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CONSTRUÇÃO CIVIL

Alessandra Martins Cunha


Concretagem:
dimensionamento e efeitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os tipos de dosagem de concreto: empírico e experimental.


„ Relacionar a normatização específica para dosagem de concreto.
„ Reconhecer possíveis causas de uma dosagem de concreto incorreta.

Introdução
Você sabia que para todos os tipos de estruturas se faz necessário o
dimensionamento/dosagem do concreto? Esse processo é utilizado tanto
para o concreto usado em uma simples calçada quanto para o concreto
utilizado em um prédio, uma ponte ou outras estruturas mais robustas/
complexas. A dosagem interfere diretamente na vida útil da estrutura.
Uma dosagem deficitária causa inúmeros problemas, como fissuras,
infiltração, deslocamentos, corrosão das armaduras/ferragens. Em casos
mais graves, pode gerar potenciais desmontes ou demolição prematura.
Neste texto, você aprenderá sobre a dosagem de concreto e os efeitos
de uma dosagem incorreta.

Dosagem de concreto
O concreto é um composto monolítico resultante de uma mistura (cimento, água,
pedra, areia e aditivos). Essa mistura forma uma massa com plasticidade sufi-
ciente para que possa ser manuseada, transportada e lançada, a fim de garantir
a resistência necessária ao elemento a ser concretado.
A dosagem do concreto estabelece a quantidade, de modo racional, de cada
componente. Esse processo obedece aos requisitos de resistência necessária
e de moldabilidade do concreto fresco.
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Existem vários tipos de dosagem de concreto: a empírica e as experimen-


tais. A dosagem empírica, realizada sem procedimentos experimentais, é a
chamada “receita de bolo”. Ela não leva em consideração as características
dos ingredientes da massa, apenas a prática do construtor. Ainda é utilizada
em obras pequenas e sua utilização, em geral, proporciona um gasto maior
de materiais e não garante boa qualidade.
Já as dosagens experimentais ou racionais, como o próprio nome já diz,
são realizadas em laboratórios (ou nas centrais de concreto). Nesses locais, se
calcula racionalmente (e, por que não dizer, economicamente) cada elemento
a ser utilizado no concreto.

Figura 1. Preparo de concreto dosado em laboratório.


Fonte: IvanRiver/Shutterstock.com
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Dosagem ou traço do concreto


O traço de concreto nada mais é do que a expressão da proporção dos ma-
teriais a ser utilizada para um determinado concreto com uma determinada
resistência. Pode-se obter traço de concreto em volume de todos os materiais,
só em volume dos agregados e em peso de todos os materiais.
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015,

[...] a composição de cada concreto de classe C15 ou superior, a ser utilizado


na obra, deve ser definida, em dosagem racional e experimental, com
a devida antecedência em relação ao início da concretagem da obra. O
estudo de dosagem deverá ser realizado com os mesmos materiais e
condições semelhantes àquelas da obra, tendo em vista as prescrições
de projeto e as condições de execução. A dosagem do concreto deverá
ser refeita sempre que houver mudança de marca, tipo ou classe de
cimento, na procedência dos agregados e demais materiais.

Ao fazer um traço de concreto, você deve levar em consideração as condi-


ções de preparo do concreto, definidas pela ABNT NBR 12655:2015. Observe
a classificação:

„ Condição A:
■  Aplicável às classes C10 a C80. O cimento e os agregados são medidos
em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosador e corrigida em função da umidade dos agregados.
„ Condição B:
■  Aplicável às classes C10 até C25. O cimento e os agregados são medi-
dos em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosado e os agregados medidos em massa combinada com volume.
■  Aplicável às classes C10 até C20; O cimento e os agregados são
medidos em massa; a água é medida em massa ou volume com
dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade
do agregado miúdo é corrigida por meio da curva de inchamento
estabelecida para o material utilizado.
„ Condição C:
■  Aplicável às classes C10 e C15. O cimento é medido em massa; os
agregados e a água são medidos em volume. A quantidade de água
é corrigida em função da estimativa de umidade dos agregados e da
determinação da consistência do concreto.
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Para a condição C, você deve adotar consumo mínimo de 350 kg de cimento.

Conceitos
Você já deve ter ouvido alguém falar uma frase como esta: “O concreto 25
MPa será utilizado na laje”.

Mas você sabe o que ela quer dizer? E sabe o que são MPa, Fck, Mpa, resistência,
corpo de prova, slump test e desvio padrão?
Antes de prosseguir com os estudos, você irá conhecer e entender o que
esses conceitos significam.

