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Análise de Projectos

ESAPL / IPVC
Tempo, Capital, Juro e Taxa de Juro
Juros Simples e Juros Compostos
Capitalização e Factor de Capitalização
Desconto e Factor de Actualização
As aplicações do rendimento

Não Geram
Consumo Rendimentos

Rendimento
Individual
Entesouramento

Poupança

Investimento

Geram
Rendimentos
Que conceito de Capital ?
z Vimos anteriormente que do conceito de Capital se podem ter
várias ópticas, nomeadamente:
z Jurídica
z Financeira
z Económica ou Produtiva
z Ainda que para os objectivos da disciplina a óptica mais
importante seja a económica ou produtiva, no âmbito deste
capítulo interessa-nos a óptica financeira.
z Capital será aqui, então, todo o conjunto de meios líquidos,
cedidos durante um determinado espaço de tempo, produzindo
uma certa remuneração para o seu possuidor ou proprietário.
z Transitoriamente é esta a noção de capital que nos interessa, ou
seja, vista na perspectiva das aplicações dos rendimentos
individuais, interessa-nos a poupança que é aplicada e que
assim se torna produtiva (sob o ponto de vista financeiro).
Tempo
z O tempo refere-se ao prazo durante o qual o
capital é aplicado.
z Devemos analisá-lo numa base periódica, ou
seja, sob um ponto de vista parcelar, dividido
em espaços de tempo mais curtos ou mais
longos – os espaços aos quais é referida a
remuneração do capital.
z Cada um destes espaços é considerado
como uma unidade de tempo e denomina-se
período. Teremos pois períodos anuais,
semestrais, trimestrais, etc.
Juro
z O juro não é mais que a remuneração
recebida, em contrapartida da cedência do
capital.
z No fundo, é o preço de uso, temporário ou
definitivo, do capital alheio.
z Representa o montante de valores líquidos
criados por um dado capital.
z Na prática: dinheiro gera dinheiro.
Taxa de Juro
C C+J

t t+1 … t+n

z Considere-se um capital C aplicado num dado momento t;


z Ao fim de um período, no espaço que vai de t a t+1, esse capital vence juros (J);
z Esse juro faz com que o capital C sofra um acréscimo e se transforme, no momento
t+1, em C+J.
z C+J é superior a C, uma vez que J>0.

1 1+i

t t+1 … t+n

z Se considerarmos C=1, ao acréscimo de valor i que vai transformar o capital unitário


inicial no capital 1+i, chamamos de Taxa de Juro. Ela é portanto o acréscimo sofrido
por uma unidade de capital, aplicada durante uma unidade de tempo.
Taxa de Juro e Capitalização
z Na prática, a taxa de juro costuma ser referida a
100 unidades de capital, visto ser usual apresentá-
la na forma de uma percentagem.
z Assim, dizer que uma taxa de juro é de 5% ao ano
significa que durante um ano 100 unidades de
capital produzem 5 unidades do mesmo, sob a
forma de juro.
z Note-se portanto que Juro e Taxa de Juro são
conceitos distintos.
z O vencimento de juros, ou seja, o incremento do
valor dum capital à medida que o tempo vai
decorrendo, representa a Capitalização. A
capitalização consiste assim num processo de
acumulação de capital ou de produção de juros.
Desconto e Taxa de Desconto
z O desconto é o fenómeno inverso da capitalização e corresponde a uma redução do
valor do capital durante um determinado espaço de tempo.
z Considerando o capital (C) no momento t, o desconto (D) constitui a redução desse
capital durante o período compreendido entre t-1 e t.
z O desconto transforma o capital (C) referido a um dado momento t, num capital
inferior (C-D), referido a um momento anterior ao dado (t-1). Note-se que D>0.

