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EBRAMEC – Escola Brasileira de Medicina Chinesa

巴西中医学院 bāxī zhōngyī xuéyuàn


CIEFATO – Centro Internacional de Estudos de Fisioterapia, Acupuntura e Terapias Orientais

Recursos Tradicionais
e Complementares à
Prática da
Acupuntura

Material elaborado pelo corpo docente da EBRAMEC / CIEFATO


Para os cursos da Escola Brasileira de Medicina Chinesa
Direção Geral: Reginaldo de Carvalho Silva Filho
www.ebramec.com.br
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Recursos Complementares
Gua Sha
Moxabustão
Ventosa

Utilização de Recursos Complementares


A prática da acupuntura por si só é uma das mais potentes ferramentas terapêuticas que estão
sendo empregadas na atualidade, mesmo tendo sido desenvolvida há milhares de anos.
No entanto alguns casos respondem melhor a outros recursos terapêuticos que podem ser
empregados isolada ou complementarmente com a acupuntura, recursos estes que também são
empregados há muitos anos na China.
Assim temos que alguns destes recursos que complementam a prática da acupuntura (inserção
tradicional de agulha filiforme) podem ser desde instrumentos, acessórios empregados desde a
antiguidade, alguns com uma utilização mais estudada e pesquisada outros que recaem sobre uma prática
mais popular, empírica, passada de geração em geração.

刮痧疗法
guāshā liáofǎ
Raspagem

Definição
Gua = Raspar ou extrair
Sha = Areia ou toxinas (elevações miliares, “forma de milho”)
Síndrome Sha: “Patologia causada pela exposição ao Vento, Frio, Calor ou Umidade levando à
estagnação nos Canais e Colaterais (Jing Luo), manifestando-se como calafrios, febre, distensão e dor
pelo corpo, ou vomito e diarréia, ou rigidez e entorpecimento das extremidades.”
Dicionário Médico Chinês-Inglês

Zhang Xiu Qin e Hao Wan Shane na obra: Holographic Meridian Scraping Therapy apresentam a
seguinte definição:
“O Gua Sha é uma modalidade terapêutica natural para o tratamento e prevenção de doenças através da
raspagem da superfície da pele em partes específicas do corpo.”
O professor e autor Auteroche apresenta o Gua Sha da seguinte forma:
“A fricção (Gua Sha) é um meio terapêutico seguro e eficaz. Na China, ela é usada correntemente pelo
povo, particularmente no campo. Ela é apreciada por sua simplicidade e pela falta de efeitos colaterais.”

“uma forma de acupuntura que não penetra a pele,


uma terapia de sangria sem a retirada de sangue e
uma forma de massagem sem o uso direto das mãos”
Zhang Xiu Qin e Hao Wan Shane

Evolução
As Três Gerações

Primeira geração:
Gua Sha como terapia popular
Segunda geração:
Gua Sha nos Canais e Colaterais (Jing Luo)
Terceira geração:
Gua Sha nos Hologramas (microssistemas)

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Canais e Colaterais
1- Zonas cutâneas - Pi Bu
2- Colaterais Luo superficiais - Fu Luo
Colaterais Luo pequenos ou netos - Sun Luo
Colaterais de Sangue - Xue Luo
3- Canais Tendino-musculares - Jing Jin
4- Colaterais Luo longitudinais - Luo Mai
5- Canais Principais - Jing Mai
6- Colaterais Luo transversais - Luo Mai
7- Canais Extraordinários - Qi Jing Mai
8- Ramificações internas
9- Canais Distintos ou Divergentes - Jing Bie
10- Órgãos e Vísceras - Zang Fu

Pi Bu
Zonas cutâneas
São em número de doze, estão relacionadas com os Canais
Principais (Jing Mai) e estão dispostas na pele em regiões que seguem
superficialmente seus respectivos Canais, formando uma primeira barreira
para a invasão externa.
Vale dizer que alguns autores descrevem ainda a Zona Cutânea do
Vaso Governador (Du Mai) e do Vaso Concepção (Ren Mai).

Gua Sha
Principais características da prática
• Resolver as condições de Exterior;
• Ativar o Qi e o Sangue (Xue);
• Resolver condições de Estase de Sangue (Xue);
• Promover a Circulação e Melhorar a Micro-circulação;
• Recuperar e Aumentar as funções gerais de regulagem e controle dos Canais e Colaterais;
• Resolver as Síndromes Sha;
• Eliminar as toxinas do corpo;
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• Estimular o Metabolismo;
• Fortalecer as funções Imunológicas;
• Prevenir o envelhecimento.

Aplicação Clínica
• Tratamento
Mediante estímulo das áreas diretas ou reflexas dos problemas;
• Diagnóstico
Mediante a verificação das áreas que respondem mais ou menos rapidamente às raspagens;
• Prevenção
Mediante estímulos específicos com intensidade menor e em locais bem determinados.

Etapas para bons resultados


1. Escolha dos instrumentos a serem utilizados;
2. Explicação ao paciente;
3. Selecionar a melhor região para o tratamento
4. Escolha da melhor postura para o paciente;
5. Aplicação do meio lubrificante adequado;
6. Selecionar a melhor técnica a ser empregada;
7. Gua Sha;
8. Recomendação para cuidados.

Materiais para prática


Para a boa prática do Gua Sha o praticante deve saber selecionar o material mais adequado para a
utilização da técnica selecionada de acordo com a necessidade de cada paciente e de cada situação.
O praticante deve saber selecionar o formato mais adequado do instrumento a ser utilizado de
acordo com cada caso em específico.
Dentre os materiais mais empregados para a prática do Gua Sha destacam-se: Jade e Chifre
(principalmente de búfalo).

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Arya Nielsen em uma das poucas obras escritas sobre Gua Sha diretamente em idioma ocidental,
apresenta os seguintes materiais como indicação para a prática clínica.
Incluindo um produto mundialmente conhecido como alternativo para o óleo terapêutico e até
mesmo para a raspagem.

