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SISTEMAS FLUIDOTÉRMICOS 2

EM 2243
PROF. DR. SANTIAGO DEL RIO OLIVEIRA
CAPÍTULO 2 – TROCADORES DE CALOR COMPACTOS
1-TIPOS DE TROCADORES DE CALOR

• São classificados em função da configuração do escoamento e do tipo de


construção.

• Tubos concêntricos (bitubular): na configuração paralela, os fluidos quente e


frio entram pela mesma extremidade, escoam no mesmo sentido e deixam o
equipamento na mesma extremidade; na configuração contracorrente, os
fluidos entram por extremidades opostas, escoam em sentidos opostos e
deixam o equipamento em extremidades opostas.
• Escoamento cruzado (um fluido escoa perpendicularmente ao outro): aletado
com ambos os fluidos não-misturados, pois as aletas impedem o movimento na
direção (y) que é transversal à direção (x) do escoamento principal T = f ( x, y ) ;
não-aletado com um fluido misturado e o outro não-misturado T = f ( x )

• Trocador de calor casco e tubo: formas específicas desse trocador diferem de


acordo com o número de passe no casco e nos tubos.
• A forma mais simples envolve um único passe nos tubos e no casco.

• São instaladas chicanas para aumentar o coeficiente convectivo no fluido no


lado do casco, induzindo turbulência na direção do escoamento cruzado.

• As chicanas apóiam fisicamente os tubos, reduzindo a vibração dos tubos


induzida pelo escoamento.
• Na figura abaixo, podem ser vistos trocadores de calor com chicanas e com um
passe no casco e dois passes nos tubos, e com dois passes no casco e quatro
passes nos tubos.
• Trocadores de calor compactos: utilizados para atingir superfícies de
transferência de calor muito grandes ( ≥ 400 m2/m3 para líquidos e ≥ 700
m2/m3 para gases) por unidade de volume.

• Esses equipamentos possuem densas matrizes de tubos aletados ou placas e são


tipicamente usados quando um dos fluidos é um gás, sendo caracterizado por
um pequeno coeficiente de transferência de calor.

• Os tubos podem ser planos ou circulares (a, b e c).

• As aletas podem ser planas ou circulares (a, b e c).

• Trocadores de calor corrugados (aletas) podem operar com um passe único ou


múltiplos passes

• As seções de escoamento são pequenas ( Dh ≤ 5 mm) e o escoamento é


geralmente laminar.
2-O COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

• O cálculo do coeficiente global de transferência de calor U é essencial e


frequentemente a mais impreciso.

• Esse coeficiente é definido em função da resistência térmica total à


transferência de calor entre dois fluidos:

∆T 1
Rtot = ∑ Rt = =
q UA

• Deve ser levado em consideração a existência de aletas internas e/ou externas e


a presença de incrustações

• As incrustações estão relacionadas à deposição de impurezas dos fluidos, à


formação de ferrugem ou a outras reações entre o fluido e o material que
compôe a parede.
• A formação de incrustações aumenta a resistência à transferência de calor entre
os fluidos.

• Esse efeito é introduzido por uma resistência térmica adicional, chamada de


fator de deposição Rd
Fatores de deposição representativos

• Rd é função da temperatura de operação, da velocidade do fluido e do tempo


de serviço de trocador de calor, aumentando a partir de zero no caso de uma
superfície limpa.

• O coeficiente global de transferência de calor pode ser calculado como:


1 1 1 1 Rd" , f Rd" ,q 1
= = = + + Rp + +
UA U f A f U q Aq (ηo hA) f (ηo A) f (ηo A)q (ηo hA)q

• R p pode ser calculada diretamente pelas expressões para cilindro ou parede


plana:

ln ( De Di ) L
R p ,cilindro = R p , parede =
2πLk kA

• ηo é a eficiência global da superfície, calculada em função da eficiência de


uma única aleta η a , da área superficial de todas as aletas Aa e da área
superficial total A :

Aa
ηo = 1 − (1 − η a )
A
• Se uma aleta plana ou um pino com comprimento L for usada e sua
extremidade for adiabática, a eficiência de cada aleta é calculada como:

tanh (mL )
ηa =
mL

• m = (2h kt )1 2 e t é a espessura da aleta.

