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31º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Forma de APRESENTAÇÃO ORAL


apresentação

Eixo / II - EFLUENTES SANITÁRIOS E INDUSTRIAIS: CARACTERIZAÇÃO, COLETA,


Subeixo TRATAMENTO, DISPOSIÇÃO, REUSO, LODO E BIOSSÓLIDOS / 26 - PLANEJAMENTO
URBANO E EFLUENTES/ PLANEJAMENTO DE CIDADES E EFLUENTES

Codigo do 986
trabalho

Título SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE TEMPO SECO: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE


ARMAÇÃO DE BÚZIOS, RJ

Autores SKARLAT REYNNELY ALVES,ANA CECILIA SOUZA,VICTOR BORGES DE


OLIVEIRA,SOFYA DE OLIVEIRA MACHADO PINTO,MARCELO OBRACZKA

Autor SKARLAT REYNNELY ALVES


Principal

Instituição DESMA/UERJ

E-mail obraczka.uerj@gmail.com

Introdução

No Brasil, o sistema separador absoluto é aquele adotado predominantemente (NUVOLARI, 2011). Porém, é
comum que sistemas planejados para funcionarem como separador absoluto acabem funcionando como sistemas
mistos, em decorrência de ligações clandestinas de esgoto nas galerias de drenagem pluvial (TSUTYA,2011). Boa
parte dos esgotos acaba sendo lançada sem tratamento nos corpos hídricos (OBRACZKA et al, 2019). Essa
precariedade dos sistemas de saneamento se reflete no aumento da degradação dos corpos hídricos, incluindo
ainda a piora nas condições de balneabilidade de suas praias (TOLEDO et al, 2021). A captação de tempo seco
(CTS) é caracterizada pela interceptação dos efluentes sanitários nas redes de drenagem, em períodos de estiagem,
de forma a encaminha-los para o devido tratamento, protegendo os corpos d’água (VERÓL et al, 2020). O PEDUI-
RMRJ (LERNER, 2018) apresenta a CTS como uma solução temporária e de transição para um sistema separador
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absoluto, minimizando os investimentos iniciais de um sistema convencional. Visando proteger a Lagoa de


Araruama, sistemas de CTS foram implantados em C. Frio, Araruama e S. Pedro D’Aldeia. Alguns anos após sua
implantação, a Lagoa de Araruama já vem apresentando melhores índices de qualidade de água (INEA, s/d). O
município de Búzios permaneceu durante muitos anos sem os investimentos necessários em saneamento básico.
Com o crescimento da população e afluência maciça de turistas, as carências de sistemas de esgotos se agravaram
gerando graves problemas ambientais (TAVARES DE PAULA et al, 2020). A partir da concessão dos serviços de
saneamento no fim da década de 1990, além do sistema separativo em parte da área urbana, foram implantados
cinco sistemas de CTS, aproveitando a micro drenagem local. A cidade também ganhou, em 2004, uma ETE com
capacidade nominal de tratamento de 130 l/s (SERENCO, 2015). Segundo a PROLAGOS, a mesma sofreu uma
ampliação no ano de 2017, passando a tratar 200 l/s de efluente. As CTS objetivam solucionar em caráter
emergencial alguns problemas de saneamento, que contribuem para formação e desague de línguas negras em
praias e lagoas locais, além da geração de odores desagradáveis provenientes das redes de drenagem, (VERÓL et
al, 2020). O trabalho aborda o funcionamento desses sistemas, analisando de forma integrada dados de
pluviometria, indicadores operacionais de saneamento do sistema local, além de parâmetros de monitoramento da
ETE Búzios e de balneabilidade de praias mais afetadas.

Objetivo do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo analisar a situação e discutir a aplicabilidade e eficiência de sistemas de Captação
de Tempo Seco (CTS), a partir do estudo de caso de sistemas desse tipo implantados no Município de Armação de
Búzios.

Como objetivos específicos, podem ser elencados os seguintes: a) realizar um histórico e diagnóstico da situação
atual do saneamento no município, com ênfase no funcionamento das CTS locais; b) levantar o perfil e a
percepção dos usuários quanto ao uso e situação das praias mais afetadas pela poluição e/ou impactadas positiva
ou negativamente pelos sistemas de CTS; c)identificar potencialidades e fragilidades dos sistemas avaliados; e d)
sugerir possíveis melhorias a serem incorporadas ao sistema existente visando o aumento de sua eficiência.

Metodologia Utilizada

A metodologia utilizada pode ser dividida nas seguintes etapas principais: levantamento de dados secundários,
levantamento de dados primários, compilação e análise dos resultados.