Basicamente, qualquer instrumento, equipamento, pode ser empregado para a prática do Gua Sha,
desde que possua uma borda ligeiramente arredondada, suave, como uma colher tradicional de porcelana.
Alguns recomendam o uso de escovas de dentes (cerdas médias/duras) para crianças.
Outros povos, direta ou indiretamente sob a influência da China, empregam materiais diferentes,
principalmente moedas (o que também é comum na prática popular chinesa).
Para a boa prática, além de um instrumento adequado, o praticante também necessidade de um
óleo terapêutico de boa qualidade, com a finalidade de auxiliar na raspagem e potencializar os efeitos
terapêuticos.
Há no mercado desde 2006 uma linha de produtos modernos identificados pelo nome: GuaSha
Orthopedic Soft Tissue Tools ou somente GOST1 (menor) e GOST2 (maior), um instrumento de material
sintético rígido com bordas “suavizadas” e um apoio (suporte) para as mãos do praticante.

Métodos básicos
Técnicas:
• Raspagem com a borda;
• Raspagem com o canto;
• Pressão localizada;
• Percussão;
• Amassamento;
• Raspagem forte em vai-vem;
• Raspagem para Drenar os Canais e Colaterais (Jing Luo);
Sempre com atenção especial aos seguintes tópicos:
1- Pressão;
2- Ponto, Área e Linha;
3- Comprimento da raspagem.

A raspagem
Via de regra, recomenda-se que a raspagem feita com a borda do instrumento deva acontecer de
modo que apenas 1/3 deste fique em contato com o corpo do paciente, formado um ângulo entre 30 e 60º,
em média 45º, ângulo este que também é normalmente empregado para a raspagem com os cantos do
instrumento.

Variantes básicas
Para a aplicação clínica além das técnicas básicas a serem empregadas há as variantes de acordo
com a situação do paciente, seja em caso de uma Deficiência (que requer Tonificação), seja em um
Excesso (que requer uma Dispersão), seja apenas a necessidade de um estímulo de Harmonização.

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Vale dizer que segundo especialistas chineses, os efeitos de tonificação e dispersão através do Gua
Sha estão mais relacionados (porém não exclusivamente) com a pressão e velocidade da raspagem que em
relação ao sentido desta nos Canais Principais (Jing Mai).
Tonificação
A raspagem deve ser realizada com pressão leve e de maneira lenta, objetivando a ativação do Qi
e do Sangue (Xue), estimulando as funções regulares do corpo.
Dispersão
A raspagem deve ser realizada com pressão mais forte e com uma maior velocidade nos
movimentos, com objetivo de eliminar, limpar, dispersar possíveis agentes patogênicos e inibir
hiperatividades funcionais.
Harmonização
A raspagem pode ser realizada de 03 formas:
1- Raspagem com pressão forte e com velocidade lenta;
2- Raspagem com pressão suave e com velocidade rápida;
3- Raspagem com pressão e velocidade moderadas.

Posições básicas descritas por Arya Nielsen e depois Tetsuo Inada

Fatores que potencializam os efeitos


• Relação entre a Seleção dos pontos de acupuntura e a eficácia do tratamento;
• Relação entre as manipulações e os efeitos;
• Relação entre a seqüência, extensão e efeitos;
• Alteração das regiões e das manipulações;
• Relação entre a temperatura do local e os efeitos;
• Relação entre os cuidados pós tratamento e os efeitos;
• Relação entre as diferenças individuais e os efeitos;
• Tratamentos regulares para manter o corpo saudável.

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Tratamento
Ao iniciar as raspagens, o praticante deve estar atento à todas as reações do corpo do paciente,
principalmente no que diz respeito às alterações de coloração e o surgimento de pequenas erupções
cutâneas (Sha), o que indica que o tratamento está sendo realizado de maneira adequada.
Segundo Arya Nielsen as raspagens devem ser mantidas até o momento em que, mesmo aplicando
mais raspagens, a pele não apresente novas alterações na coloração, ou seja o Sha já foi obtido.

Sentido das raspagens


Via de regra a recomendação é que o praticante aplica o Gua Sha no sentido crânio-caudal (de
cima para baixo) e de proximal para distal.
Há algumas áreas onde técnicas específicas, como caso da raspagem na região do VG20 (Baihui),
onde a raspagem surte grandes efeitos ao ser feita do centro para a periferia em todas direções, o mesmo
que ocorre na região sacral, ou ainda condições especiais como ptoses, onde o sentido é sempre
ascendente na região afetada.

Combinações
Alguns praticantes recomendam que após a aplicação do Gua Sha e a identificação das áreas com
maior Estagnação de Sangue (Xue), deve-se aplicar estímulos rápidos e repetidos com agulha trifacetada
ou ainda através das agulhas cutâneas (populares martelos de agulhas), objetivando a sangria.
Para potencializar ainda mais a eliminação da Estagnação de Sangue (Xue), recomenda-se a
aplicação de copos de ventosa por sobre a área da sangria.

Diagnóstico
Uma importante vantagem da prática do Gua Sha como auxílio no diagnóstico é que ao mesmo
tempo que se avalia o paciente este está sendo tratado.
O praticante deve ser experiente e criterioso para avaliar as respostas cutâneas e sangüíneas às
raspagens realizadas, observando alterações na coloração, profundidade, formato e região destas.
Uma forma simples de avaliar as condições internas do paciente é através da raspagem bilateral da
região paravertebral ao longo do trajeto do Canal da Bexiga (Pang Guang), na busca de possíveis
alterações nos pontos Shu das Costas (Bei Shu), que possuem relação direta com os Órgãos e Vísceras
(Zang Fu).

