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2020
Organização: Adriana
driana Gonçalves dos Santos, Lígia
gia Correia Vieira
Viei e Sarah Musy
Leitão
Revisão: Giselle de Almeida Batista e Sarah Musy Leitão
Casos clínicos: Madeleine Sales de Alencar e Sarah Musy Leitão
CD U: 614.2
Bibliotecário
Bibliotecário: Kelson de Oliveira Monteiro CRB-3/1457
3/1457
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Variação d
da concentração dos medicamentos icamentos na corrente 6
sanguínea em relação ao tempo conforme a via de
administraç
administração ................................................................
................................................................
Figura 2– Locais de punção para via subcutânea e hipodermóclise e 9
volume máximo permitido em 24 horas ................................................................
................................
Figura 3- Punção dde hipodermóclise na região deltoidea idea posterior...........
posterior 11
Figura4– Angulação da agulha para inserção do cateter de 12
hipodermóclise.
rmóclise. ................................................................
................................................................
Figura5– Direção do bbisel de acordo com local cal de punção da 12
hipodermóclise ................................................................
................................................................
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADRO
% Porcentagem
ACM A critério médico
amp Ampola
BIC Bomba de infusão contínua
CCIH Centímetro ou centímetros
cm Frasco-ampola
ampola
FA Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
g Grama
h Hora ou horas
HDC Hipodermóclise
ipodermóclise
HGF Hospital Geral de Fortaleza
KCl 19,1% Cloreto de potássio 19,1%
mg Miligrama
mL Mililitro
mmol/L Milimol por litro
NaCl 0,45% Cloreto de sódio 0,45%
NaCl 10% Cloreto de sódio 110%
SC Via subcutânea
SF Soro fisiológico 0,9%
SG Soro glicosado 5%
SRL Soro ringer lactato
SUMÁRIO
Apresentação..................................................................................................... 4
Introdução........................................................................................................... 5
Via subcutânea e hipodermóclise.................................................................... 6
Breve histórico................................................................................................... 7
Indicações........................................................................................................... 7
Vantagens........................................................................................................... 8
Limitações........................................................................................................... 8
Contraindicações absolutas............................................................................. 8
Contraindicações relativas................................................................................ 8
Locais de punção............................................................................................... 9
Material para punção de hipodermóclise......................................................... 10
Procedimento técnico para punção de hipodermóclise................................. 10
Medicamentos e fluidos para uso por via subcutânea e
hipodermóclise................................................................................................... 13
Fluidos por hipodermóclise.............................................................................. 13
Reposição de eletrólitos por hipodermóclise................................................. 13
Antibióticos por hipodermóclise...................................................................... 14
Medicamentos para controle de sintomas.............................................. ........ 14
Potenciais complicações do uso da hipodermóclise..................................... 19
Casos clínicos.................................................................................................... 19
Referências bibliográficas........................................................................ ........ 22
4
Apresentação
Introdução
Cuidado paliativo é uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de
pacientes com doenças ameaçadoras à vida e associadas a sofrimentos
multidimensionais, que atingem tanto o paciente quanto seus familiares.(1)
É importante esclarecer que, diante da definição, cuidados paliativos não se
restringem àqueles nos momentos finais da vida ou àqueles sem opção de
tratamento curativo, e sim para todos que enfrentam doenças que possam levar à
morte, em grande sofrimento, desde o diagnóstico. Quando a sobrevida média
estiver estimada em seis meses, considera-se o paciente como terminal ou em
terminalidade. Se o processo que levará ao óbito está instalado (por exemplo, falha
terapêutica de antibiótico guiado por cultura), consideramos fase final de vida
(últimos dias), estando indicados os cuidados de fim de vida (end of life care).
