos relevantes:

Art. 46, § 3º O eleitor ficará vinculado permanentemente à seção eleitoral indicada no


seu título, salvo:

I - se se transferir de zona ou Município hipótese em que deverá requerer


transferência.

II - se, até 100 (cem) dias antes da eleição, provar, perante o Juiz Eleitoral, que mudou
de residência dentro do mesmo Município, de um distrito para outro ou para lugar muito
distante da seção em que se acha inscrito, caso em que serão feitas na folha de votação e no
título eleitoral, para esse fim exibido as alterações correspondentes, devidamente
autenticadas pela autoridade judiciária.

Art. 48. O empregado mediante comunicação com 48 (quarenta e oito) horas de


antecedência, poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por tempo
não excedente a 2 (dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer transferência.

No tocante ao cancelamento e exclusão, partimos da seguinte premissa: no


cancelamento, a inscrição permanecerá inativa no cadastro, podendo o interessando requerer
novo alistamento, caso em que reestabelecerá o mesmo número de inscrição. Já na exclusão, a
inscrição será eliminada do sistema eleitoral, podendo o interessando requerer novo
alistamento, caso em que receberá novo número de inscrição.

Obs: É válido o cancelamento do título do eleitor que, convocado por edital, não
comparecer ao processo de revisão eleitoral, em virtude do que dispõe o art. 14, caput, e § 1º
da CF/88. São válidos o art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.444/85 e as Resoluções do TSE que preveem o
cancelamento do título dos eleitores que não comparecerem à revisão eleitoral. STF. Plenário.
ADPF 541 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/9/2018 (Info 917)

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O art. 71 do Código Eleitoral prevê as seguintes causas de cancelamento: I - a infração
dos artigos. 5º e 42; II - a suspensão ou perda dos direitos políticos; III - a pluralidade de
inscrição; IV - o falecimento do eleitor; V - deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas.
Sendo que a ocorrência de qualquer das causas enumeradas neste artigo acarretará a exclusão
do eleitor, que poderá ser promovida ex officio , a requerimento de delegado de partido ou de
qualquer eleitor (§1º).

No tocante ao inciso III e ao artigo 75 do Código Eleitoral, temos uma inovação através
da Resolução 23.659/21 do TSE (art. 87), que estabeleceu a seguinte ordem para o
cancelamento no caso de existência de duas ou mais inscrições eleitorais:

I - na inscrição mais recente, efetuada contrariamente às instruções em vigor;

II - na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral do eleitor ou da eleitora;

III - na inscrição que não foi utilizada para o exercício do voto pela última vez;

IV - na mais antiga.

Obs: O art. 101, §3º, da Resolução 23.659/21 do TSE estabelece que: “As inscrições
canceladas permanecerão no Cadastro Eleitoral por prazo indeterminado, independentemente
da causa do cancelamento.”

1.4 Eleições: sistema eleitoral; atos preparatórios da votação; material para a


votação; votação; apuração.

Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técnicas previstas pela Constituição Federal


e pela lei para disciplinar a forma como os candidatos ao mandato eletivo serão escolhidos e
eleitos.

Em uma breve exposição sobre sistemas eleitorais, temos o sistema majoritário e o


proporcional. O sistema majoritário divide-se em simples e absoluto, senão vejamos:

Sistema majoritário simples: Será eleito o candidato mais votado, com qualquer
maioria (maioria relativa). Exs: Senador, Prefeito e Vice (nos municípios com até 200 mil
eleitores).

Sistema majoritário absoluto: Será eleito o candidato que obtiver maioria absoluta dos
votos válidos (primeiro número inteiro após a metade). Exs: Presidente e Vice, Governador e
Vice e Prefeito e Vice (nos municípios com mais de 200 mil eleitores).

Já no sistema proporcional leva-se em consideração a mais ampla representatividade


possível em cada casa legislativa. Nem sempre será considerado eleito o candidato mais
votado. O que se observa primeiramente neste sistema é quantas vagas cada partido ou
coligação terá direito na respectiva Casa Legislativa. Exs: Deputados Federais e Estaduais e
Vereadores.

Vejamos o que consta no Código Eleitoral:

Art. 82. O sufrágio e universal e direto; o voto, obrigatório e secreto.

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Art. 83. Na eleição direta para o Senado Federal, para Prefeito e Vice-Prefeito, adotar-
se-á o princípio majoritário.

Art. 84. A eleição para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras
Municipais, obedecerá ao princípio da representação proporcional na forma desta lei.

Art. 85. A eleição para deputados federais, senadores e suplentes, presidente e vice-
presidente da República, governadores, vice-governadores e deputados estaduais far-se-á,
simultaneamente, em todo o País.

Art. 86. Nas eleições presidenciais, a circunscrição serão País; nas eleições federais e
estaduais, o Estado; e nas municipais, o respectivo município.

Art. 91. § 3º É facultado aos partidos políticos celebrar coligações no registro de


candidatos às eleições majoritárias. (Incluído pela Lei nº14.211, de 2021)

Em relação à representação proporcional, importante a leitura dos novos artigos no


Código Eleitoral sobre o tema, principalmente focando nas definições de quociente eleitoral e
quociente partidário.

Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos


apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se
igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior.

Art. 107. Determina-se para cada partido o quociente partidário dividindo-se pelo
quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda, desprezada a
fração. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que tenham
obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral,
tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que
cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em
razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108 serão distribuídos de
acordo com as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número de


lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido que apresentar a maior média um dos
lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal
mínima; (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; (Redação


dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

III - quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às duas exigências
do inciso I deste caput, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentarem as
maiores médias. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada partido for contemplado far-se-á
segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. (Redação dada pela Lei nº14.211,
de 2021)

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§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que participaram
do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por cento) do quociente
eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou superior a 20% (vinte
por cento) desse quociente. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o candidato mais idoso.

Art. 111. Se nenhum partido alcançar o quociente eleitoral, considerar-se-ão eleitos,


até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados. (Redação dada pela Lei
nº14.211, de 2021)

Em relação aos atos preparatórios da votação, importante apenas fixar os prazos


previstos no Código e tomar nota dos seguintes artigos:

Art. 114. Até 70 (setenta) dias antes da data marcada para a eleição, todos os que
requererem inscrição como eleitor, ou transferência, já devem estar devidamente qualificados
e os respectivos títulos prontos para a entrega, se deferidos pelo juiz eleitoral.

Parágrafo único. Será punido nos termos do art. 293 o juiz eleitoral, o escrivão
eleitoral, o preparador ou o funcionário responsável pela transgressão do preceituado neste
artigo ou pela não entrega do título pronto ao eleitor que o procurar.

Art. 115. Os juízes eleitorais, sob pena de responsabilidade comunicarão ao Tribunal


Regional, até 30 (trinta) dias antes de cada eleição, o número de eleitores alistados.

Art. 120. Constituem a mesa receptora um presidente, um primeiro e um segundo


mesários, dois secretários e um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral sessenta dias antes da
eleição, em audiência pública, anunciado pelo menos com cinco dias de antecedência.

§ 1º Não podem ser nomeados presidentes e mesários:

I - os candidatos e seus parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau,
inclusive, e bem assim o cônjuge;

II - os membros de diretórios de partidos desde que exerça função executiva;

III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de


cargos de confiança do Executivo;

IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Art. 121. Da nomeação da mesa receptora qualquer partido poderá reclamar ao juiz
eleitoral, no prazo de 2 (dois) dias, a contar da audiência, devendo a decisão ser proferida em
igual prazo.

§ 1º Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto


dentro de 3 (três) dias, devendo, dentro de igual prazo, ser resolvido.

Art. 131. Cada partido poderá nomear 2 (dois) delegados em cada município e 2 (dois)
fiscais junto a cada mesa receptora, funcionando um de cada vez.

§ 1º Quando o município abranger mais de uma zona eleitoral cada partido poderá
nomear 2 (dois) delegados junto a cada uma delas.

§ 2º A escolha de fiscal e delegado de partido não poderá recair em quem, por


nomeação do juiz eleitoral, já faça parte da mesa receptora.

