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A presença da produção e compartilhamento de memes da literatura comtepo-

rânea digital: uma análise sobre a ascenção do booktok e o incentivo para lei-
tores jovens.

Yasmin Lucena Ferro¹


Bruno Rafael Teixiera Lopes²
Mikaelly Chaves Rodrigues³

RESUMO

Esse ensaio trás reflexões do uso virtual da compartilhação e produção de memes


no âmbito literário.Objetivando analisar a produção e compartilhamento de memes
na arte da literatura contemporânea e refletir a influência tik tok na literatura contem-
porânea, a asenção do booktok e a conexão com os jovens leitores. Observando re-
fletir sobre o espaço que o gênero meme tomou nas redes sociais e como podemos
usá-lo para incentivo de leitura para a geração mais nova, enquanto tratamos o me-
me como gênero do discurso por meio de BAKHTIN(2009), BAZERMAN(2005) e
MILLER(2009). E CHOMSKY(2011) para a análise dos memes,já que iremos utilia-
zar a recursividade como método científico para a refração e contextualização dos
memes. Com o desenvolvimento do artigo, ficou evidente a presença de ferramentas
virtuais e midiáticas para o incentivo de democtratização de leitura entre os jovens.

Palavras-chaves: Memes, Tik Tok, Geração Z, Recursividade, Gêneros.

ABSTRACT
This essay brings reflections on the virtual use of sharing and production of memes in
the literary field. Aiming to analyze the production and sharing of memes in the art of
contemporary literature and to reflect on the tik tok influence in contemporary literatu-
re, the ascension of booktok and the connection with young people readers. Obser-
ving to reflect on the space that the meme genre has taken on social networks and
how we can use it to encourage reading for the younger generation, while we treat
the meme as a genre of discourse through BAKHTIN(2009), BAZERMAN(2005) and
MILLER(2009). And CHOMSKY (2011) for the analysis of memes, since we will use
recursion as a scientific method for refraction and contextualization of memes. With
the development of the article, it became evident the presence of virtual and media
tools to encourage the democratization of reading among young people.
Keywords: Memes: Memes, Tik Tok, Generation Z, Recursion, Discursive Genres.

INTRODUÇÃO

Desde do século XX, onde começou a Terceira Revolução Industrial ao come-


ço e decorrer do século XXI é mais que perceptível que a internet se tornou uma fer-
ramenta indispensável para a vida social, cultural e científica do indivíduo. Com uma
metáfora, podemos explicar a internet como aquela gaveta bagunçada que temos na
cozinha, se você abrir é possível achar qualquer coisa lá dentro: filmes, músicas, li-
vros — didático ou não, esportes e uma infinitude de mídias que irão se adequar ao
gosto e necessidade da pessoa que está navegando.
A tecnologia em si é uma ferramenta dinâmica que está sempre em evolução,
de ontem para hoje já ocorreram diversas transformações e atualizações. Do homem
primitivo ao tecnológico, essa evolução é um constante aperfeiçoamento que ocorre
em tempo real, um vício aceitado socialmente porque é uma necessidade para os re-
lacionamentos sociais que acontecem atualmente (NONATO 2011, WebArtigos):

Hoje, não nos damos conta de quão dependente somos da


tecnologia e nem ao menos paramos para pensar como tudo isso co-
meçou, talvez seja porque elas foram de tal necessidade que as pes-
soas foram se adaptando sem muitas dificuldades: da televisão ao
microondas, do carburador à injeção eletrônica, do jornal em papel
para os e-mails informativos e para corroborar com esta viagem cita-
mos Jean-Paul Jacob que ilustra de maneira bastante inteligente a
dependência do homem pela tecnologia: "Os três produtos que mais
penetraram em nossa vida nos últimos cinco anos foram previstos
por ninguém: celular, laptop e CD. Por que ninguém conseguir pre-
ver? Porque foram subestimadas as necessidades das pessoas por
informação, educação e entretenimento.

