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Estrutura da dissertação

Introdução
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Conclusão

  Contextualização do tema
 Introdução  Explicitação da tese
 Apresentação do projeto de texto

 Retomada do projeto de texto


 Comprovação do projeto de texto


Desenvolvimento (informatividade)
 Posicionamento crítico (marca de autoria)

 Retomada do projeto de texto




 Comprovação do projeto de texto
 Desenvolvimento (informatividade)
 Posicionamento crítico (marca de autoria)

Conclusão
Introdução

Estrutura da introdução

 Contextualização do tema
 Explicitação da tese
 Apresentação do projeto de texto

Exemplos:
Enem 2020“O estigma associado às doenças mentais na
sociedade brasileira”

"Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo


contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor
de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos
psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com
patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados.
Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e,
também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas
mídias.

"No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal,


Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios
de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é
frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade
de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às
doenças mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio
a ser sanado. Isso ocorre, seja pela negligência governamental
nesse âmbito, seja pela discriminação desta classe por parcela da
população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa
chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano
não mais reflita o contexto atual da nação.
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e
mental seria imprescindível para a manutenção da integridade
humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção
ao aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças,
também é alvo de estigmatização na sociedade brasileira. Tal
discriminação é configurada a partir da carência informacional
concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a
falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve
ser solucionado urgentemente.

Enem 2019: Democratização do acesso a cinema no Brasil

Para o filósofo escocês David Hume, a principal característica


que difere o ser humano dos outros animais é o poder de seu
pensamento, habilidade que o permite ver aquilo que nunca foi
visto e ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob essa ótica, vê-se
que o cinema representa a capacidade de transpor para a tela as
ideias e os pensamentos presentes no intelecto das pessoas, de
modo a possibilitar a criação de novos universos e, justamente
por esse potencial cognitivo, ele é muito relevante. É prudente
apontar, diante disso, que a arte cinematográfica deve ser
democratizada, em especial no Brasil – país rico em expressões
culturais que podem dialogar com esse modelo artístico –, por
razões que dizem respeito tanto à sociedade quanto às leis.

No século XIX, os avanços tecnológicos e científicos


proporcionaram às populações novas alternativas de lazer,
dentre as quais se pode citar o cinema. No Brasil, atualmente,
tal forma de diversão tem se destacado, uma vez que promove
a interação com o público de maneira singular, isto é, gera
muitas emoções aos indivíduos. Apesar disso, verifica-se que,
em nosso país, o acesso ao cinema não é disponibilizado a todos
os cidadão, seja pela falta de investimentos, seja pelo alto custo
cobrado por empresas para assistir a um filme. Assim, tendo em
vista a importância desse lazer, ele deve ter seu acesso
democratizado, a partir da resolução de tais entraves.

Considerações importantes:

Tese: opinião (caráter subjetivo)


Dado: característica, fato (caráter objetivo)

Assim, dados (citações, dados estatísticos, fatos históricos) não


podem constituir a tese, pois esta pressupõe opinião.
Exemplos:
Tutóia é um município do Estado do Maranhão. Sua população
estimada, em 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística foi de 58.860 habitantes, exceto em seus povoados.

A cidade de Tutóia possui praias lindas. Algumas desertas, com


águas limpas e paisagens deslumbrantes. Para que pretende
ficar na cidade, as pousadas têm ótima localização e ao mesmo
tempo são muito confortáveis.

Parnaíba é uma cidade do Piauí, a segunda mais populosa do


Estado. Situa-se no litoral juntamente com os seguintes
municípios: Ilha Grande, Luís Correia, Cajueiro da Praia.

Parnaíba possui uma das formações geográficas mais diferentes


e bonitas do país: o Delta do Parnaíba. A cidade é
impressionante: praias, lagos e rios, dunas e mangues. Tudo em
um só lugar, um paraíso para moradores e turistas.
Na turma 301, do Centro de Ensino Casemiro de Abreu, há 50
alunos matriculados.

Os alunos da turma 301 do Centro de Ensino Casemiro de


Abreu são estudiosos e interessados.

Em 2018, no Brasil, houve 57.956 homicídios, uma taxa de 27,8


mortes violentas por 100 mil habitantes.

Segundo o Estadão, o Brasil teve, no ano passado, o maior


número de mortes violentas do mundo. Foram 70,2 mil mortos,
o que equivale a mais de 12% do total de registros em todo o
planeta.

