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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA_VARA CÍVEL DO

GUARÁ/DF

Distribuição por dependência

Processo nº:

Ação de Execução de Título Extrajudicial

FULANA DE TAL, brasileira, solteira, desempregada, portadora do RG nº XXXXXX SSP/DF


e CPF nº XXXXXXX, residente e domiciliada na Rua XXXX, CEP: XXXXX, Santa Maria/DF,
e ndereço eletrônico, vem à presença de Vossa Excelência, por sua advogada infra firmada,
conforme procuração anexa, com fulcro no art. 914 e seguintes do NCPC, opor

EMBARGOS À EXECUÇÃO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

movida por X XXXXXXXXXX, já qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:

1- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Declara a Embargante que, tendo em vista o valor da causa, bem como sua condição
financeira, requer a concessão da gratuidade da justiça, por ser economicamente
hipossuficiente e estar DESEMPREGADA, não podendo arcar com as custas processuais
sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família, conforme os artigos 98 e seguintes
do Código de Processo Civil e art. 5º, LXXIV da Constituição da Republica Federativa do
Brasil.

2- DOS FATOS

Em apertada síntese, na data de XX/XX/XXXX, o Embargado ajuizou uma ação de


execução contra devedora solvente fundado em título executivo extrajudicial, tendo em vista
que a Embargante cursou xxxxxx na xxxxxx, porém, no último semestre se manteve
inadimplente por problemas financeiros.

Recebida a exordial, o Douto Magistrado determinou a citação da Executada para efetuar o


pagamento no prazo legal, podendo proceder com a pesquisa de endereços da parte ré nos
sistemas disponíveis (Renajud, Infojud e BacenJud), bem como fixou honorários
advocatícios em 10% (dez por cento) do débito.

Acontece que, o processo seguiu sem que a requerida fosse citada, então, quedou-se inerte
quanto a pagamento da dívida exequenda. Diante disso, houve a determinação de
constrição de valores em ativos financeiros via Bacen-Jud, restando ocorrido o bloqueio da
conta corrente XXXXXXXXXX, Agência XXXXXXXXX, Banco tal, no valor de R$ 00,00.
Cumpre mencionar que o valor constrito é proveniente da última parcela do benefício de
Auxílio Maternidade, que foi sacado e depositado na conta corrente supracitada.

A embargante durante todo o período em que foi aluna honrou com seus compromissos
financeiros, o que demonstra a sua boa fé objetiva como credora, contudo em meio a
dificuldade para se colocar no mercado de trabalho já não foi capaz de honrar com seus
compromissos e permanecer adimplente.

Sua situação financeira se tornou ainda mais sensível com uma inesperada gestação. Em
março do ano corrente deu à luz, certidão de nascimento acostada aos autos, e requereu
junto ao INSS o Auxílio Maternidade, em anexo documento, concedido em 4 parcelas no
valor de 1 (um) salário mínimo bruto, única verba que dispunha para garantir sua
subsistência até seu retorno ao mercado de trabalho.

Cumpre ressaltar ainda, que o valor constrito não supera o valor da execução, mas é
facilmente comprovado que o seu bloqueio causa um enorme prejuízo a subsistência da
embargante, ainda que seja desconsiderado a natureza da verba, qual seja, auxilio
maternidade.

Diante da fragilidade financeira que se encontra a embargante e da supressão do seu


direito de exercer sua defesa, resta comprovada aqui uma flagrante ilegalidade no ato
vertente, razão pela qual oferta-se a presente postulação.

3- DA PRELIMINAR- Da nulidade de citação

Necessário frisar que o meio utilizado para a citação da Embargante foi ineficaz, visto que,
ao constar que foi citada por via postal não restou comprovado mediante juntada de AR,
somente tomou ciência da presente ação quando o mandado foi expedido através de oficial
de justiça.

Porém, de acordo com a Ementa 97 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis
tal citação não procede, devendo ser considerada, portanto, nula, senão vejamos:

EMENTA 97:

Citação Postal. Juizados Especiais. Pessoa Física. A citação por correspondência só é


válida quando positivo o aviso de recebimento em mão própria. Nulidade de citação
reconhecida para anular o processo. (Acórdão da 1ª Turma Recursal. Recurso nº 1593-4.
Rel. Juiz Antônio César Figueira).