Como discorrido pelo o autor no trecho anterior, podemos refletir que a infor-
mação, educação e entretenimento são três pilares necessários para a formação de
individualidade e conhecimento do ser, indispensáveis fontes de compreensão e per-
cepção do mundo cultural,acadêmico e social. De todas as ramificações exitentes na
web, as redes sociais cumprem um papel bastante versátil nesse quesito, podendo
adaptar-se para a necessidade do usuário, idependente do gênero, raça, nacionali-
dade, classes ou idade. O compartilhamento e produção de conteúdos de qualidade
são peças chaves para a formação sociocultura e científica, podendo formar opini-
ões, gerar debates e/ou críticas (des)construtívas para qualquer assunto.
De todas as criações que já ocorreram, nesse artigo o foco será no meme.
Uma forma criada na internet, compartilhada em massa com o intuíto de criar humor,
ou até uma crítica, de qualquer assunto: política, esporte, música, cinema, literatura
etc. O meme se torno um gênero vital para a cibercultura atual.
Esse artigo tem como a objetivo analisar a produção e compartilhamento de
memes na arte da literatura contemporânea e refletir a influência tik tok na literatura
contemporânea, a asenção do booktok e a conexão com os jovens leitores. .Como
base metodológica, usando a recursividade iremos observar as unidades do signifi-
cado linguístico e suas inter-relações e também a sua noção de produtividade e cria-
tividade. Os objetivos específicos são:(1) Analisa ,com a recursividade de Chomsky,
a fabricação e a distribuição dos memes literários contemporâneos e a sua influência
na rede social chinesa Tik Tok e o nincho leitor que está presente no aplicativo (2)
Compreender o meme como gênero textual e seu papel na cibercultura.(3) Discutir o
uso do meme como uma ferramenta de publicidade para a geração z.

01. Precisamos falar sobre memes


No contexto da internet, um meme é uma mensagem quase sempre jocosa ou
sarcástica, que pode ou não vir acompanhada de uma imagem ou vídeo, e é forte-
mente compartilhada pelos usuários nas redes sociais. O termo foi cunhado pelo zo-
ólogo Richard Dawkins em seu livro de 1976 “The Selfish Gene” para compará-lo ao
conceito de gene. Assim, para Dawkins, um meme seria uma “unidade de transmis-
são ou imitação cultural”, ou seja, tudo o que é transmitido por repetição, como hábi-
tos e costumes em uma determinada cultura. Adaptado à Internet, e às redes sociais
em particular, o conceito de meme torna-se uma "unidade" que se espalha ou se es-
palha por repetição e imitação, de usuário para usuário ou de grupo para grupo
. Essa associação deu origem ao conceito contemporâneo de memes, nascido
no final da década de 1990 quando um dos criadores da página del.icio.us (site que
agrega links) criou a página Memepool ("Meme Pool", tradução livre), Ele compila
links e outros conteúdos compartilhados por usuários na web. No final dos anos
2000, Jonah Peretti, um dos fundadores do Portal Huffington Post, administrava a
página Infectious Media (semelhante a Contagious Media) com alguns amigos, onde
tinha um Published on 'experimental'. Os movimentos culminaram no "festival do ví-
rus", com a maioria dos participantes confiando no conceito de Dawkins para se refe-
rir a algo que se espalha pela web.
Os memes, apesar de não serem criados para a cibercultura, encontraram na
internet um lugar abundante para haver essa propagação de conteúdo, ou popular-
mente falando, “ir viral”. Podemos ver que a facilidade que esses canais midiáticos
permitem que qualquer informação seja repassada adiante é a base para a força da
linguagem dos memes ( FRANÇA, 2016). Ainda, podemos ver sua versalidade temá-
tica que vai de humor até política e economia, com uma grande facilidade de com-
preensão para quem está lendo, e essa facilidade é que vai atrair o receptor a com-
partilhar e recompartilhar nas suas redes sociais.

1.1 Meme pode ser considerado gênero textual?


Sempre que pensamos em gêneros, a primeira coisa que vêm a cabeça são
todas as abordagens tradicionais de gênero que surgiram antes da internet, contun-
do, é imprescidível falar que a internet, e tecnologias em geral, não fazem parte do
nosso cotidiano. Precisamos repensar, remodelar e reconstruir definições que antes
pareciam tão estabilizados mas foram pertubados pela a chegada da web.
Assim, presenciamos a mudança da língua junto com a evolução humana e
tecnológica, assumindo um pouco da teoria bakhtiniana na língua(gem), o próprio
Bakthin (2009) vai ter essa visão, onde proclama que:

A verdadeira substância da língua não é constituída


por um sistema abstrato de formas linguísticas nem
pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato
psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno
social da interação verbal, realizada através da enun-
ciação ou das enunciações. A interação verbal consti-
tui assim a realidade fundamental da língua (BAKH-
TIN, 2009, p. 127)

Assim, tenho o entendimento, que a língua é um evento social, um fenômeno


vivo, baseado na interação e evolução humana. Essa interação acontece graças aos
sujeitos que enunciam, ou seja, pelo o enunciado articulado por um indivíduo situado
social e historicamente. Mas o que é esse enunciado? Eles vão ser os acontecimen-
tos discursivos, as unidades de comunicação entre os sujeitos, e vai apresentar ca-
racterísticas fundamentais, como: a alternância do sujeito da fala, que delimita o dis-
curso; e a conclusão, que é todo o discurso; que por sua vez é determinado por três
características: Exaustividade de objetos, itens de fala do falante e composições típi-
cas e codificar um gênero, entendido aqui como um elemento estereotipado utilizado
por um sujeito para atingir determinado objetivo.
Portanto, em situações recorrentes da vida diária, esses elementos teóricos
são formulados, regulados e normatizados dependendo do uso e do contexto. Assim,
podemos dizer que só há comunicação quando o enunciado se materializam a partir
do gênero, que é um elemento vital e impossível de ser dissociado da vida social, cu-
jo é complexo, híbrida e maleável.
Nesse caso, podemos ver os enunciados terá esse elemento instável, trazen-
do as retóricas sociológicas do gênero, como Bazerman(2005) e Miller(2009). Assim,
podemos ver o gênero como uma ação retórica tipificada baseada numa situação ret-
órica recorrente (MILLER, 2009). Significando que os gêneros estão ligados as ma-
nifestações culturais e sociais,tendo que levar em conta os fatores culturais, históri-
cos e sociais para fazer uma boa análise.
Em suma, diferentemente de Bakhtin (2011),em que o gênero é constituído
por um tripé – conteúdo, estrutura e estilo –ou Swales (1990), que, ao mesmo tempo
em que inserido na perspectiva sócio-retórica do gênero, que ganha um padrão mais
estereotipado para garantir o status geral, essa visão assume que um gênero é um
endosso de fenômenos sociais e cognitivos que respondem ao comportamento soci-
al simbólico, não necessariamente critérios para delinear definições comuns.
Como Bazerman (2005, p. 31) colocou, "Tipo é o que acreditamos". A caracte-
rística básica - e portanto sensata - da existência de um gênero é investigar quais
são as demandas retóricas recorrentes resultantes. Mas trazendo toda a teoria para
o mundo virtual, que acaba por apagar e redesenhar todos limites e definições pré-
estabelecidas, nem sempre funciona, já que a cibercultura traz essas novas visões
para elementos tradicionais e um alargamento de conceito. Neste modelo de apren-
dizagem por imitação, refletirei sobre como entendemos o gênero: se o gênero é
uma ação retórica tipificada baseada numa situação retórica recorrente oriundas de
outros gêneros, oriundas da negociação linguística e das necessidades de pronúncia
dos grupos, diante de um novo enunciado, comece a copiá-lo e use-o sempre em al-
gum contexto específico, para realizar alguma ação retórica, que acaba sendo imitar
a doação. Então o gênero também é um meme, assim, também podendo visualizar
o meme como um gênero.

02. Uma nova raça humana chamada geração z


A chamada Geração Z (Z de Zapping) é uma nova geração, tendo surgido
posteriormente à Geração Y. É caracterizada por pessoas que nasceram a partir de
meados da década de 1990. É uma geração surgida conjuntamente com o avanço
das novas tecnologias, acompanhando o novo mundo (pós Guerra Fria), ou seja, o
chamado mundo tecnológico ou mundo virtual. Segundo alguns especialistas, essas
pessoas estarão completamente familiarizadas com as últimas tecnologias digitais e
não terão dificuldade em aprender a lidar com as novidades que aparecem nesse
mercado quase todos os dias, ao contrário das gerações anteriores. O "Z" vem de
"zapping", que é usar o controle remoto para mudar de canal de TV de forma rápida
e constante, procurando algo interessante para assistir ou ouvir, ou mesmo não
acostumado. "Zap", do inglês, significa "fazer algo muito rapidamente", e também
"energia" ou "entusiasmo".
Para Marc Prensky, especialista em tecnologia e educação de Yale e autor de
vários livros sobre o assunto, incluindo Teaching Digital Natives (2010), as crianças
de hoje nasceram em Um mundo caracterizado pelas tecnologias digitais e a mídia,
portanto, possuirá suas habilidades cognitivas. O perfil (de aprendizagem) mudou -
segundo especialistas, esses "novos garotos" terão estruturas cerebrais diferentes,
serão mais rápidos, poderão realizar muitas tarefas simultaneamente e terão mais
autoridade do que as gerações anteriores. Para ele, há um claro "gap de gerações"
entre pais ou professores e alunos, em termos de como eles usam as novas tecnolo-
gias digitais e o que fazem com seus cérebros. No entanto, é importante lembrar que
os pontos de vista de Prensky não são recebidos unanimemente acordados.

