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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

ADELAINE CURVO
O que é o Direito Internacional
Humanitário?
O Direito Internacional Humanitário é um conjunto de normas que, procura limitar
os efeitos de conflitos armados. Protege as pessoas que não participam ou que
deixaram de participar nas hostilidades, e restringe os meios e métodos de
combate. O Direito Internacional Humanitário (« DIH » ) é também designado por
«Direito da Guerra » e por « Direito dos Conflitos Armados

Quais são as origens do Direito


Internacional Humanitário?
O Direito Internacional Humanitário faz parte do Direito Internacional que rege as
relações entre Estados e que é constituído por acordos concluídos entre Estados –
geralmente designados por tratados ou convenções – assim como pelos princípios
gerais e costumes que os Estados aceitam como obrigações legais.
.
As origens do Direito Internacional Humanitário podem ser encontradas nos códigos
e regras de religiões e nas culturas do mundo inteiro. O desenvolvimento moderno
do Direito teve início na década de 1860; desde essa altura, os Estados acordaram
numa série de normas práticas, baseadas na dura experiência da guerra moderna, que
refletem num delicado equilíbrio entre as preocupações humanitárias e as
necessidades militares dos Estados. Com o crescimento da comunidade internacional,
aumentou igualmente o número de Estados em todo o mundo que contribuíram para o
desenvolvimento do Direito Internacional Humanitário, que pode hoje em dia ser
considerado como um sistema de Direito verdadeiramente universal
Quais são as fontes do Direito Internacional Humanitário?
Uma parte considerável do Direito Internacional Humanitário encontra-se nas
quatros Convenções de Genebra de 1949. Quase todos os países do mundo aceitaram a
vinculação às Convenções , que foram desenvolvidas e completadas por mais dois
acordos – os Protocolos Adicionais de 1977
Existem ainda vários acordos que proíbem o uso de certas armas e táticas
militares, entre as quais as Convenções de Haia de 1907, a Convenção das Armas
Bacteriológicas (Biológicas) de 1972, a Convenção das Armas Convencionais de 1980
e a Convenção das Armas Químicas de 1993. A Convenção de Haia de 1954 protege o
patrimônio cultural em tempo de conflito armado.
Hoje em dia, muitas das normas do Direito Internacional Humanitário são aceitas
como Direito Consuetudinário, ou seja, como regras gerais que se aplicam a todos
os Estados.
O que é que está abrangido pelo Direito Internacional Humanitário?
O Direito Internacional Humanitário abrange duas áreas: •A proteção das pessoas que
não participaram ou que deixaram de participar nas hostilidades;

O que é a proteção?
O Direito Internacional Humanitário protege as pessoas que n ão participam no
combate, tais como aqueles que foram feridos ou que naufragaram, que estão doentes
ou que foram feitos prisioneiros de guerra.
As pessoas protegidas não devem ser atacadas; não se lhes deve infligir maus-
tratos físicos ou tratamento degradantes; os feridos e doentes devem ser
recolhidos e tratados. Existem normas específicas que se aplicam aos indivíduos
que foram feitos prisioneiros ou que foram detidos; tais normas incluem a provisão
de alimentação adequada, abrigo idôneo, assim como garantias jurídicas.
.
Certos locais e objetos, tais como hospitais e ambulâncias estão igualmente
protegidos e não devem ser atacados. O Direito Internacional Humanitário
estabelece uma série de emblemas e sinais, facilmente reconhecíveis, entre os
quais a cruz vermelha e o crescente vermelho. Eles podem ser utilizados para
identificar pessoas e locais protegidos

Em que consistem as restrições sobre armas a táticas militares?


-O Direito Internacional Humanitário proíbe todos os meios e métodos de combate
que:
-não discriminem entre as pessoas que participam nas hostilidades e as pessoas
que, tal como os civis, não participam nelas,
-causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários; -causem danos graves
ou duradouros ao meio ambiente .
O Direito Internacional Humanitário proibiu assim o uso de muitas armas, entre as
quais as balas explosivas, armas químicas e biológicas, assim como armas a laser
que provocam cegueira

Quando é que se aplica o Direito


Internacional Humanitário?
O Direito In ternacional Humanitário aplica-se apenas a conflitos armados. Não
abrange os distúrbios internos tais como atos isolados de violência, nem
regulamenta se um estado pode ou não utilizar a força. Este aspecto é regido por
uma parte importante, mas distinta, do Direito Internacional, que consta na Carta
das Nações Unidas. O Direito Internacional só é aplicável após o início de um
conflito e aplica-se uniformemente a todas as partes, independentemente de quem
começou as hostilidades.
O Direito Internacional Humanitário distingue entre conflitos armados
internacionais e conflitos armados internos . Os conflitos armados internacionais
são aqueles em que estão envolvidos pelo menos dois Estados; são objeto de um
vasto conjunto de normas que incluem as que constam nas quatro Convenções de
Genebra e no primeiro Protocolo Adicional. No entanto, da mesma forma que nos
conflitos armados internacionais, num conflito armado interno todas as partes
devem agir em conformidade com o Direito Internacional Humanitário.
É importante distinguir entre Direito Internacional Humanitário e o Direito
Internacional dos Direitos Humanos . Embora algumas das suas normas sejam
idênticas, estes dois corpos de Direito desenvolveram -se separadamente e constam
em tratados diferentes. Em particular, contrariamente ao que acontece no Direito
Internacional Humanitário, o Direito Internacional dos Direitos Humanos aplica-se
em tempo de paz e muitas das suas disposições podem ser suspensas durante um
conflito armado.
Será que o Direito Internacional
Humanitário realmente funciona?
Infelizmente, existem inúmeros exemplos de violações do Direito Internacional
Humanitário em c onflitos em várias partes do mundo. As pessoas civis encontram-se
em número cada vez maior entre as vítimas das hostilidades. No entanto, existem
casos importantes em que, graças ao Direito Internacional Humanitário, foi
possível uma proteção de pessoas civis, prisioneiros, doentes e feridos, assim
como restrições no uso de armas bárbaras. Dada as circunstâncias de trauma extremo
inerentes à aplicação do Direito Internacional Humanitário, ela far-se
á sempre com grandes dificuldades. Uma aplicação efetiva continua a ser
extremamente urgente.
Foram elaboradas algumas medidas para promover o respeito do Direito Internacional
Humanitário. Os Estados têm a obrigação de educar as suas Forças Armadas, assim
como o público em geral, acerca das normas de Direito Internacional Humanitário.
Devem evitar e punir, sempre que seja necessário, todas as violações do Direito
Internacional Humanitário. Em especial, devem promulgar leis pra punir as
violações mais graves das Convenções de Genebra e Protocolos Adicionais que são
consideradas crimes de guerra . Foram igualmente tomadas medidas a nível
internacional: criaram-se tribunais para punir atos cometidos em dois conflitos
recentes e está a ser examinada a possibilidade de criar um tribunal internacional
permanente, com competência para punir crimes de guerra.
Seja por intermédio de Governos e organizações, seja como pessoas individuais,
todos nós podemos contribuir significativamente para a aplicação do Direito
Internacional Humanitário.
FONTE
• Serviço consultivo em direito internaiconal humanitario • Réf. LG 1998-002a-POR

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