O Brasil apresenta atualmente índices inaceitáveis de violência.

Transformação do tema em tese


A tese deve conter:
 afirmação
 tempo (quando?)
 lugar (onde?)

Tema: A questão da água na sociedade brasileira


Tese: A crise hídrica tem se agravado cada vez mais no Brasil
nos últimos anos.
Tema: Violência contra idosos na sociedade brasileira
Tese: Em nossos dias, a violência contra idosos é um mal que
afeta uma grande parcela da sociedade brasileira.
Tese: A violência contra idosos é um desafio a ser enfrentado
de forma mais organizada pelo Estado em nossos dias.
Tese: Infelizmente, a violência contra idosos é uma das grandes
marcas de desigualdade social do país nos últimos anos.
Tese: Atualmente, a violência contra idosos tem crescido de
maneira alarmante na sociedade brasileira.

Tema: O estigma associado às doenças mentais na sociedade


brasileira (Enem 2020)
Tese: Em nossos dias, o estigma relacionado às doenças
mentais no Brasil é um mal que tem afetado grande parcela da
sociedade brasileira.

Tema: O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do


Brasil
Tese: As desigualdades sociais entre as regiões do Brasil é um
desafio a ser enfrentado de forma mais organizada pelo Estado
em nossos dias.

Melhorando a tese:
Troca do "é" por "representa", "figura como"
Troca do "tem crescido" por "tem aumentado", "tem se
agravado"
Em nossos dias, o estigma relacionado às doenças mentais no
Brasil representa um mal que tem afetado grande parcela da
sociedade brasileira.

As desigualdades sociais entre as regiões do Brasil representam


um desafio a ser enfrentado de forma mais organizada pelo
Estado em nossos dias.

Contextualização do tema (Contexto):


Referência a fatos, tópicos, elementos, dados que remetem ao
tema. Representam uma preparação ao que será anunciado na
tese. É importante que a contextualização tenha relação com o
tema e não seja genérica a ponto de transparecer artificialidade.
Para iniciar a introdução da redação, você precisa fazer uma
contextualização. O contexto ou assunto é algo mais amplo do
que o tema, mas que se relaciona com ele. Por exemplo: o tema
da redação de 2017 foi “desafios para a formação educacional
dos surdos no Brasil”.
O contexto poderia ser sobre educação, sobre surdez, sobre a
marginalização de pessoas com deficiência, entre outras
possibilidades.
O contexto é um bom lugar para você citar algum repertório,
como um livro, um filme, uma música, um dado histórico ou
estatístico. Lembre-se: para você tirar uma nota boa, é preciso
agenciar um repertório sociocultural. Mas não se preocupe
achando que repertório sociocultural é só citar filósofos. Pense
que repertório sociocultural é tudo aquilo que você aprende na
escola.
Para enriquecer o repertório cultural na Redação do Enem você
pode citar desde leis da Física e até filósofos! Sem esquecer que
filmes, séries, livros e músicas também são repertório
sociocultural.

Exemplo de introdução de redação de um candidato que prestou


o Enem em 2017. O tema da redação foi “desafios para a
formação educacional dos surdos no Brasil”:

“Na obra ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, o realista


Machado de Assis expõe, por meio da repulsa do personagem
principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a
maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes.
Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos,
a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na
precária condição da educação ofertada aos surdos no País, a
qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse
grupo, especialmente no ramo laboral”.

Como iniciar a introdução da redação

1) Pergunta/questionamento

Você pode começar a introdução da redação fazendo uma


pergunta que será respondida ao longo do texto.
Por exemplo:
É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e
com justiça social enquanto existir tanta violência contra
menores de idade?
Será que o Brasil está caminhando para melhorar a
qualidade de vida de sua população? Dados da Receita Federal
mostram que apenas 1% da população concentra 30% de toda a
riqueza declarada em bens e ativos financeiros no país, o que
mostra que ainda há uma grande desigualdade social, mesmo
que tenham sido implantados, nas últimas décadas, uma série
de programas assistenciais e de geração de renda. É evidente,
portanto, que o país ainda tem um longo caminho a percorrer.

2) Apontar um dado histórico


Outra técnica para iniciar a introdução é citando um dado
histórico, sempre com indicação precisa de datas ou referências
de acontecimentos históricos.
Exemplos:
Às crianças, nunca foi dada a importância devida. Em
Canudos e em Palmares, não foram poupadas. Na Candelária
ou na praça da Sé, continuam não sendo.

