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Linha Editorial:

Farmácia Clínica: inserção do farmacêutico na equipe


multidisciplinar hospitalar.

Giacomo Guilherme Cestaro Migliat Verona (UNIFAMA) 1


Prof. Rafael Carvalho de Freitas (Orientador) 2

Resumo: Ao avaliar gastos desnecessários com medicamentos, tempo de internação devido a


utilização de mais de um medicamento por vez, baixa adesão ao tratamento terapêutico e aos erros de
prescrição fica evidente a importância do profissional farmacêutico clínico, haja visto que a farmácia
clinica vem trazendo excelentes resultados em hospitais em que a mesma se encontra presente.
Portanto, o objetivo geral proposto nesta pesquisa foi analisar a atuação do farmacêutico no cuidado
ao paciente junto aos profissionais de saúde em UTI. A metodologia utilizada foi por meio de um
levantamento bibliográfico sobre o tema para a fundamentação teórica nas bases de dados: Literatura
Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Sientific Eletronic Library On-line (SciELO) e na
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Então, os resultados obtidos evidenciaram que um farmacêutico que
atua em UTI, e sua participação em equipes multiprofissionais nos momentos de emergência de saúde
é muito importante, então, esse profissional deve realizar sua prática como uma tarefa de integração,
assistência contínua, eficiente, segura e eficaz, com a capacidade de avaliar, relatar e decidir sobre o
uso adequado de medicamentos e dispositivos médicos. Sempre, o farmacêutico hospitalar, deve ser
bem-informado gerando informações contínuas, interagindo com outros profissionais de saúde e com
pacientes ou usuários, promovendo suas habilidades verbais, não verbal, ouvindo, escrevendo e
construindo.

Palavras-chave: Farmácia, Farmácia clínica, inclusão, equipe multidisciplinar, qualidade terapêutica,


medicamento, Farmacêutico.

Abstract: When evaluating unnecessary expenses with medication, length of stay due to the use of
more than one medication at a time, low adherence to therapeutic treatment and prescription errors, the
importance of the clinical pharmacist is evident, given that the clinical pharmacy has been bringing
excellent results. in hospitals where it is present. Therefore, the general objective proposed in this
research was to analyze the role of the pharmacist in patient care with health professionals in the ICU.
The methodology used was through a bibliographic survey on the subject for the theoretical foundation
in the databases: Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library
On-line (SciELO) and the Virtual Health Library ( VHL). So, the results obtained showed that a
pharmacist who works in an ICU, and his participation in multidisciplinary teams in times of health
emergency is very important, so this professional must perform his practice as a task of integration,
continuous, efficient, safe care. and effective, with the ability to assess, report and decide on the
appropriate use of drugs and medical devices. Always, the hospital pharmacist must be well-informed,
generating continuous information, interacting with other health professionals and with patients or users,
promoting their verbal and non-verbal skills, listening, writing and building.

Keyword: Pharmacy, Clinical Pharmacy, Inclusion, Multidisciplinary Team, Therapeutic Quality,


Medicine, Pharmacist.