2.1 #TikTok #BookTok #Livros

Levando em conta, a importância das redes sociais tem nessa geração e co-
mo cada uma delas afetam diretamente ou indiretamente na formação de caratér,
pensamento e personalidade, nesse artigo iremos focar em uma mídia específica: o
Tik Tok. Anteriormente conhecida como Musical.ly, e agora também podendo ser co-
nhecido como Douyin, é uma rede social chinesa pertencente a compania de tecno-
logia ByteDance, lançada em 2016 e atualmente líder na China, Estados Unidos e
outros países, é um aplicativo de vídeos curtos que duram de 15 à 60 segundos.
Dentro do aplicativo, encontraremos uma variedades de trends( tendências),
incluindo memes, músicas, vídeos de comédias, challenges( desafios virais), poden-
do ser de cunho original ou o uso de aúdios já existentes para diferentes contextos.
Nos vídeos também são usadas as hashtag, usadas como um tipo de selo depen-
dendo do vídeo, do nincho e da audiência. Esse ensaio irá apresentar um nincho es-
pecífico: o #booktok.
Uma soma de book(livro) com o tok de tiktok, é a parte específica para leito-
res, você encontra vídeos de resenhas, publicidade, listas de leituras, recomenda-
ções e, claro, memes. O app está sendo muito bem utilizado como ferramenta de pu-
blicidade de leitura para a geração z, mas não apenas ela. Por exemplo, no sétimo
mês do ano de 2022, entre 02 à 10 de julho, ocorreu bienal dos livros em São Paulo,
e segundo a organização ocorreu um aumento de 10% de visitantes em comparação
ao último ano do evento, 2018, e cerca de 660 mil pessoas visitaram o local. Uma
pesquisa feita pela Nielsen BookScan, o aumento de visitantes se deve graças ao o
aumento de leitores que ocorreu na pandemia do Covid-19, e que entre janeiro e se-
tembro de 2021, foram vendidos 36 milhões de exemplares de livros, um aumento de
20% em comparação em 2020.
Podemos afirmar sim, que o tik tok, assim como outras redes sociais, tiveram
um grande impacto no aumento de leitura entre jovens, principalmente por causa do
isolamento social, comprovado pela a pesquisa The Evolution of Social Media Re-
port, feita pela a empresa App Annie, no ano de 2021, o Tik Tok foi baixado mais de
9,2 bilhões e os usuários consumiram mais de 740 bilhões de horas na plataforma.
Como já dito anteriomente, o nincho literário do aplicativo, traz essa nova
perspectiva de leitura para nós, monta um palco para a propagação de um marketing
literário enquanto também promove a inter-relação de usuários distantes mas com
um conteúdo em comum, assim como qualquer outra rede social.

03. A RECURSIVIDADE DE CHOMSKY


Antes de falar sobre recursividade linguística, precisamos conhecer sobre a
recursividade computacional. Uma introdução básica sobre a recursividade usada na
matemática ou na computação, em termos gerais, a recursão é considerada como
um processo de repetição de uma rotina que chama a si mesma, direta ou indireta-
mente, descreve o processo de repetição de um objeto de uma forma semelhante ao
que já foi mostrado.
Em uma recursão específica( ou constrói) uma classe de objetos ou métodos(
ou um objeto de uma certa classe) definindo alguns poucos casos base ou métodos
muito simples( frequentemente apenas um), e então definindo regras para formular
casos mais complexos até casos mais simples.
Exemplificando a definição recursiva seria como:

(1) Os pais dos seus pais são seus parentes


(2) Os pais dos seus avôs também são seus parentes.