„ Resistência: propriedade mecânica que o concreto tem de resistir à


força, podendo ser à tração ou à compressão, atendendo ainda ao módulo
de elasticidade.
„ Fck: resistência característica do concreto à força de compressão/tração
quando atinge a idade média de 28 dias.
„ N (Newton): unidade de medida de força de pressão, distribuída uni-
formemente sobre uma área plana 1 m2.
„ Pa (Pascal): 1 N = força aplicada a um corpo de massa igual a 1 kg a
uma aceleração de 1 m/s² no mesmo sentido. 1 Pa = 1 kg f/m
„ MPa: (Mega Pascal) = 1.000.000 Pa = unidade utilizada para medir a
resistência do concreto.
„ Corpo de prova: no Brasil, é uma peça moldada em formato cilíndrico,
de 30 cm de altura por 10 cm de diâmetro, no momento da concretagem.
É nessa peça que será aplicada a força necessária para que se tenha a
ruptura, e, portanto, a comprovação da resistência do concreto.
„ Slump test: teste de abatimento de tronco de cone = é um teste realizado
para verificar a consistência, a fluidez do concreto e a uniformidade
da trabalhabilidade. Geralmente é realizado poucos instantes antes do
início da concretagem.
„ 25 Mpa: (usando o exemplo) esse valor (25) é o “tamanho” da força
média a ser aplicada sobre o corpo de prova. Pode variar de acordo com
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o SD (desvio padrão) utilizado para a amostragem. Em função desse


desvio padrão, pode-se aceitar uma amostra com uma porcentagem
maior ou menor (em torno de 5% do Fck esperado). Amostras fora dessa
porcentagem devem ser descartadas.
„ SD (desvio padrão): utilizado para indicar o grau de variação do Fck nas
amostras de concreto (corpo de prova). O desvio padrão, nas dosagens
experimentais, tem uma tabela com valores aceitáveis.

O desvio padrão é um tipo de controle de qualidade do concreto. É calculado em


laboratório após a cura das amostras de concreto.

Dosagem
Para obter concreto resistente, você deve levar em consideração não só a
qualidade dos materiais que irão compor a massa, mas também a dosagem. Ela
é de suma importância, pois interfere diretamente no resultado do processo.
Existem basicamente dois tipos de dosagem: empírica e experimental.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, ao se fazer uma dosagem, se deve
atender aos seguintes requisitos:

„ Classe de agressividade
„ Fator água/cimento
„ Desvio padrão

Classe de agressividade ambiental


A classe agressividade depende do tipo de ambiente em que será construída
a edificação, e pode ser classificada como fraca, moderada, forte ou muito
forte. Isto pode ser visto na Tabela 1.
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Tabela 1. Classe de agressividade ambiental.

Classificação
geral do tipo
Classe de de ambiente Risco de
agressividade para efeito deterioração
ambiental Agressividade de projeto da estrutura

I Fraca Rural Insignificante

Submersa

II Moderada Urbana a,b Pequeno

III Forte Marinha a


Grande

Industrial a,b

IV Muito forte Industrial a,c Elevado

Respingos
de maré

Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda


(um nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros,
cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais
ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda
(um nível acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar
menor ou igual a 65%, partes das estruturas protegidas de chuvas em ambientes
predominantemente secos ou regiões onde chove raramente.
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e
indústrias químicas.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).

Fator água/cimento
É a quantidade de água da pasta em relação à massa de cimento. Essa quan-
tidade influencia diretamente as propriedades do concreto (trabalhabilidade,
permeabilidade, porosidade, durabilidade e resistência à compressão). Quanto
menor a relação água/cimento, maior a durabilidade da estrutura. Esse fato
é dado pela expressão:
FAC: a/c
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Em que:

„ FAC = Fator Água Cimento (resultado em porcentagem)


„ A = Água (em volume)
„ C = Cimento (em kg)

Desvio padrão
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015, o desvio padrão é utilizado para
indicar o grau de variação do Fck nas amostras de concreto (corpo de prova).
Desvio padrão desconhecido: utilizado quando não se tem referências
estatísticas. Adota-se a condição C como condição de preparo do concreto, com
consumo mínimo de 350 kg de cimento por m³, para concreto Classe = C15.

Tabela 2. Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo de concreto,


de acordo com a ABNT NBR 12655:2015.

Condição SD – Desvio padrão em MPa

A 4

B 5,5

C 7,0

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015).

Desvio padrão conhecido: Quando o concreto for elaborado com os mes-


mos materiais, mediante equipamentos similares e sob condições equivalen-
tes, o valor do desvio padrão deve ser fixado com no mínimo 20 resultados
consecutivos obtidos no intervalo de até 30 dias. Em nenhum caso o SD
pode ser menor que 2 MPa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015).