Valores representativos do coeficiente global de transferência de calor


• Para trocadores de calor não-aletados o coeficiente global é calculado como:

1 1 1 1 Rd" ,i ln ( De Di ) Rd" ,e 1
= = = + + + +
UA U i Ai U e Ae hi Ai Ai 2πLk Ae he Ae

3-ANÁLISE DE TROCADORES DE CALOR: USO DA MÉDIA LOG DAS


DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS (MLDT)

m& q , iq ,ent , Tq ,ent m& q , iq , sai , Tq , sai


q A

m& f , i f ,ent , T f ,ent m& f , i f , sai , T f , sai


• Para os fluidos quente e frio:

q = m& q (iq ,ent − iq ,sai ) e q = m& f (i f ,sai − i f ,ent )

• Sem mudança de fase e com calores específicos constantes obtém-se:

q = m& q c p ,q (Tq ,ent − Tq,sai ) e q = m& f c p , f (T f ,sai − T f ,ent )

• Relacionando a troca de calor entre os fluidos e suas temperaturas:

q = UA∆T = UA(Tq − Tc ) = UA∆Tmed

∆T2 − ∆T1 ∆T1 − ∆T2


q = UA∆Tml onde ∆Tml = =
ln (∆T2 ∆T1 ) ln(∆T1 ∆T2 )

3.1-O trocador de calor com escoamento paralelo


∆T2 − ∆T1 ∆T1 − ∆T2
q = UA∆Tml onde ∆Tml = =
ln (∆T2 ∆T1 ) ln(∆T1 ∆T2 )

 ∆T1 = Tq ,1 − T f ,1 = Tq ,ent − T f ,ent 


∆T = T − T = T − T 
 2 q , 2 f , 2 q , sai f , sai 

3.2-O trocador de calor com escoamento contracorrente

• T f ,sai pode ser maior que Tq ,sai

• Para as mesmas temperaturas de entrada e saída ∆Tml ,CC > ∆Tml , EP .

• Para mesmos valores de U e q a área necessária de troca de calor no arranjo


contracorrente é menor do que no arranjo de escoamento paralelo.
∆T2 − ∆T1 ∆T1 − ∆T2
q = UA∆Tml onde ∆Tml = =
ln (∆T2 ∆T1 ) ln(∆T1 ∆T2 )

 ∆T1 = Tq ,1 − T f ,1 = Tq ,ent − T f ,sai 


∆T = T − T = T − T 
 2 q , 2 f , 2 q , sai f ,ent 

3.3-Condições operacionais especiais


• 1o caso: C& q >> C& f (a temperatura do fluido quente permanece constante) ou
condensação de um fluido quente ( Cq → ∞ ).

• 2o caso: C& q << C& f (a temperatura do fluido frio permanece constante) ou


evaporação de um fluido frio ( C f → ∞ ).

• 3o caso: C& q = C& f num trocador de calor contracorrente ( ∆T1 = ∆T2 = ∆Tml ).

3.4-Método da média log das diferenças de temperatura para trocadores


de calor com múltiplos passes e com escoamento cruzado

• As equações gerais de balanço de energia q = m& q (iq ,ent − iq ,sai ),


q = m& f (i f ,sai − i f ,ent ), q = m& q c p ,q (Tq ,ent − Tq,sai ), q = m& f c p , f (T f ,sai − T f ,ent ) e
q = UA∆Tml continuam válidas nesse caso, sendo prática usual a utilização de
um fator de correção F na ∆Tml , ou seja, ∆Tml = F∆Tml ,CC .
∆T2 − ∆T1 ∆T1 − ∆T2
• ∆Tml ,CC = = é calculado na hipótese de escoamento
ln(∆T2 ∆T1 ) ln(∆T1 ∆T2 )
em contracorrente.

• As diferenças de temperaturas nas extremidades do trocador em contracorrente


são definidas como:

 ∆T1 = Tq ,1 − T f ,1 = Tq ,ent − T f ,sai 


∆T = T − T = T − T 
 2 q , 2 f , 2 q , sai f ,ent 

• Existem diversas expressões para F e os resultados são mostrados na forma


gráfica.