Ademais, conforme o art. 238 do CPC, a citação é o ato pelo qual o executado é convocado
para integrar a relação processual, indispensável, portanto, para validade do processo. No
caso em tela, a Embargante não teve oportunidade de se defender ou de negociar o valor
do débito, violando claramente o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório,
nos moldes do art. 5º, LV da CRFB/88.

Assim, deverá ser considerada nula a citação e todos os atos posteriormente praticados.
4- DOS DIREITOS

DA INCORREÇÃO DA PENHORA

Tendo em vista que, o gravame recaiu sobre verbas provenientes do benefício do Auxílio
Maternidade bloqueados na conta corrente da Embargante, que tem natureza de direito
fundamental trabalhista, disposto no art. 7º, inciso XVIII da CRFB/88, e no caso em tela, em
que a embargante se encontra desempregada e sem previsão de ser recolocada no
mercado de trabalho, tal verba é a ÚNICA renda para suprir alimentação e todos as
necessidades básicas. Configurando notório e grave prejuízo à subsistência da devedora e
da sua família.

Tais circunstâncias conferem o direito ao Embargante em ter a suspensão da penhora,


conforme precedentes no tema:

AGTR. BLOQUEIO DE SALDO DE CONTA CORRENTE. VERBA DE NATUREZA


ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. ART. 649, INCISO IV, DO CPC. RECURSO
PROVIDO. 1. Alega o agravante que o bloqueio realizado através do BACENJUD trancou
todos os valores existentes na conta bancária do Banco do Brasil nº. XXXXX-5, agência
XXXXX-5, verbas estas que possuiriam natureza salarial, indispensáveis à sua subsistência,
violentando o art. 649, IV do CPC. 2. Da leitura do conjunto probatório, vê-se que o
agravante recebe seus proventos de aposentadoria na conta corrente acima, realizando
movimentações financeiras relativas à sua subsistência, como pagamento de contas,
compra de alimentos, dentre outras, conforme se depreende do extrato bancário
colacionado (identificador nº 4050000.3463120), gozando os valores depositados de
natureza alimentar, impenhoráveis, portanto (art. 649, inciso I, do CPC). 3. Precedentes
desta Corte Regional: AG140760/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL
ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 26/02/2015, PUBLICAÇÃO: DJE 05/03/2015 -
Página 74; AG140239/SE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO
MOREIRA, Quarta Turma, JULGAMENTO: 13/01/2015, PUBLICAÇÃO: DJE 15/01/2015 -
Página 88; AG140497/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO
DE OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 13/01/2015, PUBLICAÇÃO: DJE
19/01/2015 - Página 56. 4. Cumpre salientar que, não obstante a Douta Magistrada haver
entendido que o valor bloqueado seria "sobra" do mês anterior, o seu pequeno valor (R$
2.275,76 (dois mil, duzentos e setenta e cinco reais e setenta e seis centavos) não possui
natureza de investimento, tanto que permaneceu depositado na conta corrente, sem sofrer
a incidência de qualquer rendimento. 5. Agravo de instrumento provido.

(TRF-5 - AG: XXXXX20154050000 SE, Relator: Desembargador Federal Manoel Erhardt,


Data de Julgamento: 20/02/2016, 1º Turma)

E ainda:

O direito da Embargante vem primordialmente amparado pelo Código de Processo Civil, no


art. 833, IV, que trata de bens IMPENHORÁVEIS, senão vejamos:

“Art. 833, IV do CPC: São impenhoráveis:


IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas
por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos
de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE

Diante do que dispõe o artigo acima mencionado sobre os bens impenhoráveis, convém
iluminar o inciso X que estabelece como impenhoráveis: “a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos.”

O valor encontrado e bloqueado na conta corrente da embargante é ínfimo diante da


garantia da impenhorabilidade dos valores em poupança, o total bloqueado em conta
corrente equivale a 1,49% do valor que é impenhorável na conta poupança, demonstrando
total falta de razoabilidade e proporcionalidade, fundamentos derivados do princípio do
devido processo legal esculpido na carta maior de 1988 e garantidor de proteção aos
Direitos fundamentais.

Atualmente, o princípio da proporcionalidade é utilizado para aferir a legitimidade das


restrições dos direitos que traz, em sua essência, uma pauta axiológica a qual se traduz na
ideia de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderação, justa medida, proibição do
excesso, direito justo e valores afins, servindo de parâmetro para interpretação de todo o
ordenamento jurídico. Ainda nesse sentido, o princípio da proporcionalidade exige a
verificação de atos do poder público quanto à observância da adequação (ou utilidade),
necessidade (ou exigibilidade) e proporcionalidade em sentido estrito.