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro,


do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e
permaneceu forte. A mulher era vista, na transição entre a Idade
Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo
seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, na
Era Vargas. Mas o voto e as conquistas das últimas décadas não
eliminaram o problema da violência de gênero. As raízes
profundas do machismo, junto da insuficiência das leis e da
lenta mudança de mentalidade, fazem com que o problema
ainda precise ser seriamente enfrentado pelo poder público e
pela sociedade.
3) Comparação

A comparação pode ser com outro país, época ou civilização.


Você pode, por exemplo, mostrar como o Brasil poderia se
inspirar no modelo de outro país para caminhar com alguma
questão aqui. Mas vamos tomar alguns cuidados:
- Primeiro, lembre-se que o que funciona em outro lugar pode
não funcionar aqui, pois há características sociais distintas;
- Além disso, cuidado com a síndrome do vira-lata. Certo país
pode ter encontrado uma forma interessante de lidar com um
problema, mas isso não significa que tal país é mais adiantado”
do que nós. Vamos abandonar a concepção de países
desenvolvidos e subdesenvolvidos para passar a falar de ideias,
experiências, propostas.
- Outro ponto importante: respeite a Constituição Brasileira e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma comparação
com povos da antiguidade que lidavam de forma diferente com
a justiça (que permitiam a justiça com as próprias mãos, por
exemplo) pode ser descabida e tirar pontos da sua redação.
Exemplo
Enquanto países como Israel, Finlândia, Suécia e Japão
investem entre 3 e 4 por cento do PIB em pesquisa e
desenvolvimento, esse número no Brasil é de 1,3 por cento. Não
à toa, enquanto esses países exportam tecnologia e produtos de
alto valor agregado, o Brasil continua em sua posição de
exportador de commodities.
Exemplo:
É comum encontrar crianças de dez anos de idade
vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA
ou na Inglaterra – países desenvolvidos – nessa idade, as
crianças estão na escola e não submetidas à violência das ruas.

4) Dado estatístico

Você também pode apresentar um dado estatístico – sempre


referenciando de onde a informação foi extraída. Por
exemplo: Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo,
vítimas de doenças comuns combinadas com a desnutrição,
segundo a UNICEF. Para cada criança que morreu hoje, muitas
outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes,
metade nunca colocará os pés em uma sala de aula.

5) Citação

Outra forma de iniciar a redação é usando uma citação. Você


pode utilizar o discurso direto (quando você escreve a frase
exata, entre aspas, assim como a frase do Criolo no exemplo a
seguir) ou o discurso indireto (quando você escreve com as suas
palavras e não usa aspas). Se você não se lembrar da frase exata,
cite de forma indireta, mas nunca se esqueça de indicar o autor.
É importante que a ideia da citação esteja alinhada ao raciocínio
que você vai desenvolver e à tese que você vai defender.
Uma boa citação não é, necessariamente, a frase de um
filósofo. Pode ser a fala de um político, de um artista ou até um
trecho de música. Veja a introdução abaixo, retirada de uma
redação sobre o problema da saúde pública no Brasil:

Por exemplo:
‘‘Navegar é preciso, viver não é preciso”. Com leve
estremecimento de susto, aplica-se o antigo verso do poeta
Fernando Pessoa ao sistema de informação, pesquisa e
correspondência por computador, a comunicação online, a
Internet.
“Plano de saúde de pobre, fi, é não ficar doente”. O trecho
da música “Boca de Lobo”, do rapper Criolo, mostra o drama
da saúde pública no Brasil. Enquanto os ministros, senadores e
membros do alto escalão do governo usufruem, junto da elite,
de hospitais particulares reconhecidos internacionalmente, a
população fica à mercê de um sistema de saúde lento e
sobrecarregado. Enquanto a classe política não precisar usar os
serviços do SUS, ela continuará a negligenciá-lo.

6) Definição, conceituação

Você também pode começar a introdução da redação utilizando


uma definição ou um conceito.
Uma introdução com conceituação é aquela em que o estudante
explica um conceito que seja central para o tema proposto.
Nesse caso, além de apresentar o conceito, procure mostrar
porque ele é importante para o tema que será abordado. Veja
este exemplo em que a aluna explica o conceito de isonomia:

Isonomia é a noção, em lei, de que todos são iguais. Ruy


Barbosa, uma vez, definiu o conceito da seguinte forma: "tratar
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida
de suas desigualdades". As leis, portanto, devem seguir essa
diretriz e ser aplicadas de acordo com as transgressões. Mas
será possível aos desiguais se tornarem iguais?
Exemplo:
A gíria é um patrimônio comum, é um instrumento de
comunicação que parece imprescindível, sobretudo, para a
juventude. Até mesmo as gerações que a condenavam acabaram
por assimilar algumas expressões de maior ocorrência.

