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História da Educação dos Surdos

O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da


Educação – Localizado no Endereço: Rua das Laranjeiras, 232, Laranjeiras / Rio de
Janeiro

Resumo da Trajetória da Educação dos Surdos


A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO MUNDO

Na antiguidade, os Gregos viam os surdos como


animais, pois para eles o pensamento se dava
mediante a fala. Sem a audição os surdos na época
ficavam fora dos ensinamentos e com isso, não
adquiriam o conhecimento. Os Romanos privavam
os surdos de direitos legais, eles não se casavam,
não herdavam os bens da família e diante da religião
os surdos não tinham salvação, ou seja, não iriam
para o reino de Deus após a morte. Pode-se dizer
que a condição do sujeito surdo era a mais
miserável de todas, pois a sociedade os considerava
como imbecis, anormais, incompetentes.
A mudança começou a partir de um religioso surdo
chamado Ponce de León, um monge beneditino, que
vivia em uma cidade da Espanha. Seus alunos eram
surdos filhos de nobres que, preocupados com a
exclusão de seus filhos diante da sociedade e da lei,
procuravam León para auxiliar. O monge dedicou-se
a ensinar os surdos a ler, escrever, falar e aprender
as doutrinas da fé católica, como afirma Moura
(2000 p.18). “A possibilidade do Surdo falar
implicava no seu reconhecimento como cidadão e
consequentemente no seu direito de receber a
fortuna e o título da família”. O médico e filósofo
Cardano no século XVI percebeu de forma clara que
os surdos poderiam ter acesso a língua falada de
outras formas, ou seja, sem a necessidade de usar o
canal oral, como será constatado no seguinte trecho
de sua fala, citado por Sacks (1998, p.29). “É
possível dar a um surdo mudo condições de ouvir
pela leitura e de falar pela escrita […], pois assim
como diferentes sons são usados
convencionalmente para significar coisas diferentes,
também podem ter essa função as diversas figuras
de objetos e palavras. […] Caracteres escritos e
ideias podem ser conectados sem a intervenção de
sons verdadeiros.” Charles Michel de L´Epée
aprendeu os sinais e iniciou a educação de surdos
na França, ensinando além da religião,
conhecimentos a nível escolar. Este fato pode ser
constatado com a seguinte passagem “[…] E então,
associando sinais a figuras e palavras escritas, o
abade ensinou-os a ler; e com isso, de um golpe,
deu-lhes o acesso aos conhecimentos e à cultura do
mundo”. Sacks (1998, p.30) “O sistema metódico de
L´Epée uma combinação da língua de sinais nativa
com gramática francesa traduzida em sinais permitia
aos alunos surdos escrever o que era dito por meio
de um intérprete que se comunicava por sinais, um
método tão bem sucedido que, pela primeira vez,
permitiu que alunos surdos comuns lessem e
escrevessem em francês e, assim, adquirissem
educação”.
Nota-se que as tentativas de fazer o surdo se tornar
ouvinte não foram poucas, felizmente os resultados
mostraram que as tentativas deveriam caminhar
para a aceitação da condição do surdo e de sua
língua, que difere de uma língua oral sim, mas tão
rica e tão expressiva quanto. Sem dúvida os surdos
não poderão ser tratados iguais aos ouvintes em
alguns aspectos, principalmente no aspecto da
língua, pois isto levaria ao mesmo erro do passado,
mas pode-se buscar meios aos quais o surdo possa
sentir-se capaz em todos os sentidos e respeitado.
Em 1789 experiências médicas para tentar descobrir
causas visíveis da surdez.
As tentativas de restaurar a audição dos surdos
foram fracassadas, então, começou um treinamento
auditivo com o intuito de fazer com que os surdos
falassem. Os surdos não possuíam nenhuma
fluência como os ouvintes e, consequentemente
associou-se este fracasso a língua de sinais, caso
ela não existisse, os surdos não teriam outra forma
de comunicação e seriam forçados a utilizar a língua
oral. O oralismo foi uma proposta que não trouxe
nenhum benefício para os surdos profundos, pois
nem todos os surdos foram bem-sucedidos com a
leitura labial e muitos emitiam sons incompreensíveis
aos ouvintes. Com isso, os surdos se sentiam
incapazes e doentes por não conseguirem ser como
os ouvintes. Em junho de 1855, E. Huet apresentou
ao Imperador D. Pedro II um relatório cujo conteúdo
revelava a intenção de fundar uma escola para
surdos no Brasil. Neste documento, também
informou sobre a sua experiência anterior como
diretor de uma instituição para surdos na França: o
Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges. Era comum
que surdos formados pelos institutos especializados
europeus fossem contratados a fim de ajudar a
fundar estabelecimentos para a educação de seus
semelhantes. Em 1815, por exemplo, o norte-
americano Thomas Hopkins Gallaudet (1781-1851)
realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de
Paris. Ao concluí-los, convidou o ex-aluno Laurent
Clérc, surdo, que já atuava como professor, para
fundar o que seria a primeira escola para surdos na
América.
A proposta de Huet correspondia a essa tendência.
O governo imperial apoiou a iniciativa de Huet e
destacou o Marquês de Abrantes para acompanhar
de perto o processo de criação da primeira escola
para surdos no Brasil.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO


BRASIL - INTRODUÇÃO

No Brasil, uma língua nacional de sinais passou a


ser difundida a partir do segundo império. O
educador francês Hernest Huet era surdo e foi o
introdutor dessa metodologia no Brasil. Ele fundou o
Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos, por
meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, no
Rio de Janeiro, com apoio do imperador D. Pedro II.
Este Instituto
tratava crianças surdas somente do sexo masculino.
Um século após sua fundação, por meio da Lei nº
3.198, de 6 de julho, a instituição tornar-se-ia o
Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES),
que inicialmente utilizava a língua dos sinais, mas
que em 1911 passou a adotar o oralismo puro. (O
oralismo puro consiste em efetivar a comunicação
por meio
do entendimento dos movimentos normais dos
lábios (lábios-leitura, leitura labial e leitura orofacial).
O século XX assistiu, até a década de 60, uma
abordagem quase exclusivamente oralista entre as
escolas de surdos e nesta década estudos
demonstraram insuficiente eficácia destes métodos
no desenvolvimento linguístico e cognitivo da pessoa
surda. Nos anos 50, uma série de inovações
aconteceu em benefício à surdez. Surgiram, por
exemplo, as primeiras escolas normais e jardins de
infância para crianças surdas. Após esse período
começou um movimento pelo resgate da língua de
sinais, de forma bimodal (dois modos de
linguagens), como uma fala de instrução, por meio
da Filosofia da Comunicação Total (fazer uso
simultâneo da língua de sinais e da língua oral). Em
1970, já havia tratamento para bebês surdos. Já em
1980, o INES intensificou o trabalho de pesquisas
sobre a Língua Brasileira de Sinais e sobre a
educação de surdos, criando o primeiro curso de
especialização para professores na área da surdez.
O Bilinguismo passou então a ser difundido. Nos
anos 80 e 90 teve início um movimento
reivindicatório dentro da comunidade surda,
advogando a primazia da língua de sinais na
educação dos surdos, concomitante com o
aprendizado da linguagem oral de forma diglóssica
(duas línguas independentes, ensinadas ou
praticadas em momentos distintos).
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO
BRASIL (CONTEXTO)
No ano de 1855 surgiu a primeira iniciativa de
educação de surdos no Brasil e se concretizou
quando o professor francês surdo Ernest Huet, a
convite de D. Pedro II, veio ao Brasil e preparou um
programa que consistia em usar o alfabeto manual e
a Língua de Sinais da França para ser aplicada no
Brasil. O professor Ernest apresentou documentos
importantes para educar os surdos, mas ainda não
havia escola especial. Então este solicitou então ao
imperador D. Pedro II um prédio para fundar uma
escola destinada ao ensino da língua de sinais. No
dia 26 de setembro de 1857, através da Lei 839,
assinada por D. Pedro II, fundou-se o então Instituto
Nacional de Educação dos Surdos-Mudos,
atualmente Instituto Nacional de Educação dos
Surdos (INES) no Rio de Janeiro. Huet foi Diretor do
Instituto de Surdos de Paris e do INESM.
Em 1862 Huet deixa o Rio de Janeiro e retorna à
França sem motivo conhecido. Em 1873 surge a
publicação do mais importante documento
encontrado até hoje sobre a Língua Brasileira de
Sinais, o “Iconographia dos Signaes dos Surdos-
Mudos”, de autoria do aluno surdo Flausino José da
Gama, ex-aluno do INSM com ilustrações de sinais
separados por categorias (animais, objetos, etc).
Esta linguagem não é mais usada atualmente.
Em 1911 o Instituto Nacional de Educação de
Surdos (INES) passou a seguir a tendência mundial,
utilizando o oralismo puro. Em 24 de Maio de 1913,
é fundada por João Brasil Silvado Jr. a Associação
Brasileira dos Surdos-mudos (ABSM), cuja cultura
obteve um grande desenvolvimento.
1930 a 1947 Dr. Armando Paiva Lacerda ex-diretor
do INES. Exige que os alunos não usem a Língua de
Sinais: podendo apenas utilizar o alfabeto manual e
um bloco de papel com lápis no bolso para escrever
as palavras que quisessem falar. 1950 Os surdos
não conseguem adaptar-se a essa imposição do
oralismo e continuam a usar a Língua de Sinais e o
alfabeto manual. Os professores e inspetores burlam
as ordens na comunicação com os alunos surdos.
1957 – Proibida totalmente a utilização da língua de
sinais no INES. Década de 1950 O poder do método
oralista francês cresce em todo o Brasil sob a
responsabilidade da Profª. Alpia Couto, que, dentro
do Centro Nacional de Educação Especial, realiza
projetos na área de DEFICIÊNCIA AUDITIVA.
O desconhecimento e a falta de convivência com os
surdos provocam prejuízos na cultura da
comunidade surda, o empobrecimento da Língua de
Sinais e a falta de acesso às informações sociais. As
questões da Educação Especial se tornam apenas
vinculadas a interesses político-econômicos. Em
1975 chega ao Brasil a Comunicação Total.

