Você está na página 1de 6

ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO DE ARCOVERDE

HISTÓRIA DO BRASIL

DIÓGENES FERREIRA, GABRIEL DE ARAÚJO, PAULO FELIPE KEHRLE, SÉPHORA


BASTOS, THIAGO LUCAS KEHRLE E WILKER BRENO BRITO

A DITADURA VARGAS (1937-1945)


Pesquisa

Arcoverde
2022
A DITADURA VARGAS (1937-1945)

INTRODUÇÃO

"Estado Novo” é como ficou conhecida a ditadura instaurada por Getúlio Vargas entre os anos de
1937 e 1945. Chamada também de Terceira República, teve forte influência de ideais fascistas, até
mesmo na Constituição, que iniciou institucionalmente o período e foi apelidada de polaca, porque foi
inspirada nas leis da Polônia e Itália.

O anticomunismo e o nacionalismo também eram fortes, assim como a propaganda a favor do


governo, por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Por outro lado, foi nesse
período que foi promulgada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a Justiça do Trabalho foi
criada, bem como diversas estatais, e o salário mínimo foi instituído. O Brasil também participou da
Segunda Guerra Mundial, ao lado dos “Aliados”.

O QUE FOI O ESTADO NOVO?

O Estado Novo foi um período ditatorial brasileiro que durou de 1937 a 1945 e teve como único
presidente Getúlio Vargas, que mandou fechar o Congresso, diminui poderes do Legislativo e
Judiciário, centralizando-os no Executivo, outorgou uma Constituição baseada no fascismo, censurou
imprensa e artistas, proibiu manifestações e greves, assim como partidos políticos, colocou
interventores nos sindicatos para que esses lhe apoiassem na criação da CLT (Consolidação das Leis
Trabalhistas), colocou interventores também no lugar dos governadores eleitos nos estados,
estabeleceu uma política de comunicação com propagandas sistemáticas do governo, inclusive com a
criação da “Hora do Brasil”, criou estatais e, apesar de ter tido várias aproximações com o fascismo,
na hora de mandar soldados brasileiros para a Segunda Guerra Mundial, enviou-os para os “Aliados”,
devido ao grande empréstimo recebido dos Estados Unidos.

CARACTERÍSTICAS DO ESTADO NOVO

O Estado Novo pode ser caracterizado a partir do seguinte:

● governo centralizado;

● Constituição de influência fascista;

● decretos-lei para governar;

● economia com criação de estatais de indústria pesada;

● censura na imprensa e na arte;

● criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha duas funções: promover
o governo e censurar opositores;

● proibição de manifestações e greves;

● prisão de opositores;

● criação das leis trabalhistas.

1
A DITADURA VARGAS (1937-1945)

INÍCIO DO ESTADO NOVO

Getúlio Vargas já estava no poder desde a Revolução de 1930, que era contra a “Política do Café
com Leite”, na qual os presidentes sempre eram ou de São Paulo ou de Minas Gerais, de tal modo que
setores do Exército e oligarquias de outros estados se revoltaram quanto a isso. Nesse período, Vargas
já começou a se destacar por tentar manter os grupos unidos, mesmo após o rompimento de São
Paulo, em 1932.
Em 1934, foi elaborada uma nova Constituição. Esta, porém, só durou até 1937, quando começou,
de fato, o Estado Novo. O mundo vivia a ascensão do nazismo e do fascismo, que também
influenciaram aqui, assim como o comunismo, que foi organizado na Intentona Comunista, liderada
por Luís Carlos Prestes, em 1935.
De 1930 a 1934, o que existia era um governo provisório. Depois de 1934, com a Constituição,
governo constitucionalista e, em todos esses anos, Getúlio Vargas esteve à frente.
Estavam previstas eleições em 1938. Um integralista (de inspiração fascista) se candidatou: Plínio
Salgado, entre outros. Vargas sequer concorreu, pois já planejava o golpe, que foi efetivamente dado
em 1937, alegando ameaça comunista. Assim, ele continuou no poder (mesmo que a Constituição de
1934 proibisse reeleição). Para tal, era necessária a elaboração de uma nova Carta Magna.
Incrivelmente, o golpe foi apoiado por uma parte grande da população, pois o governo já trabalhava
na propaganda anticomunista e nacionalista, o que lhe deu sustentação.