1
Graduando em Farmácia pela União das Faculdades de Mato Grosso (UNIFAMA) de Guarantã do Norte-MT,
Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto. CEP: 78520-000. E-mail: gui_migliat@hotmail.com. Janeiro de 2022.
2
Graduado em Farmácia pela Faculdade UniFil. Especialização em Farmacologia (UniFil). Mestrado em Patologia
Experimental (UEL). E-mail: rc.freitas85@gmail.com.
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1 INTRODUÇÃO
A integração do farmacêutico na equipe multidisciplinar que atua nas áreas de
atendimento agrega um grande valor às demandas diárias em um hospital,
beneficiando os pacientes e demais profissionais que atuam nas equipes de saúde,
aprendendo os conhecimentos uns dos outros, inclusive dos quadros clínicos dos
pacientes.
O atendimento e a segurança do paciente é a questão mais importante que
encontramos como desafio aos profissionais de saúde. As áreas críticas são os locais
onde os procedimentos são multiplicados e onde eles aumentam os riscos de eventos
adversos. A cadeia de prescrição e validação para dispensar e administrar o
medicamento é essencial para alcançar recuperação dos pacientes. O farmacêutico
clínico é um profissional especialmente treinado para prestar atendimento direto ao
paciente e realizar o gerenciamento completo de medicamentos (GOMES, 2021).
Então, o farmacêutico clínico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um
profissional da saúde fundamental para obter informações rápidas e eficientes, sobre
as medicações administradas aos pacientes. Em uma unidade hospitalar são
implementados trabalhos de integração e com isso, melhorar os indicadores de
qualidade. Esses resultados permitem reafirmar a ideia e recomendar às instituições
de saúde a formação e incorporação de farmacêuticos clínicos nas equipas unidades
críticas interdisciplinares (OLIVEIRA; CARVALHO; SIQUEIRA, 2021).
O cuidado com o paciente constitui a ação integrada do farmacêutico com a
equipe de saúde, cujo foco de intervenção está centrado na promoção da saúde e do
uso racional de medicamentos pelos usuários. O cuidado farmacêutico pode ser
efetuado por meio dos serviços farmacêuticos clínicos, divididos em: dispensação,
seguimento/acompanhamento farmacoterapêutico, educação em saúde, orientação
farmacêutica, conciliação medicamentosa, revisão da farmacoterapia, entre outros
(BARROS; SILVA, LEITE, 2019).
No que concerne à atuação dos farmacêuticos, estes devem assumir a
responsabilidade dentro da sua prática profissional, em tudo o que se refere a
farmacoterapia e através da atenção farmacêutica para dar resposta à necessidade
social atual de melhor controle, sendo o farmacêutico o profissional ideal para fazê-lo,
bem como consolidar a sua posição como especialista em medicamentos,

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considerando o cuidado com paciente como principal atividade a ser desenvolvida
(PERUCHI, 2021).
A partir disto, faz-se necessário uma maior especialização no trabalho deste
profissional, visto que a maioria das falhas na farmacoterapia é atribuída ao uso
indevido de medicamentos pelos pacientes. Portanto, é proposto como solução
alternativa para este problema, a implementação de programas de cuidados
farmacêuticos ao nível hospitalar, ambulatorial e residencial, para garantir um melhor
controle da terapia medicamentosa (PINHEIRO; RAPINI; PARANHOS, 2021).
Posto isto, é notório que a atuação farmacêutica é imprescindível para a
sociedade, sendo evidente que seu trabalho proporciona melhora na qualidade de
vida dos pacientes, pois o mesmo atua na área da saúde podendo pesquisar,
desenvolver, produzir, manipular, distribuir, orientar, acompanhar com vistas a
melhorar os efeitos terapêuticos e reduzir a probabilidade de efeitos adversos e da
toxidade. Diante do exposto, à problemática desta pesquisa foi: como as práticas
farmacêuticas podem contribuir com a equipe multidisciplinar hospitalar no cuidado do
paciente?
Então, para responder esse questionamento o objetivo geral proposto foi
analisar a atuação do farmacêutico no cuidado ao paciente junto aos profissionais de
saúde em UTI. E de forma específica: descrever sobre a prescrição farmacêutica
como intervenção segura e eficaz ao cuidado à saúde do paciente; identificar as
dificuldades encontradas pelos farmacêuticos em ambientes hospitalares e analisar o
papel do farmacêutico na atuação direta com o paciente.

2 METODOLOGIA
Para que se possa discutir a respeito da farmácia clínica como uma nova
perspectiva para o profissional farmacêutico, efetuou-se um levantamento
bibliográfico sobre o tema para a fundamentação teórica nas bases de dados:
Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Sientific Eletronic
Library On-line (SciELO) e na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).
A pesquisa bibliográfica busca a partir de referências explicar um problema,
acontecimento ou situação com base em contribuições cientificas publicadas a
respeito de determinado tema. Prodanov e Freitas (2013), definem a pesquisa