Quando a deterioração clínica decorrente desse processo se torna bem evidente,
chamamos de fase ativa de morte (últimas horas); nesse momento, encontram-se
sinais que ajudam a identificar o paciente moribundo: bradicardia sustentada,
hipotensão sustentada, respiração mandibular (parecendo “peixe fora d’água”;
diferente de gasping ou respiração agonizante, que são termos utilizados em outros
contextos) e queda bilateral da rima labial, indicando dano neurológico extenso e
irreversível. A respiração ruidosa, conhecida popularmente como “sororoca”, pode
ocorrer, indicando secreção na via aérea e perda da capacidade de toalete
respiratório; a conduta correta é reduzir ou suspender hidratação, suspender dieta
oral ou enteral, considerar diuréticos e manter comunicação clara e empática com os
familiares.(2)
Evita-se utilizar os termos que definem pacotes de cuidados, como cuidados
paliativos complementares, predominantes ou exclusivos, visto que o plano
terapêutico é totalmente individualizado. É preferível a comunicação com clareza e
detalhes do que foi acordado com o paciente e a família.
Com o envelhecimento populacional e o aumento da prevalência de doenças
crônico-degenerativas, estima-se que um número cada vez maior de pessoas
necessitará desses cuidados.(3)
Em determinadas fases de adoecimento, esses pacientes podem estar
incapazes de tolerar medicamentos por via oral ou enteral(4,5,6,7),e o uso da via
intravenosa pode-se tornar inviável devido à fragilidade vascular, com veias
delgadas, frágeis e de fácil ruptura(6,7). Para essa situação, a hipodermóclise é uma
boa alternativa, já que proporciona conforto(8) e garante a continuidade do
tratamento medicamentoso(7), inclusive com a possibilidade de uso fora do ambiente
hospitalar(5). O uso da via subcutânea para aplicação de medicamentos ou infusão
de soluções é um método simples, seguro, eficaz, com bom custo-benefício, baixo
risco de efeitos adversos graves(3,4,5,6) e encontra amplo respaldo na literatura
internacional(3,6,7).
O objetivo deste manual é a padronização das condutas quanto à técnica de
punção e ao uso da via subcutânea e da hipodermóclise, a fim de qualificar a
assistência e garantir a segurança do paciente.(9,10,11,12)
Breve histórico
A terapia subcutânea surgiu no século XX. Foi descrita pela primeira vez em
1865, quando foi utilizada pelo médico italiano Arnaldo Cantani para hidratação de
pacientes durante a epidemia de cólera de Nápoles.(5,7,8)
Até a década de 40, continuou a ser utilizada para hidratação de crianças e
neonatos. Contudo, foi paulatinamente abandonada devido ao avanço tecnológico,
ao surgimento dos procedimentos de punção venosa e à ocorrência de iatrogenias
decorrentes do desconhecimento da técnica correta de punção e uso e da utilização
de soluções inadequadas.(4,5,8)
Resgatou-se o uso da via subcutânea durante a década de 1960, com
advento dos cuidados paliativos e do movimento Hospice moderno.(5)
Indicações
Vantagens
Baixo custo;
Mais acessível e confortável que a via intravenosa;
Fácil inserção e manutenção do cateter, no caso da HDC;
Pode ser realizada em qualquer cenário: hospitalar, ambulatorial, domiciliar;
Baixo risco de efeitos adversos locais e sistêmicos (por exemplo, congestão
pulmonar, hiponatremia);
Redução da flutuação das concentrações plasmáticas de medicamentos,
resultando em melhor controle de sintomas, menor necessidade de
medicamento de resgate e menor incidência de efeitos adversos.
Limitações
Contraindicações absolutas
Anasarca;
Recusa do paciente;
Caquexia acentuada;
Plaquetopenia grave;
Necessidade do uso de medicamentos incompatíveis com este sítio;
Necessidade de reposição rápida de volume ou reposição de eletrólitos em
alta concentração.
Contraindicações relativas
Caquexia;
Coagulopatia;
Síndrome de veia cava superior;
Punção próxima às articulações;
Edema de partes moles nos sítios de punção;
A B C
D E
Atenção:
Seroma (acúmulo
acúmulo de líquido),
quido), sem hiperemia ou rigidez, é um efeito
ef normal e
esperado no sítio de punção
punção;
Manter higiene impecável
impecável;
Testar prega antes de se preparar para puncionar;
Realizar prega com todos os dedos;
Após medicamentos em bolus, usar SF para “lavar” acesso;
acesso
Lavar as mãos sempre que for manusear
manusear;
Se for abrir o sistema
sistema,, realizar assepsia do óstio com álcool 70%;
70%
Observações:
1. Após administração por medicamentos por HDC, deve-se lavar o extensor
com SF lentamente (volume correspondente ao tamanho do extensor), para
garantir que todo o volume do medicamento chegue ao tecido subcutâneo;
2. Todos os medicamentos com indicação de SF como diluente podem ser
diluídos também com SG ou SRL, exceto fenitoína e fenobarbital.