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No tocante ao material para a votação, lembrar apenas que os itens elencados no art.
133 do Código Eleitoral deverão ser enviados pelo juiz eleitoral ao presidente de cada mesa
receptora pelo menos 72 horas antes da eleição.

Este material deverá ser remetido por protocolo ou pelo correio acompanhado de uma
relação ao pé da qual o destinatário declarará o que recebeu e como o recebeu, e aporá sua
assinatura.

O procedimento de votação está regulamentado nos arts. 135 a 156 do Código


Eleitoral. Decorre da seguinte forma: juízes eleitorais designarão e publicarão, com
antecedência de 60 dias da eleição, os lugares de votação, devendo ser dada preferência aos
prédios públicos, somente se utilizando dos particulares quando aqueles não forem
suficientes. Além disso, é expressamente vedado o uso de propriedade de candidato, membro
do diretório do partido, delegado de partido, autoridade policial e respectivos cônjuges e
parentes, consanguíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive.

Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda, sítio ou qualquer


propriedade rural privada, mesmo existindo no local prédio público. Existe uma sensibilidade
com a escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor com deficiência e com
mobilidade reduzida.

Publicado os locais de votação, o partido poderá encaminhar reclamação ao juiz em


três dias, cabendo recurso, no mesmo prazo, para o TRE. Findo tais prazos, verifica-se a
preclusão para alegar a proibição de seções eleitorais em fazenda, sítio ou qualquer
propriedade rural privada.

Aqui, vale a leitura do art. 135 do Código Eleitoral:

Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos juízes
eleitorais 60 (sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a designação.

§ 1º A publicação deverá conter a seção com a numeração ordinal e local em que


deverá funcionar com a indicação da rua, número e qualquer outro elemento que facilite a
localização pelo eleitor.

§ 2º Dar-se-á preferência aos edifícios públicos, recorrendo-se aos particulares se


faltarem aqueles em número e condições adequadas.

§ 3º A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para esse fim.

§ 4º É expressamente vedado uso de propriedade pertencente a candidato, membro


do diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos
cônjuges e parentes, consanguíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive.

§ 5º Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda sítio ou qualquer


propriedade rural privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas
penas do Art. 312, em caso de infringência.

§ 6º Os Tribunais Regionais, nas capitais, e os juízes eleitorais, nas demais zonas, farão
ampla divulgação da localização das seções.

§ 6o-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada eleição, expedir instruções


aos Juízes Eleitorais para orientá-los na escolha dos locais de votação, de maneira a garantir
acessibilidade para o eleitor com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive em seu

12
entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão acesso. (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)

§ 7º Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido reclamar ao juiz


eleitoral, dentro de três dias a contar da publicação, devendo a decisão ser proferida dentro de
quarenta e oito horas.

§ 8º Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto


dentro de três dias, devendo no mesmo prazo, ser resolvido.

§ 9º Esgotados os prazos referidos nos §§ 7º e 8º deste artigo, não mais poderá ser
alegada, no processo eleitoral, a proibição contida em seu § 5º.

No tocante à votação ainda, importante tomar nota de algumas modalidades, como


por exemplo o voto no exterior e o voto em trânsito.

Voto no exterior: poderá votar o eleitor nas eleições presidenciais. As seções serão
organizadas nas embaixadas e consulados.

Art. 225. Nas eleições para presidente e vice-presidente da República poderá votar o
eleitor que se encontrar no exterior.

§ 1º Para esse fim serão organizadas seções eleitorais, nas sedes das Embaixadas e
Consulados Gerais.

Art. 228. Até 30 (trinta) dias antes da realização da eleição todos os brasileiros
eleitores, residentes no estrangeiro, comunicarão à sede da Missão diplomática ou ao
consulado geral, em carta, telegrama ou qualquer outra via, a sua condição de eleitor e sua
residência.

§ 1º Com a relação dessas comunicações e com os dados do registro consular, serão


organizadas as folhas de votação, e notificados os eleitores da hora e local da votação.

§ 2º No dia da eleição só serão admitidos a votar os que constem da folha de votação e


os passageiros e tripulantes de navios e aviões de guerra e mercantes que, no dia, estejam na
sede das sessões eleitorais.

Voto em trânsito: a partir da Lei nº 13.165/2015, é possível também para os cargos de


governador, senador, deputado federal e deputado estadual apenas se a votação ocorrer no
mesmo Estado da federação do domicílio eleitoral de origem.

Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é assegurado o direito de


votar para Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado
Estadual e Deputado Distrital em urnas especialmente instaladas nas capitais e nos Municípios
com mais de cem mil eleitores. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 1° O exercício do direito previsto neste artigo sujeita-se à observância das regras


seguintes: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - para votar em trânsito, o eleitor deverá habilitar-se perante a Justiça Eleitoral no


período de até quarenta e cinco dias da data marcada para a eleição, indicando o local em que
pretende votar; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

13
II - aos eleitores que se encontrarem fora da unidade da Federação de seu domicílio
eleitoral somente é assegurado o direito à habilitação para votar em trânsito nas eleições para
Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

III - os eleitores que se encontrarem em trânsito dentro da unidade da Federação de


seu domicílio eleitoral poderão votar nas eleições para Presidente da República, Governador,
Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital. (Incluído pela Lei
nº 13.165, de 2015)

§ 2° Os membros das Forças Armadas, os integrantes dos órgãos de segurança pública


a que se refere o art. 144 da Constituição Federal, bem como os integrantes das guardas
municipais mencionados no § 8o do mesmo art. 144, poderão votar em trânsito se estiverem
em serviço por ocasião das eleições. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 3° As chefias ou comandos dos órgãos a que estiverem subordinados os eleitores


mencionados no § 2o enviarão obrigatoriamente à Justiça Eleitoral, em até quarenta e cinco
dias da data das eleições, a listagem dos que estarão em serviço no dia da eleição com
indicação das seções eleitorais de origem e destino. (Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)

§ 4° Os eleitores mencionados no § 2o, uma vez habilitados na forma do § 3o, serão


cadastrados e votarão nas seções eleitorais indicadas nas listagens mencionadas no § 3o
independentemente do número de eleitores do Município. (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)

Obs: Para encerrar o tema votação, a seguinte jurisprudência: “Eleitor não precisa
levar o título no dia da votação, sendo suficiente documento de identificação com foto A
ausência do título de eleitor no momento da votação não constitui, por si só, óbice ao
exercício do sufrágio”. STF. Plenário. ADI 4467/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
19/10/2020 (Info 995)

Sobre a apuração, guarde apenas a quem cabe realiza-la:

Art. 158. A apuração compete:

I - às Juntas Eleitorais quanto às eleições realizadas na zona sob sua jurisdição;

II - aos Tribunais Regionais a referente às eleições para governador, vice-governador,


senador, deputado federal e estadual, de acordo com os resultados parciais enviados pelas
Junta Eleitorais;

III - ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições para presidente e vice-presidente da


República , pelos resultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais.

1.5 Garantias eleitorais.

No que concerne às garantias eleitorais, o artigo campeão de prova é o 236 do Código


Eleitoral, portanto basta a leitura para fixação.

Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e
oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em

14
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de


suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma
garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.

§ 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do


juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a
responsabilidade do coator.

1.6 Propaganda partidária.

Para fins de contextualização, o gênero propaganda política engloba quatro espécies:


propaganda partidária; propaganda intrapartidária; propaganda institucional e propaganda
eleitoral.

Propaganda partidária: é a divulgação de ideia e programas do partido visando a


exposição e debate público de ideologias, histórias, metas, valores e propostas para contribuir
com a sociedade.

Propaganda intrapartidária: realizada pelo filiado do partido que busca se candidatar,


não se dirige aos eleitores, mas aos filiados do partido político que participarão das
Convenções.

Propaganda institucional: realizada pela própria Administração Pública para divulgar


suas ações. Possui conteúdo educativo, informativo ou de orientação social (art. 37, §1° da
Constituição Federal). Não há interesse direto do Direito Eleitoral nesta espécie.

