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GUARÁ/DF
Processo nº:
movida por X XXXXXXXXXX, já qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:
1- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Declara a Embargante que, tendo em vista o valor da causa, bem como sua condição
financeira, requer a concessão da gratuidade da justiça, por ser economicamente
hipossuficiente e estar DESEMPREGADA, não podendo arcar com as custas processuais
sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família, conforme os artigos 98 e seguintes
do Código de Processo Civil e art. 5º, LXXIV da Constituição da Republica Federativa do
Brasil.
2- DOS FATOS
Acontece que, o processo seguiu sem que a requerida fosse citada, então, quedou-se inerte
quanto a pagamento da dívida exequenda. Diante disso, houve a determinação de
constrição de valores em ativos financeiros via Bacen-Jud, restando ocorrido o bloqueio da
conta corrente XXXXXXXXXX, Agência XXXXXXXXX, Banco tal, no valor de R$ 00,00.
Cumpre mencionar que o valor constrito é proveniente da última parcela do benefício de
Auxílio Maternidade, que foi sacado e depositado na conta corrente supracitada.
A embargante durante todo o período em que foi aluna honrou com seus compromissos
financeiros, o que demonstra a sua boa fé objetiva como credora, contudo em meio a
dificuldade para se colocar no mercado de trabalho já não foi capaz de honrar com seus
compromissos e permanecer adimplente.
Sua situação financeira se tornou ainda mais sensível com uma inesperada gestação. Em
março do ano corrente deu à luz, certidão de nascimento acostada aos autos, e requereu
junto ao INSS o Auxílio Maternidade, em anexo documento, concedido em 4 parcelas no
valor de 1 (um) salário mínimo bruto, única verba que dispunha para garantir sua
subsistência até seu retorno ao mercado de trabalho.
Cumpre ressaltar ainda, que o valor constrito não supera o valor da execução, mas é
facilmente comprovado que o seu bloqueio causa um enorme prejuízo a subsistência da
embargante, ainda que seja desconsiderado a natureza da verba, qual seja, auxilio
maternidade.
Necessário frisar que o meio utilizado para a citação da Embargante foi ineficaz, visto que,
ao constar que foi citada por via postal não restou comprovado mediante juntada de AR,
somente tomou ciência da presente ação quando o mandado foi expedido através de oficial
de justiça.
Porém, de acordo com a Ementa 97 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis
tal citação não procede, devendo ser considerada, portanto, nula, senão vejamos:
EMENTA 97:
Ademais, conforme o art. 238 do CPC, a citação é o ato pelo qual o executado é convocado
para integrar a relação processual, indispensável, portanto, para validade do processo. No
caso em tela, a Embargante não teve oportunidade de se defender ou de negociar o valor
do débito, violando claramente o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório,
nos moldes do art. 5º, LV da CRFB/88.
Assim, deverá ser considerada nula a citação e todos os atos posteriormente praticados.
4- DOS DIREITOS
DA INCORREÇÃO DA PENHORA
Tendo em vista que, o gravame recaiu sobre verbas provenientes do benefício do Auxílio
Maternidade bloqueados na conta corrente da Embargante, que tem natureza de direito
fundamental trabalhista, disposto no art. 7º, inciso XVIII da CRFB/88, e no caso em tela, em
que a embargante se encontra desempregada e sem previsão de ser recolocada no
mercado de trabalho, tal verba é a ÚNICA renda para suprir alimentação e todos as
necessidades básicas. Configurando notório e grave prejuízo à subsistência da devedora e
da sua família.
E ainda:
DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE
Diante do que dispõe o artigo acima mencionado sobre os bens impenhoráveis, convém
iluminar o inciso X que estabelece como impenhoráveis: “a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos.”
Verificamos ainda que o princípio da proporcionalidade deve ser visto como um instrumento
de controle da discricionariedade do poder público, de acordo com BARROSO [1], a
ponderação deve ser vista como um controle hermenêutico capaz de direcionar a aplicação
de uma norma jurídica no caso concreto, sobretudo, quando há incidência de conflito entre
direitos fundamentais para que se verifique a melhor prossecução dos valores e fins do
sistema constitucional.
Ainda nesse sentido, impõe uma consideração daquilo que normalmente acontece na
aplicação das normas e, de acordo com o entendimento do STF [2], ao interpretar as
normas, deve-se sempre seguir o entendimento do que ocorre no dia a dia e não na
extravagância, sendo assim, a razoabilidade deve atuar na interpretação das regras gerais
como decorrência do princípio da justiça. Destarte, exige considerar os aspectos individuais
nos casos em que costumam ser desconsiderados pela generalidade legal. [3]
“Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da
execução. ”
5- DOS PEDIDOS
a) a CONCESSÃO do benefício da justiça gratuita, uma vez que, a Embargante não possui
meios para arcar com as custas do processo. Fundamenta seus pedidos nos artigos 98 e
seguintes do CPC e art. 5º, LXXIV da Constituição da Republica Federativa do Brasil;
(declaração anexa)
Nestes termos,
Pede deferimento.
Cidade, data.
Advogado
OAB nº
[1] BARROSO, Luís Roberto: Curso de Direito Constitucional contemporâneo. 1ª ed. São
Paulo. Editora Saraiva. 2009, P. 395 e ss.
[3] ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos.
13ª ed. Editora Malheiros. 2012, p. 107 e ss.