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bibliográfica como sendo um apanhado dos trabalhos de maior destaque, por
fornecerem dados relevantes e atuais com relação ao tema.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Compreende-se como farmácia clínica o grupo das atividades executadas pelo


farmacêutico direcionadas ao paciente ou a equipe multidisciplinar de saúde, visando
assegurar a efetividade e a eficiência do uso de medicamentos (CORRER et al. 2011).
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a atenção farmacêutica
é caracterizada por ações do farmacêutico, nas quais o paciente é o principal
beneficiado. Assim, o farmacêutico trabalha mais efetivamente na assistência ao
paciente, responsabilizando-se pela segurança e pela efetividade da farmacoterapia
(AGUIAR et al. 2018).
O primeiro momento da abordagem clínica consiste na coleta e organização de
dados e informações sobre o paciente. Logo após, um diagnóstico é formulado, sendo
este o resultante do raciocínio clínico empregado pelo médico. Na terceira etapa do
processo é definido um plano terapêutico, em conjunto com o paciente, traduzido na
prescrição de um ou mais medicamentos e de medidas terapêuticas não
farmacológicas. A dispensação e orientação são as últimas etapas a serem realizadas
antes da administração ou utilização do medicamento pelo paciente (CORRER et al.
2011).
O aumento da segurança no uso de medicamentos está associado a processos
seguros, estratégias para prevenção de erros e eventos adversos com redução de
suas consequências (FERRACINI et al. 2011). O farmacêutico clínico participa da
equipe multidisciplinar promovendo segurança por meio da redução de reações
evitáveis, diminuição do tempo de internação, assegurando que a farmacoterapia seja
efetiva, segura e usada de forma adequada, redução da taxa de mortalidade e custos.
A atenção farmacêutica é um arcabouço teórico que guia a prática clínica do
farmacêutico, ofertada no sistema de saúde como um serviço denominado
gerenciamento da terapia medicamentosa (GTM). O conceito foi proposto por Hepler
e Strand (1990) e desenvolvido como prática profissional por Cipolle, Strand e Morley
para atender à demanda de redução da morbimortalidade relacionada ao uso de
medicamentos (SILVA; MENDONÇA; OLIVEIRA, 2018).

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Neste sentido, o papel principal desse profissional ao cuidar de um paciente é
a identificação, prevenção e resolução de problemas relacionados ao uso de
medicamentos (PRM). Para isso, o profissional avalia se todos os medicamentos
utilizados pelo paciente são indicados, efetivos e seguros, para então fomentar sua
adesão aos respectivos produtos. Ao seguir essas etapas, o farmacêutico determina
se o paciente apresenta algum PRM, elabora planos de cuidado para solucioná-lo em
colaboração com o paciente e equipe de saúde e, posteriormente, avalia os resultados
da sua intervenção (SILVA; MENDONÇA; OLIVEIRA, 2018).
A intervenção do farmacêutico clínico é uma ferramenta eficaz na detecção e
prevenção de eventos adversos, assim como na promoção da integração do serviço
de farmácia à equipe multiprofissional, pacientes e seus familiares. As intervenções
realizadas pelo farmacêutico clínico conseguem promover adequados resultados
terapêuticos, garantindo eficácia, segurança e melhor custo-efetividade da
farmacoterapia. Através da atenção farmacêutica, o profissional proporciona o uso
racional de medicamentos apoia as tomadas de decisões clínicas, e interage com
outros profissionais de saúde (FERRACINI et al. 2011).
De acordo com o artigo 3.º e 4.° da resolução n.º 586 do Conselho Federal de
Farmácia, a prescrição farmacêutica é ato pelo qual o farmacêutico seleciona e
documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções
relativas ao cuidado à saúde do paciente, objetivando a promoção, proteção e
recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde,
podendo ocorrer tal prescrição em diferentes estabelecimentos farmacêuticos,
consultórios, serviços e níveis de atenção à saúde, desde que respeitado o princípio
da confidencialidade e a privacidade do paciente no atendimento.
O farmacêutico clínico apresenta um considerável benefício econômico nos
hospitais. A variação do custo-benefício deste profissional oscila dependendo do tipo
de instituição de saúde, das atividades farmacêuticas e do número de intervenções.
De acordo com Ferracini (2011), um estudo prospectivo e aleatório avaliou as
intervenções realizadas pelo farmacêutico em 1.200 hospitais universitários onde
pacientes no grupo intervenção tiveram redução de 41% nos custos comparado com
o grupo controle.
Cerca de 44 a 98 mil americanos morrem anualmente devido aos erros médicos
e, dentre estes erros, entre 2 e 14% ocorrem em pacientes hospitalizados. Este risco