Propaganda eleitoral: busca a captação de votos em determinadas épocas permitidas


por lei.

No que tange à propaganda partidária, temos que é melhor detalhada na Lei 9.096/95
de forma recente, através da alteração pela Lei 14.291/22, que introduziu os arts. 50-A a 50-D
na Lei dos Partidos Políticos (9.096/95), sendo importante sua leitura por se tratar de inovação
legislativa.

Em relação ao Código Eleitoral, passemos pelos seguintes artigos:

Art. 240. A propaganda de candidatos a cargos eletivos somente é permitida após o


dia 15 de agosto do ano da eleição. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

Parágrafo único. É vedada, desde quarenta e oito horas antes até vinte e quatro horas
depois da eleição, qualquer propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou
reuniões públicas.

Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos
e por eles paga, imputando-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e
adeptos.

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Parágrafo único. A solidariedade prevista neste artigo é restrita aos candidatos e aos
respectivos partidos, não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma
mesma coligação.

Art. 243. Não será tolerada propaganda:

X - que deprecie a condição de mulher ou estimule sua discriminação em razão do sexo


feminino, ou em relação à sua cor, raça ou etnia. (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

1.7 Recursos.

O tema recursos está previsto nos arts. 257 ao 264 do Código Eleitoral. Aqui, como
introdução, vale a diferenciação de recurso e impugnação, são instrumentos diferentes.

De modo geral, a impugnação pode ser verbal ou escrita e é vista como pressuposto ou
ato preparatório ao recurso. Ex: no dia das eleições os delegados de partido político têm o
poder de impugnar decisões proferidas pela Junta Eleitoral. Tal impugnação (oral ou escrita)
deve ocorrer de forma imediata e, após isso, no prazo de 3 dias, o recurso será apresentado ao
órgão competente (TRE, no caso).

Passemos a alguns artigos importantes do Código Eleitoral:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

§ 1° A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de


comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do
Tribunal, através de cópia do acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

§2° O recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por
Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou
perda de mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo.
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§3° O Tribunal dará preferência ao recurso sobre quaisquer outros processos,


ressalvados os de habeas corpus e de mandado de segurança. (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015)

Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em
três dias da publicação do ato, resolução ou despacho.

Obs: Não confundir com o recurso previsto no art. 362 do Código Eleitoral relativo às
infrações penais: “Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para
o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias”.

Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se
discutir matéria constitucional.

Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não poderá ser
interposto fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se apresentar
poderá ser interposto.

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Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade.

§1º A inelegibilidade superveniente que atrai restrição à candidatura, se formulada no


âmbito do processo de registro, não poderá ser deduzida no recurso contra expedição de
diploma. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)

§2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o recurso contra a expedição de


diploma, decorrente de alterações fáticas ou jurídicas, deverá ocorrer até a data fixada para
que os partidos políticos e as coligações apresentem os seus requerimentos de registros de
candidatos. (Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)

§3º O recurso de que trata este artigo deverá ser interposto no prazo de 3 (três) dias
após o último dia limite fixado para a diplomação e será suspenso no período compreendido
entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, a partir do qual retomará seu cômputo.
(Incluído pela Lei nº 13.877, de 2019)

1.8 Disposições penais.

Começaremos elencando alguns pontos extremamente importantes com alta


incidência em prova:

1) Todos os crimes eleitorais são dolosos. Não há previsão de crime eleitoral culposo.
Existem crimes punidos tanto com reclusão, como também por detenção;

2) Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada, inclusive os


crimes contra a honra;

“Código Eleitoral, art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação
pública”.

3) Eleitor não poderá ser preso nem detido: desde 5 dias antes até 48 horas depois do
encerramento da eleição, salvo em 3 casos: a) em flagrante delito b) em virtude de sentença
criminal condenatória por crime inafiançável c) desrespeito a salvo-conduto;

4) Membros das Mesas Receptoras e os Fiscais de partido não poderão ser presos nem
detidos: durante o exercício de suas funções, salvo o caso de flagrante delito;

5) Candidatos: desde 15 dias antes da eleição e gozarão da mesma garantia dos


membros das mesas e fiscais;

6) O inquérito policial somente poderá ser instaurado por requisição do Ministério


Público ou da Justiça Eleitoral, salvo nos casos de prisão em flagrante. Nesta hipótese, o
inquérito será instaurado independentemente de requisição. Portanto, o Delegado não pode
instaurar inquérito policial de ofício, por portaria, apenas por auto de prisão em flagrante
delito.

Alguns artigos de alta incidência em provas:

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Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele
de quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.

Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o
"quantum", deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena
cominada ao crime.

Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro Nacional, de uma soma
de dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no
máximo, 300 (trezentos) dias-multa.

Obs: Não confundir com o Código Penal, que é entre 10 e 360 dias-multa.

§1º O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente arbítrio do juiz, devendo


este ter em conta as condições pessoais e econômicas do condenado, mas não pode ser
inferior ao salário-mínimo diário da região, nem superior ao valor de um salário-mínimo
mensal.

Obs: Regra também diferente do que consta no Código Penal, pois lá é fixada não
podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do
fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

§2º A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não possa exceder o máximo
genérico caput, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do condenado, é
ineficaz a cominada, ainda que no máximo, ao crime de que se trate.

Em relação aos crimes em espécie, vejamos alguns que foram criados ou alterados
recentemente:

Art. 323. Divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha eleitoral,


fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer
influência perante o eleitorado: (Redação dada pela Lei nº 14.192, de 2021)

Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 14.192, de 2021)

§1º Nas mesmas penas incorre quem produz, oferece ou vende vídeo com conteúdo
inverídico acerca de partidos ou candidatos. (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

§2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até metade se o crime: (Incluído pela Lei
nº 14.192, de 2021)

I - é cometido por meio da imprensa, rádio ou televisão, ou por meio da internet ou de


rede social, ou é transmitido em tempo real; (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

II - envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou


etnia. (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de


investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa,
atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com
finalidade eleitoral: (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)

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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº13.834, de
2019)

§1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve do anonimato ou de


nome suposto. (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)

§2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.


(Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)

§3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da
inocência do denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou
forma, o ato ou fato que lhe foi falsamente atribuído. (Incluído pela Lei nº13.834, de
2019)

Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio,
candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou
discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou
de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo. (Incluído
pela Lei nº 14.192, de 2021)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.192, de
2021)

Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço), se o crime é cometido contra
mulher: (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

I - gestante; (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

II - maior de 60 (sessenta) anos; (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

III - com deficiência. (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326 aumentam-se de 1/3 (um terço)
até metade, se qualquer dos crimes é cometido: (Redação dada pela Lei nº 14.192, de 2021)

I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.

IV - com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou


etnia; (Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

V - por meio da internet ou de rede social ou com transmissão em tempo real.


(Incluído pela Lei nº 14.192, de 2021)

Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou


quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento
eleitoral, em proveito próprio ou alheio: (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Para finalizar, alguns dispositivos relativos ao processo das infrações e disposições


gerais:

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Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem
conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como
lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.

Art. 368-A. A prova testemunhal singular, quando exclusiva, não será aceita nos
processos que possam levar à perda do mandato. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

2. Lei Federal nº 9.504/1997

2.1. Disposições gerais

2.2. Coligações e federações

2.3. Convenções para escolha de candidatos

2.4. Registro de candidatos

2.5. Sistema eletrônico de votação e totalização dos votos

2.6. Propaganda eleitoral.

2.1. Disposições gerais

Existem dois grupos de eleições no nosso sistema eleitoral, o das eleições nacionais e
estaduais (Presidente e vice-Presidente, Governador e vice-Governador, Deputados Federal e
Estadual e Senador) e o das eleições municipais (Prefeito, vice-Prefeito e Vereador).

Grupo 1: Lei das Eleições, art. 2º Será considerado eleito o candidato a Presidente ou a
Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os
nulos.