B13 Feishu Pulmão


B14 Jueyinshu Pericárdio
B15 Xinshu Coração
B18 Ganshu Fígado
B19 Danshu Vesícula Biliar
B20 Pishu Baço
B21 Weishu Estômago
B22 Sanjiaoshu Triplo Aquecedor
B23 Shenshu Rim
B25 Dachangshu Intestino Grosso
B27 Xiaochangshu Intestino Delgado
B28 Pangguangshu Bexiga

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Avaliação (anterior à aplicação)


Outra opção para avaliação da condição do paciente, descrita no ocidente como uma forma de
buscar pelo Sha, sem a necessidade da raspagem prévia é através de uma ampla palpação com a ponta dos
cinco dedos de uma das mãos para avaliar o tempo de retorno da coloração normal da pele, visto que após
a pressão é normal que a região fique mais clara.
Caso a região pressionada demore para retomar a cor normal, é um importante indício da
necessidade de se aplicar o Gua Sha, visto que a circulação de Qi e ou de Sangue (Xue) encontra-se
debilidade na região.

Prevenção
A aplicação preventiva do Gua Sha tem por base o estímulo do corpo visando a ativação do fluxo
de Qi e Sangue (Xue), liberação de possíveis bloqueios iniciais nos Canais e Colaterais (Jing Luo) e o
relaxamento da musculatura.
Para esta prática a pressão é relativamente menor e não há necessidade da utilização de
lubrificantes, podendo até mesmo ser aplicada por sobre a roupa, cerca de 10 repetições por área, até que
o paciente relate uma sensação de aquecimento agradável, sem gerar dores ou lesões cutâneas.

Pontos de atenção pré, peri e pós tratamento:


• Evitar Vento;
• Manter-se aquecido durante o tratamento;
• Ingerir líquido aquecido após o tratamento;
• Tomar banho após o tratamento;
• Evitar feridas e acne;
• Tratamento em patologias dermatológicas;
• Tratamento em portadores de Diabetes Mellitus;
• Tratamento em portadores de Veias Varicosas;
• Prevenção de tonturas;
• Surgimento de sangramento cutâneo não deve ser enfatizado em excesso;
• Aplicação de tratamento adequado em casos críticos.

Cao Gio
Raspagem vietnamita
Há uma modalidade terapêutica tradicionalmente empregada no Vietnã que faz uso de raspagens
em regiões específicas do corpo, de forma similar ao que acontece na prática do Gua Sha.
No entanto, no Vietnã é comum a utilização exclusiva de moedas para a execução das raspagens
ou instrumentos adaptados com moedas.

Segundo um artigo do JAMA (The Journal of the American Medical Association) uma das mais
respeitadas revistas científicas do mundo Cao Gio é definido como:
“Terapia dermo-abarasiva utilizada para aliviar sintomas de diversas doenças, normalmente
utilizado por grupos étnicos do Sudeste da Ásia. Esta prática visa a liberação de excesso de ‘Vento’ e
‘energia’ considerada responsável pela doença.
A pele é primeiramente lubrificada com óleos e em seguida raspada firmemente com a borda de
uma moeda para produzir equimoses no peito e nas costas.

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Este procedimento normalmente gera erupções cutâneas na forma de um pinheiro com duas linhas
verticais longas ao longo da coluna e marcas em ambos os lados paralelas às costelas.”
A prática com moedas é tradicional no Vietnã, porém também pode ser (e é muito comumente)
empregada no Gua Sha regular da China.
Via de regra, recomenda-se a utilização de moedas mais antigas, cujas bordas estão mais
desgastadas, diminuindo possíveis dores durante a raspagem. Estas moedas tradicionais chinesas são
ainda mais interessantes pois o furo central facilita a pegada a firmeza no movimento.

Kerikan
Raspagem na Indonésia
Kerikan (Bahasa Indonesia) ou Kerokan (Javanês) é considerada uma terapêutica
tradicional principalmetne praticada por javaneses. Alguns não praticam mais por considerar
uma terapêutica dolorida.
Muitas pessoas mais velhas indicam que o Kerikan teria sido trazido por chineses que
vieram para a Indonésia (Java) muitos anos antes, no entanto este fato não é totalmente
comprovado ou aceito, visto que alguns afirmam que esta terapêutica teria sido desenvolvida
em Java.
Relatos indicam que o Kerikan era praticando com moedas, no entanto iso fazia com a
prática fosse ainda mais dolorida.
Assim alguns desenvolveram instrumentos com bordas mais arredondadas como na figura ao lado.
Este tipo de instrumento facilita a pegada do praticante (cabo) e possui uma superfície bem suave
e arredondada para a raspagem.
Técnica mais básica e que deve ser executada com ligeiro cuidado na região
da coluna, Vaso Governador (Du Mai).
O cuidado se deve ao fato de ser possível a presença de dor ao se raspar
sobre os processos espinhosos das vértebras.

Técnica básica de estímulo da região


paravertebral, seguindo de maneira paralela ou tendo por
base o trajeto das costelas. Recordando as importantes
inervações que seguem este trajeto partindo da medula
espinal.

Técnica suplementar visando estímulo da


Técnica suplementar visando estímulo da região
posterior do pescoço e superior e posterior dos braços.
Estes procedimentos, somados aos anteriores,
perfazem as técnicas básicas empregadas de forma
profilática e terapêutica, visando o bem estar e saúde dos
pacientes.

灸法 jiǔfǎ
Moxabustão
Apresentação
A utilização das propriedades terapêuticas do calor tem sido empregada, provavelmente, pelo
homem desde os tempos mais remotos.
A sensação de conforto proporcionada pelo aquecimento do sol ou de outras fontes possivelmente
fez com que os homens descem um valor importante ao calor, sendo que Wang Xue Tai, grande
praticante e pesquisador contemporâneo relata que:

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“Na sociedade primitiva, quando as pessoas estavam se aquecendo junto ao fogo, elas acidentalmente
perceberam que a aplicação de calor sobre a região do abdome poderia aliviar sintomas como dores
abdominais, distensão e plenitude abdominal”.