Em meados de 5000 a.c,com Pāṇini, um gramâtico indiano invetor do Sânscri-


to( a língua clássica da Índia, influenciadora para a gramâtica e idiomas ocidentais),
é onde há os primeiros resquícios sobre a recursividade na linguística.
Pulando para 1950, Noam Chomsky vêm com a Gramática Gerativista funda-
mentalmente como um elemento para a comunicação humana e o conceito da recur-
sividade está presente na base das línguas naturais desde então. No campo linguís-
tico, a recursão é um objeto de estudo ainda em desenvolvimento, com definições
vagas e polêmicas, apesar de não ser um problema exclusivo da Linguística.
Apesar de pesquisas rapidamente feitas( como o artigo de Hauser em 2002) é
visto uma negligência sobre uma compreensão clara e definida do que é a recursivi-
dade linguística. Diferentemente da gramática que consolida tudo o que é proposto,
já que podemos visualizar a gramática como um conjunto de regras que descrevem
uma língua (O’GRADY, 1997:667).
Contudo, com a falta de materias , podemos comparar a Recursão aritmética
com a linguística, já que os números e a língua são dois lados da mesma moeda
com suas diversas analogias e exemplificações na literatura. Irrefutavelmente, lín-
guas humanas e sistemas numéricos compartilham a propriedade da infinitude dis-
creta (CHOMSKY, 1998; HAUSER; CHOMSKY; FITCH, 2002; CORVER et al., 2007).
Brown et al. (2006: 1650), afirma, em tradução livre do inglês, que recursão é:

“um mecanismo vinculado a um procedimento ou re-


gra autorreferente, que combina o estoque discreto
de palavras ou constituintes da sentença em estrutu-
ras frasais hierárquicas que podem novamente ser in-
corporadas em outras estruturas hierarquicamente or-
ganizadas”.

Mas o que isso significa? Assim como o sistema numérico, a língua é um ele-
mente infinito. Podem ser infinitamente continuada, criada e recriada, sempre poden-
do adicionar “mais um”, sempre podendo criar novas estruturas sintáticas a partir de
qualquer material linguístico. Resumidamente, a natureza do infinito discreto nos per-
mite explicar o fato de que não há limites o número de frases ou elementos da língua
previamente identificada ou uma sequência de números pode ter.
Usando essa releitura da teoria gerativista chomskyiana, poderemos e iremos
analisar a transformação de frases e sua reaplicação em diferentes contextos como
é utilizado no meme. Para esse artigo, iremos utilizar a noção da recursividade como
com os seguintes aspectos: a infinitude discretra das sentenças geradas; a estrutura
frasal das sentenças; a iteração aplicada; o encaixamento linguístico.

04. Análises
Agora com todas as teorias apresentadas e os discursos feitos, agora será fei-
to a parte mais importante dessa pesquisa: as análises. Foram escolhidos 05 memes
para o estudo, e analisaremos todo o contexto social e midiático, aplicando a recursi-
vidade de Chomsky, onde veremos como textos e discurssos já existentes são rein-
ventados para outro propósito, seja humor ou expressar qualquer tipo de sentimento
ou pensamento.

IMAGEM 01
Link: https://vm.tiktok.com/ZMFk6mfMf/

O vídeo publicado em 27 de junho pelo o perfil @rayxdarling, que tem o foco


para conteúdo exclusivo sobre livros, tem atualmente 83,300 visualizações, 20 mil
curtidas e 368 comentários, todos de outros usuários que também fazem parte do
booktok. O vídeo de fundo é um famoso meme da trend “trying to explain”(tentando
explicar), uma trend que geralmente as legendas( as frases colocadas por cima do
vídeo) falam sobre acontecimentos da vida diária que causam frustração. A legenda
da imagem 01 diz “leitores de dark romance citando os mil traumas do personagem
para justificar as ações do personagem”.
Dark Romance é um subgênero do romance voltaldo para adultos, famoso por
abordar temas pesados e pertubadores e ter personagens que não convencionais.
Temas como sequestro, relacionamentos abusivos, crimes, tortura física e psicológi-
ca, usualmente com enredos românticos em que a protagonista feminina se envolve
com o personagem masculino de caráter duvidoso. O protagonista geralmente tem
um passado sombrio e traumatizante e que é usado para justificar suas ações.
Não são todos os leitores que gostam desse gênero, cujo sofre grande pre-
conceito dentro na comunidade, já que grande parte não entende como possam gos-
tar de livros que tratam de temas tão obscuros e ainda com romance. Mas é impor-
tante lembrar que todos os livros de dark romance são recomendados apenas para
maiores de dezoito anos e os gatilhos existentes são apresentados no começo de
cada livro. E é exatamente o que esse meme trás, mostrando de forma cômica como
os leitores desse gênero defendem seus gostos, transformando em meme essas si-
tuações que geralmente poderiam ser motivos de irritação na comunidade.
IMAGEM 02

