Você está na página 1de 6

Crise da água: disponibilidade, consumo e degradação

Os tópicos a seguir estão disponíveis em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/consumo-agua-no-mundo.htm

- A distribuição da água no mundo


- Consumo de água no mundo
- Desperdício de água
- Pegada hídrica
- Degradação dos cursos d'água
- Geopolítica das águas

A distribuição da água no mundo


A água é, paradoxalmente, o elemento mais abundante na superfície terrestre e o mais disputado pelo ser
humano

Muitas pessoas, sabendo da maior parte da composição do nosso planeta, afirmam categoricamente que ele
não deveria se chamar “Terra”, e sim “Água”, uma vez que cerca de 70% de sua superfície é composta por essa
substância. Mas como ocorre a sua distribuição? Onde há mais e onde há menos água no mundo? Qual tipo de
água é predominante? Com tanta água no mundo, por que tantos morrem de sede e sofrem com terríveis secas?
Infelizmente, a maior parte da hidrosfera do planeta, 97%, é composta por água dos mares e oceanos que,
por serem extremamente salgadas, são impróprias para consumo. Em alguns locais, pratica-se a dessalinização da
água, mas esse processo é caro e pouco eficiente, sendo ainda pouco praticado.
Da água restante do mundo, 71% dela está em forma de gelo nas calotas polares. Como o processo de
transporte dessas geleiras é caro e também pouco eficaz, quase não há atividades referentes ao abastecimento de
localidades através do manuseio de icebergs. Os outros 29% restantes de água potável no mundo estão distribuídos
em águas subterrâneas (18%), rios e lagos (7%) e umidade do ar (4%).
Observe os gráficos abaixo:
Assim, percebemos que o problema da água para o
ser humano reside no fato de a sua maior parte não estar
viável para consumo. Apesar disso, mesmo com o fato de
a proporção de água potável disponível ser reduzida, ainda
sim estamos falando de uma quantidade muito grande de
água. No entanto, o seu mau uso vem reduzindo
drasticamente a sua disponibilidade, seja através da
péssima manutenção dos rios, seja pela sua poluição. Por
esse motivo, estima-se que a água seja um dos principais
fatores geopolíticos ao longo do século XXI.
Outro fato agravante é a má distribuição dessa água
potável pelo mundo. Algumas regiões do Oriente Médio e
da África, por exemplo, apresentam uma significativa
crise quanto ao abastecimento de água, o que se agrava
com a ausência de saneamento básico para boa parte da
população.
No caso do Brasil, há certo privilégio, pois somos o
país que possui a maior disponibilidade de água potável, com cerca de 11% do total. Porém, trata-se de uma falsa
abundância, pois também em nosso território essa água é mal distribuída. A sua maior parte encontra-se na região
Norte do país, zona menos habitada e com solos pouco agricultáveis. As regiões Sul, Sudeste, Centro -Oeste e
Nordeste dividem a quantidade restante, sendo que essa última é a que mais sofre com os problemas de escassez
de água.
Por esse motivo, além de se promover uma maior conscientização popular sobre o correto uso,
armazenamento e preservação da água e de suas fontes naturais, é preciso também a realização de políticas
públicas para garantir o seu acesso por toda a população, com ações de democratização estrutural, como o
saneamento básico.
Uma das grandes questões referentes à problemática da água no Brasil está na localização geográfica da
disponibilidade desse elemento. A distribuição da água no Brasil é naturalmente desigual, de modo que justamente
as áreas menos povoadas do país é que concentram a maior parte dos recursos hídricos. Confira, na tabela a seguir,
a relação entre densidade demográfica e a disponibilidade de água entre as diversas regiões do país.