7) Narração não ficcional


Você pode trazer uma notícia que leu nos jornais, um episódio
da política ou até uma descoberta da Ciência. É importante
garantir que a história seja verificável, pois o corretor precisa
saber que o fato aconteceu ou, ao menos, encontrar facilmente
na internet. Portanto, evite situações que aconteceram no seu
bairro ou na sua família.
Ao fazer uma narração não ficcional, você também mostrará o
seu repertório de atualidades e ganhará pontos nesse item. O
exemplo é de uma redação sobre a intolerância religiosa:

Em 2014, no Guarujá, litoral paulista, uma mulher foi


amarrada, espancada e morta na rua por dezenas de pessoas que,
após lerem boatos na internet, a acusavam de utilizar crianças
em rituais de magia negra. Essa história, assim como inúmeras
outras semelhantes, são resultado da persistência da
intolerância religiosa na sociedade brasileira.

8) Narração ficcional

Escolha uma situação de um livro, filme ou série que esteja


relacionada ao tema apresentado na proposta e, a partir daí,
mostre como a vida imita a arte e vice-versa. Ou seja, você
precisa trazer a situação ficcional para a realidade. Veja como
a autora faz isso na introdução abaixo (selecionada de uma
redação que aborda o tema do sistema prisional brasileiro):

No seriado "Orange is the New Black", as detentas da


prisão Lichfield organizaram uma rebelião para melhorar as
condições de educação, alimentação e outros serviços prestados
na instituição e obtiveram relativo sucesso em suas demandas.
Já na realidade brasileira, rebeliões em presídios não costumam
acabar bem. No conhecido episódio do Carandiru, em 1992, a
rebelião resultou em um massacre que vitimou 111 presos. Em
2017, durante as várias rebeliões ocorridas por todo o Brasil, o
número de mortos foi ainda maior.

Importante: elementos de conexão entre a contextualização


e a tese!

Se a contextualização for positiva, devemos iniciar a tese com


elementos de oposição. (No Brasil, entretanto...). Assim,
contextualização positiva + tese negativa.
Se a contextualização for negativa, devemos na tese colocar
elementos que tragam a ideia de semelhança. (De forma
análoga no Brasil...). Assim, contextualização negativa + tese
negativa.

Exemplos:
Negativo + negativo (analogia)
De acordo com relatório da OMS, 39% dos idosos são
vítimas de violência em Portugal, um dos cinco países que pior
tratam os mais velhos na Europa. De forma análoga, no Brasil,
a violência contra esse grupo representa um desafio a ser
enfrentado de forma mais organizada pela sociedade.

Em 2014, no Guarujá, litoral paulista, uma mulher foi amarrada,


espancada e morta na rua por dezenas de pessoas que, após
lerem boatos na internet, a acusavam de utilizar crianças em
rituais de magia negra. Essa história, assim como inúmeras
outras semelhantes, são resultado da persistência da
intolerância religiosa na sociedade brasileira.

Positivo + negativo (oposição)

Em países orientais com Japão e China, a população com


mais idade é entendida como sábia e valorizada nas
comunidades em que vivem. No Brasil, entretanto, a violência
contra idosos representa um desafio a ser enfrentado de forma
mais organizada pela sociedade.

De modo ficcional, o filme “Cine Holiúdi” retrata o


impacto positivo do cinema no cotidiano das cidades, dada a
sua capacidade de promover o lazer, socialização e cultura.
Entretanto, na realidade, tais benefícios não atingem toda a
população brasileira, haja vista a elitização dos meios
cinematográficos e a falta de infraestrutura adequada nos
cinemas existentes. Sendo assim, urge a análise e a resolução
desses entraves para democratizar o acesso ao cinema no Brasil.