Verificamos ainda que o princípio da proporcionalidade deve ser visto como um instrumento
de controle da discricionariedade do poder público, de acordo com BARROSO [1], a
ponderação deve ser vista como um controle hermenêutico capaz de direcionar a aplicação
de uma norma jurídica no caso concreto, sobretudo, quando há incidência de conflito entre
direitos fundamentais para que se verifique a melhor prossecução dos valores e fins do
sistema constitucional.

Ainda nesse sentido, impõe uma consideração daquilo que normalmente acontece na
aplicação das normas e, de acordo com o entendimento do STF [2], ao interpretar as
normas, deve-se sempre seguir o entendimento do que ocorre no dia a dia e não na
extravagância, sendo assim, a razoabilidade deve atuar na interpretação das regras gerais
como decorrência do princípio da justiça. Destarte, exige considerar os aspectos individuais
nos casos em que costumam ser desconsiderados pela generalidade legal. [3]

E por fim, consoante inteligência do artigo 835 do Código de Processo civil:

“Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da
execução. ”

O valor bloqueado equivale a 7,67% do valor da execução.


Com o amparo do STJ

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM EXECUÇÃO


FISCAL - PENHORA ON LINE - SISTEMA BACEN JUD - ARTS. 11, 1, DA LEI 6.830/80 E
655, 1, DO CPC - VALOR IRRISÓRIO - DESPROPORCIONALIDADE - DESCABIMENTO
DA CONSTRIÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 659, § 2~, DO CPC - AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. Conquanto configurada hipótese permissiva de penhora de numerário de
conta-corrente do executado via Bacen Jud, nos termos dos arts. 11, 1, da Lei 6.830/80 e
655, 1, do CPC, não se levará a efeito referida restrição, quando evidente que ínfimo o valor
a ser bloqueado, e, em conseqüência, será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução, conforme inteligência do art. 659, § 20, do CPC (AG XXXXX-5/MG,
ReI. Desembargador Federal Souza Prudente, 8ª Turma do TRF1, DJF 29.04.2011; AGA
XXXXX-0/MG, ReI. Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso, 8~ Turma do TRF1,
DJF 05.12.2008). 2. Na hipótese dos autos, pretende a exequente efetivar penhora do valor
de R$86,80, existente em conta bancária do executado, para segurar execução no
montante de R$77.908,08, evidenciando-se, portanto, a desproporcionalidade da
constrição. 3. Agravo de instrumento não provido. 4. Peças liberadas pelo Relator, em
05/03/2012, para publicação do acórdão." Rejeitados os embargos de declaração opostos
(fls. 171/175, e-STJ). No presente recurso especial, a recorrente alega, preliminarmente,
ofensa aos arts. 458 e 535, inciso II, do CPC, porquanto, apesar da oposição dos embargos
de declaração, o Tribunal de origem não se pronunciou sobre pontos necessários ao
deslinde da controvérsia. Aduz, no mérito, que o acórdão regional contrariou as disposições
contidas nos arts. 11 da Lei n. 6.830/80; 655, 655-A e 656, inciso I, todos do CPC. Sustenta,
outrossim, que "a nova sistemática dos arts. 655 e 655-A do CPC, introduzida pela Lei n.
11.382/2006, combinados com o art. 11 da LEF, a penhora on line tornou-se modalidade
prioritária, ficando prejudicada toda a jurisprudência pretérita que exigia prévio esgotamento
dos meios constritivos. Isso porque essa medida visa a evitar o risco de a Fazenda Pública
não ter o seu crédito satisfeito, caso seja penhorado outro bem senão o dinheiro. Reforça
esse posicionamento o disposto no art. 15, 11, da LEF, que permite à Fazenda Pública
postular a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem
enumerada no artigo 11 do mesmo diploma, bem como o reforço da penhora insuficiente; e
no art. 656, 1, do CPC, que permite ao credor pleitear a substituição da penhora se não for
obedecida a ordem legal" (fls. 190/191, e-STJ). Alega, ainda, que "a Primeira Turma do eg.
STJ firmou, recentemente, no REsp XXXXX, entendimento de que, ainda que tenha sido
encontrada quantia de baixa monta em conta corrente do devedor, tal quantia deve ser
utilizada para satisfação da dívida, sendo teratológico - palavra utilizada pelo próprio relator
- o seu desbloqueio por razões de irrisoriedade" (fl. 195, e-STJ). Sem contrarrazões,
sobreveio o juízo de admissibilidade positivo da instância de origem (fls. 201/202, e-STJ). É,
no essencial, o relatório. Com razão à recorrente. Nos termos da jurisprudência pacífica do
STJ, não é permitido o desbloqueio de numerário penhorado pelo Sistema Bacen Jud, em
razão somente do baixo valor comparado ao total da dívida. Nesse sentido, as ementas dos
seguintes julgados: "TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA ON-LINE. VALOR
IRRISÓRIO. DESBLOQUEIO. PROVIDÊNCIA INDEVIDA. 1. A jurisprudência desta Corte
Superior firmou a compreensão de que não é válido o desbloqueio do valor penhorado pelo
Sistema BacenJud, em razão da só inexpressividade frente ao total da dívida. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento."(AgRg no REsp XXXXX/PR, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 18/12/2014.)"PROCESSO
CIVIL. EXECUÇÃO. PENHORA" ON LINE ". VALOR IRRISÓRIO. ART. 659, § 2º, DO CPC.
INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚBLICA, BENEFICIÁRIA DE ISENÇÃO DE CUSTAS. 1.
Afasta-se a alegada violação do art. 535, II, do Código de Processo Civil, pois o acórdão
recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha
decidido de modo contrário aos interesses da parte embargante. Isso, contudo, não significa
omissão, mormente por terem sido abordados todos os pontos necessários para a integral
resolução da controvérsia. 2. A Primeira Turma, ao julgar o REsp XXXXX/MG (Rel. Min. Luiz
Fux, DJe 19.8.2010), enfrentou situação semelhante à dos presentes autos, ocasião em que
deixou consignado que as regras da penhora são informadas pelo princípio da utilidade, no
sentido de que o ato de constrição deve considerar a liquidez dos bens visando a satisfação
da entrega de soma ao credor. Outrossim, o princípio da utilidade sobrepõe-se ao princípio
da economicidade, analisados ambos à luz da razoabilidade, por isso que se o devedor é
titular de vários bens suficientes à satisfação do crédito exequendo, deve-se constringir o de
menor valor; reversamente, se o devedor somente possui pequeno numerário que não se
enquadra nas hipóteses de impenhorabilidade, deve ser penhorado. Consta do voto
proferido pelo Ministro Luiz Fux, no precedente supracitado, que a regra do artigo 659, § 2º,
do Código de Processo Civil, segundo a qual"não se levará a efeito a penhora, quando
evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo
pagamento das custas da execução", tem como destinatário o credor exequente, para que
não desprenda fundos líquidos mais expressivos do que o crédito que se tem que receber.
Ao final, o Ministro Luiz Fux concluiu que a Fazenda Pública é isenta de custas, por isso
que a penhora de numerário preferencial não pode ser liberada sem a sua aquiescência, a
pretexto da aplicação do artigo 659, § 2º, do Código de Processo Civil. 3. Recurso
parcialmente provido, pelas mesmas razões de decidir adotadas pela Primeira Turma, para
determinar o bloqueio dos valores encontrados em nome do executado, permitindo-se a
este, se for o caso, comprovar, na primeira instância, que as quantias depositadas em conta
corrente referem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 do Código de Processo
Civil ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade."(REsp XXXXX/RS, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe
13/04/2011.) Como bem determinou o Min. Luiz Fux, no julgamento do REsp XXXXX/MG,
a"regra do art. 659, § 2º, do CPC, que dispõe,"verbis", que"não se levará a efeito a penhora,
quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente
absorvido pelo pagamento das custas da execução"tem como destinatário o credor
exequente, para que não despenda fundos líquidos mais expressivos do que o crédito que
se tem que receber. 4. Deveras, a Fazenda Pública é isenta de custas, por isso que a
penhora de numerário preferencial não pode ser liberada sem a sua aquiescência, a
pretexto da aplicação do art. 659, § 2º, do CPC". A propósito, a ementa do referido julgado:
"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO. PENHORA" ON LINE ". VALOR IRRISÓRIO. ART. 659, §
2º, DO CPC. INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚBLICA, BENEFICIÁRIA DE ISENÇÃO DE
CUSTAS. 1. As regras da penhora são informadas pelo princípio da utilidade no sentido de
que o ato de constrição deve considerar a higidez dos bens visando a satisfação da entrega
de soma ao credor. 2. O princípio da utilidade sobrepõe-se ao princípio da economicidade,
analisados ambos à luz da razoabilidade, por isso que se o devedor é titular de vários bens
suficientes à satisfação do crédito exequendo, deve-se constringir o de menor valor;
reversamente, se o devedor somente possui pequeno numerário que não se enquadra nas
hipóteses de impenhorabilidade previstas no art. 659-A do CPC deve ser penhorado. 3. A
regra do art. 659, § 2º, do CPC, que dispõe,"verbis", que"não se levará a efeito a penhora,
quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente
absorvido pelo pagamento das custas da execução"tem como destinatário o credor
exequente, para que não despenda fundos líquidos mais expressivos do que o crédito que
se tem que receber. 4. Deveras, a Fazenda Pública é isenta de custas, por isso que a
penhora de numerário preferencial não pode ser liberada sem a sua aquiescência, a
pretexto da aplicação do art. 659, § 2º, do CPC. 5. Recurso especial provido."(REsp
XXXXX/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2010, DJe
19/08/2010.) No caso dos autos, o Tribunal de origem, ao analisar a matéria, assim se
manifestou (fls. 156/157, e-STJ):"3. Com efeito, conquanto configurada hipótese permissiva
de penhora de numerário de conta-corrente do executado via Bacen Jud, nos termos dos
arts. 11, 1, da Lei 6.830/80 e 655, 1, do CPC, não se levará a efeito referida restrição,
quando evidente que ínfimo o valor a ser bloqueado, e, em consequência, será totalmente
absorvido pelo pagamento das custas da execução, conforme inteligência do art. 659, § 20,
do CPC. (...) 5. Na hipótese dos autos, pretende a exeqüente efetivar penhora do valor de
R$86,80, existente em conta bancária do executado, para segurar execução no montante
de R$77.908,08, evidenciando-se, portanto, a desproporcionalidade da constrição, cujo
numerário ficará totalmente absorvido pelo débito relativo às custas processuais."Como se
vê, merece reforma o acórdão recorrido por contrariar a atual e pacífica jurisprudência do
STJ. Ante o exposto, com fundamento no art. 557, § 1º-A, do CPC, dou provimento ao
recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 27 de fevereiro de 2015.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator