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aumenta quando a prescrição de medicamentos está incompleta. Assim, para prevenir
erros médicos e aumentar a segurança do paciente, o primeiro passo envolve,
necessariamente, a prescrição (AGUIAR et al. 2018).
Aguiar et al. (2018) ainda explica que em sua pesquisa foram avaliadas 6.104
prescrições e 12.128 medicamentos a serem preparados. Identificaram-se problemas
relacionados a medicamentos em 274 prescrições, sendo a maioria causada por falta
de informações. Juntos, os problemas envolvendo dose representaram 32,1% do total.
Em 13 casos (13,3%), a variação da dose prescrita em relação à correta foi maior do
que 50%.
Os PRM’s interceptados representaram economia de R$ 54.081,01 e gastos
de R$20.863,36, assim resultando um saldo positivo de R$ 33.217,65. Cada
intervenção farmacêutica gerou uma economia de R$ 126,78 com aceitabilidade de
98%, sendo as intervenções mais realizadas apresentadas na tabela 2. As principais
intervenções foram inclusão de informações e alteração de dose. Não houve nenhum
dano em relação aos erros apresentados na pesquisa (AGUIAR et al. 2018).
Decerto, o farmacêutico mostra que a terapia que paciente recebe é a mais
indicada, a mais eficaz disponível, segura e confortável possível para o paciente nas
alternativas disponíveis. Portanto, ao assumir responsabilidade direta pelas
necessidades farmacológicas de cada paciente, o farmacêutico oferece uma
contribuição única para obtenção de resultados de farmacoterapia, e em qualidade
de vida de seus pacientes (SOUZA, 2018).
Em outras palavras, o cuidado farmacêutico precisa ser realizado, para
estabelecer uma relação entre o farmacêutico e o paciente, permitindo um trabalho
em conjunto no sentido de buscar, identificar, prevenir e solucionar os problemas que
possam surgir durante o tratamento medicamentoso desses pacientes. Destaca o
caráter ativo da assistência farmacêutica, ou seja, não se trata de esperar que surjam
os problemas relacionados a medicamentos, mas que busca e soluciona esses
problemas (ABREU, 2020).
Tendo em vista que o atendimento farmacêutico consiste em tentar melhorar
a qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a obter o máximo benefício de seus
medicamentos por meio do processo de busca, identificação, prevenção e resolução
de problemas com medicamentos. Logo, deve-se destacar que a assistência ao
paciente é algo radicalmente diferente da prática farmacêutica atual e deve ser a

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missão profissional do farmacêutico de saúde do futuro (MIRANDA; NETO, 2017).
A atenção farmacêutica garante que este profissional esteja inserido em
contato direito com o cuidado ao paciente, visando melhoria na qualidade de vida,
através do acompanhamento no uso correto de seus medicamentos, da orientação,
análise, monitoramento, intervenções, análise, visando assim, promoção e proteção
à saúde.

3.1 SEGURIDADE DO PACIENTE NA UTI

A segurança dos pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva


apresenta grandes desafios. Esses pacientes apresentam alto risco de complicações
sendo vulneráveis a danos iatrogênicos devido à gravidade e instabilidade de sua
condição clínico, além disso, a rápida tomada de decisão é comum em uma UTI
(FRANÇA; CASTRO; NOBRE, 2021).
Consequentemente, a taxa de erro é geralmente maior quando comparada a
outras unidades de hospitalização. Entre as complicações que contribuem para a
morbimortalidade dos pacientes internados em UTI incluem: aqueles relacionados à
realização de procedimentos invasivos, pneumonia associada ao ventilador (PAV),
infecções associadas a cateteres centrais e cateteres urinários, úlceras de pressão
(UP) e erros de medicação (EM) (ROQUE, 2014).
Os EMs são comumente associados ao tratamento (por exemplo, erros de
dosagem, medicamento, via de administração, esquemas prescritos ao paciente
errado, duplicação terapêutica, omissões, contraindicações etc.); mas também pode
ser associado à prevenção (por exemplo, profilaxia médica para trombose venosa
profunda (TVP) com heparina), diagnóstico (ex: contraste) ou monitoramento (ex:
controle glicêmico durante as infusões de insulina), entre outros (REIS, 2016).
O farmacêutico pode construir uma barreira muito eficaz trabalhando de forma
proativa na equipe clínica. É de vital importância que você tenha conhecimento
suficiente para resolver problemas relacionados à medicação (PRM), detectar,
prevenir EM, detectar e relatar reações adversas a medicamentos (RAM).