Dosagem empírica
Esse método utiliza o volume dos componentes como unidade de medida.
Assim, a unidade pode ser baseada no volume de latas, carrinhos de mão ou
padiolas e tem um traço fixo que é passado de construtor para construtor.
Esse tipo de dosagem ainda é utilizado em pequenas obras.
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Dosagem experimental
Existem diversos tipos de dosagens experimentais. Elas levam esse nome
pois foram desenvolvidas em laboratório e se baseiam em estudos realizados
por profissionais da área. O traço é desenvolvido por meio da avaliação da
resistência e da trabalhabilidade. Assim, se gera um menor desvio padrão nas
amostras e um menor custo final do concreto.
As dosagens experimentais de concreto mais conhecidas no Brasil são a
ABCP e a IPT.
Dosagem ABCP: A dosagem ABCP foi desenvolvida na década de 1980
pela Associação Brasileira de Cimento Portland. Devido a evoluções dos ma-
teriais desde aquela época, já não é um método utilizado para a determinação
de um traço de concreto.

A dosagem ABCP leva em consideração: tipo, massa específica e nível de resistência


aos 28 dias do cimento (ex.: CP II 32 – 32 MPa aos 28 dias); análise granulométrica e
massa específica dos agregados; dimensão máxima característica do agregado graúdo;
consistência desejada do concreto fresco; e resistência de dosagem do concreto (fcj).

Exemplo da aplicação da dosagem ABCP:


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Tabela 3. Definição das características do concreto a ser dosado.

Massa
Peso específico específica =
Material Tipo = γ (kg/m³) γ (kg/m³)

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia média 1.620 2.640


bem graduada

Brita Brita 1 (Dmáx 1500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à Consistência do


compressão (Mpa) concreto fresco

28 dias 25 Mole

Solução:

1. Determinação da relação do fator água/cimento:

Para Fc28 = 25 Mpa → a relação do fator água/cimento se consegue por meio


da curva de Abrams, que está em função da idade e da resistência mecânica
desejada, assim como você pode ver na Figura 2:
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Figura 2. Gráfico de Abrams: relação do fator água/cimento em função da resistência à


compressão.

Portanto, o fator água/cimento é igual a 0,58.

2. Determinação do consumo de água:

Adotando um abatimento do tronco de cone de 90 mm e Dmáx de 19 mm,


você pode obter o consumo aproximado de água a partir da tabela abaixo:

Tabela 4. Consumo de água.

Consumo de água aproximado, em l/m³

Dmáx de agregado graúdo


Abatimento
(mm) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

40 a 60 220 195 190 185 180

60 a 80 225 200 195 190 185

80 a 100 230 205 200 195 190


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3. Determinação do consumo de cimento:

Você pode obter a determinação do consumo de cimento por meio da


fórmula:

Ca
Cc =
a/c

Assim:

200
Cc =
0,58 Cc = 344,83 kg/m3

Em que:
Cc= consumo de cimento (kg/m³)
Ca= consumo de água (tabelado) (l/m³)
a/c = fator água/cimento

4. Determinação do consumo dos agregados:

Depende do teor ótimo, da dimensão máxima do agregado graúdo e do


módulo de finura da areia.
Você pode obter o consumo dos agregados por meio da tabela abaixo:
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Tabela 5. Consumo de agregado miúdo.

Dimensão máxima (mm)


Módulo
de Finura 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845

2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825

2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805

2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785

2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765

2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745

3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725

3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705

3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685

3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665

Adotando o agregado miúdo, com módulo de finura = 2,6 e diâmetro


máximo para o agregado graúdo = 19 mm, você obtém, na tabela acima, um
volume de 0,690 m³.
Assim, você pode calcular o consumo do agregado graúdo:
Cb = Vb × Mb
Cb = 0,690 × 1500 → Cb = 1035 kg/m3
Em que:
Cb = consumo de brita, em kg/m³
Vb = volume de brita (tabelado) (l/m³)
Mb = peso específico da brita (kg/m³)
A obtenção do consumo do agregado miúdo se dá por:
Cálculo do volume a ser utilizado
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Cc Cb Ca
Vareia = 1 – + +
γc γb γa

344,83 1035 200


Vareia = 1 – + +
3150 2280 1000

Vareia = 1 – 0,760 → Vareia = 0,24 m3


Cálculo do consumo da areia:
Careia = Vareia × Mareia
Careia = 0,240 × 2660 → Careia = 638,40 kg/m3
Em que:
Vareia
Cc = consumo de cimento
Cb = consumo de brita
Ca = consumo de água
ga = massa específica da água
gb = massa específica da brita
gc = peso específico do cimento
5º – Apresentação do traço:
Cim : Areia : Brita : A/C

