CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS (CFCH) COORDENAÇÃO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA HISTÓRIA DA AMÉRICA VI
JASON ALMEIDA DO NASCIMENTO
RELATÓRIO DE APRESENTAÇÃO SOBRE A REVOLUÇÃO COLOMBIANA
RIO BRANCO ACRE
2021 JASON ALMEIDA DO NASCIMENTO
RELATÓRIO DE APRESENTAÇÃO SOBRE A REVOLUÇÃO COLOMBIANA
Trabalho apresentado à disciplina de
História da América VI, orientado pelo professor José Sávio da Costa Maia, para a composição da N2
RIO BRANCO ACRE
2021 Este trabalho tem por objetivo apresentar a Revolução Colombiana, realizando no processo uma retomada dos principais eventos intercalados naquilo que pode ser entendido como a ação revolucionária na Colômbia. Utilizando de base principal, o livro a “A Revolução Colombiana” de Forest Hylton, e outras citações e pesquisas mais gerais sobre esse macro evento colombiano. Antes de prosseguir para os fatos, é importante salientar que, a Revolução Colombiana não é um evento comum. Ela não ocorreu como as demais onde, durante determinado período o povo se uniu, lutou, e venceu, sendo instaurada uma nova forma de governo. Na Colômbia, para autores como Eric Hobsbawm, a tentativa revolucionária foi um fracasso, mas, não cessa após o primeiro “grande ato” ter sido derrotado. Na Colômbia é possível entender esse processo como algo contínuo, e ininterrupto, tanto que seus efeitos ainda ecoam na atualidade da população colombiana. Atualmente a Colômbia está configurada nas seguintes características, onde seu nome oficial é República da Colômbia, quem nasce nessa localidade recebe a denominação de colombiano. Sua extensão territorial é de 1.138.910 km2 . Se localiza na América do Sul, tem por capital Bogotá. O idioma falado é o espanhol castelhano. As religiões presentes são: prioritariamente o catolicismo com 93% da população, em segundo lugar o protestantismo com 5% e demais religiões com apenas 2% de adeptos. A população colombiana está estipulada em 50.339.443 habitantes no último censo de (2020). É um país com densidade populacional de 45,37 habitantes por quadrado (2019). A moeda adotada é o peso colombiano. A economia atual da Colômbia está baseada na cana-de-açúcar, batata, arroz, banana, milho, café Rebanho de gado, indústria têxtil e de alimentos. Para falar sobre a revolução, é preciso regressar ao Século XIX, (1848-1880). a Colômbia já possuía suas fontes de petróleo, que somente serão utilizadas no final do Século XX e início do XXI, onde houve uma maior exploração desse recurso, mas, não passando a ser o principal produto colombiano. Mesmo despertando o interesse da ação estadunidense. Algo comum durante toda a história da Colômbia desde a sua independência, e o baixo contingente e estatal do exército. Que, não conseguia exercer controle efetivo sobre a população. Outro fator presente nesse período, é a falta de sentimento de nacionalidade do povo colombiano. Onde, não se enxergavam pertencentes e acolhidas pelo Estado, e se não há uma nação unida, com ideais comuns, se torna mais complexo administrar toda aquela população, com diferentes necessidades e desejos. A administração política da Colômbia, desde sua emancipação da sua metrópole, adota o bipartidarismo. Nele, apenas os conservadores e liberais poderiam governar a nação. Ocasionando disputas constantes entre os dois segmentos políticos, que atuavam basicamente como inimigos declarados um do outro. Os conservadores eram aqueles que desejavam manter o controle a todo custo, em sua maioria católicos, preferiam a ordem e não negociavam com insurgentes. Os liberais, eram os mais abertos a outros meios políticos, estavam engajados com as populações mais carentes, sua estrutura era formada por latifundiários e comerciantes. Uma característica comum entre esses dois partidos era na questão da filiação, sendo passada de geração em geração, ou seja, se uma família era do partido liberal, seus filhos e netos provavelmente iriam se filiar no mesmo partido dos seus ancestrais. As populações entendidas como minorias, principalmente os indígenas, eram desprezados tanto pelos Liberais quanto pelos conservadores, por acreditarem que eles representação a era colonial da Colômbia, significando um atraso para a “população pura”, e a questão das terras sempre em evidência, demonstra uma necessidade de minimizar essas populações, para aumentar os lucros. Gradualmente, pequenas facções começam a surgir e organizar na Colômbia, para tentar resistir à opressão do Estado, porém ainda não tinham o poder necessário para realizar algo significativo. O seu crescimento continua, e “entra nas graças” das populações mais carentes, como