§ 1º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á


nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos mais votados, e
considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 2º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou


impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 3º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer em segundo lugar mais de


um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

§ 4º A eleição do Presidente importará a do candidato a Vice-Presidente com ele


registrado, o mesmo se aplicando à eleição de Governador.

Grupo 2: Lei das Eleições, art. 3º Será considerado eleito Prefeito o candidato que
obtiver a maioria dos votos, não computados os em branco e os nulos.

§1º A eleição do Prefeito importará a do candidato a Vice-Prefeito com ele registrado.

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§2º Nos Municípios com mais de duzentos mil eleitores, aplicar-se-ão as regras
estabelecidas nos §§ 1º a 3º do artigo anterior.

Importante lembrar da diminuição de prazo relativa ao tempo mínimo de existência do


partido para concorrer às eleições: “Art. 4º Poderá participar das eleições o partido que, até
seis meses antes do pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral,
conforme o disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído na
circunscrição, de acordo com o respectivo estatuto”. (Redação dada pela Lei nº
13.488, de 2017)

2.2. Coligações e federações

Contextualizando, as coligações partidárias são agrupamentos temporários de


partidos, que não possuem personalidade jurídica, todavia detêm as mesmas funções e
prerrogativas de um partido perante a Justiça Eleitoral.

As coligações, através de recente alteração, só poderão ser realizadas nas eleições


majoritárias, sendo proibidas nas proporcionais, senão vejamos:

Constituição Federal, art. 17. §1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus
órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

Código Eleitoral, art. 91. § 3º É facultado aos partidos políticos celebrar coligações no
registro de candidatos às eleições majoritárias. (Incluído pela Lei nº14.211, de 2021)

Lei das Eleições, art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma
circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária. (Redação dada pela Lei nº 14.211,
de 2021)

Obs: Aproveitando a menção do art. 6° da Lei das Eleições, segue regra interessante
prevista no §5°: A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda
eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros
partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.

No tocante à federação, basicamente temos a definição de que é a reunião de dois ou


mais partidos políticos que possuam afinidade ideológica ou programática e que, depois de
constituída e registrada no TSE, atuará como se fosse uma única agremiação partidária.

Temos a introdução, em 2021, de um artigo na Lei das Eleições que vale a leitura,
senão vejamos:

Art. 6º-A Aplicam-se à federação de partidos de que trata o art. 11-A da Lei nº 9.096,
de 19 de setembro de 1995 (Lei dos Partidos Políticos), todas as normas que regem as
atividades dos partidos políticos no que diz respeito às eleições, inclusive no que se refere à
escolha e registro de candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à arrecadação e

21
aplicação de recursos em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à contagem de votos, à
obtenção de cadeiras, à prestação de contas e à convocação de suplentes. (Incluído pela Lei
nº 14.208, de 2021)

Parágrafo único. É vedada a formação de federação de partidos após o prazo de


realização das convenções partidárias. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

O tema também é tratado na Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95):

Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após
sua constituição e respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como se
fosse uma única agremiação partidária. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021) (Vide ADI
Nº 7021)

§ 1º Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem o funcionamento


parlamentar e a fidelidade partidária. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

§ 2º Assegura-se a preservação da identidade e da autonomia dos partidos integrantes


de federação. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

§ 3º A criação de federação obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº


14.208, de 2021)

I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no
Tribunal Superior Eleitoral; (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por, no


mínimo, 4 (quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

III – a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das
convenções partidárias; (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021) (Vide ADI Nº 7021)

IV – a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao


Tribunal Superior Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

§ 4º O descumprimento do disposto no inciso II do § 3º deste artigo acarretará ao


partido vedação de ingressar em federação, de celebrar coligação nas 2 (duas) eleições
seguintes e, até completar o prazo mínimo remanescente, de utilizar o fundo partidário.
(Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

§ 5º Na hipótese de desligamento de 1 (um) ou mais partidos, a federação continuará


em funcionamento, até a eleição seguinte, desde que nela permaneçam 2 (dois) ou mais
partidos. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

§ 6º O pedido de registro de federação de partidos encaminhado ao Tribunal Superior


Eleitoral será acompanhado dos seguintes documentos: (Incluído pela Lei nº 14.208, de
2021)

I – cópia da resolução tomada pela maioria absoluta dos votos dos órgãos de
deliberação nacional de cada um dos partidos integrantes da federação; (Incluído pela Lei nº
14.208, de 2021)

II – cópia do programa e do estatuto comuns da federação constituída; (Incluído pela


Lei nº 14.208, de 2021)

22
III – ata de eleição do órgão de direção nacional da federação. (Incluído pela Lei nº
14.208, de 2021)

§ 7º O estatuto de que trata o inciso II do § 6º deste artigo definirá as regras para a


composição da lista da federação para as eleições proporcionais. (Incluído pela Lei nº 14.208,
de 2021)

§ 8º Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem as atividades dos


partidos políticos no que diz respeito às eleições, inclusive no que se refere à escolha e registro
de candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à arrecadação e aplicação de
recursos em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à contagem de votos, à obtenção
de cadeiras, à prestação de contas e à convocação de suplentes. (Incluído pela Lei nº 14.208,
de 2021)

§ 9º Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa,
de partido que integra federação. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

Obs: “As federações partidárias, introduzidas no ordenamento pela Lei 14.208/2021,


são constitucionais, no entanto, o prazo para a sua constituição deve ser o mesmo aplicável
para a criação dos partidos políticos”. STF. Plenário. ADI 7021/DF MC-Ref, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 9/2/2022 (Info 1043).

2.3. Convenções para escolha de candidatos

Convenções são reuniões formadas pelos filiados a um partido político que têm por
objetivo a escolha dos que concorrerão ao pleito.

Vejamos algumas regras presentes na Lei das Eleições:

Art. 7º As normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação de


coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observadas as disposições desta Lei.

§ 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do partido


estabelecer as normas a que se refere este artigo, publicando-as no Diário Oficial da União até
cento e oitenta dias antes das eleições.

Art. 8° §2º Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os partidos


políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos
causados com a realização do evento.

Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na


respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido
no mesmo prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado


no caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao
partido de origem.

23
2.4. Registro de candidatos

Artigos relevantes sobre o tópico previstos na Lei das Eleições:

Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a
Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 100%
(cem por cento) do número de lugares a preencher mais 1 (um). (Redação dada pela Lei nº
14.211, de 2021)

Obs: Atenção para a importante regra prevista no §3° deste artigo: do número de
vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o
mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de
cada sexo.

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus


candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as
eleições.

§ 2° A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade


é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos,
hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.

§14. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha filiação
partidária.

2.5. Sistema eletrônico de votação e totalização dos votos

A regra em nosso ordenamento jurídico é o sistema eletrônico, sendo o manual


utilizado apenas de forma excepcional, através de autorização do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).

Os programas que integram o sistema eletrônico são desenvolvidos exclusivamente


pelo TSE ou são feitos sob encomenda deste mesmo órgão. Porém, é possível a sua fiscalização
pelos partidos políticos e candidatos.

Vejamos alguns artigos importantes constantes na Lei das Eleições:

Art. 59. A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema eletrônico,
podendo o Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter excepcional, a aplicação das regras
fixadas nos arts. 83 a 89.

Art 61. A urna eletrônica contabilizará cada voto, assegurando-lhe o sigilo e


inviolabilidade, garantida aos partidos políticos, coligações e candidatos ampla fiscalização.

Obs: Lembre-se de que o STF já declarou que a exigência legal do voto impresso no
processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital do
eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa.

24
2.6. Propaganda eleitoral.

Recapitulando o que já vimos em tópico anterior, o gênero propaganda política


engloba quatro espécies: propaganda partidária; propaganda intrapartidária; propaganda
institucional e propaganda eleitoral.

Propaganda partidária: é a divulgação de ideia e programas do partido visando a


exposição e debate público de ideologias, histórias, metas, valores e propostas para contribuir
com a sociedade.

Propaganda intrapartidária: realizada pelo filiado do partido que busca se candidatar,


não se dirige aos eleitores, mas aos filiados do partido político que participarão das
Convenções.