C-D C C+J

t-1 t t+1 … t+n

z À semelhança da taxa de juro, pode-se definir Taxa de Desconto (d) como sendo a
redução sofrida por uma unidade de capital descontada durante uma unidade de
tempo. Adiante veremos a extrema importância deste conceito na análise de
investimentos

1-d 1 1+i

t-1 t t+1 … t+n


Valor Actual e Valor Acumulado
C0
Ct
C0 Jt

0 t … t+n
z Considerando o momento 0 como o momento de referência (representando a data
em que nos situamos para efeitos de cálculos) na contagem do tempo. Aí, o capital
tem o valor C0.
z O capital C0 no decurso do tempo irá transformar-se no capital Ct que corresponderá
ao seu valor inicial acrescido do juro vencido no espaço de tempo entre 0 e t.
z Diz-se que Ct é o valor acumulado ou capitalizado de C0 no momento t.
z Diz-se que C0 é o valor actual, actualizado ou descontado no momento 0 do
capital Ct.
z Normalmente designa-se por valor actual o valor do capital no momento de
referência. Em contrapartida, o valor acumulado ou capitalizado será o valor
dum capital num momento posterior ao momento de referência. Inversamente
teremos o valor descontado.
Regimes de Capitalização
z Entende-se por regime de capitalização o processo pelo qual se vai
fazer a liquidação dos juros do capital aplicado.
z Os juros produzidos dependem de dois factores: eles são função do
tempo e são função do capital.
z Esta ligação tempo / capital é responsável pela distinção entre dois
processos de capitalização:
z Um primeiro processo que pressupõe que o juro é dado apenas em
função do tempo, isto é, para o mesmo capital inicial é constante o juro
produzido em cada unidade de tempo: estamos perante o regime de
juro simples;
z Um segundo processo que pressupõe que o juro é dado em função do
tempo e do capital, ou seja, além do capital inicial o juro vencido em
cada unidade de tempo passa imediatamente a vencer juros nas
unidades de tempo posteriores: estamos perante o regime de juro
composto.
Regime de Juro Simples

Capital a
C0 C0 C0 C0 C0 vencer juros

0 1 2 3 … t tempo
Juros
j1 j2 j3 jt vencidos

z Os juros são excluídos do processo de capitalização


após o vencimento.
z O capital que vence juros mantém-se constante.
Regime de Juro Composto

C0 C1 C2 C3 Ct Capital a
vencer juros

0 1 2 3 … t tempo

j1 j2 Juros
j3 jt vencidos

z Os juros vencidos em cada momento são


imediatamente incorporados no processo de
capitalização.
z C1=C0+j1; C2=C1+j2; C3=C2+j3 … Ct=Ct-1+jt
Juro Simples
z Neste regime de juros, sendo constante o capital no início de cada período,
é também constante o juro vencido em cada período.
z Como referimos, isto ocorre porque o juro vencido sai do processo de
capitalização.
z Há portanto uma proporcionalidade directa entre o juro de qualquer período
(j0) e o capital inicial (C0). É constante a relação j0/C0, qualquer que seja o
período.
z Seja:
z C0 =1 Neste caso, e como havíamos visto
z t=1 anteriormente, por definição j0=i (taxa de juro).
z j0 = juro produzido
z Então j0=i ou j0/1=i. Mas como C0=1, podemos escrever

j0
=i expressão que nos permite calcular, em regime de juro simples,
C0 a taxa de juro em função do capital e do juro periódico.
Juro Simples (contin.)
z Da expressão anterior podemos deduzir que:

expressão que nos permite calcular o juro periódico vencido


j0 = C0i pelo capital C0 aplicado em regime de juro simples, à taxa de
juro i.