Definição
No Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa de 2004 é possível encontrar as seguintes
definições:
Moxa – (cs) [Do jap. mogusa, ‘certa variedade de artemísia cujo parênquima é comestível’.]
Substantivo feminino.
1.Bastonete, ou cone, feito com parênquima de artemísia, ou mesmo ramo de artemísia, que, queimado
em contato com a pele, em determinadas regiões do corpo, produz efeito comparável ao da acupuntura. [É
prática da medicina oriental.]
Moxibustão–(cs)[De moxa+ -i- + (com)bustão; ingl. moxibustion.]
Substantivo feminino.
1.Med. Contra-irritação, ou cauterização, produzida pela moxa acesa, e colocada sobre a pele.
Segundo o texto Skill with illustrations of Chinese Acupuncture and Moxibustion:
“Moxabustão é um método terapêutico através da queima de alguns materiais combustíveis ou aplicação
de compressas de ervas ou emplastro de ervas sobre um ponto de acupuntura ou região afetada pra
produzir um estímulo morno-quente no paciente, que atua no ponto de acupuntura ou região afetada e é
conduzido através dos Canais de modo que o equilíbrio das funções físicas do corpo seja ajustado”.

Significado
Através de uma análise rápida do ideograma, caractere, chinês que indica a prática da moxabustão
de maneira geral como pode ser encontrado em alguns textos, 灸 (jiǔ), é formado com base na soma de
dois outros ideogramas distintos:
• 久(jiǔ), que além de dar a fonética para o termo chinês de moxabustão, indica algo de longa
duração ou com uma duração específica;
• 火 (huǒ), que indica fogo, chamas, ardência.
Desta forma o ideograma chinês para moxabustão implica na idéia da queima de algum material,
geração de fogo, por um período aumentado de tempo.

A moxa
Mogusa, que deu origem ao termo moxa, vem a ser a própria planta mais comumente empregada
para a realização da moxabustão, a Artemisia vulgaris ou também Artemisia argyii (nome alternativo ou
que pode ser empregado de maneira similar) que em chinês é 艾 (ài), ou ainda 艾叶 (ài yè), que seriam as
folhas da artemísia. Vale dizer que em japonês a erva empregada na moxa é conhecida por Yomogi, ou
mogusa (forma processada) como já descrito, como bem ressalta o professor Antônio Cunha, especialista
em acupuntura japonesa.
A Artemisia é uma planta ramosa e aromática, originária da Europa temperada, Ásia, norte de
África, mas está também presente na América do Norte, onde é uma erva invasiva, cultivada em hortas e
jardins como ornamental e medicinal.

Características
Há cinco condições básicas e importantíssimas para que a artemísia esteja no melhor de
sua qualidade, condições estas já previstas desde os tempos mais antigos em relação às folhas:
1. devem ser macias e melhor que sejam colhidas na primavera;
2. devem ser guardadas por um longo período de tempo;
3. devem se limpas, toda a sujeira e folhas de menor qualidade devem ser removidas;
4. devem ser socadas até que elas se tornem uma lã fina e macia;
5. A lã deve ser seca.

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Funções
Abaixo seguem as principais funções para a utilização da moxabustão na prática terapêutica de
acordo com os principais textos contemporâneos:
• Aquecer e Dispersar o Frio
• Aquecer e Drenar os Canais e Colaterais (Jing Luo)
• Promoção da Circulação de Sangue (Xue)
• Remover a Estagnação de Sangue (Xue)
• Recuperar o Yang debilitado
• Recuperar o Colapso de Yang
• Tonificar o Qi e nutrir o Sangue (Xue)
• Aliviar Estagnações
• Dispersar Agentes Patogênicos
• Promover a Saúde e Prevenir Doenças

Moxabustão com Artemísia


A prática clínica da moxabustão, assim como as suas técnicas, são divididas em dois grandes
grupos:
• Técnicas de moxabustão com Artemísia
• Técnicas de moxabustão sem Artemísia
Cabe ao praticante, em alguns casos em conjunto com o paciente, determinar a melhor técnica a
ser aplicada para as necessidades específicas deste.

A artemísia, como já mencionado anteriormente, é o principal combustível para a prática da


moxabustão, principalmente por causa de suas propriedades terapêuticas ao ser queimada sobre os pontos
de acupuntura.
Para a prática desde tipo mais difundido de moxabustão há praticamente quatro modalidades
principais a serem discutidas:
• 艾炷灸 àizhùjiǔ – Moxabustão com cone de moxa
• 艾卷灸 àijuǎnjiǔ – Moxabustão com bastão de moxa
• 温针 wēnzhēn – Agulha aquecida
• 灸器灸 jiǔqìjiǔ – Moxabustão com instrumento

Moxabustão com cone de moxa


A prática da moxabustão com a utilização de cones feitos manualmente com a artemísia preparada
é a técnica mais antiga, empregada desde os tempos mais antigos e com maior quantidade de informações
relatadas nos textos clássicos da Medicina Chinesa.
O Cone de moxa (艾炷 àizhù) deve ser feito mediante a pressão e amassamento da lã de moxa,
devidamente trabalhada anteriormente, entre o polegar e os dedos médio e indicador de modo a formar
uma estrutura similar a um cone, que pode ser moldado em tamanhos diferentes de acordo com o paciente
e o objetivo do estímulo.
Com relação ao tamanho dos cones de moxa, é uma tradição que os praticantes da linhagem
chinesa empregam cones, em média relativamente, maiores que a média do tamanho empregado pelos
praticantes da linha japonesa.
Vale dizer que na prática tradicional da moxabustão
com cones, raramente emprega-se apenas um cone para o
tratamento, sendo recomendada a utilização de poucos 03-05
cones até muitos, como mais de 100-300 cones em casos
específicos.