3. Não aconselhamos misturar medicamentos no mesmo frasco de soro ou na
mesma seringa.
Metoclopramida
Dexametasona
Clorpromazina
Ondansetrona
Dimenidrinato
Fenobarbital
Furosemida
Bromoprida
Ceftriaxona
Haloperidol
Terbutalina
Quetamina
Ertapeném
Omeprazol
Midazolam
Octreotide
Ampicilina
Ranitidina
Medicamento
Cefepime
Tramadol
Insulinas
Hioscina
Atropina
Dipirona
Fentanil
Morfina
Ampicilina C
Atropina C
Bromoprida
Cefepime I C I C C C C I C C C I C
Ceftriaxona I I C I C I C C C C I I
Clorpromazina I C I I I C C C C C C
Dexametasona I I C I I I C I C C C I C I I I C C I C
Dimenidrinato
Dipirona C C I I I I C C C I C C C I I C I I I C
Ertapeném I I I
Fenobarbital I I I I I I I I I I I I C I I I I I I I
Fentanil
Furosemida C C C C I C C I I I I I I C
Haloperidol C I C I C I I C C C C C I C
Hioscina C C C I C C I C C C
Insulinas C I I C I C C I
Metoclopramida C C C C C I I C C C C C C C C C C
Midazolam C C I C I I C C C C C C C I C
Morfina C C C C C C I C C C C C C C C C I
Octreotide C C C I I I C I C C C
Omeprazol I I I
Ondansetrona C I I C I I C C C C C C
Quetamina C I I C C C C C
Ranitidina I I C C I I C I I C I C
Terbutalina I I I
Tramadol C C C I C C C C I
Fonte: Adaptado de Azevedo, 2016(6); Azevedo e Barbosa, 2012(2); Bruno, 2015(14);
Mesquita e de Barros, 2018(5);Takara e Franck, 2018(4).
Notas: C: compatível; I: incompatível. Em branco: não testado
Casos clínicos
Caso clínico 1
Idoso de 76 anos, portador de cirrose hepática alcoólica avançada, sem
possibilidade de transplante hepático, foi internado pela quarta vez no HGF nos
últimos seis meses, por sonolência e confusão mental (encefalopatia hepática), dor
abdominal e dispneia, decorrente da ascite refratária aos diuréticos, necessitando de
paracentese de alívio a cada três dias. Neste internamento, começou a apresentar
náuseas, vômitos escurecidos e piora da sonolência, impossibilitando o uso da via
oral e da via enteral para administração de medicamentos. Enfermagem informou
que não havia mais condições de puncionar acesso venoso periférico.
Caso clínico 2
Mulher, 69 anos, está internada no HGF por insuficiência renal pós-renal,
decorrente da infiltração local de câncer de colo uterino, sem perspectivas cirúrgicas
ou de quimioterapia. Está realizando radioterapia em serviço externo e, após a
quinta sessão, voltou ao HGF com dor intensa (nota na Escala Verbal Numérica: 6
de 10) em hipogástrio, sem irradiação, e um pico febril (37,9º C). Ela tinha HDC na
região anterior do tórax à esquerda, puncionada há 4 dias.
A enfermeira observou edema, calor, rubor e dor no sítio da HDC. Após
aferidos os sinais vitais, o médico plantonista foi chamado.
Ao exame físico: muito emagrecida, FC 119bpm, FR 22irpm, febril,
desidratada +/4+, pálida 2+/4+, ausculta cardíaca sem alterações outras além da
taquicardia, ausculta pulmonar normal, abdome escavado, flácido, sem bexigoma,
sem sinais de irritação peritoneal.
A paciente referiu hábito intestinal com evacuações a cada três dias e negava
alterações da urina via nefrostomia (óstio de implante de nefrostomia sem flogose).
Os exames laboratoriais do mesmo dia não evidenciavam leucocitose ou desvio a
esquerda.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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Polastrini RTV, Crispim D, Jales SMCP, et al. Manual de Residência de Cuidados
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