CONSTITUIÇÃO DE 1937

A Constituição dos Estados Unidos do Brasil (como era ainda chamado o país à época), de 1937,
ganhou o apelido de polaca, pois se baseava bastante em leis da Polônia e da Itália, que, naquele
momento, viviam sob o regime fascista.
Outorgada em 10 de novembro de 1937 (ou seja, sem participação popular, ao contrário de quando
ela é promulgada) pelo próprio Vargas, ela lhe conferiu mais poderes, como o de nomear
interventores nos estados. Além disso, tirou poderes do Legislativo e Judiciário, estipulou diversos
atos de censura, bem como a pena de morte (inclusive para manifestações políticas, como a greve, que
também foi proibida). Dissolveu também os partidos políticos.

QUAIS ERAM OS OBJETIVOS DO ESTADO NOVO?

Oficialmente, a justificativa de Vargas para o golpe era a “ameaça comunista”, principalmente


devido ao “Plano Cohen”, uma invenção — que depois foi comprovada — de integralistas, que
diziam que comunistas tinham um “plano de tomar o poder no Brasil”.
É importante salientar que o Estado Novo também deve ser compreendido no contexto mundial,
com Hitler, na Alemanha; Mussolini, na Itália; Salazar, em Portugal, entre outros líderes nazistas e
fascistas. Aqui, os integralistas também apoiaram o governo ditatorial, pois pensavam que deveria
existir um Estado forte para combater o comunismo.
Um ano depois, esses mesmos, em 1938, organizaram a Intentona Integralista, pois não receberam
cargos no novo governo e passaram a ser oposição. Falharam na tentativa de tomada de poder e foram
também colocados na clandestinidade.
Economicamente, o Estado Novo pretendia industrializar o Brasil e, para isso, era necessário deixar
que os trabalhadores urbanos ou estivessem satisfeitos com seus novos direitos, ou presos e
censurados, como Prestes desde 1935 e sua esposa, Olga Benário, depois deportada para a Alemanha
nazista e morta num campo de concentração.

2
A DITADURA VARGAS (1937-1945)

Outra ação necessária para que pudesse existir uma indústria brasileira que substituísse as
importações era criar vários órgãos de apoio e empresas estatais. A intervenção do Estado na
economia nesse período foi enorme. A esse processo — de muita repressão política junto ao
desenvolvimento econômico — alguns historiadores dão o nome de “modernização conservadora”.

DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA (DIP)

O Departamento de Imprensa e Propaganda, DIP, foi criado por Getúlio Vargas em 1939, por meio
de um decreto-lei. Aliás, durante todo o Estado Novo, esses decretos foram comuns, afinal, como o
próprio nome diz, basta decretar que ganha força de lei. Nada mais adequado a uma ditadura, como a
que estamos tratando.
As duas funções do DIP eram: censurar e fazer propaganda do governo, divulgando seus “feitos” e
ideologia.
Essa publicidade governamental não era feita apenas como no cartaz que podemos observar abaixo,
mas também no rádio (quando foi criada a “Hora do Brasil”, obrigatória para todas as emissoras),
teatro, cinema, imprensa e até no turismo. Da mesma maneira, não funcionava somente centralizada,
mas tinha suas filiais em cada estado do país, garantindo total controle.
Em relação à cultura, como no teatro e cinema, o objetivo não era apenas censurar, mas também
convencer e estimular artistas e intelectuais a defenderem Vargas. Vários nomes famosos entraram
nessa, como é o caso de Heitor Villa-Lobos.
Como os ideais eram nacionalistas, obras que exaltassem o Brasil ou ritmos que o unificassem
também eram estimulados. O samba passou a ser bastante impulsionado no período, como um
símbolo nacional.
Documentários, programas de rádio, de auditório, de humor: eram várias as atuações do DIP para
fazer com que a população acreditasse que o país estava forte e próspero, sob o comando sempre
lembrado de Getúlio Vargas, presente em fotografias em todos os órgãos públicos do Brasil a partir de
então, sob força de lei.
Lembrete: regimes autoritários sempre investem muito em propaganda, como foi o caso de Hitler,
na Alemanha.

LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E O TRABALHISMO

Além da propaganda, outra forma de manter a população acreditando sempre no governo era por
meio de concessões de medidas que os favorecessem minimamente. Esse é o caso da consolidação das
leis trabalhistas. Porém, antes, Vargas já tinha feito outras normas que lhe deixariam o caminho livre,
ou seja, poderia governar de maneira autoritária fingindo que não.
Assim foi feito: criou-se a Justiça do Trabalho, o salário mínimo foi regularizado, bem como as 44
horas semanais, a carteira de trabalho, férias e, por fim, em 1943, a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), que existe até hoje, lançada no Dia do Trabalhador, 1º de maio, em comício do
presidente. Desse modo, a população continuava sem reagir à ditadura que vivia.

BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

"A posição do governo Vargas na Segunda Guerra Mundial foi pendular. Como vimos, desde o golpe
e a nova Constituição, tinha influência fascista. No entanto, a posição geográfica brasileira interessava
a todos os países, por se projetar para a África e ter um vasto litoral voltado para o Oceano Atlântico.

3
A DITADURA VARGAS (1937-1945)

As alianças durante a guerra foram formadas e chamadas da seguinte maneira: Eixo, com
Alemanha, Itália e Japão, e Aliados, com França, Inglaterra, EUA e, depois, União Soviética (URSS).
Com a linha ideológica que o Estado Novo seguia desde o começo, o mais natural seria que o Brasil
se posicionasse junto ao Eixo, certo? Sim. E essa era uma discussão interna do governo, com os
homens mais próximos de Getúlio também divididos, até que o próprio presidente, em determinada
ocasião, saudou uma vitória nazista.
Os EUA perceberam esse perigo e passaram a se aproximar, mesmo que eles ainda não estivessem
lutando na guerra, mas sabiam que iriam e que deveriam ter aliados, sobretudo nas Américas. E como
essa aproximação foi feita? Com dinheiro! Um empréstimo de 20 milhões de dólares, que o governo
brasileiro usou para a construção de uma indústria siderúrgica, consolidando um de seus objetivos,
que era a industrialização.
O alinhamento fascista, a “Constituição polaca” e o elogio nazista vieram por terra quando o
governo brasileiro anunciou que estava rompendo relações com o Eixo e apoiando os Aliados. Navios
do Brasil foram afundados pela Alemanha e, assim, entramos na Segunda Guerra Mundial, inclusive
com envio de soldados.
Esses soldados eram organizados na Força Expedicionária Brasileira (FEB) e foram para a Itália, em
1944, como parte do exército norte-americano. Junto a alguns da Força Aérea Brasileira (FAB),
somavam cerca de 25 mil homens, que ficaram lá de julho de 1944 a setembro de 1945, quando a
Segunda Guerra acabou. Não tiveram tantas batalhas assim, mas esse feito é considerado um marco
histórico, principalmente porque foi a primeira vez que a América Latina se envolvia em conflitos
mundiais.
Getúlio e o DIP, é claro, aproveitaram-se bastante da volta desses “heróis nacionais” para despertar
mais ainda o sentimento patriótico. Grandes festas e comícios foram preparados para quando os
navios chegassem, conforme foto abaixo.

FIM DO ESTADO NOVO

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial tem tudo a ver com o fim do Estado Novo,
pois foi sendo criada uma situação bastante contraditória, já que foram enviados soldados para
combater o fascismo na Europa, mas aqui ele ainda era praticado pelo próprio governo, que fez
aliança com os Aliados.
Começaram a circular documentos e manifestos entre intelectuais e artistas, antes varguistas, que já
não eram mais. Entre esses, um dos mais famosos foi o Manifesto dos Mineiros, em 1943.
Antes de mandarem soldados para a guerra, houve discussão interna entre homens poderosos do
governo. Um desses, general Góis Monteiro, deu entrevista — surpreendentemente não censurada
pelo DIP — dizendo ser a favor de eleições.
Tudo isso fez com que o próprio Getúlio, já entendendo que seria difícil conter tantas
manifestações, agora até de dentro do governo, declarasse reabertura dos partidos políticos e eleições
para 1945. Fazendo isso, ele, mais uma vez, sairia com a fama de ser bom e democrático.
Luís Carlos Prestes foi libertado após 10 anos de prisão, e seu partido, o PCB (Partido Comunista
Brasileiro), voltou à legalidade. Foi criado o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), por meio do
sindicalismo, e a oposição liberal se organizou na União Democrática Nacional (UDN).
Apesar da ilegalidade e das prisões impostas, o PCB passou a apoiar Vargas por ele estar
combatendo o fascismo na Europa. O Exército não gostou nada disso e, então, deu um golpe que
impediu Vargas de concorrer as próximas eleições, já que estava “virando esquerdista” (na verdade,
querendo todo e qualquer apoio para continuar no poder).

4
A DITADURA VARGAS (1937-1945)

Esse é o fim do Estado Novo. Vargas ainda tentou uma última cartada, organizando o movimento
“queremista”, ou seja, de pessoas que o queriam no governo (foto abaixo), mas não deu certo e, em
1945, teve, de fato, eleição."

Manifestação a favor de Getúlio Vargas ao final do Estado Novo, em agosto de 1945.


Ref.: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/vargas.htm

Você também pode gostar