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ELEMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DO ARTIGO

INTRODUÇÃO
A introdução é a primeira parte do texto cientifico e deve
apresentar o tema proposto, expor o problema, discutir ideias de outros
autores que trataram do assunto, fazendo as devidas referências em
correspondência biunívoca com a listagem de trabalhos citados no final do
artigo (Referências). A introdução consiste na fundamentação teórica
problematizada do trabalho realizado ou revisão da literatura. Ao longo da
elaboração da introdução, os autores devem questionar-se sempre sobre
se o que estão escrevendo tem relação com o problema de seu estudo.
(SABADINI; SAMPAIO; KOLLER, 2009, p. 131)

1. DEFINIÇÃO CONCEITUAL DO TEMA


A escolha de um tema representa uma delimitação de um campo de estudo no
interior de uma grande área de conhecimento, sobre o qual se pretende debruçar. É
necessário construir um objeto de pesquisa, ou seja, selecionar uma fração da realidade
a partir do referencial teórico-metodológico escolhido (BARRETO; HONORATO,
1998, p. 62).

É fundamental que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a


qual a pessoa já tenha alguma intimidade intelectual, sobre a qual já tenha alguma
leitura específica e que, de alguma forma, esteja vinculada à carreira profissional que
esteja planejando para um futuro próximo (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 62). O
tema de pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser abordada. É uma primeira
delimitação, ainda ampla.

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA: ELEMENTOS/ ASPECTOS/FATORES QUE O


CONSTITUEM.
Delimitar é indicar a abrangência do estudo, estabelecendo os limites
extencionais e conceituais do tema. Enquanto princípio de logicidade, é importante
salientar que, quanto maior a extensão conceitual, menor a compreensão conceitual e,
inversamente, quanto menor a extensão conceitual, maior a compreensão conceitual.
Para que fique clara e precisa a extensão conceitual do assunto, é importante situá-lo em
sua respectiva área de conhecimento, possibilitando, assim, que se visualize a
especificidade do objeto no contexto de sua área temática (LEONEL, 2002).

O pesquisador deve contextualizar de forma sucinta o tema de sua pesquisa.


Contextualizar significa abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto
no qual o problema a seguir será inserido. Essa é uma forma de introduzir o leitor no
tema em que se encontra o problema, permitindo uma visualização situacional da
questão (OLIVEIRA, 2002, p. 169).

3. LEIS RELACIONADAS AO TEMA


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A depender do tema investigado é importante apresentar leis ou documentos que


regulam as ações no contexto de investigação ou intervenção realizada. As leis podem
estabelecer critérios e dimensões, tanto de análise e investigação como parâmetros para
a atuação profissional. Normativas que definem direitos de uma dada população e/ou
fundamentos para a atuação profissional podem ser apresentadas. As normativas do
Conselho Federal de Psicologia, também podem servir como base para uma
apresentação do tema do estudo.

4. DADOS SOBRE O TEMA/ASSUNTO INVESTIGADO.


Dados atuais sobre o tema investigado permite apresentar ao leitor a importância
do mesmo. Os dados devem ser de fontes confiáveis e fidedignas. Institutos de pesquisa
ou mesmo um estudo que fez algum levantamento podem ser usados como fontes. Por
exemplo, se o tema é segurança no trabalho ou acidentes de trabalhos, dados atuais no
Brasil, na região em que a pesquisa é feita ou até em relação ao tipo de trabalho e
função em que está se realizando o estudo são informações fundamentais para justificar
o tema proposto.

5. REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE O TEMA (ESTUDOS EMPÍRICOS


ANTERIORES – FATORES INVESTIGADOS E RESULTADOS OBTIDOS)

Nessa etapa, como o próprio nome indica, analisam-se as mais recentes obras
científicas disponíveis que tratam do assunto ou que deem embasamento teórico e
metodológico para o desenvolvimento da pesquisa. É aqui também que são explicitados
os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa.