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Com relação à aplicação específica dos cones de moxa com finalidade terapêutica há duas
principais técnicas a serem analisadas:
• Moxabustão direta (直接灸 zhíjiējiǔ)
• Moxabustão indireta (间接灸 jiànjiējiǔ)
Cada uma destas técnicas principais pode ser subdivida em outras tantas, mas de maneira geral
temos que a primeira implica na utilização de cones de moxa diretamente sobre a pele do paciente e a
segunda implica na utilização de cones de moxa apoiados sobre alguma substância que forma o que é
chamado de interposição, entre a moxa e o ponto a ser estimulado.

Moxabustão direta com cone de moxa


Na aplicação desta técnica o praticante deve estar atento para que o cone fique bem posicionado e
não caia ou se desloque do local desejado, visto que é aplicado diretamente na pele.
Para tanto, recomenda-se a aplicação de algumas substâncias para ajudar na fixação do cone,
principalmente se o praticante estiver trabalhando com cones pequenos, como na técnica japonesa.
A aplicação da moxabustão direta pode ser dividia em:
• Moxabustão sem cicatriz (无瘢痕灸 wúbān hénjiǔ)
• Moxabustão com cicatriz (瘢痕灸 bānhénjiǔ)

Moxabustão direta sem cicatriz


Esta é a modalidade mais suave de estímulo através da aplicação da moxabustão direta e depende
de uma boa percepção e experiência do praticante, visto que este deve estimular o paciente somente até
que sua pele fique avermelhada sem deixar marcas na pele do mesmo.
A recomendação dos textos teóricos é de que o cone seja retirado do paciente assim que o paciente
sinta uma sensação de queimação, o que normalmente acontece quando o cone queima cerca de 1/4 ou
2/5 de seu tamanho original, como recomenda Yan Jie, ou 1/5 como recomenda Gang Lin Yin e Zheng
Hua Liu.

Moxabustão direta sem cicatriz


Após a retirada de um cone deve ser colocado outro no mesmo local, e tantos outros até que o
efeito desejado seja obtido ou a quantidade de cones pré-estabelecida seja atingida, sempre tendo em
mente que nesta modalidade a pele do paciente não deve ser prejudicada.
Esta modalidade é normalmente indicada para o Síndromes de Frio deficiente, com destaque para
condições como asma, diarréia, lombalgia, dores abdominais, impotência, etc. No entanto um profissional
treinado pode empregar para situações muito mais amplas que estas descritas.

Moxabustão direta com cicatriz


Este é um método de aplicação direta da moxabustão sobre a pele do paciente, gerando um
estímulo forte, que culmina com a formação de uma ferida após a prática. Os textos antigos
recomendavam muito esta técnica pelo fato de melhorar a força do paciente, principalmente no que diz
respeito à sua capacidade de fortalecer a resistência corporal contra os fatores patogênicos.
O praticante deve posicionar o paciente na maneira mais adequada e confortável possível, visto
que este não pode se movimentar durante a execução da técnica, mesmo sabendo-se que a aplicação da
moxabustão causará um desconforto e forte queimação.
Para a fixação do cone de moxa no ponto de acupuntura ou região, previamente selecionada,
recomenda-se a utilização de sumo de alho ou vaselina, que melhoram a aderência à pele. Vale dizer que
o sumo do alho é mais indicado, visto que ele, por suas características e natureza, estimula e facilita a
formação das feridas, potencializado pelo calor do cone de moxa.
O cone deve ser queimado por completo. Quando o paciente relatar uma forte sensação de
queimação, algumas ações devem ser realizadas para reduzir a sensação dolorosa local.
Dentre estas ações destacam-se, nos textos da linhagem chinesa, a utilização de percussões rápidas
e suaves com as pontas dos dedos ao lado do local onde o cone está queimando.
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Após o cone de moxa ter sido queimado por completo, o praticante deve limpar a região,
removendo os excessos de cinzas e aplicar um novo cone, e assim sucessivamente. A remoção das cinzas
deve, preferencialmente, ser feita com uma gaze e um pouco de água estéreis.
A boa prática recomenda que a ferida seja limpa diariamente de maneira estéril, principalmente no
caso de possíveis infecções associadas com a ferida, apresentando aumento na quantidade de pus ou
secreções; Casos mais sérios requerem que os cuidados sejam aumentados, necessitando até mesmo de
trocas mais freqüentes do curativo.
Vale dizer que no ocidente esta prática não é utilizada com freqüência, principalmente pela baixa
tolerância aos estímulos.

Moxabustão indireta com cone de moxa


A prática da moxabustão indireta implica na utilização de substâncias específicas, de acordo com
a necessidade do paciente e/ou experiência do praticante, entre o cone de moxa e a pele do paciente.
Desta forma, o praticante estará oferecendo ao paciente o benefício da combinação de dois
estímulos, o calor e efeitos da moxabustão e os efeitos advindos diretamente da substância empregada,
que fica em contato direto com a pele do paciente.
Diversas são as possibilidades de materiais e substâncias que podem ser empregadas para a pratica
da moxabustão indireta, sendo que muitas delas são empregadas por milhares de anos, com relatos
históricos presentes em textos clássicos.
No entanto alguns materiais são empregados com mais freqüência, como por exemplo o gengibre,
sal e alho, algumas substâncias são empregadas em fatias outras são esmagadas ou trituradas e então
preparadas em forma de bolos medicinais.

Moxabustão com interposição de sal


A recomendação aqui é de um método presenciado na China, que
implica que o umbigo seja coberto com uma gaze fina, antes da colocação
do sal de modo que facilita a retirada do sal após a aplicação dos cones de
moxa ou ainda a rápida retirada caso o paciente relate um calor
extremamente forte no local.
Vale dizer que para a utilização de sal de cozinha, que é
extremamente fino, a gaze não ajudará muito, sendo indicado (sugestão) o
uso de um pedaço pequeno de papel higiênico fino (camada única).
Esta interposição é indicada para casos de dores abdominais agudas, vômito, diarréia, disenteria,
frio nas extremidades, prolapso anal, doenças crônicas do Estômago (Wei), Síndromes de Colapso,
Deficiências de Yang, cansaço generalizado, alem de ser indicado para o tratamento de pacientes
inconscientes devido a grande perda o Yang.