Aristóteles, grande pensador da Antiguidade, defendia a


importância do conhecimento para a obtenção da plenitude da
essência humana. Para o filósofo, sem a cultura e a sabedoria,
nada separa a espécie humana do restante dos animais. Nesse
contexto, destaca-se a importância do cinema, desde a sua
criação, no século XIX, até a atualidade, para a construção de
uma sociedade mais culta. No entanto, há ainda diversos
obstáculos que impedem a democratização do acesso a esse
recurso no Brasil, centrados na elitização do espaço público e
causadores da insuficiência intelectual presente na sociedade.
Com isso, faz-se necessária uma intervenção que busque
garantir o acesso pleno ao cinema para todos os cidadãos
brasileiros.

Apresentação do projeto de texto


Argumentos explícitos
Enumeração final
Encaminhamento argumentativo

1. Argumentos explícitos:
Isso se evidencia não só por (Argumento 1), mas também
por (Argumento 2).

Exemplos:
"No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal,
Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios
de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é
frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade
de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às
doenças mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio
a ser sanado. Isso ocorre, seja pela negligência governamental
nesse âmbito, seja pela discriminação desta classe por parcela da
população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa
chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano
não mais reflita o contexto atual da nação.
"Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que,
indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a
favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos
psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com
patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados.
Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e,
também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas
mídias.

Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista,


desenvolveu em suas obras uma “teologia do traste”, cuja
principal característica reside em dar valor às situações
frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica
barrosiana, faz-se preciso, portanto, valorizar também a
problemática das doenças mentais no Brasil, ainda que elas
sejam estigmatizadas por parte da sociedade. Nesse sentido, a
fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante
analisar a negligência estatal e a educação brasileira.

2. Enumeração final
Entre os fatores relacionados a esses fatores, destacam-se:
(Argumento 1, argumento 2 e argumento 3)
As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no
mundo globalizado, foram marcadas por consideráveis avanços
científicos, dentre os quais destacam-se as tecnologias de
informação e comunicação (TICs). Nesse sentido, tal panorama
promoveu a ampliação do acesso ao conhecimento, por intermédio
das redes sociais e mídias virtuais. Em contrapartida, nota-se que
essa realidade impôs novos desafios às sociedades
contemporâneas, como a possibilidade de manipulação
comportamental via dados digitais. Desse modo, torna-se premente
analisar os principais impactos dessa problemática: a perda da
autonomia de pensamento e a sabotagem dos processos políticos
democráticos.

Os filmes, além de promoverem entretenimento, têm uma


função social muito importante: a de denúncia. O movimento de
Cinema Marginal, por exemplo, ocorrido na segunda metade do
século XX, tornou-se único por retratar as mais diversas
desigualdades de nosso país. Por conta desse caráter tão plural,
democratizar o acesso à Sétima Arte no Brasil se faz extremamente
necessário. Contudo, quanto a isso, existem vários desafios, sendo
os principais: a desuniforme distribuição do parque exibidor e o alto
preço cobrado pelos ingressos.

3. Encaminhamento argumentativo
Sob esse aspecto convém analisarmos as principais causas,
consequências e possíveis medidas relacionadas a esse
fenômeno.
Exemplo:
O termo “imprensa” deriva da expressão “prensa móvel”,
processo gráfico aperfeiçoado por Johannes Gutenberg no
século XV e utilizado, a partir do século XVIII, como
instrumento de apoio à atividade jornalística de divulgação das
informações que não eram meramente propagandísticas. No
Brasil, entretanto, seus profissionais têm passado por grandes
desafios, sobretudo durante a atual pandemia para exercer seu
ofício. Nesse sentido, convém analisarmos as principais causas,
consequências e possível medida relacionada a esse perigoso
fenômeno.
Desenvolvimento
 Retomada do projeto de texto

 Comprovação do projeto de texto


Desenvolvimento (informatividade)
 Posicionamento crítico (marca de autoria)

Retomada do projeto de texto

É a frase que recapitula, retoma o que foi mencionado na


introdução.