Distribuição dos recursos hídricos e densidade demográfica do Brasil

Como podemos notar, a região Norte, que possui uma densidade de apenas 4,12 habitantes para cada
quilômetro quadrado, concentra quase 70% de todos os recursos hídricos disponíveis no Brasil. A maior parte
desses recursos encontra-se nos rios da Bacia do Amazonas e, principalmente, no Aquífero Alter do Chão,
exclusivo dessa região e com um volume de água superior ao Aquífero Guarani, que se distribui entre as demais
áreas (exceto o Nordeste).
A região nordestina, por outro lado, conta com uma densidade de 34,15 pessoas para cada quilômetro
quadrado, ao passo em que detém apenas 3,3% de todos os recursos hídricos do país, o que seria mais do que
suficiente se houvesse políticas públicas de combate à seca nessa área. Vale lembrar que apenas uma parte do
Nordeste – a região do Polígono das Secas – é que eventualmente sofre com a falta d'água, e não a região
nordestina como um todo.
Já o Sudeste conta com apenas 6% dos recursos hídricos do país e uma densidade demográfica superior aos
86 habitantes para cada quilômetro quadrado, média que se acentua muito nas áreas das grandes cidades,
principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Em geral, o que podemos observar é que, apesar da má distribuição da água no território brasileiro, mesmo
as áreas com menor disponibilidade de água podem ser corretamente abastecidas se existirem planejamentos e
ações públicas de interesse social. Além disso, a conservação de rios, mananciais e também das reservas florestais
é de fundamental importância para a preservação desse estratégico e vital recurso natural.

Consumo de água no mundo


O consumo de água no mundo obedece, de certo modo, às diferenciações socioeconômicas existentes entre os
diversos territórios.

O consumo de água no mundo é um dos grandes temas em debate na atualidade. Em uma média total, a
maior parte da utilização da água é realizada pela agricultura, que detém 70% do consumo; seguida pela indústria,
que detém 22%; e pelo uso doméstico e comercial com 8%. No entanto, nos países subdesenvolvidos, essa média
é diferente: a agricultura representa 82%; a indústria, 10%; e as residências, 8%. Nos países desenvolvidos, a
relação dessas atividades com o consumo é de 59% para a indústria, 30% para a agricultura e 11% para o uso
doméstico.
Por razões econômicas, estruturais e sociais, os países desenvolvidos consomem muito mais água do que os
subdesenvolvidos e emergentes, tanto nas práticas econômicas quanto no uso direto individual. Para se ter uma
ideia, em alguns países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, uma pessoa consome em média 575 litros de
água, enquanto em países subdesenvolvidos a maior parte dos habitantes convive com apenas 15 litros por dia, o
que revela as grandes desigualdades econômicas e sociais existentes ao redor do globo.
É claro que, à medida que alguns países periféricos ou emergentes vão promovendo uma relativa melhoria
de suas economias e também de suas estruturas sociais, o consumo de água vai se acentuando, o que também
eleva a média global. Na tabela a seguir podemos conferir o crescimento do consumo de água no mundo:
Tabela com dados sobre o Entre 1990 e 1950, o consumo passou de 580 para 1400 km³
crescimento anuais de água, o que representa um aumento de 2,4 vezes em
do consumo de água no mundo um período de cinquenta anos. Nos cinquenta anos seguintes, o
aumento foi de 2,8 vezes, saltando para 4000 km³/ano na virada
do milênio. A ONU, seguindo esses dados e as tendências de
consumo atuais, estima que, no ano de 2025, o consumo mundial
de água será de 5200 km³/ano — uma alta de 1,3 vezes em um
período de 25 anos.
Se realizarmos a divisão por país, poderemos notar que a
maior parte dos maiores consumidores mundiais de água, como
já frisamos, faz parte do grupo de nações economicamente
desenvolvidas, com destaque para os Estados Unidos, cuja média de consumo por cidadão (per capita) é duas
vezes maior do que o da Europa inteira. Registra-se também o papel dos países considerados emergentes. A seguir,
uma lista comparativa:

Existe, como podemos perceber, uma disparidade muito grande


com relação ao consumo de água per capita, isto é, em relação à
quantidade de habitantes em cada país. Muitas nações ficam abaixo
do mínimo estipulado pela ONU, que é de 100 litros de água por dia,
a exemplo da China que sofre com o seu elevado volume
populacional em uma área em grande parte composta por desertos.
Existem, inclusive, muitas áreas com estresse hídrico – quando o
consumo de água é superior à capacidade de renovação local –, tais
como alguns países do Oriente Médio, a Índia e até algumas regiões
brasileiras.