Careia Cb Ca/c 638,40 1035 200


1: : : 1: : :
Cc Cc Cc 344,83 344,83 344,83

O traço definitivo é:
1 : (1,85) : (3,00) : (0,58)

Dosagem IPT
É um método simples, eficiente e muito divulgado no Brasil. Ele aceita a
utilização do agregado disponível em obra, dispensando o estabelecimento de
composição granulométrica geralmente estipulada por modelos teóricos. Além
disso, leva em consideração a resistência característica do concreto aos 28 dias
(fck), do diâmetro máximo dos agregados e da consistência do concreto. A
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partir desses valores, obtém as proporções de areia e pedra britada para cada
unidade de cimento, além da obtenção do fator água/cimento.
Exemplo de aplicação da dosagem IPT:

Tabela 6. Definição das características do concreto a ser dosado.

Peso Massa
específico específica
Material Tipo = γ (kg/m³) = γ (kg/m³) Observação

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia 1.620 2.640 Módulo


média bem de finura:
graduada Mf = 2,6

Brita Brita 1 (Dmáx 1.500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à


compressão
(Mpa)

28 dias 25

Solução:
Por meio das tabelas a seguir, você pode obter o teor de argamassa e o
fator água/cimento.
Concretagem: dimensionamento e efeitos 15

Tabela 7. Valores estimados para o teor de argamassa seca (α).

Módulo de finura do agregado miúdo


Dmáx do
agregado Menor do Entre Maior do
graúdo que 2,4 2,4 e 2,6 que 2,8

9,5 55 57 59

19 50 52 54

25 46 48 50

38 43 44,5 46

50 37 39 41

76 333 34,5 36

102 30 31 32

152 27 28 29

Tabela 8. Valores estimados para o fator água/cimento – x (l/kg).

Cimentos do tipo
CP I, II, III e IV

Fcj (MPa) Classe 25 Classe 32 Classe 40 CP V ARI

10 0,79 0,89 0,96 0,96

15 0,64 0,74 0,81 0,81

20 0,53 0,63 0,71 0,71

25 0,45 0,55 0,62 0,62

30 0,38 0,48 0,56 0,56

35 0,32 0,42 0,50 0,50


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Teor de argamassa → α = 53% (valor aproximado)


Fator água/cimento → x = 0,55
1º – Determinação do traço inicial (1:5)
Determinação da consistência →A consistência é definida pela relação
água/ materiais secos (H), que pode ser relacionada com os termos do traço
da seguinte maneira:

783 × (148 – Dmáx) + (163 – Dmáx) × S


H= × 100
4410 × γb

Em que:
S = abatimento do tronco do cone. Para o exemplo, se adotou S= 80 mm.
783 × (148 – 19) + (163 – 19) × 80
H= × 100
4410 × 2.280

H = 9%
Determinação do traço inicial

α×x x
1= –1 : × (100 – α) :x
H H

53 × 0,55 0,55
1= –1 : × (100 – 53) : x
9,0 9,0

1 : 2,2 : 2,8 : 0,55 → Traço inicial


2º – Traço pobre (1: 3,5) → 1 : 1,6 : 1,9 : 0,55
3º – Traço rico (1: 6,5) → 1 : 2,4 : 2,9 : 0,55

Para saber mais sobre o processo, leia o capítulo 19 “Dosagem” do livro Tecnologia do
Concreto (NEVILLE, 2013, p. 375-391).
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Efeitos
As falhas na fase de concretagem comprometem o desempenho da estrutura.
Armadura exposta e vazios são os problemas mais comuns. Eles interferem
diretamente na resistência e na durabilidade das estruturas. Porém, essas falhas
só são detectadas quando ocorre a desforma da estrutura.

Falhas severas comprometem a estrutura e podem causar o seu desmoronamento


antes mesmo do término da obra. No entanto, quando não ocorre o comprometimento
da estrutura, ela pode ser recuperada por meio de ações reparadoras.

Bicheiras ou nichos: são espaços vazios detectados após a desforma de


uma estrutura de concreto armado. São ocasionados por várias causas. As mais
comuns são falta de vibração ou falta de espaço suficiente para passagem dos
agregados entre armaduras e formas.

Figura 3. Bicheira no concreto com exposição das ferragens.