Em 1977 é criado no Rio de Janeiro a Federação


Nacional de Educação e Integração dos Deficientes
Auditivos, FENEIDA, com diretoria de ouvintes. Em
1980 chega ao Brasil o Bilinguismo, porém de fato
em 1990. Em 1981 é o marco do início das
pesquisas sistematizadas sobre a Língua de Sinais
no Brasil. Lucinda Ferreira Brito inicia seus
importantes estudos
linguísticos em 1982 sobre a Língua de Sinais dos
índios Urubu-Kaapor da floresta amazônica
brasileira, após um mês de convivência com os
mesmos, documentando em filme sua experiência. A
idéia para a pesquisa, segundo a própria autora
(1993), adveio da leitura de um artigo publicado no
livro acima citado de Umiker-Sebeok (1978), de
autoria de J. Kakumasu, Urubu Sign Language. No
estudo, a Língua de Sinais dos Urubu-Kaapor se
diferenciaria da PSL por constituir um veículo de
comunicação intratribal e não como meio de
transação comercial. Lucinda Brito, porém,
constatou que a mesma se tratava de uma legítima
Língua de Sinais dos surdos, pelos mesmos criada.
1982 – Elaboração em equipe de um projeto
subsidiado pela ANPOCS e pelo CNPQ intitulado
“Levantamento linguístico da Língua de Sinais dos
Centros Urbanos Brasileiros (LSCB) e sua aplicação
na educação”. Diante das dificuldades dos direitos
dos surdos é no ano de 1983 ocorre a criação no
Brasil da Comissão de Luta pelos Direitos dos
Surdos. O Centro SUVAG (PE) faz sua opção
metodológica pelo Bilinguismo em 1986, tornando-se
o primeiro lugar no Brasil em que efetivamente esta
orientação passou a ser praticada. Em 1987 ocorre a
criação da Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos (FENEIS), EM 16/05/87, sob
a direção de surdos. 1991 – A LIBRAS é
reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de
Minas Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91). 1994 – Brito
passa a utilizar a abreviação LIBRAS (Língua
Brasileira de Sinais), que foi criada pela própria
comunidade surda para designar a LSCB (Língua de
Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros).
1994 – Começa a ser exibido na TV Educativa o
programa VEJO VOZES (out/94 a fev/95), usando a
Língua de Sinais Brasileira. 1995 – Criado por
surdos no Rio de Janeiro o Comitê Pró-Oficialização
da Língua de Sinais. 1996 – São iniciadas, no INES,
em convênio com a Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), pesquisas que envolvem a
implantação da abordagem educacional com
Bilinguismo em turmas da pré-escola, sob a
coordenação da linguista E. Fernandes.
Em 1998 – TELERJ – do Rio de janeiro, em parceria
com a FENEIS, inauguraram a Central de
atendimento ao surdo – através do número 1402, o
surdo em seu TS, pode se comunicar com o ouvinte
em telefone convencional. 1999 – Em março,
começam a ser instaladas em todo Brasil telessalas
com o Telecurso 2000 legendado. 2000 – Closed
Caption, ou legenda oculta. Após três anos de
funcionamento no Jornal Nacional ela é
disponibilizada aos surdos também nos programas
Fantástico, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da
Globo e programa do JÔ. No ano de 2000 TELERJ:
Telefone celular para surdos com a opção de SMS.
2002 – É promulgada a lei 10.436 em 24 de abril,
reconhecendo a Libras como língua oficial das
comunidades surdas do Brasil. 2005 – O Decreto
5626 em 22 de dezembro veio regulamentar a lei
10436. 2006 – Exame de Certificação Tradutor
Intérprete de Libras Prolibras, instrutor de Libras e o
Curso de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura
EaD.
Em 2010 é criado o Curso Superior de Letras-Libras
Bacharelado e Licenciatura presencial UFSC. E no
mesmo ano é Promulgada a lei 12.319 em 01 de
Setembro, que regulamenta o exercício da profissão
de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre as informações levantadas acerca da (História
da Educação dos Surdos), observou-se conforme a
história retrata que a pessoa surda sempre teve
dificuldade em conviver em meio a pessoas comuns
da sociedade, dessa forma ocorrendo o preconceito.
Assim é necessário o respeito e compreender o
surdo, dando o direito de educação, de cidadão e
deve ter deveres e responsabilidades como um
cidadão comum, levando ao direito da igualdade.
Diante do que já foi exposto é necessário o
reconhecimento da língua de sinais ser implantada
cada vez mais nas escolas públicas e privadas, a
presença de intérpretes e assim promovendo a
disseminação da língua de sinais em meio aos que
necessitam ou seja as pessoas surdas, como
também as pessoas ouvintes que necessitam de
saber a língua de sinais para se comunicarem com
pessoas surdas e assim acabar com essa barreira e
promovendo a comunicação entre as pessoas.

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