(STJ - REsp: XXXXX AC XXXXX/XXXXX-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data


de Publicação: DJ 16/03/2015)

Portanto, é cabível o pedido.

5- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a Embargante requer:

a) a CONCESSÃO do benefício da justiça gratuita, uma vez que, a Embargante não possui
meios para arcar com as custas do processo. Fundamenta seus pedidos nos artigos 98 e
seguintes do CPC e art. 5º, LXXIV da Constituição da Republica Federativa do Brasil;
(declaração anexa)

b) a intimação do Embargado, na pessoa de seu Advogado, para que, querendo, apresente


impugnação no prazo legal.

c) o ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR com a extinção imediata da execução, ou assim não


sendo, subsidiariamente o reconhecimento da incorreção da penhora.

d) sejam julgados PROCEDENTES, declarando nula a penhora do valor de R$ XXXXX na


conta corrente da Embargante e efetuando o DESBLOQUEIO IMEDIATO.

e) a CONDENAÇÃO do Embargado no pagamento dos honorários sucumbenciais e custas


processuais.

f) requer que todas as publicações sejam divulgadas em nome das advogadas


infra-assinadas, Dra. XXXXXXX OAB/BA e Dra. OAB/BA, sob pena de nulidade
Provará o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial pela juntada de
documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do Embargado.

Dá-se à causa o valor de XXXXX

Nestes termos,

Pede deferimento.

Cidade, data.

Advogado

OAB nº

[1] BARROSO, Luís Roberto: Curso de Direito Constitucional contemporâneo. 1ª ed. São
Paulo. Editora Saraiva. 2009, P. 395 e ss.

[2] BARROSO, Luis Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional


contemporâneo: A construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. 1ª
ed. Belo Horizonte, Editora Fórum. 2014, p.76

[3] ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos.
13ª ed. Editora Malheiros. 2012, p. 107 e ss.

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