3.2 INSERÇÃO DO FARMACÊUTICO NA UTI

O farmacêutico clínico é responsável por todos os aspectos de gestão de


medicamentos. Cada dia se avaliam o estado clínico de pacientes e atualiza
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pacientes os históricos anteriores. Dessa forma, identificar novos problemas reais e
potenciais relacionados à medicação, criar uma lista de problemas e um plano de
cuidados para uma dosagem ideal, com base na função renal e hepática, potenciais
interações medicamentosas e concentrações plasmáticas (ARAÚJO, 2017).
Então, o farmacêutico participa de visitas multiprofissionais com a equipe de
cuidados intensivos e garante implementação do ensino do plano de medicação aos
médicos residentes, sobre a correta entrada de pedidos médicos ou entrada de
pedidos conforme acordado pela prática colaborativa e documentação nos registros
médicos (SANTOS et al. 2020).
Dessa forma, uma grande contribuição realizada com o manejo da medicação
é identificar as terapias que não são necessárias, reduzindo custos e riscos de
eventos adversos, como a manutenção de programas de otimização do uso de
antimicrobianos em conjunto com os médicos e farmacêuticos sobre doenças
infecciosas (KLEEMANN, 2016).
Uma das principais funções do farmacêutico na UTI é obter documentação
clínica do paciente, aplicando seus conhecimentos biofarmacêuticos e
farmacocinética para a prevenção, detecção e resolução de problemas relacionados
com medicamentos (PRM). Onde, o farmacêutico clínico deve: fazer a seleção para
um uso racional e eficiente dos medicamentos nas diferentes patologias clínicas;
coletar e registrar bioestatística e aplicar métodos de detecção, análise e prevenção
de EM (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2013).
A conduta que o profissional farmacêutico deve ser de grande abertura para
comunicação e colaboração, bem como responsabilidade e respeito para com a
equipe clínica interdisciplinar e sobretudo voltada para o paciente, principal centro de
sua tarefa diária. Deve ser orientado para o conhecimento e resolução de PRM e as
necessidades de toda a equipe clínica em relação à farmacoterapia. O processo de
gestão e uso de medicamentos é um processo multidisciplinar e colaborativo
(MANIERO, 2016).
O farmacêutico deve desenvolver certas habilidades que irão agregar valor ao
farmacoterapia. Dentre elas: desenvolver uma abordagem global abrangente em
todas as fases da cadeia terapêutica do medicamento; interpretar, validar
corretamente a prescrição médica nas evidências protocolos terapêuticos; identificar
oportunidades de melhoria em sua gestão com uma atitude que é sempre proativo

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em resposta às sugestões da equipe clínica (DETONI, 2016).

3.3 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA COMO INTERVENÇÃO SEGURA