Moxabustão com interposição de alho


A boa prática recomenda que se corte o alho de maneira
longitudinal, obtendo fatias mais longas, que devem ser cortadas com
cerca de 02 a 03mm de espessura. Estas fatias devem ser devidamente
perfuradas em seu centro, para facilitar a penetração do calor e liberar
um pouco de sumo do alho.
Uma fatia deve ser colocada sobre o ponto a receber o estímulo
para que então o cone de moxa seja posicionado sobre esta fatia e
então aceso. Yan jie recomenda que, em média, a cada 03 cones de moxa, troque-se a fatia de alho por
uma nova e fresca, visto que a moxa tende a ressecar a fatia, e diminuir o efeito terapêutico da
combinação alho e moxabustão, vale dizer que Liu Gong Wan recomenda a troca a cada 04-05 cones de
moxa.
Esta interposição é indicada para casos de carbúnculos, furúnculos, inflamações cutâneas,
mordidas de cobras (não venenosas), tuberculose, massas abdominais, picadas de inseto, feridas cutâneas,
infecções piogênicas, escrófula, dentre outras.
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Moxabustão com interposição de gengibre


Este método de aplicação de moxabustão indireta implica na utilização
de uma fatia de gengibre, preferencialmente, fresco. Alguns textos recomendam
a utilização de fatias mais finas, entre 02 e 03mm, enquanto outros recomendam
o uso de fatias com 05mm de espessura.
Esta fatia deve ser perfurada diversas vezes com uma agulha mais grossa,
por exemplo as agulhas trifacatedas empregadas na prática da sangria ou ainda
agulhas ocas como as utilizadas para injeção. Estes furos, realizados na região
central da fatia, fazem com que o calor possa passar pelo gengibre com mais facilidade, assim como fazer
com que um pouco de sumo do gengibre extravase sobre o ponto.
Esta interposição é indicada para casos de dispepsia, dores abdominais, diarréia, espermatorréia,
ejaculação precoce, Síndromes Bi (principalmente do tipo Vento Frio Umidade), Síndromes de Frio,
vômito, dentre outras de acordo com as funções do próprio gengibre.

Moxa botão
Esta prática implica na utilização de moxa moldada por máquinas específicas em forma de
cilindros posicionados sobre uma base que faz com que não haja contato direto entre a lã de moxa e a pele
do paciente.
Os principais, mais difundidos, cilindros de moxa, ou moxa botão, são de origem japonesa e
coreana, mas também há os chineses. Os botões de moxa são feitos exclusivamente com lã de moxa
prensada ou ainda mediante a combinação desta lã de moxa com outras substâncias, com finalidades
terapêuticas diversas.
A praticidade e simplicidade da aplicação dos botões de moxa permite que o praticante, após
realizar o devido tratamento na clínica, ensine o paciente a aplicar em si mesmo os botões de moxa ou
ensinar a um parente ou pessoa próxima para estimular o paciente.
Para tanto é necessário que se ensine a técnica de estímulo e marque precisamente os pontos a
receberem os estímulos. Este tipo de aplicação combinada, clínica e doméstica, é muito interessante para
o tratamento de casos crônicos ou alterações de difícil resolução.

Moxabustão com bastão de moxa


A prática da moxabustão através da utilização de bastões especialmente fabricados com lã de
moxa é bem mais recente que a prática da moxabustão com cones, tendo aparecido na literatura médica
chinesa, somente durante a Dinastia Ming.
Atualmente, desde a década de 50 é possível encontrar diversas fábricas chinesas que produzem
bastões de moxa de muito boa qualidade e em grande quantidade, o que facilitou a expansão desta prática
que é mais simples para o praticante e tende a não levar riscos para o paciente.
Para a boa prática de moxabustão com bastão de moxa o acupunturista deve pegar o bastão que
fora selecionado e, antes de iniciar a aplicação, retirar um pedaço ou a totalidade da primeira camada de
papel que reveste a moxa externamente. Esta retirada é importante, pois esta camada normalmente é
pintada e se for queimada, liberará uma fumaça da tinta e não somente da moxa, além do fato que sua
queima é irregular pela própria tinta.
Em seguida o praticante deve acender uma das extremidades do bastão de moxa, com auxílio de
uma lamparina, isqueiro ou mini-maçarico, de acordo com a disponibilidade destes recursos.
A aplicação clínica dos bastões de moxa implica na seleção de dois métodos básicos de estímulo e
subdivisões:
• 悬起灸 xuánqǐjiǔ Moxabustão em suspensão
Moxabustão com calor moderado
Moxabustão em bicada de pardal
Moxabustão circular
Moxa por passar com calor
• 实按灸 shíànjiǔ Moxabustão por pressão

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Agulha aquecida
Esta técnica clássica implica na utilização da queima de bolas de
moxa ou pedaços de bastões de moxa previamente fixadas no cabo de
agulhas já inseridas no paciente, com a finalidade de aplicar estimulação
por calor em adição ao estímulo já fornecido pela própria inserção da
agulha.
A aplicação da técnica do Wen Zhen, segundo a visão da
Medicina Tradicional Chinesa tem a capacidade de facilitar e promover a
circulação de Qi e de Sangue (Xue) através dos Canais e Colaterais (Jing Luo); dispersar Estagnações de
Qi e/ou de Sangue (Xue); promover um aquecimento de locais invadidos pelo Frio; aliviar a dor.
Seja empregando a técnica com punhado de lã de moxa ou pedaços de bastões de moxa,
recomenda-se que o praticante utilize um pedaço de papel mais grosso para proteger apele ao redor do
ponto estimulado.
Para tanto, deve-se prepara um circulo de papel com cerca de 05cm de diâmetro, que deve ser
rotado até o seu centro, de modo que a agulha, já inserida, possa deslizar pela ranhura e ficar bem no
centro do papel.