Também chamada de “estado da arte”, a revisão da literatura demonstra que o


pesquisador está atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento em
investigação. Além de artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já
publicados, as monografias, dissertações e teses constituem excelentes fontes de
consulta.

6. ESTUDOS/PESQUISAS EMPÍRICOS RELACIONADOS DIRETAMENTE


AO ASSUNTO E OBJETIVO PROPOSTO.
Nessa etapa é importante apresentar estudos recentes e empíricos que tenham
relação direta com o tema proposto. Uma síntese desses estudos mais recentes deve
conter: objetivo do estudo, população/participantes, método empregado, principais
resultados e as principais conclusões dos autores.

7. SÍNTESE DO TEXTO.
A síntese do texto envolve apresentar os principais elementos já descritos na
introdução. Tais elementos devem ser aqueles que o autor identificou como os mais
relevantes para a formulação do “problema de pesquisa”, que definirá a justificativa
para o estudo a ser realizado.
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8. JUSTIFICATIVA: PERGUNTA/PROBLEMA/DEMANDA/QUEIXA/
LACUNA NO CONHECIMENTO.
A justificativa envolve aspectos de ordem teórica, para o avanço da ciência, de
ordem pessoal/profissional, de ordem institucional (universidade e empresa) e de ordem
social (contribuição para a sociedade).
Deve procurar responder:
Qual a relevância da pesquisa?
Que motivos a justificam?
Quais contribuições para a compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa
apresentará?

Silva e Menezes (2001, p.31) afirmam que o pesquisador precisa fazer algumas
perguntas a si mesmo: o tema é relevante? Por quê? Quais pontos positivos você
percebe na abordagem proposta? Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua
pesquisa irá proporcionar?

9. OBJETIVO.
Relaciona-se com a visão global do tema e com os procedimentos práticos.
Indicam o que se pretende conhecer, ou medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou
seja, as metas que se deseja alcançar.
Uma ação individual ou coletiva se materializa através de um verbo. Por isso é
importante uma grande precisão na escolha do verbo, escolhendo aquele que
rigorosamente exprime a ação que o pesquisador pretende executar (BARRETO;
HONORATO, 1998).

Outro critério fundamental na delimitação dos objetivos da pesquisa é a


disponibilidade de recursos financeiros e humanos e de tempo para a execução da
pesquisa, de tal modo que não se corra o risco de torná-la inviável. É preferível diminuir
o recorte da realidade do que se perder em um mundo de informações impossíveis de
serem tratadas (BARRETO; HONORATO, 1998).

O objetivo deve ser definido com:


1. Clareza: deixar explícito o significado que está sendo usado. Deve-se evitar termos
amplos utilizados isoladamente como: comportamento, psiquísmo, carente, psicológico.
2. Precisão: deixar claro os limites de sua aplicabilidade. Termos não precisos como,
inadequados, vários, alguns, muitos, também devem ser evitados.

Alguns dos verbos utilizados na redação dos objetivos costumam ser:

ANALISAR; AVALIAR; COMPREENDER; CONSTATAR; DEMONSTRAR;


DESCREVER; ELABORAR; ENTENDER; ESTUDAR; EXAMINAR; EXPLICAR;
IDENTIFICAR; INFERIR; MENSURAR, VERIFICAR. DESENVOLVER,
PROMOVER E APLICAR.
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Vamos Lembrar que na introdução, o leitor deve ser capaz de explicar:

• o que as pesquisas anteriores ensinaram?