Baseado na Resolução 586, de 29 de agosto de 2013, que dispões sobre a
permissão do farmacêutico em prescrever medicamentos farmacológicos e não
farmacológicos visando resolver a problemática de vários pacientes. Ela permite a
esse profissional percorrer todo o processo, desde o recebimento do paciente,
avaliação e prescrição, quando necessário. Com a Resolução, a atuação do
profissional farmacêutico foi ampliada e abriu campo para o surgimento dos
consultórios farmacêuticos (BRASIL, Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF
nº 586, de 29 de agosto de 2013).
O ato de prescrever receitas, não se restringe aos medicamentos, estão
relacionadas também com as terapias não farmacológicas, responsabilizando-se por
aquela orientação. Assim, este ato correlaciona-se a ação de cuidar e,
necessariamente, envolve uma decisão clínica para definição de condutas, seja para
prescrever medicamentos associados a protocolos clínicos previamente acordados
no sistema de saúde em questão, ou medicamentos isentos de prescrição, também
para fornecer orientações não farmacológicas (SILVA; MENDONÇA; OLIVEIRA,
2018).
Porém, os medicamentos são uma das principais tecnologias terapêuticas
utilizadas para o tratamento de doenças na sociedade moderna, seu acesso, e
correta utilização ainda representam desafios a serem enfrentados (OPAS, 2013).
Nesse sentido, os Serviços Farmacêuticos (SEFAR) têm papel fundamental na
Atenção Primária em Saúde, uma vez que compreendem um conjunto de ações
voltadas a garantir o acesso qualificado da população a medicamentos essenciais e
a promoção do seu uso racional (CAETANO; SILVA; LUIZA, 2020).
De acordo a publicação da Resolução 585/13, o farmacêutico passa a ter uma
solução para regulamentar suas atribuições clínicas, pois o documento indica os
direitos e as responsabilidades desse profissional no que tange às suas áreas de
atuação, principalmente relativas à saúde pública, levando em conta o cuidado à
saúde, nos âmbitos individual e coletivo (BRASIL, 2013).
Por conseguinte, a segurança do paciente é parte inerente da prestação de
assistência à saúde, devendo estar presente em todas as etapas do cuidado,

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especialmente durante o processo de medicação do paciente, que por sua vez
abrange desde a prescrição até o monitoramento da adequada atuação da
medicação no organismo do indivíduo, garantindo inclusive, ausência de interações
medicamentosas para assim assegurar que o mesmo tenha um tratamento seguro e
eficaz.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa evidenciou um farmacêutico que atua em UTI e sua participação


em equipes multiprofissionais nos momentos de emergência de saúde, então, esse
profissional deve realizar sua prática como uma tarefa de integração, assistência
contínua, eficiente, segura e eficaz, com a capacidade de avaliar, relatar e decidir
sobre o uso adequado de medicamentos e dispositivos médicos.
Sempre, o farmacêutico hospitalar, deve ser bem-informado gerando
informações contínuas, interagindo com outros profissionais de saúde e com
pacientes ou usuários, promovendo suas habilidades verbais, não verbal, ouvindo,
escrevendo e construindo. A tarefa do profissional farmacêutico, em tempos de
emergência de saúde, passa a ser uma estrutura multiprofissional, onde o
atendimento ao paciente, manutenção e serviço completo de equipamentos farmácia
em hospitais, pesquisa e o relato de eventos adversos, o monitoramento de
tratamentos de qualidade e a garantia de segurança de medicamentos aprovados,
tornam-se os eixos transversais do trabalho contínuo do farmacêutico hospital e sua
assistência farmacêutica.
Dessa forma, o farmacêutico que trabalhar nos centros de saúde, não é
apenas aliar-se a outros profissionais de saúde, mas tornar-se um profissional líder,
com preocupação, empatia, visão, tomada de decisões e a capacidade de comunicá-
los, para gerir eficazmente qualquer emergência em relação à saúde, à população.
Dentre as atividades desempenhadas pelo farmacêutico clínico é de suma
importância o conhecimento especializado da terapêutica, assim como habilidades
de comunicação e capacidade de avaliar e interpretar exames físicos e laboratoriais
para obtenção de melhores resultados, juntamente com a equipe multidisciplinar.
Assim, o farmacêutico clínico poderá proporcionar ao paciente um atendimento que
lhe passe confiança fazendo com que o mesmo fique confortável para a coleta de
informações.
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O contexto mostrou que atenção farmacêutica é uma prática necessária,
voltada para a assistência de demanda social e favorecendo o âmbito hospitalar
através da diminuição de gastos. É uma ação que pode e deve ser incentivada em
todos os campos da área de atuação farmacêutica, reestabelecendo a fidelidade e
segurança do paciente evitando problemas ligados ao uso incorreto de
medicamentos, pois é a partir daí, que o farmacêutico poderá ser visto novamente
como um importante colaborador com a saúde da sociedade.

REFERÊNCIAS
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