LINK: https://vm.tiktok.com/ZMFk6gnh3/

Atualmente com 620.900 visualizações, esse vídeo foi viralizado em junho


desse ano. O user(usuário) @mundo_bookstantok é outro perfil dedicado ao mundo
do booktok usou o meme “Rolls Royce Laughing Dude”, outro meme bem conhecido.
O vídeo de fundo se trata de um homem rindo histericamente e entrando e fechando
a porta do carro, geralmente usado com contextos para debochar, fazer graça de al-
go ou alguém e se juntamos isso com a legenda: Eu quando alguém me pede pra in-
dicar um livro fofo e leve e eu indico um livro da Colleen Hoover.
Mas para entender, precisamos saber quem é Colleen Hoover. Escritora esta-
dunidense, publicando desde 2012, Hoover escreve livros de romance e ficção para
o jovem adulto. Colleen ganhou bastante destaque no tik tok com “Ugly Love”(2014),
November, 9”(2015) e “It End With Us” (2016).A própria escritora já comentou que as
histórias são baseadas em fatos que aconteceram com a autora e pessoas próximas
a ela, a maioria dos seus livros de romance falam sobre determinados assuntos
“mais fortes”, como relacionamentos abusivos, violência doméstica, conflito de identi-
dade e abuso psicológico.
E é exatamete o humor do vídeo, apesar dos diversos temas que escreve em
seus livros, acaba sendo resumida apenas como uma escritora de romance mas os
fãs sabem bem como os livros trazem assuntos relevantes mas sem ser romantiza-
do.
IMAGEM 03

LINK: https://vm.tiktok.com/ZMFkhHGVv/

A influencer literária Grazie Letterario ou @graziereads, para os íntimos, pos-


tou esse vídeo 4 dias atrás. A legenda “Quando o autor mata o meu personagem se-
cundário favorito que finalmente tava sendo feliz” junto com o aúdio da ex-BBB 10,
Lia Khey, que virou meme, assim como vários outros participantes do reality show
Big Brother Brasil. No programa, após briga com outra participante diz a seguinte fa-
la: “Não, ela não tinha esse direito”, enquanto chorava. E claro, a internet não perdeu
tempo e transformou o aúdio em meme. O som, postado pelo o perfil @thecapshaw,
já têm mais de 1000 vídeos postados com o mesmo.
Mudando o contexto e usando o aúdio para expressar a tristeza e decepção
com o autor quando ele decide matar um personagem especial para você. No vídeo,
você percebe como ela dubla o aúdio, com um livro na mão, reencenando o momen-
to quando você lê a morte do seu personagem favorito. Aqui percebemos, a reestru-
turação feita pela a criadora de conteúdos, como ela cria um novo contexto, que é al-
go familiar para os leitores para criar um meme, usando outro meme.
IMAGEM 04