• o que a presente pesquisa adicionará?
• por que essa adição será importante?
• por que será necessária a realização da pesquisa?
• já existe uma ou mais revisões sistemáticas do assunto?
• foi discutida a necessidade da pesquisa baseada nos resultados desta
revisão?
• quais são as principais perguntas a serem respondidas?
• como a hipótese e o delineamento experimental se relacionam com o
problema? (No caso de estudos experimentais);
• foram incluídos artigos históricos ou clássicos?
• foram incluídos estudos nacionais?
• foram incluídos artigos publicados nos países latino-americanos?
• foi obedecida uma cronologia na apresentação das ideias revisadas?
• quais são os objetivos (gerais e/ou específicos) da pesquisa? Qual e o
problema que esta sendo respondido?
• o problema e as hipóteses foram justificados teoricamente?
(SABADINI; SAMPAIO; KOLLER, 2009)
Cabe lembrar que uma introdução não é uma colcha de retalho ou informações lançadas
de forma desconexas e estanques. O texto introdutório, assim como os que compõem as outras
secções deve ser coeso e possuírem coerência entre si. O mesmo deve ser fluido, objetivo e com
as ideias organizadas de maneira lógica.

MATERIAL E MÉTODO

Metodologia é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de


uma pesquisa. Em uma pesquisa existem métodos de abordagem e métodos de
procedimento. O método de abordagem diz respeito à concepção teórica utilizada pelo
pesquisador, enquanto o de procedimento relaciona-se à maneira específica pela qual o
objeto será trabalhado durante o processo de pesquisa. (FINDLAY, COSTA, &
CAMARGO GUEDES, 2006)

Local:
O local deve ser apresentado, considerando sua estrutura física e função social.
Se for uma instituição ou organização é importante, em alguns casos, apresentar o
histórico e qual o setor econômico e/ou social que se destina. Em alguns casos é
importante mencionar o número de funcionários e pessoas atendidas, assim como o
histórico da instituição e sua abrangência (local, regional, nacional e internacional)

Participantes
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As principais características dos participantes como variação da idade, gênero,


profissão, função (se for o caso). Se estudantes, inserir a série em que estão cursando.
Condições sócio-econômicas também devem ser apresentadas. Se necessário indicar
região geográfica. No caso de participantes com características específicas ou que
requer algum destaque, em função do tipo de estudo que se está realizando, tais
características devem ser descritas detalhadamente.

Instrumentos/Material
O material ou instrumento é conjunto de recursos técnicos que serão
utilizados para avaliar e/ou mensurarem as variáveis dos sujeitos que interessam ao
pesquisador. Podem ser equipamentos (gravador de sons), um teste, um roteiro de
entrevista ou um método de observação de comportamentos. (CAMPOS, 1999)
Os instrumentos e Material devem ser mencionados e uma descrição geral dos
mesmos deve ser apresentada nesse tópico.
Exemplos de INSTRUMENTOS são apresentados por Campos
c) Métodos baseados em papel (McLeod, 1994): composto
basicamente por questionários, testes, inventários, escalas e
formulários, este tipo de instrumento possui a necessidade de
uma forte análise psicométrica antes de sua utilização
(Hammond, 1995). São também conhecidos como métodos de
auto-relato, sendo que o sujeito fornece informações de estados
ou elementos psicológicos que não podem ser observados
diretamente pelo pesquisador (Barker, Pistrang e Elliott, 1994).
São os meios mais frequentemente utilizados na pesquisa
psicológica, e possuem basicamente três tipos de perguntas: (1)
abertas - quando não especificam as respostas esperadas, (2)
mistas, quando restringem o espectro de respostas possíveis e
(3) fechadas - quando oferecem as alternativas pré-determinadas
para a resposta; (...)
e) Entrevista (Breakwell, 1995a): embora não se tenha dados
conclusivos, a entrevista talvez seja o método com menor
precisão e fidedignidade. É um material frequentemente
utilizado em pesquisas psicológicas que vão da área clínica à
social, mas que exige preparo e ética na sua condução. A
entrevista pode ser estruturada (utilizando-se de um roteiro) ou
livre (sem qualquer roteiro ou guia), ou, como nos métodos
baseados em papel, valer-se de perguntas abertas, fechadas ou
mistas. (p. 95)

Exemplos de MATERIAL:
Jogos, brinquedos, material didático, diários de campo, câmeras, gravadores,
mobiliários, computadores e dispositivos eletrônicos móveis, sites utilizados, etc...

