INSTRUÇÃO
IMMENSAE CARITATIS
A prova da ilimitada caridade que Cristo, o Senhor, deixou à sua Esposa, a Igreja, qual
seja, o inexprimível e supremo dom da Eucaristia, requer de nós que aprofundemos
nossa apreciação desse grande mistério e compartilhemos ainda mais plenamente de seu
poder salvífico. Conseqüentemente, a Igreja, em seu zelo e cuidado pastoral, tem
repetidamente elaborado leis práticas e declarações doutrinais adequadas, objetivando o
aumento na devoção pela Eucaristia, o cume e o centro do culto Cristão.
A fim de que, então, os fiéis que estão em estado de graça e retamente e devotamente
desejem participar do banquete sagrado não fiquem privados desse conforto e remédio
sacramental, o Papa Paulo VI decidiu ser oportuno autorizar ministros extraordinários,
que serão designados para dar a Comunhão a si mesmos e aos outros fiéis, sob as exatas
e específicas condições aqui listadas.
c. quando o número de fiéis desejosos de receber a Comunhão for tão grande que
a celebração da Missa ou a distribuição da Comunhão fora da Missa demoraria
excessivamente.
IV. A pessoa apta referida nos itens I e II será designada de acordo com a ordem
dessa lista (que pode ser modificada segundo o prudente critério do Ordinário local):
leitor, seminarista maior, religioso masculino, religiosa feminina, catequista, um dos
fiéis homem ou mulher.
V. Nos oratórios das comunidades de religiosos, tanto masculinas quanto
femininas, o encargo de distribuir a Comunhão nas circunstâncias listadas no item I
pode, com justiça, ser concedido ao superior não-ordenado da ordem religiosa
masculina ou à superiora da ordem feminina ou aos seus vigários.
Os fiéis que são ministros extraordinários devem ser pessoas cujas boas qualidades de
vida cristã, de fé e de moral os recomende. Que se esforcem para serem dignos desse
importante cargo, que fomentem a própria devoção à Eucaristia, e mostrem ser um
exemplo para o resto dos fiéis, pela sua própria devoção e reverência com relação ao
mais augusto sacramento do altar. Não deve ser escolhido ninguém cuja nomeação
possa ser causa de inquietação para os fiéis.
A disciplina atualmente em vigor permite aos fiéis receber a Comunhão uma segunda
vez no mesmo dia:
Além das listadas, há outras situações do mesmo tipo que favorecem uma Segunda
Comunhão. As razões para a concessão de uma nova permissão devem, portanto, ser
aqui demonstradas em detalhe.
Entretanto, podem ocorrer circunstâncias especiais nas quais os fiéis que já receberam a
Comunhão no mesmo dia, ou nas quais padres que já celebraram a Missa, comparecem
a alguma celebração da comunidade. Será permitido a esses fiéis e a esses padres
receber a Comunhão uma segunda vez nas seguintes situações:
E, com relação à comida e bebida tomadas enquanto nutrição, deve ser mantida aquela
tradição segundo a qual a Eucaristia deve ser recebida antes de qualquer comida,
como diz Tertuliano, [11] como sinal da excelência desse alimento sacramental.
3. padres doentes, mesmo se não acamados, e padres mais idosos, com relação
tanto a celebrar a Missa quanto a receber a Comunhão;
Desde a Instrução <Memoriale Domini>, há três anos atrás, algumas das Conferências
de Bispos têm solicitado à Sé Apostólica a faculdade de permitir que os ministros que
distribuem a Comunhão possam colocar o pão eucarístico nas mãos dos fiéis. A mesma
Instrução continha um lembrete de que as leis da Igreja e os escritos dos Padres dão
amplo testemunho de uma suprema reverência e máximo cuidado para com a
Eucaristia, [12] e de que isso deve continuar. Particularmente com relação a essa
maneira de receber a Comunhão, a experiência sugere certas dificuldades que requerem
cuidadosa atenção.
Sempre que a hóstia for colocada nas mãos de um comungante, deve haver meticulosa
atenção e cuidado, tanto da parte do ministro quanto do receptor, especialmente com
relação às partículas que podem cair das hóstias.
A prática da Comunhão nas mãos deve ser acompanhada por instruções apropriadas ou
catequeses sobre o ensinamento católico com relação à presença real e permanente de
Cristo sob os elementos eucarísticos, e sobre a reverência devida a esse sacramento.