• A notação (T , t ) especifica a temperatura dos fluidos, estando t associado ao


fluido que escoa no interior dos tubos (não importa se o fluido é quente ou
frio).
Fator de correção
para um trocador
de calor casco e
tubos com um
passe no casco e
qualquer múltiplo
de dois (dois,
quatro, etc.) passes
nos tubos.
Fator de correção para
um trocador de calor
casco e tubos com dois
passes no casco e
qualquer múltiplo de
quatro (quatro, oito,
etc.) passes nos tubos.
Fator de correção para
um trocador de calor
de escoamento
cruzado, com passe
único, com os dois
fluidos não-misturados
Fator de correção para
um trocador de calor
de escoamento
cruzado, com passe
único, com um fluido
misturado e o outro
não-misturado
4-ANÁLISE DE TROCADORES DE CALOR: O MÉTODO DA
EFETIVIDADE-NUT

• O método MLDT é adequado quando as temperaturas dos fluidos na entrada


são conhecidas e pelo menos uma temperatura de saída é conhecida.

• Quando apenas duas temperaturas são especificadas, o método MLDT exige


um procedimento iterativo trabalhoso.

• Nesse caso, é preferível utilizar o método da efetividade-NUT ( ε − NUT ).

4.1-Definições

• Taxa de capacidade térmica: relação entre a taxa de transferência de calor de


ou para um corpo e o aumento resultante na temperatura do corpo.

q
C& = m& c p = [W/K]
∆T
• Para uma taxa de transferência de calor conhecida q :

Um fluido com alta C& experimenta baixo ∆T

Um fluido com baixa C& experimenta alto ∆T

• Assim, a máxima taxa de transferência de calor (proporcional ao máximo ∆T )


ocorre em um trocador de calor contracorrente de comprimento L → ∞ para o
fluido com baixa taxa de capacidade térmica ( C& min ).

• A taxa de transferência de calor máxima possível é alcançada em um trocador


com escoamento em contracorrente com L → ∞ , sendo definida como:

q max = C& min (Tq ,ent − T f ,ent ) ( C& min é o menor entre C& f e C& q )

• A efetividade ε é a razão entre a taxa de transferência de calor real em um


trocador e a taxa de transferência de calor máxima possível:
q
ε=
qmax

• Utilizando as expressões q = C& q (Tq ,ent − Tq , sai ) e q = C& f (T f , sai − T f ,ent ) na


expressão anterior obtém-se:

C& q (Tq ,ent − Tq , sai ) C& f (T f , sai − T f ,ent )


ε= ou ε=
C min (Tq ,ent − T f ,ent )
& C& min (Tq ,ent − T f ,ent )

• Se ε , Tq ,ent e T f ,ent forem conhecidos a taxa de transferência de calor real é:

q = εCmin (Tq ,ent − T f ,ent )

• Para qualquer trocador de calor, pode ser mostrado que:


 C& min 
ε = f  NUT, 
 &
C max 

C& min C& f C& min C& q


• = ou = dependendo da magnitude de C& q e C& f .
C& max C& q C& max C& f

• NUT é o número de unidades de transferência (adimensional).

UA
NUT =
C& min

4.2-Relações efetividade-NUT

• Na tabela abaixo, podem ser vistas relações de efetividade de trocadores de


calor. C& r = C& min C& max é a razão entre as taxas de capacidades térmicas.
Efetividade de um trocador de calor com configuração paralela (Equação 11.28).
Efetividade de um trocador de calor com configuração contracorrente (Equação 11.29).
Efetividade de um trocador de calor casco e tubos com um passe no casco e qualquer
múltiplo de dois passes nos tubos (dois, quatro, etc. passes nos tubos) (Equação 11.30).
Efetividade de um trocador de calor casco e tubos com dois passes no casco e qualquer múltiplo de
quatro passes nos tubos (quatro, oito, etc. passes nos tubos) (Equação 11.31 com n = 2 ).
Efetividade de um trocador de calor de escoamento cruzado com um passe, com os dois
fluidos não-misturados (Equação 11.32).
Efetividade de um trocador de calor de escoamento cruzado com um passe, com um
fluido misturado e o outro não-misturado (Equação 11.33 e 11.34).
5-TROCADORES DE CALOR COMPACTOS

• Utilizados quando se deseja elevada área de transferência de calor por unidade


de volume e pelo menos um dos fluidos é um gás.