Moxabustão com instrumento


Além das práticas tradicionais com os cones de moxa e com
os bastões de moxa, mais recentemente a literatura chinesa apresenta
a descrição de instrumentos especialmente fabricados para a prática
indireta da moxabustão, com aquecimento deste instrumento que
deve ser passado pelas áreas do corpo do paciente que se deseja
estimular.
Esta prática tem por função regular o Qi e o Sangue (Xue),
aquecer o Aquecedor Médio (Zhong Jiao) e eliminar o Frio patogênico. Sendo particularmente adequado
e indicado para mulheres, crianças e aquelas pessoas com medo de acupuntura ou ainda aquelas pessoas
que se demonstram apreensivas em relação à prática das técnicas tradicionais de moxabustão.
De maneira geral esta prática implica na utilização de instrumentos especialmente fabricados para
esta finalidade. Estes instrumentos, normalmente, são formados por estruturas metálicas que funcionam
como compartimentos para se armazenar lã de moxa que deverá ser, em seguida, acesa, aquecendo este
compartimento metálico.

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Caixa de Moxa
A prática de moxabustão com auxílio de caixas específicas é uma técnica
bastante interessante, principalmente quando o objetivo do praticante é o estímulo de
vários pontos de acupuntura ou de uma área maior ao mesmo tempo.
Para a aplicação em si o praticante deve empregar 02 ou 03 porções lã de
moxa ou ainda 02 ou 03 pedaços de bastão de artemísia, com cerca de 2cm cada, que
devem ser colocados sobre a grade metálica, espalhando adequadamente para que o
calor seja dissipado por toda a caixa.
Esta prática é geralmente indicada, para estimular as partes superior e inferior das costas, a região
lombar, região epigástrica, região do abdome, região do baixo ventre e região das coxas.

Cachimbo de Moxa
Este suporte para bastão de moxa apresenta o formato similar a de um cachimbo,
daí ter ficado conhecido popularmente como cachimbo para bastão de moxa.

Outros instrumentos
Os outros instrumentos não são empregados com muita freqüência no Brasil, mas têm indicação
para estímulo interno, através do ânus e da vagina.

Moxabustão sem Artemísia


Desde os tempos mais antigos os chineses não empregavam apenas a artemísia para a prática da
moxabustão, mas também outras substâncias que poderiam ser queimadas, como os bastões medicinais,
aplicadas topicamente com os efeitos obtidos pela formação de bolhas, similares àquelas geradas pela
moxabustão direta, além da utilização de recursos modernos, como a utilização de equipamentos elétricos
que geram calor e/ou luz.

Métodos
Dentre as principais técnicas de aplicação de moxabustão, CALOR, sem artemísia destacam-se:
• Bastão de moxa sem fumaça
• Bastão de moxa com medicamento
• Moxabustão com ferida por medicamento
• Moxa Elétrica

Outras técnicas
Moxabustão da Serpente
Esta modalidade de moxabustão implica
basicamente na utilização de uma seqüência de cones
de moxa, na verdade pedaços de lã de moxa em
formato similares a quibes, por toda a região da coluna
do paciente de forma similar a uma serpente, daí o seu
nome.
Vale dizer que é possível também encontrar o
termo “moxa em forma de cora” ou ainda “moxa
dragão”, sendo este último o termo que me foi ensinado
por especialistas chineses.
A aplicação desta modalidade de moxabustão em forma de serpente longa tem as funções
elementares de aquecer e tonificar o Yang do Vaso Governador (Du Mai), fortalecendo o Qi Primário
(Yuan Qi), fortalecendo o Rim (Shen) e suas funções, regulando o Yin e Yang e promovendo o fluxo de
Qi e Sangue (Xue).

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拔罐法 báguànfǎ
Ventosaterapia

Apresentação
Definição
A terapêutica com aplicação de ventosa ou, simplesmente, ventosaterapia é uma antiga prática
tradicional da Medicina Chinesa, onde uma estrutura específica é posicionada sobre a pele do paciente e
produz efeitos terapêuticos através da criação de um vácuo no interior desta estrutura ou instrumento, de
modo que a pele e tecidos superficiais sejam sugados e mantidos no interior do corpo.
No decorrer dos anos diversos termos foram empregados para a denominação da prática da
ventosaterapia na China com destaque para:
角法 - jiǎofǎ (técnica do chifre)
拔罐疗法 - báguàn liáofǎ Ventosaterapia
吸筒疗法 - xītǒng liáofǎ Ventosaterapia
吸杯法 - xībēifǎ Ventosaterapia
Segundo Shuai Xue Zhong: “Aplicar vários métodos para drenar o ar de dentro de um copo para
gerar pressão negativa e fazer com que absorva a superfície do corpo, para o tratamento de doenças.
Causar congestão local ou estagnação de sangue através de sua absorção, podendo promover a
circulação sangüínea, o fluxo de Qi, alívio de dor e diminuição de inchaços”.
As ventosas são identificadas pelo termo chinês Guan (罐 guàn), que traz a idéia de copos, jarro,
pote, sempre uma estrutura oca com capacidade de armazenar algo. Neste caso a estrutura oca é
empregada para a geração de um vácuo parcial.
A definição do professor Auteroche para ventosas indica: “As ventosas são pequenos frascos com
abertura redonda e lisa, utilizados para criar, na pele, uma depressão que vai puxar o sangue para o
exterior do corpo e fazê-lo circular”.

Aplicação
Copos para Ventosa
Os primeiros tipos de ventosa a serem empregados eram feitos
a partir de chifres de animais, passando por outros materiais como
cerâmica, bambu e vidro, onde estes dois últimos estão dentre os mais
utilizados até os dias atuais.
Outros materiais foram empregados em alguns momentos na
história, porém são raramente empregados na atualidade, como ferro e
cobre.
Além destes materiais descritos acima, nos últimos anos a um
grande aumento na utilização de ventosas feitas de um plástico enrijecido, normalmente com válvulas
para sucção através de bomba, elétrica ou manual.
Na China é comum a utilização de potes de vidro, de alimentos, para a prática a ventosaterapia, até
mesmo em alguns hospitais e clínicas.

