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Escola de Design - UEMG: Graduação em Design Gráfico (2° período Manhã)

Design e Metodologia
Manuela Regis Orrico Ferretti Martins

PESQUISA DESIGN THINKING

O design thinking, em termos gerais, é um modelo de pensamento utilizado no


desenvolvimento de serviços e produtos que objetiva auxiliar designers na busca por soluções
através, por exemplo, da análise das necessidades e comportamentos dos usuários. Ele não se
trata de um método específico, mas sim de uma forma de abordagem. Tal qual sabiamente
defende Luiz Antônio Luzio Coelho em “Percebendo o método”, não existe uma fórmula ou
receita para o design em si - pode-se dizer que o mesmo se aplica para a implementação do
design thinking. Em vez disso, ele cria as condições necessárias para maximizar a geração de
insights e a aplicação prática deles por meio da combinação de diferentes perspectivas,
técnicas e ferramentas, que variam de acordo com cada projeto e se desenvolvem por meio da
criatividade.
Na última década, o design thinking tem se popularizado e vem sendo utilizado por
empresas que buscam ser mais inovadoras, trazendo seus produtos ao mercado mais
rapidamente e criando um diferencial para suas marcas. Nesse contexto, cresceu também o
número de teóricos interessados em pesquisar sobre o assunto, o que, por consequência,
resultou em variações conceituais, as quais se complementam e divergem pouco do que foi
anteriormente dito.
Segundo Bonini e Sbragia (2011), por exemplo, o design thinking consiste em uma
abordagem colaborativa de resolução de problemas, centrada no usuário, que gera inovação
através de interação e práticas criativas. Propondo uma abordagem muito similar, Bukowitz
(2013) acrescenta o pilar da interdisciplinaridade ao afirmar que o design thinking traz
conceitos de diversas disciplinas para encontrar uma solução.
Para Liedtka (2011) e Fraser (2012), o design thinking é um processo contínuo de
reformulação da empresa a partir do ponto de vista do cliente, ou seja, o processo de geração
de ideias envolve agentes externos (usuário, fornecedores, parceiros e etc.), para estimular,
aprimorar e refinar as ideias.
Brown (2008), por sua vez, é um dos estudiosos que mais desenvolveram pesquisas
sobre design thinking, o qual, de acordo com ele, pode ser entendido como um método que
permeia as atividades de inovação com foco no ser humano, através de um processo de
compreensão detalhado para extrair os desejos e necessidades das pessoas não descritos em
pesquisas tradicionais, tais como a entrevista. Assim, o autor apresenta as três fases que
compõem o design thinking:
i) inspiração: o processo de descoberta centrado no ser humano;
ii) ideação: atividades de geração, desenvolvimento e teste de ideias;
iii) implementação: mapeamento de um caminho para se chegar ao mercado.

Tal diagrama apresentado por ele nos permite, ainda, concluir que as etapas do design
thinking não são lineares. Elas constituem ciclos interativos (que remetem à segunda geração
do chamado “Design Methods Movement”) podendo ocorrer simultaneamente ou se
repetirem, até se chegar a soluções inovadoras. Em outras palavras, esse processo deve ser
entendido mais como um sistema de espaços que se sobrepõem do que uma sequência de
passos ordenados.
O “British Design Council” propôs um diagrama similar, mas dividido em quatro
fases, sendo elas imersão, ideação, prototipação e realização:
A primeira etapa sugere um mergulho em tudo o que envolve e afeta a empresa. Na
segunda, é hora de produzir ideias relevantes para realizar as melhorias necessárias (por meio
do brainstorming, por exemplo). A terceira implica na seleção das melhores ideias e criação
de protótipos para reduzir o risco de falhas. Na última, o projeto é de fato finalizado e
colocado em produção, bem como divulgado publicitariamente. Esta, no entanto, não significa
o fim do projeto, já que o monitoramento constante é necessário. Levando tudo isso em
consideração, tem-se que a base para o design thinking é a empatia, a colaboração e a
experimentação das ideias.
Por fim, vale mencionar que Brown (2008) e Liedtka (2011) apresentam cinco casos
de empresas que desenvolveram inovações através do design thinking e obtiveram sucesso: a
organização da saúde americana Kaiser Permanente, que aumentou sua produtividade com a
redução do tempo de mudança dos turnos; a multinacional fabricante de peças para ciclismo
Shimano, que criou um novo e eficiente conceito de bicicleta; a instituição indiana Aravind
Eye Care System, que conseguiu diminuir drasticamente o custo das lentes intraoculares; a
organização americana de serviços financeiros Bank of America, que conquistou milhões de
novos clientes ao criar uma nova conta poupança; e a empresa de produtos para saúde e
higiene Pfizer Consumer Products, que lançou no mercado toda uma linha de produtos de
higiene e saúde de bolso com base na necessidade de seu público.

Infográfico sobre design thinking:


https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Imagens%20SebraeNA/InfograficoDesignThinking.gif

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