Procedimento/Desenvolvimento
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O procedimento deve ser cuidadosamente descrito para que possa ser replicado
por outro pesquisador, já que é o elemento mais importante do método. Sem uma
adequada descrição, a replicabilidade do estudo está comprometida, e assim sua
generabilidade também se restringe. No procedimento é obrigatório o planejamento de
todas as etapas da pesquisa até o final da coleta de dados (CAMPOS, 1999). A secção
do método deve informar aos leitores o que foi feito e como foi feito com suficiente
detalhamento. (SABADINI; SAMPAIO; KOLLER, 2009)

No procedimento, as etapas devem ser apresentadas e organizadas de uma forma


cronológica. No entanto, não são as datas que são mais importantes, mas sim a ordem
de como as atividades foram realizadas. Para cada uma das etapas devem ser
apresentados o objetivo e uma descrição detalhada de todas as atividades realizadas por
quem conduz o estudo. As etapas podem ser definidas por atividades comuns e
semelhantes.

Uma observação importante é que no procedimento/desenvolvimento se


descreve o que o pesquisador programou e realizou: suas atividades e ações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são os produtos que decorrem das etapas/atividades e ações


realizadas pelo pesquisador. A partir do método empregado quais foram os resultados
obtidos?
Os resultados devem ser descritos também de forma ordenada e
preferencialmente de acordo com as etapas realizadas. Na descrição é importante apenas
apresentar os que de fato ocorreu e após a mesma é possível fazer uma análise, mas
sempre pautada em um referencial teórico.
Nos resultados ainda não se apresentam as impressões pessoais. Aliás,
impressões pessoais devem ser evitadas, pois como já mencionado a análise tem que ser
pautada em referênciais conceituais sólidos.
Ao final dessa secção uma síntese dos principais resultados, juntamente com
uma análise geral deve ser feita. Também é importante apresentar se os resultados, com
base na metodologia empregada, se atingiram ou não o objetivo proposto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As seguintes questões devem ser respondidas nas considerações finais

- Com base nos resultados quais as principais conclusões do estudo?


- Quais as principais lacunas (o que o estudo poderia ter investigado e não
investigou/ o que faltou investigar)
- Propostas de novos estudos (Quais são as propostas para estudos futuros)
- Implicações práticas (Quais seriam as principais extensões do estudo/ Quais
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seriam as principais contribuições desse estudo)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Conforme normas da ABNT.

APÊNDICES E ANEXOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de


sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

CAMPOS, L. F. L. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia, 3ª Ed. Alínea e


Átomo. 2008

FINDLAY, Eleide Abril Gordon; COSTA, Mauro; SANDRA PASCHOAL LEITE DE


CAMARGO GUEDES, Sandra Paschoal Leite de Camargo. Guia para Elaboração de
Projetos de Pesquisa. 2ª ed. Joinville, SC: Univille, 2006. Disponível
em: www.univille.br/arquivos/2340_LV_Guiaprojeto_2006digital.pdf

LEONEL, Vilson (Org.). Diretrizes para a elaboração e apresentação da


monografia do curso de Direito. Tubarão, 2002.

OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Metodologia científica aplicada ao Direito. São Paulo:
Thomson, 2002.

SABADINI, A. A. Z. P., SAMPAIO, M. I. C., & KOLLER, S. H. (Orgs.). Publicar em


psicologia: um enfoque para a revista científica. São Paulo: Associação Brasileira de
Editores Científicos de Psicologia; Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo. 2009. Disponível em:
http://www.ip.usp.br/biblioteca/pubcursos/publicar_psicologia_1edicao_2009_WEB_C
OR_13%20jul%202009. pdf

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muskat. Metodologia da pesquisa e


elaboração de dissertação. 3. ed. rev. e atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino à
Distância da UFSC, 2001.

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