Procedimento
Após a seleção do tipo de ventosa, copo, que será empregado o praticante deve partir para a
seleção da área que será estimulada. Após esta seleção deve-se partir para a fixação da ventosa no corpo
do paciente mediante a geração do vácuo de acordo com o método de escolha ou o mais adequado.
Por fim, o praticante deve selecionar, de acordo com as características específicas do paciente e os
objetivos do tratamento, qual será o método de aplicação a ser utilizado.

Métodos de Sucção
Para a geração do vácuo, sucção, o praticante pode se utilizar de alguns métodos diferentes, com
destaque para:
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• 火罐法 huǒguànfǎ – Ventosa de fogo


• 水罐法 shuǐguànfǎ – Ventosa de água
• 抽气罐法 chōuqì guànfǎ – Ventosa por retirada de ar

Ventosa de fogo
Esta forma de gerar o vácuo no interior do copo é uma das mais tradicionais e aplicadas na prática
clínica chinesa, podendo ser executada mediante alguns métodos, sempre através da utilização de uma
chama que, ao consumir o oxigênio dentro do copo, gera o vácuo:
• Método de atirar fogo
• Método de passar rapidamente o fogo
• Método de aderir algodão
• Método de apoio em material

Ventosa de água
Esta forma de gerar o vácuo no interior do copo é aplicada com menor freqüência, gerando
colocando os copos para serem fervidos em água ou uma combinação fitoterápica, para então serem
rapidamente secados e pressionados sobre a região a ser estimulada. O calor no interior do copo acaba por
gerar a sucção necessária.

Ventosa por retirada de ar


Esta forma de gerar o vácuo no interior do copo implica na utilização de diferentes recursos, de
acordo com o corpo, para bombear, retirar, o ar diretamente do copo, seja por rotação (copos com rosca),
extração direta (bombas manuais ou elétricas), dentre outras possibilidades.

Métodos de aplicação
Após a seleção do tipo de copo que será empregado, do método de sucção e da seleção da área que
será estimulada, o praticante deve escolher o método de aplicação.
Desta forma, o praticante deve conhecer a fundo cada um dos métodos para que possa proceder
com a escolha do mais relevante para a situação específica do paciente.
Na atualidade há diferentes métodos de ventosaterapia utilizados e promovidos na China, Japão e
Coréia, assim como os países ocidentais que absorveram e reproduzem os grandes benefícios destes
conhecimentos orientais.
• Ventosa com retenção
• Ventosa rápida (repetida)
• Ventosaterapia deslizante
• Ventosa com moxa
• Ventosa com medicamento
• Ventosa com agulha dentro do copo
• Sangria e ventosa

Ventosa com retenção


Este método de aplicação implica, basicamente, na utilização pura a simples da sucção localizada,
sem manipulações adicionais, seja no sentido de re-aplicações, seja no sentido de movimentos dos copos
de ventosa.
Este método pode ser de forma única ou múltipla.

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Ventosa rápida (repetida)


Esta modalidade de ventosaterapia é descrita por Stephen Birch como ventosa momentânea da
seguinte forma: “Envolve a aplicação de ventosas para os pontos ou áreas selecionadas e então, quase
imediatamente, a sucção é interrompida, o processo é repetido até que o resultado desejado é atingido.
Este método é bom para liberar congestões locais e é empregado principalmente par ao tratamento de
desordens envolvendo algum tipo de má função dos órgãos subjacentes”.

Ventosaterapia deslizante
Este método de ventosa implica na utilização de movimentos, deslizamentos, do copo já com a
sucção, pelo corpo do paciente, amplamente empregado na região da coluna.
Os deslizamentos potencializam os efeitos terapêuticos e tendem a gerar efeitos de dispersão, visto
que é um estímulo forte, devendo ser empregado com auxílio de um óleo para facilitar o deslizamento.

Ventosa com agulha dentro do copo


Esta técnica implica na utilização de um estímulo de acupuntura sobre a região a ser estimulada,
seguida da aplicação de um copo de ventosa sobre a agulha, fazendo com que o vácuo seja gerado na
região agulhada, potencializando o estímulo de ambos recursos.

Ventosa com moxa


Esta técnica não é amplamente difundida e implica na combinação do estímulo de agulha aquecida
(moxa na agulha) seguido da aplicação de um copo de ventosa sobre a região já aquecida pela moxa.

Ventosa com medicamento


Esta técnica implica na combinação dos efeitos terapêuticos da ventosa e fitoterápicos chineses,
seja através de ferver os copos em conjunto com as ervas, seja por guardar os copos (principalmente de
bambu) junto com as ervas, para que estes absorvam as propriedades das ervas.

Sangria e ventosa
Esta técnica combina os efeitos terapêuticos da sangria com a sucção da ventosa,
potencializando a retirada de sangue e seus efeitos.
Esta técnica é amplamente empregada no tratamento de pacientes com dores ou
sintomas associados com Calor.
Uma opção interessante é da utilização do “martelo” de 7 ou 5 agulhas, seguida da
aplicação da ventosa.

Aplicações combinadas

Avaliação pós aplicação


O praticante pode utilizar a ventosa como ferramenta de avaliação das condições do paciente,
mediante a análise das marcas deixadas pelo copo de ventosa, verificando se as marcas se apresentam
mais claras ou mais escuras, se desaparecem com mais ou menos rapidez após a retirada do copo.

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Protocolos gerais
Protocolo anterior
Potencializa as funções de Baço (Pi), Estômago (Wei), Intestinos (Chang).

Protocolo posterior
Atuam sobre a função dos Órgãos (Zang), mediante estímulo de pontos Bei Shu, favorecendo a
ação destes e a prevenção de alterações.

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