Fonte: Ajay PTP/Shutterstock.com

A não observância de alguns fatores contribui para a existência de falhas na


execução da concretagem. A seguir, você pode ver os exemplos mais comuns:
18 Construção civil

„ Erro na definição do traço do concreto e/ou não atenção ao traço de-


finido em projeto.
„ Erro de projeto no detalhamento da armadura.
„ Perda da nata do concreto, causada por não se conferir a vedação da
forma.
„ Adensamento do concreto em excesso, que segrega os componentes do
concreto. O tipo e a frequência de vibração são estipulados de acordo
com o tipo de agregado e a armadura utilizada.
„ Excesso de água na dosagem antes da aplicação do concreto fresco e no
acabamento (cura). No primeiro, causa a perda da resistência na qual
foi dosado. Já no segundo causa a segregação dos materiais.
„ Retirada das escoras e formas prematuramente.
„ Cura inadequada.
„ Erro na execução das ferragens, não utilizando a bitola adequada, o
espaçamento e o cobrimento especificados em projetos.

Pode-se utilizar grautes e argamassas a fim de restaurar os espaços vazios e, em alguns


casos, até mesmo fazer o cobrimento das armaduras que ficaram expostas.

A adoção de procedimentos específicos e boas práticas definem o sucesso ou não


de uma concretagem. É preciso, por exemplo: definir qual o tipo de concreto a ser
utilizado, a data da concretagem, a peça e o volume a ser executado; contratar alguns
serviços necessários para uma boa concretagem (bomba lançadora de concreto,
vibrador, concreto bombeável); ou, em alguns casos, evitar a realização da concretagem
com concreto virado inlocco (como era feito antigamente e ainda hoje ocorre em
pequenas construções).
Concretagem: dimensionamento e efeitos 19

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014. Projetos de


estruturas de concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR12655:2015. Concreto de
cimento Portland –- Preparo, controle, recebimento e aceitação –- Procedimento.
Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
LIMA, C. I. P. Tabela concreto. [S.l.]: Carlos Irapuama de P. Lima, [2010?]. Disponível em:
<http://irapuama.dominiotemporario.com/doc/ TABELAS_CONCRETOS_E_ARGA-
MASSAS.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2017.
NEVILLE, A. M. Dosagem. In: NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013. cap. 19, p. 375-394.

Leituras recomendadas
ALLEN, E. Construções em concreto. In: ALLEN, E. Fundamentos da engenharia de
edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. cap. 13, p. 524-527.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Concreto: relação água/cimento.
[S.l.]: ABCP, [2010?]. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/
upload/ativos/75/anexo/2relac.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2017.
CASTRO, M. Dosagem de concreto. [S.l.]: Castro, [2010?]. Disponível em: <http://mo-
emacastro.weebly.com/ uploads/5/7/9/8/57985191/cap_5_dosagem.pdf>. Acesso
em: 13 fev. 2017.
CIMENTO.ORG. Efeito da qualidade da água no concreto. Brasília: Cimento.org, 2010.
Disponível em: <http://cimento.org/efeito-da-qualidade-da-agua-no-concreto/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
CONSTRUFACIL RJ. Concreto: dosagem, critérios e teste de resistência. Rio de Janeiro:
ConstruFacil RJ, 2013. Disponível em: <https://construfacilrj.com.br/ dosagem-do-
-concreto-criterio-e-teste-de-resistencia/>. Acesso em: 10 fev. 2017.
CUNHA, A. M. Automatização do processo de dosagem do concreto: uma ferramenta
de ensino. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)
–Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, 2008.
CUSTÓDIO, M. Dosagem de concreto: definições fundamentais. [S.l.]: Mayara Custódio,
[2010?]. Disponível em: <https://goo.gl/ pujCg9>. Acesso em: 14 fev. 2017.
FERREIRA, R. O traço. Goiás: PUC Goiás, [2010?]. Disponível em: <http://professor.pu-
cgoias.edu.br/SiteDocente/admin/ arquivosUpload/15030/material/puc_maco2_07_
traco.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2017.
20 Construção civil

GLOBAL WOOD. Patologias do concreto: bicheiras. Curitiba: Global Wood, [2010?].


Disponível em: <http://globalwood.com.br/ patologias-do-concreto-bicheiras/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
KATIUSCIA, I. Reparos em estruturas de concreto. [S.l.]: Dr. Faz Tudo, 2016. Disponível em:
<http://drfaztudo.com.br/blog/2016/03/28/ reparos-em-estruturas-de-concreto/>.
Acesso em: 13 fev. 2017.
MEDEIROS, M. H. F. Dosagem dos concretos de cimento Portland. Curitiba: UFPR, [2010?].
Disponível em: <http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/ images/2/2c/Dosagem_do_Con-
creto_-_Marcelo_Medeiros.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2017.

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