os camponeses, que começam a se filiar nos primeiros grupos revolucionários. Ambos os partidos políticos, apesar de os liberais terem uma aproximação com os camponeses, eles não eram favoráveis a “dar” poder ao povo comum e iletrado, essa percepção era difundida pela elite dos dois partidos, pois, não desejavam perder seus privilégios nem os seus cargos. Entre os anos de (1878-1879) o partido conservador realiza um golpe em Cauca – uma importante cidade colombiana, onde os, afro colombianos e indígenas possuíam maior participação e engajamento na política – esse conflito é marcado por violência, assassinatos e revoltas. Dessa maneira os conservadores assumem o poder. Não havendo um sentimento de unidade na Colômbia, e não sendo possível uma maneira de controle através da cidadania. Uma nova maneira é adotada, a força. Assim as sociedades democráticas chegam ao “fim”, e é instaurado um regime. Os criollos – eram os descendentes dos colonizadores, que residiam na nação, portanto, era uma das elites – passam a administrar o país. Durante esse gerenciamento, as milícias armadas foram oficialmente “derrotadas” e os governantes passaram a utilizar um exército profissional, devido ao Estado não possuir efetivo suficiente. As minorias são afetadas durante o governo dos conservadores, perdendo os poucos direitos que possuíam. Enquanto na contramão, as elites cresciam exponencialmente à custa das populações mais exploradas. Nesse período o clientelismo se torna efetivo, onde, era controlado em quem a população poderia votar para as próximas eleições, e esse controle se estendia para quem poderia votar, ou seja, uma determinada população que foi oprimida pelo governo, e provavelmente votaria no candidato de oposição, todo o núcleo populacional era impedido pela força a não poder votar. A Colômbia era a 2º maior produtora de café do mundo, perdendo apenas para o Brasil, e seus gigantescos campos destinados para a produção. Ela conseguia estar em segundo lugar, com uma característica bastante diferente do Brasil, referente às áreas destinadas às plantações, que na Colômbia eram menores, basicamente mantidas por camponeses e serviço braçal. A indústria colombiana se desenvolve, principalmente em alimentos, bebidas e produtos têxteis. As criações de universidades para formar as futuras elites eram construídas no país. O capital estrangeiro se mostra importante para alavancar as exportações do café para diversas partes do mundo. Em 1929, a Colômbia entra em crise, os conservadores começam a pensar em alianças com os liberais, de modo a se livrar do fardo de ter em mãos um país em crise. Ela, além de afetar as elites, acomete as classes mais baixas, fazendo com que as revoltas populares “renasçam”, devido às necessidades enfrentadas e a não assistência estatal. Essas revoltas ocasionam diversos massacres aos grevistas, que buscando melhores condições de trabalho, paralisaram suas atividades. Muitos foram mortos, como os grevistas na United Fruit, uma companhia de alimentos estrangeira atuante na Colômbia, onde os trabalhadores foram assassinados, e tiveram seus corpos jogados ao mar, e consequentemente apagados da história oficial. Entre os anos de (1930-1946) ocorreu a Pausa Liberal. Esse período pode ser entendido como os anos em que os liberais assumem o poder na Colômbia. A contrarrevolução católica é realizada pelos conservadores para tentar minimizar os efeitos da ação dos liberais, desta forma, mesmo com o partido opositor no poder, eles ainda teriam relevância e controle em determinadas regiões. Em 1930 foi formado o PCC (Partido Comunista Colombiano) na tentativa de fazer frente aos demais, porém, por conta do bipartidarismo eram impedidos de participar de quaisquer eleições. As plantações eram o principal meio de subsistência da população colombiana. E no que lhe concerne, as mais desenvolvidas estavam sob propriedade dos banqueiros, que controlavam as principais fontes da Colômbia. Visto o horror presenciado no governo conservador, os liberais tentavam realizar a separação do Estado e da Igreja católica. Mesmo com liberais no poder, e com uma “mensagem” voltada para a população mais pobre, leis foram criadas para privilegiar os ricos e poderosos. A lei nº 200 é um exemplo dessa agenda “pró empresários” ela dava permissão para quem residia na terra poder plantar, mas, o lucro bruto era destinado para os “verdadeiros” proprietários dessas plantações, onde os camponeses apenas ficavam com o trabalho pesado. Por volta de 1940, as primeiras associações sindicais foram criadas, que ficariam responsáveis por diversos setores, e elaboraram diversas “leis” para controlar determinadas regiões, Associação Nacional Dos Empresários, Federação Nacional Dos Produtores De Café entre outras emergentes que passam a ditar as “regras do jogo”. A polícia “oficial” da Colômbia é transformada em um apêndice estatal, ela estava lá, mas, não desempenhava um importante papel. Em 1940 a população rural era maior que a urbana, devido à falta de condições para essas pessoas trabalharem e manterem um padrão de vida “confortável” nas cidades. Os conservadores, ainda estavam interessados em retomar o poder, e uma contrarrevolução católica estava prestes a “estourar”. Durante os anos de (1946-1957) se torna o período conhecido por La Violencia. Este momento encontra seu estopim logo após o assassinato de Eliécer Gaitán – advogado, defensor dos trabalhadores, ex-senador, vereador prefeito e ministro – um forte candidato do PL, que buscava romper com as elites e focar na população menos assistida. Essas ideias criam inimigos para Gaitán, que em 1948 é assassinado, a mando da elite local, junto de algumas forças estadunidenses. Com esse fato, a perda de seu maior representante, o povo se une e inicia uma onda de protestos por diversas cidades. Invadindo jornais, sedes do governo, destruindo outros locais... Neste momento o estado já na posse dos conservadores, utiliza o terror central, nacional e institucionalizado para controlar a população. A contrainsurgência conservadora era justamente para inibir as ações dos grupos revoltosos. Eles apesar de terem um grande potencial, pois, se fossem organizados poderiam ter inalado e concretizado uma revolução não conseguem manter essas manifestações por muito tempo, eles tinham um “grosso calibre, mas, sem treinamento” a vida útil dos movimentos “gaitanistas” logo encontram seu “fim”. A taxa de violência desse período foi a mais alta até então. Torturas, assassinatos contratados de liberais e comunistas, ataques aos camponeses, milicias perseguidas. As estimativas do número de mortos dessa época, chegam a apontar cerca de 200.000 mortos. Em 1953 o general Rojas Pinilla assume o poder dando um golpe militar na Colômbia. Ele foi um forte atuante durante a primeira fase de “La Violencia”. Durante o seu mandato o terror era nacional, ou seja, ocorria em toda a Colômbia. Pinilla concede anistia aos militares envolvidos nos massacres e as forças paramilitares que agiam contra as insurgências e a população pobre. Ele vence a batalha contra as milícias comunistas, que perdem força e poder em suas áreas. Durante esse momento a “caçada” aos comunistas estava a todo “vapor”. Ele via comunistas em todos os lugares, e combatia qualquer um que ele pensasse que pertencesse ao grupo partidário rival. Pinilla governa para ele mesmo. As elites não eram favoráveis ao seu governo, pois, ele não as privilegiavam. Assim, nos anos de (1957-1982) foi criada a Frente Nacional, que após a derrubada de Rojas Pinilla, é adotado o bipartidarismo, onde os dois principais grupos políticos – liberais e conservadores – revezaram no poder da Colômbia. Terminado o mandato de um, iniciava o do outro, essa tentativa foi realizada para minimizar os confrontos entre ambos. O Estado colombiano nunca foi realmente forte, e no decorrer da Frente Nacional ele fica sem controle de seu próprio território. A democracia era oligárquica excludente, ou seja, controlava quem poderia participar das eleições, e quem teria direito ao voto. O estado de sítio proibia movimentos populares de se manifestar nas ruas da Colômbia. O banditismo foi uma atividade bastante comum nessa época, havia pessoas que forneciam serviços de assassinatos, roubos a bancos, homicídios a minorias entre outras práticas cruéis. A partir de 1966 grandes grupos guerrilheiros começam a surgir como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), ELN (exército nacional de libertação) entre vários outros grupos menores que vão se estruturando e exercendo domínio sobre algumas regiões da Colômbia. Havia duas Colômbias, e um abismo gigante entre ambas. Uma era a das elites latifundiárias, bancárias e empresariais, que possuíam as melhores condições financeiras e estrutura de vida. Já a outra, era referente aos camponeses e demais povos, onde viviam com pouco recursos, sem estruturas, sem expectativas de emprego ou educação. Na elite, uma nova classe surgia a dos “narcoempresários”. A produção de maconha e cocaína estava se tornando a principal e mais vantajosa fonte de renda dos colombianos, o café não estava mais no seu auge. Julio Cesar Ayala (1978- 1982) foi o presidente durante um momento tão violento quanto a década de 60 da violência, os conflitos