A 1a visa o levantamento de dados secundários relevantes ao tema para a realização de uma posterior
caracterização/diagnóstico da situação do saneamento e do sistema de esgotamento sanitário locais. Serão
levantados dados sobre Sistema de Captação/Coleta de Tempo Seco empregados no Brasil, notadamente na Região
dos Lagos, objetivando entender melhor suas especificidades técnicas e aplicações. Serão ainda pesquisados:
Indicadores de saneamento, ambientais e de saúde no país e na região/local de estudo; Dados gerais visando a
caracterização da região/município em estudo; Características/perfil da população do município com base em
dados do IBGE; Dados dos sistemas existentes de esgotamento sanitário e de drenagem urbana, incluindo o
sistema e os pontos existentes de captação em tempo seco; Dados de monitoramento da ETE de Búzios com base
no PROCON AGUA; série histórica de dados pluviométricos da região (EP Arraial do Cabo).

O levantamento de dados primários objetiva traçar o perfil dos usuários das praias e entender a percepção da
população da cidade em relação ao problema. Será feito a partir de entrevistas com representantes da sociedade
local e da aplicação de um questionário eletrônico semiestruturado, destinado aos frequentadores contumazes do
balneário e stakeholders locais, com perguntas relacionadas ao saneamento e as praias do município.

Na última etapa, a partir dos dados levantados, serão realizadas as análises dos resultados obtidos com base em
comparações entre dados pluviométricos, incluindo picos de chuvas, com resultados do monitoramento de
parâmetros de qualidade e eficiência do sistema de tratamento de esgotos bem como indicadores de balneabilidade

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em praias afetadas. Serão verificadas possíveis correlações entre dados e resultados levantados de
vazão/capacidade/tratamento do sistema de esgotamento sanitário com dados de balneabilidade das praias e de
saúde da população, com base em metodologias como a de Pearson. As analises serão verificando-se
flutuações/mudanças de índices e indicadores em função da utilização do sistema de CTS. Serão ainda avaliados
os dados levantados junto à população e sua relação com o funcionamento do sistema. Por fim serão elaboradas
sugestões e propostas para aperfeiçoamento do sistema com base nos dados/resultados obtidos.

Resultados Obtidos ou Esperados

A partir da metodologia proposta/aplicada, foram levantados dados e informações para subsidiar o presente estudo
sobre os sistemas de captação em tempo seco (CTS) existentes no município de Búzios. Foram levantados dados
do sistema separador de esgotamento sanitário, do sistema de drenagem e de suas captações de tempo seco.
Também foram analisadas áreas atendidas com rede de drenagem com contribuição para as CTS. Sendo possível
verificar que, uma considerável parte da área urbana ainda não é atendida por nenhum dos sistemas.

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Como resultados o presente estudo espera gerar maiores informações sobre o funcionamento das CTS,
notadamente no que se refere ao papel exercido nas melhorias das condições ambientais das praias e de
saneamento em geral. Mesmo que apresente avanços em relação à situação que ocorria antes da implantação
dessas CTS, o presente trabalho se desenvolve sob a perspectiva de que o sistema de esgotamento sanitário de
Armação dos Búzios possui ainda uma defasagem em relação a um sistema que atenda plenamente sua população
e território.

Apesar da redução dos problemas relacionados às línguas negras, espera-se que os resultados demonstrem que há
ainda situações de não conformidade em função do sistema não ter sido originalmente dimensionado para
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funcionar como unitário, uma vez que as CTS foram implantadas de maneira emergencial e paliativa. Essas não
conformidades devem estar relacionadas a extravasamentos dos sistemas de CTS, com reflexos nos ainda
recorrentes surgimentos/incrementos de valas e línguas negras desaguando em praias como a de Maguinhos e
Armação.

Espera-se ainda que os resultados de monitoramento das praias também indiquem a existência de uma correlação
com o funcionamento inadequado do sistema existente. Espera-se que essa ótica seja confirmada através dos
questionários e entrevistas que visam obter uma visão mais próxima da percepção da população que conviveu e
ainda convive com os problemas de saneamento e restrições ao uso das praias em seu dia-a-dia.

Espera-se ainda propor melhorias possíveis ao sistema atual. Com as melhorias nas condições ambientais – e
considerando ainda o incremento as atividades turísticas – estima-se que os aspectos sanitários e de saúde, além
dos econômicos também serão impactados positivamente.

A partir dos resultados obtidos foi possível realizar uma análise preliminar da situação, conforme apresentado a
seguir.

Análise dos resultados

Na 2a metade da última década,houve crescimento das populações total e total atendida com esgotamento
sanitário,e do número de ligações totais e ativas de esgotos.Porém,enquanto a população total cresce mais
aceleradamente,o atendimento por esgotamento sanitário,a quantidade de ligações não seguem o mesmo
padrão(Figura 3).