Propaganda institucional: realizada pela própria Administração Pública para divulgar


suas ações. Possui conteúdo educativo, informativo ou de orientação social (art. 37, §1° da
Constituição Federal). Não há interesse direto do Direito Eleitoral nesta espécie.

Propaganda eleitoral: busca a captação de votos em determinadas épocas permitidas


por lei.

No que concerne à ultima espécie, atente-se para o disposto na Lei das Eleições:

Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano
da eleição.

§2º Não será permitido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio e na
televisão.

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam
pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades
pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet:

I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas,


programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a
exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de
televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a


expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão
de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo
tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;

III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material


informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de
debates entre os pré-candidatos;

IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se


faça pedido de votos;

V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas


redes sociais;

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VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade
civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para
divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.

VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV


do § 4o do art. 23 desta Lei.

§1° É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias
partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação social

§2° Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio político
e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende
desenvolver.

§3° O disposto no § 2o não se aplica aos profissionais de comunicação social no


exercício da profissão.

Art. 36-B. Será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação, por parte
do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e
do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de atos que denotem
propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou instituições.

Parágrafo único. Nos casos permitidos de convocação das redes de radiodifusão, é


vedada a utilização de símbolos ou imagens, exceto aqueles previstos no § 1o do art. 13 da
Constituição Federal.

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto


aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um


ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa
no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas


aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em
funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.

Obs: Atenção para recentes jurisprudências sobre o tema:

“São constitucionais as restrições, previstas na Lei 9.504/97, quanto à veiculação de


propaganda eleitoral em meios de comunicação impressos e na internet. São constitucionais
as restrições, previstas na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997, arts. 43, caput, e 57-C, caput e §
1º), à veiculação de propaganda eleitoral em meios de comunicação impressos e na internet”.
STF. Plenário. ADI 6281/DF, Rel. Min. Luiz Fux, redator do acórdão Min. Nunes Marques,
julgado em 10, 16 e 17/2/2022 (Info 1044).

“É vedada a realização, remunerada ou não, de “showmícios”, conforme o disposto no


art. 39, § 7º, da Lei nº 9.504/1997. A apresentação artística em eventos de arrecadação para
campanha eleitoral não está inserida na proibição à realização de “showmícios”. STF. Plenário.
ADI 5970/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/10/2021 (Info 1033).

Obs: Súmula/TSE nº 18: Conquanto investido de poder de polícia, não tem


legitimidade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor
multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei nº 9.504/97.

26
3. Lei Federal nº 9.096/1995.

3.1. Disposições preliminares

3.2. Filiação partidária.

3.1. Disposições preliminares

Para introduzir o tema da Lei dos Partidos Políticos, temos que estes são pessoas
jurídicas de direito privado, sendo assim, adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil,
ou seja, seu requerimento de registro será dirigido ao cartório competente do Registro Civil
das Pessoas Jurídicas do local de sua sede, devendo ser subscrito pelos seus fundadores em
número não inferior a 101, com domicílio eleitoral em no mínimo 1/3 dos Estados (novidade
legislativa introduzida pela Lei 13.877/19).

Ato seguinte, seu estatuto deverá ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
sob pena de não gozar das prerrogativas previstas em lei.

Vamos conferir o disposto na Lei dos Partidos Políticos:

Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil,
registra seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 1° Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter


nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o
apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5%
(cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou
mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja
votado em cada um deles.

Art. 8º O requerimento do registro de partido político, dirigido ao cartório competente


do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede, deve ser subscrito pelos seus
fundadores, em número nunca inferior a 101 (cento e um), com domicílio eleitoral em, no
mínimo, 1/3 (um terço) dos Estados, e será acompanhado de: (Redação dada pela Lei nº
13.877, de 2019)

§ 1º O requerimento indicará o nome e a função dos dirigentes provisórios e o


endereço da sede do partido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 13.877,
de 2019)

Obs: Atenção, por ser pessoa jurídica de direito privado, o direito de requerer a
anulação do registro dos partidos políticos por defeito no ato de constituição decai em três
anos da publicação da inscrição no registro (prazo do Código Civil).

Obs: É possível impetrar mandado de segurança contra representantes ou órgãos de


partidos políticos? SIM, em que pese o MS ser utilizado contra ato de autoridade pública ou

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agente de PJ no exercício de funções públicas, a lei do mandado de segurança permite a
utilização neste caso, mesmo o partido político sendo pessoa jurídica de direito privado.

Em relação ao estatuto do partido político, atente-se à novidade legislativa introduzida


nesta lei em 2021: “Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre: X -
prevenção, repressão e combate à violência política contra a mulher. (Incluído pela Lei nº
14.192, de 2021)

Agora, partiremos para alguns artigos relevantes previstos na Lei dos Partidos Políticos:

Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no


interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.

Parágrafo único. O partido político não se equipara às entidades paraestatais.

Art. 2º É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos cujos


programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os
direitos fundamentais da pessoa humana.

Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento.

§ 1º. É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia para


definir o cronograma das atividades eleitorais de campanha e executá-lo em qualquer dia e
horário, observados os limites estabelecidos em lei. (Renumerado do parágrafo único
pela Lei nº 13.831, de 2019)

§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de duração dos
mandatos dos membros dos seus órgãos partidários permanentes ou provisórios.
(Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019) (Vide ADI Nº 6.230)

§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá ser de
até 8 (oito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019) (Vide ADI Nº 6.230)

Obs: Atenção à divergência com o entendimento do TSE: “Não obstante a lei


13.831/2019, tal prazo foi considerado muito extenso pelo Tribunal Superior Eleitoral, tendo a
definição do período de 180 dias para a existência das comissões provisórias sido aprovada
pelo Plenário TSE, aplicando a Resolução 23.571/2018: Art.39. As anotações relativas aos
órgãos provisórios têm validade de 180 (cento e oitenta) dias, salvo se o estatuto partidário
estabelecer prazo inferior diverso”.

§ 4º Exaurido o prazo de vigência de um órgão partidário, ficam vedados a extinção


automática do órgão e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ). (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)

Para finalizar, atente-se à seguinte jurisprudência: “É constitucional o caput do art. 15-


A da Lei 9.096/95, que prevê a ausência de responsabilidade solidária entre os diretórios
partidários. Não há responsabilidade solidária entre os diretórios partidários municipais,
estaduais e nacionais pelo inadimplemento de suas respectivas obrigações ou por dano
causado, violação de direito ou qualquer ato ilícito”. STF. Plenário. ADC 31/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22/9/2021 (Info 1031).

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3.2. Filiação partidária.

Neste ponto, partiremos dos artigos previstos na Lei dos Partidos Políticos e faremos
algumas observações relevantes.

Art. 16. Só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos
políticos.

Obs: O Tribunal Superior Eleitoral flexibilizou a regra deste artigo. Para o TSE, apesar
de inelegível, é possível que o eleitor se filie. A capacidade eleitoral pode ser ativa (votar) ou
passiva (ser votado). Assim, para o Tribunal, no caso de ser possível a pessoa votar (capacidade
eleitoral ativa), mas não puder ser votada (capacidade eleitoral passiva), ainda assim poderá se
filiar.

Já foi estudado que o prazo mínimo para a filiação foi diminuído de 1 ano para 6
meses, todavia, importante tomar nota de que o partido político, através de seu estatuto,
poderá aumentar este prazo (nunca diminuir) sem que haja problemas, desde que a mudança
não seja feita no ano das eleições, vejamos:

Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação
partidária superiores aos previstos nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos eletivos.

Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do partido, com


vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser alterados no ano da eleição.

No tocante à comunicação da filiação, não há mais o prazo de duas semanas, havendo


inovação legislativa no sentido de que logo depois de ser deferido internamente o pedido de
filiação, o partido deverá inserir o nome e os dados do filiado no sistema eletrônico da Justiça
Eleitoral (art. 19 da Lei dos Partidos Políticos).