• A diferença básica entre os diversos arranjos é a disposição das aletas.

• As características de transferência de calor e de escoamento foram


determinadas para configurações específicas (Compact Heat Exchangers -
Kays e London, 1984).

• Trocadores de calor compactos: utilizados para atingir superfícies de


transferência de calor muito grandes ( ≥ 400 m2/m3 para líquidos e ≥ 700
m2/m3 para gases) por unidade de volume.

• Esses equipamentos possuem densas matrizes de tubos aletados ou placas e são


tipicamente usados quando um dos fluidos é um gás, sendo caracterizado por
um pequeno coeficiente de transferência de calor.
• Os tubos podem ser planos ou circulares (a, b e c) e as aletas podem ser planas
ou circulares (a, b e c).

• Trocadores de calor corrugados (aletas) podem operar com um passe único ou


múltiplos passes.
• Resultados de transferência de calor são escritos em função do fator j de
Colburn jc , do número de Staton St e do número de Reynolds Re :
jc = St Pr 2 3 St = h Gc p Re = GDh µ
ρVA fr m& m&
• G é a máxima velocidade mássica: G = ρVmax = = =
Ael Ael σA fr
• σ = Ael A fr : razão entre a área livre mínima para o escoamento através das
passagens aletadas (área da seção transversal normal à direção do escoamento)
Ael e a área frontal do trocador de calor A fr .

• Valores para σ , Dh ,α , Aa A e outros parâmetros geométricos são informados


para cada configuração.

• α : área da superfície de transferência de calor pelo volume total do trocador.

• Aa A : razão entre a área das aletas e a área total de transferência de calor.


• Em um cálculo de projeto, α é utilizado para determinar o volume requerido
do trocador, enquanto num cálculo de desempenho α é utilizado para
determinar a área do trocador de calor.

• Queda de pressão do escoamento através de matrizes de tubos aletados:


∆p = (
G 2vent 
2   ) 2  vsai
1 + σ 
v

− 1 + f
A vm 
A v 
 ent  el ent 
• vent e vsai são volumes específicos do fluido na entrada e na saída do trocador
e vm = (vent + vsai ) 2 .

A αV
• Tem-se que =
Ael σA fr

• O trabalho clássico de Kays e London (1984) fornece diversas informações de


trocadores de calor compactos, que incluem diversas configurações
comumente utilizadas em engenharia térmica.
Transferência de calor e fator de atrito para um trocador de calor com tubos e
aletas circulares, superfície CF-7.0-5/8J, em Kays e London (1984).
Eficiência térmica de aletas anulares (radiais) de perfil retangular.
Transferência de calor e fator de atrito para um trocador de calor com tubos
circulares e aletas contínuas, superfície 8.0-3/8T, em Kays e London (1984).
EXEMPLO: Considere um trocador de calor compacto com tubos aletados que
possui um núcleo com a configuração da superfície CF-7.0-5/8J. A estrutura do
núcleo é construída em alumínio e os tubos possuem um diâmetro interno de 13,8
mm. Em uma aplicação que envolve recuperação de calor, água escoa através dos
tubos proporcionando um coeficiente convectivo interno médio hi = 1500
W/(m2.K), enquanto os gases de combustão, a 1 atm e 825 K, escoam em
escoamento cruzado sobre os tubos. A vazão em massa do escoamento do gás é de
1,25 kg/s e a área frontal é de 0,20 m2. Água líquida a uma vazão mássica de 1 kg/s
deve ser aquecida de 290 K a 370 K. Determine:
a) O coeficiente global de transferência de calor baseado no lado do gás.
b) A efetividade do trocador de calor.
c) A área de troca de calor no lado do gás.
d) O volume do trocador de calor.
e) O comprimento do trocador de calor na direção do escoamento de gás.
f) A queda de pressão dos gases de combustão.
g) A potência necessária de um soprador com eficiência mecânica de 80%.

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