[13]
Os fiéis devem ser ensinados que Jesus Cristo é Senhor e Salvador e que, portanto, o
culto de <latria> ou adoração devido a Deus é devido também a Cristo presente nesse
sacramento. Eles devem também ser instruídos a não omitir, depois da Comunhão,
aquela sincera e apropriada ação de graças, conforme suas capacidades, estado e
ocupações individuais. [14]
Finalmente, a fim de que sua participação nessa mesa celestial seja plenamente digna e
frutuosa, o fiel deve ser instruído sobre seus benefícios e efeitos, tanto para o plano
individual quanto para a sociedade, de modo que seu relacionamento familial com o Pai
que nos dá seu pão de cada dia, [15] possa refletir a máxima reverência para com Ele,
educar para o amor, e levar a um elo vivo de ligação com Cristo, em cujo Corpo e
Sangue comungamos. [16]
O Papa Paulo VI aprovou esta Instrução, confirmou-a com sua autoridade, e ordenou
sua publicação, fixando o dia de sua entrada em vigor no dia de sua publicação.
—– Notas
1. Ver o Concílio de Trento, sessão 13, <Decretum de SS. Eucharistiae Sacramento>
cap. 7: Denz-Schon 1646-47: É inadequado tomar parte em qualquer função sagrada
sem santidade. Seguramente, portanto, quanto mais os cristãos percebem a sacralidade
e a divindade desse celestial sacramento, tanto mais devem tomar todos os cuidados
para não vir a recebê-lo sem reverência e santidade, especialmente quando temos as
assustadoras palavras de São Paulo: Aqueles que comem e bebem sem estarem
preparados, comem e bebem sua própria condenação, não discernindo o Corpo do
Senhor (1 Cor 11, 29). Aqueles que desejam receber a Comunhão devem lembrar-se do
mandamento de São Paulo: Examine a si mesmo (1 Cor 11, 28). O costume da Igreja
torna claro que tal exame é necessário porque aqueles conscientes de pecado mortal,
não importa quão contritos se considerem, não devem dirigir-se à Eucaristia sem antes
passar por uma confissão sacramental. Este Concílio decreta que, quando há
confessores disponíveis, essa prática deve ser sempre observada por todos os cristãos,
incluindo os sacerdotes, obrigados por ofício a celebrar a Missa. Um sacerdote que, em
caso de necessidade, tenha celebrado Missa sem antes ter se confessado, deve ir
confessar-se logo que possível. Ver também Congregação do Concílio, Decr. <Sacra
Tridentina Synodus>, 20 de dezembro de 1905: AAS 38 (1905-06) 400-406. Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé, <Normas Pastorais acerca de dar Absolvição
Sacramental Geral>, 16 de junho de 1972. Norma 1.
2. A edição típica <editio typica> desse rito foi publicada separadamente.
3. Ver Sagrada Congregação dos Ritos, Instr. <Eucharisticum Mysterium>, 25 de maio
d e 1967 nº 28.
4. ver Ibid.
5. Ver Ibid.; Sagrada Congregação dos Ritos, Instr. <Inter Oecumenici>, 26 de
setembro de 1964, nº 60; Instr. <Tres Abhinc Annos>, 4 de maio de 1967, nº 14.
6. Ver <Summa Theologica> 3a, 79.7 ad3; 8 ad 1.
7. Sagrada Congregação dos Ritos, Instr. <Eucharisticum Mysterium>, nº 13.
8. Ver IGMR nº 329.
9. Ver Código de Direito Canônico <Codex Iuris Canonici> can. 858, #1.
10. Pio XII, Motu Proprio <Sacram Communionem>, 19 de março de 1957, nº 4; AAS
49 (1957) 178.
11 Tertuliano, <Ad uxorem> 2,5: PL 1, 1408.
12. Sagrada Congregação para o Culto Divino, Instr. <Memoriale Domini>, 29 de
maio de 1969 que permanece em vigor.
13. Ver <Sacrosanctum Concilium> art. 7. Sagrada Congregação dos Ritos, Instr.
<Eucharisticum Mysterium> nº 9. Sagrada Congregação para o Culto Divino, Instr.
<Memoriale Domini>, as palavras eles devem evitar que crie raízes nas mentes das
pessoas qualquer possível falta de reverência ou falsas opiniões sobre a Eucaristia.
14. Ver Paulo VI, Carta aos membros do Conselho Permanente de Congressos
Eucarísticos Internacionais.
15. Ver Lc 11, 3.
16. Ver Heb 2, 14.