Obs: Atenção para o disposto na Súmula/TSE n° 20: “A prova de filiação partidária


daquele cujo nome não constou da lista de filiados de que trata o art. 19 da Lei nº 9.096/1995,
pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando se tratar de documentos
produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública”.

Obs: Jurisprudência recente sobre a temática: “Mesmo com a situação de calamidade


pública decorrente da covid-19, são constitucionais e devem ser mantidos os prazos para
filiação partidária e desincompatibilização previstos na legislação para as eleições municipais
de 2020”. STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020
(Info 977).

Sobre a desfiliação partidária, temos os seguintes dispositivos na Lei dos Partidos


Políticos:

Art. 21. Para desligar-se do partido, o filiado faz comunicação escrita ao órgão de
direção municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito.

Parágrafo único. Decorridos dois dias da data da entrega da comunicação, o vínculo


torna-se extinto, para todos os efeitos.

Art. 22. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos de:

I - morte;

29
II - perda dos direitos políticos;

III - expulsão;

IV - outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no


prazo de quarenta e oito horas da decisão.

V - filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva
Zona Eleitoral.

Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais


recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.

No tocante à infidelidade partidária, observe o disposto no seguinte artigo:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa
causa, do partido pelo qual foi eleito.

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as


seguintes hipóteses:

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;

II - grave discriminação política pessoal; e

III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o
prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao
término do mandato vigente.

Os Tribunais debateram sobre este tema e chegaram a conclusões diversas sobre a


perda do cargo por infidelidade partidária e o tipo de sistema eleitoral que o candidato foi
eleito.

Se o sujeito pertencer a um cargo eletivo do sistema majoritário, a perda do mandato


em razão de mudança de partido não se aplica, sob pena de violação da soberania popular e
das escolhas feitas pelo eleitor.

Agora, se o sujeito ocupar o cargo eletivo do sistema proporcional, o mandato


parlamentar conquistado pertence ao partido político. Assim, se o parlamentar eleito decidir
mudar de partido político, ele sofrerá um processo na Justiça Eleitoral que poderá resultar na
perda do seu mandato.

Obs: Súmula/TSE nº 67: A perda do mandato em razão da desfiliação partidária não se


aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário.

4. Resolução do TSE nº 23.659/2021.

Dispõe sobre a gestão do Cadastro Eleitoral e sobre os serviços eleitorais que lhe são
correlatos. Revogou a Resolução 21.538/2003.

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Trata-se de resolução de extrema importância e com alta chance de incidência em
provas. Por ser extensa (140 artigos), é estratégico atentar-se aos artigos que alteraram regras
de outros diplomas legais anteriores e realizar a leitura dos artigos que selecionamos a seguir.

Art. 1º A gestão do Cadastro Eleitoral e a prestação de serviços eleitorais que lhe são
correlatos serão efetuadas, em todo o território nacional, em conformidade com as
disposições legais, com esta Resolução e com as normas do Tribunal Superior que lhes sejam
complementares, as quais serão editadas com observância das seguintes diretrizes:

I - modernização e desburocratização da gestão do Cadastro Eleitoral e dos serviços


que lhe forem correlatos;

II - conformidade do tratamento dos dados aos princípios e regras previstos na Lei


Geral de Proteção dos Dados - LGPD (Lei nº 13.709/2018) ;

III - preservação e facilitação do exercício da cidadania por pessoas ainda não


alcançadas pela inclusão digital; e

IV - expansão e especialização dos serviços eleitorais com vistas ao adequado


atendimento a pessoas com deficiência e grupos socialmente vulneráveis e minorizados.

Art. 3º É assegurada ao cidadão e à cidadã a emissão de certidão que reflita sua


situação atual no Cadastro Eleitoral, com a necessária especificidade ao exercício de direitos,
devendo ser disponibilizada, de forma automática no sistema, a geração de certidões relativas
a:

§ 1º O sistema possibilitará a geração de certidão unificada de quantas forem as


informações solicitadas.

§ 2º As certidões de que tratam os incisos do caput deste artigo poderão ser


requeridas ao juízo de qualquer zona eleitoral, ainda que diversa daquela em que a pessoa se
encontra inscrita eleitora, ou obtidas na página da Justiça Eleitoral.

§ 4º Eventual incorreção dos dados contidos na certidão somente poderá ser sanada
perante o cartório do domicílio do eleitor ou da eleitora, observado o disposto no art. 39
desta Resolução.

Art. 5º O Cadastro Eleitoral e as informações resultantes de sua atualização serão


administrados e utilizados, exclusivamente, pela Justiça Eleitoral.

Art. 6º O atendimento presencial, para realização de operações no Cadastro Eleitoral e


das atividades que lhe sejam correlatas, inclusive a coleta de dados biométricos nos serviços
ordinários ou de revisão do eleitorado, poderá ser realizado por pessoal contratado em
caráter excepcional e temporário, por instrumentos administrativos voltados à
complementação das equipes de trabalho atuantes nas referidas atividades, desde que
supervisionadas por pessoa servidora do quadro de pessoal da Justiça Eleitoral ou requisitada
ordinariamente ou em caráter extraordinário.

Art. 8°, § 2º O exercício do voto não será impedido em razão de eventual defeito ou
não recepção dos arquivos de impressões digitais, fotografia ou assinatura digitalizada no
banco de dados do Cadastro Eleitoral, devendo-se oportunamente convocar o eleitor ou a
eleitora para a regularização das pendências verificadas, sem prejuízo da apuração de
responsabilidades pela respectiva corregedoria regional eleitoral.

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Art. 11. Os direitos políticos são adquiridos mediante o alistamento eleitoral, que é
assegurado:

I - a todas as pessoas brasileiras que tenham atingido a idade mínima


constitucionalmente prevista, salvo os que, pertencendo à classe dos conscritos, estejam no
período de serviço militar obrigatório e dele não tenham se desincumbido; e

II - às pessoas portuguesas que tenham adquirido o gozo dos direitos políticos no


Brasil, observada a legislação específica.

§ 1º A suspensão dos direitos políticos não obsta a realização das operações do


Cadastro Eleitoral, inclusive o alistamento, logo após o qual deverá ser registrado o código ASE
que indique o impedimento ao exercício daqueles direitos.

§ 2º A perda dos direitos políticos, decorrente da perda da nacionalidade brasileira,


impede o alistamento eleitoral e as demais operações do Cadastro Eleitoral, acarretando, se
for o caso, o cancelamento da inscrição já existente.

§ 3º A aquisição do gozo de direitos políticos por pessoa brasileira em Portugal não


acarreta a suspensão de direitos políticos ou o cancelamento da inscrição eleitoral e não
impede o alistamento eleitoral ou as demais operações do Cadastro Eleitoral.

Art. 15. Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de alistamento e
do não exercício do voto a pessoa com deficiência para quem seja impossível ou
demasiadamente oneroso o cumprimento daquelas obrigações eleitorais.

§ 5º O disposto neste artigo não constitui exceção ao alistamento eleitoral obrigatório


e não exclui o gozo de direitos políticos que dele decorram, cabendo ao tribunal regional
eleitoral, sempre que possível, viabilizar o atendimento em domicílio para fins de alistamento,
nos termos do art. 46 desta Resolução.

Art. 17. A pessoa brasileira nata ou naturalizada, residente no exterior, que tenha
requerido alistamento ou transferência para zona eleitoral do exterior até 150 dias antes do
pleito, poderá votar nas eleições para presidente e vice-presidente da República.

§ 1º O cadastro eleitoral de pessoas brasileiras residentes no exterior ficará sob a


responsabilidade do juízo da zona eleitoral do exterior, situada no Distrito Federal.

