Apresente parecer circunstanciado e fundamentado sobre a correção ou não
das condutas estabelecidas pela empresa com aval do Departamento de Recursos Humanos. A empresa Bitcoin Serviços de Informática Ltda contrata seu escritório de advocacia objetivando efetivar o levantamento jurídico trabalhista das pendências que envolvem a empresa considerando a recente reforma da legislação trabalhista. A empresa possui quadro de empregados diretos, além de contar com quadro fixo de 80 trabalhadores autônomos, e 20 estagiários assim distribuídos: um diretor, um gerente, quatro assistentes e quatro auxiliares da área administrativa; um diretor, oito supervisores (sendo que um deles exerce as atribuições de gerência), vinte e oito vendedores; 80 representantes comerciais autônomos e dos 20 estagiários, todos subordinados a diretoria comercial. Em levantamento in loco preliminar que restou apresentado a diretoria da empresa foram eleitas as seguintes questões:
1. A empresa não possui qualquer planejamento relacionado a medicina e
segurança do trabalho, pois, segundo orientação do Departamento de Recursos Humanos não há risco na atividade desenvolvida. A orientação que foi passada pelo departamento de Recursos Humanos não está correta, tendo em vista mesmo que não houvesse nenhum risco nos trabalhos executados, a empresa deve seguir normas que regulam e prezam pela segurança do trabalhador. Quando não for seguido essas normas que prezam pela segurança do trabalhador e cuidado do ambiente de trabalho a empresa poderá responder por eventuais acidentes de trabalho e doenças. Diante disso, as empresas devem seguir o fundado artigo 157 da CLT.
2. A empresa é ré em várias ações objetivando indenizações que
apresentam como causa de pedir fática o tratamento vexatório diuturno a que são submetidos os vendedores e representantes comerciais que não alcançam o patamar de metas estabelecidos pelo supervisor que exerce as atribuições de gerência na área comercial, sendo que o Departamento de Recursos Humanos, ao analisar os casos informou à diretoria da empresa que a atitude do supervisor em presentear os vendedores com menor patamar de vendas com uma camiseta com a inscrição “Sou o Lanterninha do Mês”, não é ofensivo e que todos os vendedores melhoram sua produção nos meses seguintes. A conduta tomada pela empresa não está correta, tendo em vista que essa conduta é vexatória e de muita exposição para os funcionários que são obrigados usar a vestimenta. Esse ato ultraja a imagem dos funcionários, assim como sua honra e autoestima, conforme artigo 223, alínea C da CLT. Diante a explanação acerca de tal conduta errônea, os funcionários que foram expostos por essa situação vexatória podem ser indenizados nos fundamentos de danos morais no âmbito trabalhista, com fundamentos nos artigos 223 - A até o 223 – G, CLT.
3. Parte dos representantes comerciais são obrigados no
comparecimento diário na sede da empresa, em horário determinado pelo diretor comercial, sendo certo que em eventual ausência o dia de trabalho é descontado das comissões no mês de referência, sendo que os demais somente comparecem a empresa para aviamento das necessidades comerciais (entrega de pedidos, recebimento de mostruários e recebimento de comissões), conduta esse aprovada pelo Departamento de Recursos Humanos da empresa. A conduta aprovada pelo Departamento de Recursos Humanos não está correta. Antes de tudo, é necessário informar que não se trata de um representante comercial, por ser observados subordinação. No caso em questão se trata de um empregado, conforme artigo 3 da CLT. Ao não comparecer diariamente na sede na empresar, não poderá ser abatido, o que poderá ser feito é a empresa efetuar advertências e suspenções.
4. Todos os estagiários (cursando Administração de Empresas,
Tecnologia da Informação e Direito) são contratados diretamente pela empresa, sem qualquer formalidade efetivada pelo Departamento de Recursos Humanos, a não ser o pagamento de vale transporte e bolsa auxílio e se ativam exclusivamente no recebimento dos pedidos de compras, independentemente da área acadêmica que pertençam e laboram oito horas diários e semanalmente são submetidos a horas extras. Tal conduta de empresa está errada tendo em vista que a carga horaria de estágio não pode ser superior a 6 horas diárias e é vetado ao estagiário fazer horas extras, conforme disposto no artigo 10 da lei 11.788/2008 5. Um dos assistentes comerciais foi denunciado por um dos clientes em razão de furto de numerário (o cliente apresentou vídeo contendo as filmagens do local onde a conduta restou comprovada), no entanto, o Departamento de Recursos Humanos da empresa desaconselhou a demissão sob alegação do mesmo ser detentor de estabilidade em decorrência de acidente do trabalho, em relação ao qual foi emitida a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) com afastamento médico de 10 dias. O RH não estabeleceu a estabilidade em decorrência de acidente de trabalho, tornando sua escolha errônea, uma vez que a ausência do empregado foi de 10 dias e conforme aludido no artigo 375 do TST, uma das hipóteses para que seja concedido a estabilidade é a ausência por mais de 15 dias. Ainda de acordo com o disposto na alínea a do artigo 482, CLT, pelo fato ter se dado por uma falta de confiança decorrente de uma prática de desonestidade no qual proporcional a demissão do empregado por justa causa.
6. Os empregados da empresa, com exceção dos Diretores, Gerentes e
Supervisores recebem em média valor de R$ 4.500,00, valor esse, fruto do percentual comissional das vendas realizadas, além de valor fixo de R$ 2000,00 o Departamento de Recursos Humanos, orientou a empresa, no sentido que a fixação de pagamento de parcela salarial fixa desonera a empresa de qualquer reflexo ou integração em relação aos valores comissionais. A orientação efetuada pelo Departamento de Recursos Humanos não está correta, conforme artigo 457, em seu parágrafo 1° da CLT no qual dispõe que as remunerações e gratificações salariais integram o salário fixo mensal do empregado, sendo assim, a empresa não é abdicada em nenhuma integração no que compete os valores das comissões