Pela grande sazonalidade,dados censitários muitas vezes não refletem a realidade.Segundo o SNIS(2019),todo o
esgoto coletado também é tratado.Porém,parte do esgoto de Búzios sequer é coletada,seja pelo sistema
separador,seja rede de drenagem/CTS,havendo registros de extravasamentos, notadamente entre 2015 e
2016(Figura 4).

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O maior número de extravasamentos não ocorreu nos anos com maiores precipitações,porém reduziu-se com a
ampliação da ETE em 2017.Com um dos menores acumulados,2015 é justamente o ano com maior frequência de
extravasamentos(28),quando somente a praia Brava teve 100% de condições próprias(Figura 5).Pela
indisponibilidade de registros mensais e localização de ocorrência,ainda não foi possível identificar se há relação
direta entre extravasamentos,as CTS e praias afetadas.

As duas piores praias(Armação e Canto)atingiram respectivamente somente 29% e 58% de boletins de condições
próprias.Tartaruga e Ossos vêm em seguida,com 71%(Figura 6).Ossos é uma das praias que mais sofrem os
impactos de eventuais funcionamentos inadequados das CTS,ocasionando línguas negras.

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Há variação significativa das vazões médias mensais afluentes a ETE. Segundo dados de 2015 a 2019,verifica-se
uma mínima de 63 L/s em 08/2017 e um pico de 123 L/s em 01/2017(Figura 7).Comparando-se com dados do
INMET(2019),verifica-se que não há relação das vazões de pico com as chuvas e sim com períodos com maior
afluência de turistas.

As DBO médias mensais afluentes variam significativamente entre 2016 e 2019 com mínimo de 66 mg/L em
04/2016 e pico de 928 mg/L em 12/2019. DBO mais reduzida pode estar associada à diluição dos efluentes pelo
período mais chuvoso,pois parte do município é esgotada pela drenagem e sistemas de CTS.Com exceção de 3
eventos isolados,as DBOs efluentes mantiveram-se abaixo dos limites da DZ 215.

Observa-se ainda que mesmo em áreas onde há rede de esgotamento separador absoluto,há contribuições
indevidas de esgotos para as redes de drenagem,como no Centro, Armação e Ossos, onde justamente foram
implantadas as CTS Píer do Centro e Lagoa dos Ossos (Figura 2), para mitigar os recorrentes extravazamentos
para lagoas e praias vizinhas.

Conclusões/Recomendações

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Apesar dos números indicarem um crescimento da população atendida com esgotamento sanitário à medida que a
população total aumenta, boa parte dos esgotos do município ainda não possui destino final adequado, por não
serem coletados pelo sistema separador nem pelo sistema de captações de tempo seco. Extravasamentos do
sistema e condições impróprias em várias praias corroboram com a tese de que persiste a necessidade de expansão
dos serviços de esgotamento sanitário, de maneira que seja possível destinar corretamente os esgotos.

Com relação à vazão e a carga orgânica afluentes a ETE de Búzios, foi possível verificar eventos que apresentam
variações consideráveis entre eles, o que está atrelado tanto a períodos com maior geração de esgoto pela presença
maciça de moradores ocasionais (turistas), como também a vazões e cargas provenientes dos sistemas de captação
de tempo seco.

Observa-se uma forte relação dos picos de vazão com as épocas de feriados, notadamente no mês de janeiro,
período de férias, onde há maior incidência de turistas no município. Por outro lado,em um primeiro momento não
foi possível relacionar maiores ou menores cargas afluentes a ETE, seja com o funcionamento das CTS, seja com a
maior diluição dos esgotos sanitários que ocorre com os esgotos em períodos chuvosos, especialmente em sistemas
(parcialmente) unitários como o de Búzios.

Já em relação à balneabilidade das praias,pode ser constatada que aquelas que apresentam os piores índices são
justamente as que possuem alguma relação com as CTS, que foram ali estrategicamente implantadas com o intuito
de melhorar suas condições ambientais e de qualidade da água. No entanto, ainda não foi possível estabelecer uma
correlação entre essas condições de não conformidade verificadas e o funcionamento das captações de tempo
seco.A localização dos PTM do INEA influencia consideravelmente as condições e os parâmetros de qualidade
encontrados,cabendo destacar que nem todos se situam próximos aos desagues da drenagem e de eventuais línguas
negras nas praias monitoradas.

Com a aplicação de questionário prevista na sequência do estudo, será possível obter também um conhecimento a
respeito da percepção do ponto de vista dos usuários acerca das condições das praias e corpos d’água do município
de Búzios.Essas informações poderão contribuir para maior embasamento do diagnóstico a que se propõe o estudo
bem como para a proposição de sugestões visando o aperfeiçoamento do funcionamento do sistema existente.

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Palavras Captações de tempo seco,Sistema unitário,Rede coletora,praias e lagoas de Búzios


Chave

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