Art. 20. São considerados documentos comprobatórios de reaquisição ou


restabelecimento de direitos políticos:

I - nos casos de perda:

a) decreto ou portaria;

b) comunicação do Ministério da Justiça;

II - nos casos de suspensão:

a) para condenados: sentença judicial, certidão do juízo competente ou outro


documento que comprove o cumprimento ou a extinção da pena ou sanção imposta,
independentemente da reparação de danos;

b) para conscritos ou pessoas que se recusaram à prestação do serviço militar


obrigatório: Certificado de Reservista, Certificado de Isenção, Certificado de Dispensa de

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Incorporação, Certificado do Cumprimento de Prestação Alternativa ao Serviço Militar
Obrigatório, Certificado de Conclusão do Curso de Formação de Sargentos, Certificado de
Conclusão de Curso em Órgão de Formação da Reserva ou similares.

Art. 23. Para fins de fixação do domicílio eleitoral no alistamento e na transferência,


deverá ser comprovada a existência de vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional,
comunitário ou de outra natureza que justifique a escolha do município.

Art. 28. Dentro dos 150 dias anteriores à data da eleição, não serão recebidos
requerimentos de alistamento, transferência ou revisão.

Art. 30. A partir da data em que a pessoa completar 15 anos, é facultado o seu
alistamento eleitoral.

§ 2º O alistamento será requerido diretamente pela pessoa menor de idade e


independe de autorização ou assistência de seu/sua representante legal.

§ 3º O título eleitoral emitido nas condições deste artigo somente surtirá o efeito
previsto no art. 11 desta Resolução quando a pessoa completar 16 anos.

Obs: Lembrar que o alistamento eleitoral é procedimento administrativo cartorário e


compreende a qualificação e inscrição do eleitor. É realizado por meio do Requerimento de
Alistamento Eleitoral (RAE) – art. 41 da resolução.

Art. 37. A transferência será realizada quando a pessoa desejar alterar seu domicílio
eleitoral, em conjunto ou não com eventual retificação de dados ou regularização de
inscrição cancelada, e for encontrado em seu nome, em município diverso ou no exterior,
número de inscrição regular, suspensa ou, se cancelada, por motivo que permita sua
reutilização.

Art. 39. Será realizada a operação de revisão quando a pessoa necessitar:

I - alterar o local de votação no mesmo município, ainda que não haja mudança de
zona eleitoral;

II - retificar os dados pessoais; ou,

III - nas hipóteses em que for permitida a reutilização do número de inscrição,


regularizar a situação de inscrição cancelada.

Art. 40. No caso de perda, extravio, inutilização ou dilaceração do título eleitoral, a


pessoa que possuir inscrição regular ou suspensa poderá requerer ao juízo de seu domicílio
eleitoral a expedição de segunda via do título eleitoral.

§ 1º A operação de que trata o caput deste artigo não possibilitará a alteração de


dados constantes do Cadastro Eleitoral, o que poderá ocorrer após a retificação de dados a
que alude o § 3º do art. 39 desta Resolução.

Art. 41. Os pedidos de alistamento, revisão, transferência e segunda via, inclusive no


caso de pessoa residente no exterior, serão formalizados perante a Justiça Eleitoral por meio
do Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE), disponibilizado pelo Tribunal Superior
Eleitoral em modelo a ser preenchido e processado eletronicamente

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Art. 57. Qualquer partido político e o Ministério Público Eleitoral poderão interpor
recurso contra o deferimento do alistamento ou da transferência, no prazo de 10 dias,
contados da disponibilização da listagem prevista no art. 54 desta Resolução.

Art. 59. A pessoa alistanda ou eleitora menor de 18 anos tem capacidade para estar
em juízo, como recorrente ou recorrida, nos feitos que versem sobre sua inscrição eleitoral,
sendo-lhe facultada a assistência por seu/sua representante legal.

Art. 63. Qualquer eleitor ou eleitora, partido político ou Ministério Público poderá
peticionar ao juízo eleitoral, às corregedorias regionais eleitorais ou à Corregedoria-Geral
Eleitoral, no âmbito de suas respectivas competências, para requerer a apuração de
irregularidades no alistamento, na transferência e na revisão.

Art. 75. Os partidos políticos, por suas delegadas e seus delegados, poderão:

I - acompanhar os requerimentos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e


quaisquer outros, bem como a emissão e entrega de via física de títulos eleitorais, previstos
nesta Resolução;

II - requerer cancelamento de inscrição eleitoral com fundamento em inobservância de


requisito legal, observado o procedimento previsto nos arts. 63 a 65 desta Resolução;

III - examinar, mediante assinatura de termo de confidencialidade dos dados pessoais a


que tenha acesso, sem perturbação dos serviços e na presença de servidor ou servidora, os
documentos relativos às operações de alistamento, transferência, revisão, segunda via e
revisão de eleitorado, deles podendo requerer cópia, de forma fundamentada à autoridade
judiciária, sem ônus para a Justiça Eleitoral.

Art. 91. Confirmada a existência de duas ou mais inscrições em cada grupo relativas a
uma mesma pessoa e afastada a hipótese de evidente falha dos serviços eleitorais, o
Ministério Público Eleitoral será comunicado para avaliar a existência de indícios de ilícito
penal eleitoral e, se for o caso, requisitar à Polícia Federal a instauração de inquérito policial.

§ 1º O disposto no caput deste artigo não prejudica a requisição da instauração do


inquérito por iniciativa de autoridade judiciária.

§ 2º Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia do


respectivo Estado terá atuação supletiva.

§ 3º Concluído o inquérito ou requerida a dilação de prazo para a sua conclusão, a


autoridade policial que o presidir encaminhará os autos ao juízo eleitoral ao qual couber a
decisão na esfera penal, que os remeterá ao Ministério Público Eleitoral para, conforme o
caso, manifestar-se sobre o pedido de dilação do prazo, oferecer denúncia ou requerer o
arquivamento do inquérito.

§ 4º Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juízo eleitoral, comunicará a


decisão à autoridade judiciária competente para adoção de medidas cabíveis na esfera
administrativa.

Art. 126. Incorrerá em multa a ser arbitrada pelo juiz ou pela juíza eleitoral e cobrada
na forma prevista na legislação eleitoral e nas normas do Tribunal Superior Eleitoral que
dispuserem sobre a matéria o eleitor ou a eleitora que deixar de votar e:

I - não se justificar, nos seguintes prazos:

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a) 60 dias, contados do dia da eleição; e

b) 30 dias, contados do seu retorno ao país, no caso de se encontrar no exterior na


data do pleito, salvo se lhe for mais benéfico o prazo da alínea a deste inciso.

II - tiver o processamento de seu pedido de justificativa rejeitado pelo sistema, em


razão do preenchimento com dados insuficientes ou inexatos, que impossibilitem sua
identificação no cadastro eleitoral, ou

III - tiver seu pedido de justificativa indeferido pelo juiz ou pela juíza da zona a que
pertence sua inscrição eleitoral.

Art. 127. A fixação da multa observará a variação entre o mínimo de 3% e o máximo de


10% do valor utilizado como base de cálculo, podendo ser decuplicado em razão da situação
econômica do eleitor ou da eleitora.

Art. 129. A pessoa que deixar de se apresentar aos trabalhos eleitorais para os quais foi
convocada e não se justificar perante o juízo eleitoral nos 30 dias seguintes ao pleito incorrerá
em multa.

§ 1º A fixação da multa a que se refere o caput observará a variação entre o mínimo de


10% e o máximo de 50% do valor utilizado como base de cálculo, podendo ser decuplicada em
razão da situação econômica do eleitor ou eleitora, ficando o valor final sujeito a duplicação
em caso de:

a) a mesa receptora deixar de funcionar por sua culpa; ou

b) a pessoa abandonar os trabalhos no decurso da votação sem justa causa, hipótese


na qual o prazo aplicável para a apresentação de justificativa será de 3 dias após a ocorrência.

Art. 130. Será cancelada a inscrição do eleitor ou da eleitora que se abstiver de votar
em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou
efetuado o pagamento de multa.

§ 1º Para fins de contagem das três eleições consecutivas, considera-se como uma
eleição cada um dos turnos do pleito.

§ 2º Não se aplica o disposto no caput deste artigo às pessoas para as quais:

a) o exercício do voto seja facultativo;

b) em razão de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o


exercício do voto, tenha sido lançado o comando a que se refere a alínea b do § 1º do art. 15
desta Resolução; ou

c) em razão da suspensão de direitos políticos, o exercício do voto esteja impedido.