LINK: https://vm.tiktok.com/ZMFkkA2cf/

Tulla Luana é uma youtuber brasileira que ficou famosa com seus vídeos on-
de aparece exaltada, gritando, defendendo seus direitos ou dando sua opinião since-
ra sobre diversos tópicos. Suas expressões, gritarias e frases logo viralizou e não de-
morou para torna-se meme no twitter, facebook e tik tok. Tulla possui seu canal des-
de 2010 e seu vídeo mais famoso é onde reclama sobre uma suposta propagando
enganosa do jogo Colheita Feliz, o vídeo tem, atualmente, 1.400.000 visualizações
no Youtube. Por meio de screenshots( capturas de tela), gifs, audios, recortes dos ví-
deos, Tulla tornou-se um fenômeno memeático, onde alguns desses memes rece-
bem textos por cimas e uma mudança de contexto. E foi exatamente isso o que
aconteceu nesse caso.
O vídeo publicado em 2021, entitulado de “BBB 21 EU QUERO ENTRETERI-
MENTO E NÃO MILITÂNCIA!” gerou vários memes e entre eles um momento em
que Tulla está incrédula com a fala de uma das participantes do reality e diz: “Ela dis-
se isso? Eu não posso acreditar” e os usuários não perderam tempo para fazer ví-
deos de humor, assim como @arquelana.
Arquelana, ou Ana, é uma escritora brasielira de romance que publicou esse
vídeo há alguns dias. Ana usa seu perfil para engajar seu livro, fazer resenhas e cla-
ro, fazer humor. “Eu depois de ver alguém dar motivo muito plausível pra um livro
que eu AMO ser totalmente torto das idéias, mas eu nunca percebi antes e já panfle-
tei pra todo mundo dizendo que era ÓTIMO”.
Ao abrir o vídeo e ver os comentários, percebe-se, mais um vez, outros usu-
ários concordando e rindo com o texto. A recontextualização é algo muito bem usado
nesse vídeo, mostrando uma situação comum para um determinado nincho, promo-
vendo uma interação on-line, onde leitores falam de suas experiências enquanto pro-
movem livros que já leram para outros leitores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, vimos os jeitos, meios e finalidades dos memes de forma dinâmi-


ca, social, intertiva e colaborativa para os leitores em meios virtuais. Conseguimos
observar como os usuários da internet controem e reconstroem, (re)contextualizam e
(re)compartilham fotos, vídeos, aúdios, GIFS e outros diversos meios para poderem
interagir e socializar dentro do Tik Tok.
Ao explorarmos, vimos como as redes midiáticas estão sendo uma base para
a compartilhação de conteúdos e entre eles, os conteúdos literários. A produção de
e-literatura é um fenômeno que está crescendo a cada dia, juntos com as mídias, a
cibercultua, os novos aparelhos, como o Kindle, plataformas e todos os recursos digi-
tais que ainda estão por vir. Estudando os memes como uma fonte de cultura e en-
treterimento e utilizando a recursividade para analisar essa prática na internet, a dis-
seminação, compartilhamento serve como base para a literatura on-line, onde utiliza-
se a intertextualiadade para expandir a faixa etária dos consumidores
Podemos ver, essa rede social como uma ferramenta de democratização e in-
centivo a leitura, usando metódos não tradicionais mas encantadores para o jovem.
Facilitando o acesso, instingando o interesse e abrengendo o conhecimento, não
apenas o Tik Tok,como outros aplicativos devem ser usados como metologia para
publicidade de ensino, que já foi parcialmente comprovado o sucesso de influência
entre os jovens por meio desse artigo. Esse campo científico, apesar de relativamen-
te novo, promete ser um campo de estudo promissor, especialmente para a docên-
cia, já que o uso de aplicativos é uma nova forma de impressionar e influênciar as
gerações mais novas aumentando seu interesse em qualquer tema escolhido. Le-
vando em conta, que no campo da publicidade, tráz esse senso de proximidade com
o remetente.
Esse ensaio também apresenta o meme como gênero discurssivo, sendo con-
siderado como um gênero orgânico e cultural, criado em âmbito biológico mas recon-
textualizado como um manifesto social e histórico, diferente de gêneros tradicionais,
o meme vai vir de forma coletiva e caótica mas sem deixar os requisitos convencio-
nais. O gênero usado para explicar o consumo de literatura entres jovens, especifica-
mente no Tik Tok, analisado pela a Recursividade de Chomsky foi o objeto usado co-
mo estudo, e que conseguiu explicar cada objetivo apresentado, discorrendo e incen-
tivando discussões dos tópicos apresentados e defendidos.
Concluímos, então, que há uma necessidade maior de pesquisa nesse cam-
po, já que o meme vêm crescendo como ferramenta metodológica para diversos con-
textos científicos, e se comprovou como elemento de influência de leitura. Pois, além
da numerosa quantidade de criadores de conteúdo, leitores, usuários e até escritores
que utilizam o meme, trata-se de um instrumento que incentiva o crescimento do
mercado literário e socio-cultural.
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