Exemplo 1:

Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira


que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época,
lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com
transtornos psicológicos. No contexto nacional atual,
indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos
estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas
sobre o assunto e, também, existe uma carência de
representatividade desse grupo nas mídias.
Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das
principais causas da criação de preconceitos contra portadores
de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês
Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas
por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o
tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser
presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma
parcela significativa da população lidar com alguma patologia
mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o
tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são
capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos
e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a
estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.
Ademais, a carência de representatividade nos veículos
midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios
psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora
HBO, "Euphoria", mostra as dificuldades de conviver com
Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista
Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de
representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de
maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a
representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries,
que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens
secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse
modo, esse processo agrava os estereótipos contra essas pessoas
e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

Exemplo 2:
"No filme estadunidense “Coringa”, o personagem
principal, Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz
ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público,
motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em
consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos
cidadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na
sociedade brasileira ainda configura um desafio a ser sanado.
Isso ocorre, seja pela negligência governamental nesse âmbito,
seja pela discriminação desta classe por parcela da população
verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa chaga
social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano não
mais reflita o contexto atual da nação.
Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos
transtornos da mente, é válido retomar o aspecto supracitado
quanto à omissão estatal neste caso. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país que
apresenta o maior número de casos de depressão da América
Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os tratamentos
às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das
vezes, eficazes. Isso acontece pela falta de investimento público
em centros especializados no cuidado para com essas
condições. Consequentemente, muitos portadores, sobretudo
aqueles de menor renda, não são devidamente tratados,
contribuindo para sua progressiva marginalização perante o
corpo social. Este quadro de inoperância das esferas de poder
exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo
Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na
sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. Desse
modo, é imprescindível que, para a refutação da teoria do
estudioso polonês, essa problemática seja revertida.
Paralelamente ao descaso das esferas governamentais
nessa questão, é fundamental o debate acerca da aversão de
parte dos civis ao grupo em pauta, uma vez que ambos são
impasses para sua completa socialização. Esse preconceito se
dá pelos errôneos ideais de felicidade disseminados na
sociedade como metas universais. Entretanto, essas concepções
segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que
tais fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado
que não atingem essas metas estabelecidas, como a estabilidade
emocional. Por conseguinte, aqueles que não alcançam os
objetivos são estigmatizados e excluídos do tecido social. Tal
conjuntura segregacionista - os que possuem algum tipo de
transtorno, nesse caso - na teia social. Dessa maneira, essa
problemática urge ser solucionada para que o princípio da
alemã seja validado no país tupiniquim.
Exemplo 3:
Para o filósofo escocês David Hume, a principal
característica que difere o ser humano dos outros animais é o
poder de seu pensamento, habilidade que o permite ver aquilo
que nunca foi visto e ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob
essa ótica, vê-se que o cinema representa a capacidade de
transpor para a tela as ideias e os pensamentos presentes no
intelecto das pessoas, de modo a possibilitar a criação de novos
universos e, justamente por esse potencial cognitivo, ele é muito
relevante. É prudente apontar, diante disso, que a arte
cinematográfica deve ser democratizada, em especial no Brasil
– país rico em expressões culturais que podem dialogar com
esse modelo artístico –, por razões que dizem respeito tanto à
sociedade quanto às leis.
Em primeiro lugar, é válido frisar que o cinema dialoga
com uma elementar necessidade social e, consequentemente,
não pode ser deixada em segundo plano. Para entender essa
lógica, pode-se mencionar o renomado historiador holandês
Johan Huizinga, o qual, no livro “Homo Ludens”, ratifica a
constante busca humana pelo prazer lúdico, pois ele promove
um proveitoso bem-estar. É exatamente nessa conjuntura que se
insere o fenômeno cinematográfico, uma vez que ele, ao
possibilitar a interação de vários indivíduos na contemplação
do espetáculo, faz com que a plateia participe das histórias, de
forma a compartilhar experiências e vivências – o que
representa o fator lúdico mencionado pelo pensador. É
perceptível, portanto, o louvável elemento benfeitor dessa
criação artística, capaz de garantir a coesão da comunidade.
Em segundo lugar, é oportuno comentar que o cenário do
cinema supracitado remete ao que defende o arcabouço jurídico
do país. Isso porque o artigo 215 da Constituição Federal é claro
em caracterizar os bens culturais como um direito de todos,
concebidos com absoluta prioridade por parte do Estado.
Contudo, é desanimador notar que tal diretriz não dá sinais de
plena execução e, para provar isso, basta analisar as várias
pesquisas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN ) que demonstram a lamentável distribuição
irregular das práticas artísticas – dentre elas, o cinema –, uma
vez que estão restritas a poucos municípios brasileiros. Vê-se,
então, o perigo da norma apresentada findar em desuso, sob
pena de confirmar o que propunha Dante Alighiere, em “A
Divina Comédia”: “As leis existem, mas quem as aplica?”. Esse
cenário, certamente, configura-se como desagregador e não
pode ser negligenciado.

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