5. Lei Federal n. 6.091/1974

Dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte, em dias de eleição, a eleitores


residentes nas zonas rurais.

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Trata-se de lei curta (28 artigos) que não é necessário nada além da leitura dos artigos
selecionados a seguir.

Art. 1º Os veículos e embarcações, devidamente abastecidos e tripulados,


pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e suas respectivas autarquias e
sociedades de economia mista, excluídos os de uso militar, ficarão à disposição da Justiça
Eleitoral para o transporte gratuito de eleitores em zonas rurais, em dias de eleição.

§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo os veículos e embarcações em número


justificadamente indispensável ao funcionamento de serviço público insusceptível de
interrupção.

§ 2º Até quinze dias antes das eleições, a Justiça Eleitoral requisitará dos órgãos da
administração direta ou indireta da União, dos Estados, Territórios, Distrito Federal e
Municípios os funcionários e as instalações de que necessitar para possibilitar a execução dos
serviços de transporte e alimentação de eleitores previstos nesta Lei.

Art. 2º Se a utilização de veículos pertencentes às entidades previstas no art. 1º não


for suficiente para atender ao disposto nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e
embarcações a particulares, de preferência os de aluguel.

Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até trinta dias depois do pleito,
a preços que correspondam aos critérios da localidade. A despesa correrá por conta do Fundo
Partidário.

Art. 4º Quinze dias antes do pleito, a Justiça Eleitoral divulgará, pelo órgão
competente, o quadro geral de percursos e horários programados para o transporte de
eleitores, dele fornecendo cópias aos partidos políticos.

§ 1º O transporte de eleitores somente será feito dentro dos limites territoriais do


respectivo município e quando das zonas rurais para as mesas receptoras distar pelo menos
dois quilômetros.

§ 2º Os partidos políticos, os candidatos, ou eleitores em número de vinte, pelo


menos, poderão oferecer reclamações em três dias contados da divulgação do quadro.

§ 3º As reclamações serão apreciadas nos três dias subsequentes, delas cabendo


recurso sem efeito suspensivo.

§ 4º Decididas as reclamações, a Justiça Eleitoral divulgará, pelos meios disponíveis, o


quadro definitivo.

Art. 6º A indisponibilidade ou as deficiências do transporte de que trata esta Lei não


eximem o eleitor do dever de votar.

Art. 8º Somente a Justiça Eleitoral poderá, quando imprescindível, em face da absoluta


carência de recursos de eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições, correndo, nesta
hipótese, as despesas por conta do Fundo Partidário.

Art. 9º É facultado aos Partidos exercer fiscalização nos locais onde houver transporte
e fornecimento de refeições a eleitores.

Art. 10. É vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o


fornecimento de transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana.

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Obs: Está lei também conta com disposições penais, senão vejamos:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

I - descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do serviço público, o


dever imposto no art. 3º, ou prestar, informação inexata que vise a elidir, total ou
parcialmente, a contribuição de que ele trata:

Pena - detenção de quinze dias a seis meses e pagamento de 60 a 100 dias - multa;

II - desatender à requisição de que trata o art. 2º:

Pena - pagamento de 200 a 300 dias-multa, além da apreensão do veículo para o fim
previsto;

III - descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10º;

Pena - reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa (art. 302
do Código Eleitoral);

IV - obstar, por qualquer forma, a prestação dos serviços previstos nos arts. 4º e 8º
desta Lei, atribuídos à Justiça Eleitoral:

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos;

V - utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90 (noventa) dias que antecedem o


pleito, veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e
respectivas autarquias e sociedades de economia mista:

Pena - cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido


proclamado eleito.

Parágrafo único. O responsável, pela guarda do veículo ou da embarcação, será punido


com a pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e pagamento de 60 (sessenta) a
100 (cem) dias-multa.

6. Disposições constitucionais acerca dos direitos políticos,


partidos políticos e organização da Justiça Eleitoral.

No tocante a direitos políticos, vamos relembrar os temas e artigos mais importantes


da Constituição Federal no quesito incidência em prova e também as novidades legislativas.

A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e,
nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular (art. 14, CF).

Sobre o alistamento e voto:

a) Obrigatórios: maiores de dezoito anos;

b) Facultativos: analfabetos e maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

c) São inalistáveis: estrangeiros e conscritos;

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d) São inelegíveis: os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e os analfabetos.

Em relação à idade mínima para ocupar cada cargo:

a) Presidente e vice presidente da república e Senador: 35 anos;

b) Governador e vice governador: 30 anos;

c) Deputado Federal, Estadual e Distrital, Prefeito e vice prefeito e juiz de paz: 21 anos;

d) Vereador: 18 anos.

Os chefes do poder executivo (Presidente, Governador e Prefeito) devem renunciar


aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito para concorrerem a outros cargos.

Sobre a chamada inelegibilidade reflexa, lembre-se do art. 14, §7º, CF: São inelegíveis,
no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Ainda sobre inelegibilidade, lei complementar estabelecerá outros casos de


inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, §9°, CF).

O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé (art. 14, §§ 9° e 10,
CF).

Inovação no art. 14 da Constituição Federal:

§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas


populares sobre questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça
Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites operacionais
relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões submetidas às consultas


populares nos termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de
propaganda gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de
2021)

Sobre os direitos políticos ainda, é vedada sua cassação, somente podendo ocorrer
perda ou suspensão nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (perda)

II - incapacidade civil absoluta; (suspensão)

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;


(suspensão)

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IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos
do art. 5º, VIII; (perda)

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (suspensão)

Atenção para a regra prevista no art. 16, CF: A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano
da data de sua vigência

Já em relação a partidos políticos, temos a regra de que é livre a criação, fusão,


incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os
seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo


estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Sobre a autonomia do partido, temos no art. 17, § 1º que é assegurada aos partidos
políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha,
formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo
seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

No que toca a sua criação, sabemos que esta se dará com registro no cartório civil
(regras do Código Civil) por se tratar de pessoa jurídica de direito privado, todavia deverá, após
adquirirem personalidade jurídica, registrar seu estatuto no TSE (art. 17, §2, CF).

Sobre o chamado direito de antena, vejamos a seguinte regra:

Art. 17, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao
rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação,
com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou

II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação.

§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste


artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido
que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

Atenção para as inovações introduzidas no art. 17 da Constituição Federal:

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§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os
Vereadores que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato,
salvo nos casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em
lei, não computada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de
recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à
televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos
do fundo partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da
participação política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)

§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do


fundo partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda
gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de candidatas, e a
distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de
direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)

Por fim, em relação à organização da Justiça Eleitoral, já trabalhamos os artigos


pertinentes, valendo a releitura para fixação.

Art. 118 trata dos órgãos da Justiça Eleitoral, art. 119 do TSE, art. 120 do TRE e art. 121
sobre algumas regras importantes.

7. Súmulas, jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores


e legislação relacionada com os temas.

Além das súmulas e jurisprudências já citadas na revisão, atente-se para mais estas
selecionadas a seguir.

Súmula/TSE n° 46: É ilícita a prova colhida por meio da quebra do sigilo fiscal sem
prévia e fundamentada autorização judicial, podendo o Ministério Público Eleitoral acessar
diretamente apenas a relação dos doadores que excederam os limites legais, para os fins da
representação cabível, em que poderá requerer, judicialmente e de forma individualizada, o
acesso aos dados relativos aos rendimentos do doador.

Súmula/TSE n° 56: A multa eleitoral constitui dívida ativa de natureza não tributária,
submetendo-se ao prazo prescricional de 10 (dez) anos, nos moldes do art. 205 do Código Civil.

Súmula/TSE n° 58: Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de


candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e declarar
a extinção da pena imposta pela Justiça Comum.

Súmula/TSE n° 59: O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela


Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990,
porquanto não extingue os efeitos secundários da condenação.

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