z Facilmente se depreende que o juro vencido durante t unidades de tempo


será dado por:

t j0 = t C0 i ou, fazendo t j0 = J t

J t = t C0 i expressão do juro vencido durante t períodos, pelo capital C0 ,


à taxa de juro i.
Juro Simples (contin.)
z Admitamos que o capital C0 foi aplicado no momento 0, em regime de juro
simples, durante o prazo t e vencendo juros à taxa i:
C1 = C0 + j1 = C0 + j0
C2 = C1 + j2 = C0 + j0 + j0 = C0 + 2 j0
C3 = C2 + j3 = C0 + 2 j0 + j0 = C0 + 3 j0
L Aquele capital vai sofrendo
L incrementos sucessivos de valor,
Ct = Ct −1 + jt = C0 + (t − 1) j0 + j0 = C0 + t j0 à medida que os juros se vão
isto é vencendo. Não esqueçamos
Ct = C0 + t j0 contudo que esses juros não
mas como
entram no cálculo dos juros dos
t j0 = J t = t C0 i
temos que
períodos subsequentes.
Ct = C0 + t Co i
ou o que é o mesmo que

Ct = C0 (1 + i t )
Fórmula geral de capitalização em regime de juros
simples que permite relacionar o capital no momento
0 com o capital no momento t.
Juro Simples (contin.)
z É possível provar que Jt = Ct – C0
na verdade , J t = t C0 i
mas como Ct = C0 (1 + t i) = C0 + t C0 i
substituin do : Ct = C0 + J t
ou

J t = Ct − C0

z Outras expressões interessantes:

Ct Ct − C0 Jt Ct − C0 Jt
C0 = i= i= t= t=
1+ i t t C0 t C0 i C0 i C0
Juro Composto
z Ao contrário do que acontece em regime de juro simples, o juro produzido em cada
período de capitalização não é constante.
z O juro vencido é integrado de forma contínua no processo de capitalização,
tornando-se portanto crescente. O juro vencido num período também vence juro nos
períodos seguintes.
z Admita-se que foi aplicado, em regime de juro composto, o capital C0 à taxa de juro i:

C1 = C0 + j1 = C0 + C0 i = C0 (1 + i )
C2 = C1 + j2 = C1 (1 + i ) = C0 (1 + i ) 2
C3 = C2 + j3 = C2 (1 + i ) = C0 (1 + i ) 3
L
Ct = Ct −1 + jt = Ct −1 (1 + i ) = C0 (1 + i ) t

Representa a fórmula geral de capitalização em regime de juro


Ct = C0 (1 + i ) t
composto. Na sua forma directa permite calcular o capital
acumulado em função do capital inicial, da taxa e do tempo.
Juro Simples vs. Composto
z São iguais os juros
produzidos ao fim do
primeiro período da taxa,
em ambos os regimes de
capitalização.
sto z Para aplicações em
mpo
co
J.
o– períodos inferiores ao da
u lad
a la
cu
m
taxa, é superior o juro
pi t
Ca s vencido em regime de juro
simple
o – J.
C1 l acu mulad simples.
Capita

C0 z Para aplicações em
Capital inicial
períodos superiores ao da
taxa é superior o juro
vencido em regime de juro
0 1 2 tempo composto.
Juro Composto (contin.)
z Outras expressões interessantes e úteis:

[
Jt = C0 (1+ i) t −1 ] Expressão que permite determinar o juro acumulado, ou o juro
de t períodos em função do capital inicial e da taxa.

jt = C0 (1 + i ) t −1 ⋅ i Expressão que permite determinar o juro vencido no


t-ésimo período.

C0 =
Ct
= C
1
= C (1 + i ) −t

(1 + i ) t t
(1 + i ) t t

Expressão que permite calcular o capital inicial em função do capital acumulado ao


fim de t períodos e da taxa de juro. Trata-se no fundo de calcular o valor actual de
uma quantia futura (ao fim do tempo t) a uma determinada taxa de juro. Trata-se
também, como antes se referiu, de calcular o valor descontado ou actualizado de um
montante futuro.
Relação com a Análise de
Investimentos
z Como já referimos antes, os projectos objecto de investimento devem obedecer ao
princípio económico que se traduz no máximo rendimento com o mínimo custo.
z Para isso é preciso um estudo prévio que consiste em determinar se a corrente de
entradas (benefícios ou receitas) é superior à corrente de saídas (custos ou
pagamentos). A assim não ser, o projecto deve ser rejeitado. Não esqueçamos que
aqui estamos a assumir que os projectos são realizados com fins lucrativos.
z Normalmente, na execução de um projecto de investimento, a corrente de entradas
produz-se em momentos de tempo distintos da corrente de saídas.
z Admitindo que A é o investimento inicial, C1, C2, C3, …, Cn são as saídas e B1, B2, B3,
…, Bn são as entradas e n o período de vida do projecto, teremos então:

A
C2 Cn
C1 C3

t
0 1 2 3
B2 B3
B1 Bn
Relação com a Análise de
Investimentos (contin.)
z Mas o dinheiro tem um valor que é variável com o tempo:

z Um Euro na mão hoje, vale mais que um Euro a ser recebido em


qualquer momento no futuro.

z Razões:

z Porque esse Euro na mão tem, desde já, usos alternativos:


consumo agora versus consumo mais tarde; oportunidades de
poupança e de investimento, etc.
z Porque vivemos num mundo onde há risco e incerteza e,
particularmente quando falamos de investimento, o risco e a
incerteza aumentam à medida que o futuro se torna mais distante.
z Porque vivemos num mundo onde há inflação: muito provavelmente,
o Euro de hoje tem maior poder de compra que o Euro do futuro.
Relação com a Análise de
Investimentos (contin.)
z Por conseguinte, não é igual que uma mesma quantidade de dinheiro esteja
disponível ou tenha de ser paga numa data ou noutra.
z Para que isso seja possível, teremos de transformar essas quantidades em
quantidades equivalentes. Teremos de as homogeneizar.
z Uma vez feito isso, será então possível fazer o estudo da rentabilidade de um
projecto.
z Os procedimentos a seguir para conseguir esta homogeneização são precisamente
os anteriormente estudados:
z Os montantes presentes ou actuais podem ser projectados num determinado
momento no futuro através do processo de capitalização, multiplicando-os pelo
chamado Factor de Capitalização (FC):
FC = (1 + i ) n

z A transformação de valores futuros em quantidades equivalentes no presente


pode fazer-se mediante o processo de actualização, multiplicando-os pelo
chamado Factor de Desconto (FD) ou factor de actualização:
1 −n
FD = = (1 + i )
(1 + i ) n
O significado da taxa i
z A taxa i incluída nos factores de capitalização e de desconto não
tem agora que representar apenas uma taxa de juro, como
tínhamos visto até aqui.
z A taxa i representa agora respectivamente a taxa de capitalização e
a taxa de actualização ou desconto desejada para o projecto de
investimento em causa.
z Ela deve portanto reflectir:
z O Custo de Oportunidade do capital;

z A remuneração pretendida para o capital empregue;

z O risco associado ao investimento realizado;

z A inflação prevista para o período de vida do projecto;

z Etc.
O uso de Tabelas Financeiras
z Os cálculos necessários à determinação de
valores futuros ou de valores actuais
(capitalização e actualização ou desconto) de
um qualquer montante de capital, ao fim de
um determinado período de tempo, podem
ser facilmente realizados com o auxílio das
chamadas Tabelas Financeiras.
z Aceda directamente a Tabelas Financeiras
aqui, e consulte os próximos diapositivos
para conhecer o seu modo de utilização.
O uso de Tabelas Financeiras
z Por exemplo para calcular o valor
futuro de 1000 €, ao fim de cinco
anos, a uma taxa de capitalização de
2% ao ano, bastará encontrar na
tabela o respectivo Factor de
Capitalização, e multiplicá-lo pelo
capital inicial:
VF = 1.000 € x 1,10408 = 1.104,08 €

z Não esqueça que deverá estar na


folha de cálculo correspondente aos
Factores de Capitalização.
z Situação semelhante poderia ser
seguida para um caso de
actualização, desde que devidamente
colocados na folha dos Factores de
Desconto.

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