contra esses grupos insurgentes, comunistas e as próprias ações dessas facções revelam o teor da violência institucionalizada. Nos anos de (1982-1990) a “indústria da droga” se solidifica na Colômbia. Com isso, grandes organizações denominadas cartéis começam a construir seus impérios, os dois mais famosos são o Cartel de Cali e o de Medelín. Os líderes de ambos eram bastante influentes tanto nas suas regiões, onde exerciam controle, quanto na política, por exemplo, Pablo Escobar o maior narcotraficante colombiano manipulava os partidos e a população através do dinheiro proveniente de artigos ilícitos. Os esquadrões paramilitares, que correspondiam ao partido “oficial” do Estado, também começavam a trabalhar com narcóticos, pois, eles controlavam as estradas do país, e facilitavam o escoamento da produção de cocaína e maconha por certas quantias. Entre (1987-1988) os níveis de homicídios disparam, por conta das disputas de territórios por parte dos cartéis, além dos grupos guerrilheiros adotarem táticas terroristas, onde a população civil acabava sendo um dos principais alvos. Em 1889, os grupos insurgentes são considerados ilegais, e a repressão e perseguição a eles aumentam. Neste momento o crime organizado e a política passam a andar de “mãos dadas”, se auxiliando. Entre (1990-1998) o Partido Liberal volta à regência. Agora ele não se associava mais com paramilitares, nem negociava com o tráfico de drogas. As FARC e a ELN ficam enfraquecidas, e perdem seu controle em pequenas áreas. A Colômbia passara por uma crise, e o capital do narconegócio foi importante para ela se recuperar. A Colômbia se torna a maior produtora de maconha e cocaína para o EUA e a Europa. Essa rentabilidade fazia com que os cartéis lutassem entre si para exercer monopólio e ter a maior parcela dos lucros desse forte mercado. Esse comércio era tão rentável que produzir esses ilícitos eram mais baratos que as demais indústrias, e o rendimento era o maior da Colômbia ganhando até da produção de petróleo. As FARC e ELN se tornam pequenos estados, pois, em seus territórios eram a “lei” naquelas regiões, cobravam impostos entre outros, onde para as FARC em 1998 cerca de 80% da sua área era destinada para a plantação e produção. Devido ao Estado não oferecer condições para os colombianos trabalharem de forma digna e dentro da legislação, as FARC atuavam “bancando” os jovens que não teriam oportunidades nos meios oficiais, dando um alto salário, roupas, alimentos, telefones. Se por um lado os grupos insurgentes realizavam massacres por questões financeiras, os grupos contrainsurgentes paramilitares eram especializados em morticínio de camponeses. Os anos de (1998-2002) é marcado pela forte presença dos Estados Unidos na Colômbia, devido às suas fontes de petróleo que não eram exploradas. Durante o governo de Andrés Pastrana, e a sua tentativa de obter paz na Colômbia, negocia com as FARC e a reconhece como um Estado independente, ou seja, ela poderia atuar da sua maneira, e seria deixada em paz pelo governo. Durante todos os anos, a Colômbia sempre esteve marcada pela violência, os crimes cometidos geraram rancor da população para os grupos insurgentes como as Farc, por exemplo. A população começa a resistir e se opor a esses grupos, podendo ser favoráveis até a governos ditatoriais, desde que ele perseguisse esses grupos. Assim Álvaro Uribe Vélez, é eleito presidente da Colômbia, ele estava alinhado com os Estados Unidos, e o Plano Colômbia com o objetivo de diminuir o poder dos grupos guerrilheiros ajuda na profissionalização das forças armadas. Uribe, teve seu pai morto pela ação das FARC, isso justifica a sua política ser avessa a qualquer grupo insurgente. Vélez se mantém no poder até o ano de 2006, durante sua administração os paramilitares se tornam instrumento político do Estado, atuando como principal força do governo de Uribe Vélez. Ele realiza repressão aos seus opositores. Os paramilitares ganharam poder de ação, e o presidente se encarregava de os proteger das consequências, deixando para o restante da população o sentimento de impunidade. Esses são alguns dos principais eventos presentes no macro chamado de Revolução Colombiana. Como mencionado, ela não é um evento de curta duração, que dando certo, se instala uma nova forma de governo, ou ao serem derrotados não continuam tentando. Na Colômbia são sucessíveis tentativas de melhorar a condição do povo, diversos grupos surgem, em suma, focados em obter a reforma agrária, sendo este o principal objetivo da população camponesa.
REFERÊNCIAS
HYLTON, Forrest. A revolução colombiana. São Paulo: Editora da UNESP, 2007.