Índice comparativo entre alguns países do consumo


diário per capita de água

Desperdício de água
O desperdício de água ocorre tanto nas residências quanto nas atividades econômicas em geral, mas alguns dos
principais problemas estão nos sistemas de abastecimento.

Um dos principais problemas relacionados com a utilização de recursos hídricos no Brasil e no mundo é a
questão do desperdício. Ao lado de outras questões como a poluição, ele é um dos principais pivôs da inutilização
e até esgotamento das reservas de água em vários lugares e regiões.
Quando falamos em desperdício, geralmente o destaque vai para aquele produzido pela população, sobretudo
no uso residencial. Os exemplos são vários, tais como escovar os dentes com a torneira aberta, usar muita água
para lavar calçadas e veículos, deixar a torneira pingando, não conter vazamentos em casas e préd ios, tomar
banhos demorados, etc. Tudo isso, sem dúvidas, contribui para o aumento do desperdício de água, mas existem
outras formas ainda mais graves que tornam o problema uma questão internacional relativa à disponibilidade de
recursos hídricos.
Existe, em grande parte, um grande desperdício de água em sistemas de abastecimento, que perdem uma
quantidade muito elevada de litros em razão de vazamentos e problemas gerais nas tubulações e sistemas de
fornecimento. Mesmo em países desenvolvidos, esse problema é recorrente: na Alemanha, 9% de toda a água é
desperdiçada nos sistemas públicos, número muito parecido com o de outros países, como Japão e Estados Unidos.

Desperdício de água no Brasil


Já o desperdício de água no Brasil é ainda mais elevado, atingindo um volume total correspondente a 38,8%
de toda a água tratada, segundo dados do Ministério das Cidades. Em algumas regiões, como o Norte e o Nordeste
do país, esse índice ultrapassa os 50%, revelando a carência de medidas para o combate ao desperdício que vão
além de uma mera conscientização social da população.
Uma reportagem da Folha de S. Paulo de setembro de 2014 revelou, por sua vez, que a capital paulista e sua
região metropolitana desperdiçam um valor quatro vezes maior ao que é poupado, totalizando 3,6 bilhões de litros
de água jogados fora anualmente.
Em grande parte, o problema é causado tanto pela falta de manutenção de equipamentos públicos quanto pelo
emprego de materiais mais baratos, além da elevada pressão, extravasamento de reservatórios, ligações hidráulicas
clandestinas, entre outros.

Desperdício de água na agricultura


Também existe um elevado desperdício de água na agricultura, setor que, em razão da irrigação, já é o maior
responsável pelo consumo de água no Brasil e também em vários países existentes. Em muitos casos, perde-se
água no meio rural em virtude de métodos inadequados de irrigar as plantações, o que ocasiona perdas pelo uso
excessivo e também pela acentuada evaporação. Existem, nesse sentido, técnicas de economia de água no campo,
tais como o gotejamento e a microaspersão.

Combate ao desperdício de água


Portanto, combater o desperdício de água é uma tarefa não só do cidadão em seu uso doméstico, mas também
do setor público tanto com o controle do abastecimento quanto com o aumento da fiscalização, bem como em
atividades econômicas no campo, nas indústrias, na construção civil, entre outros.

Pegada hídrica
A pegada hídrica indica o volume de água gasto na produção de bens e serviços e ajuda a criar estratégias
para a redução do consumo desse valioso recurso.

A pegada hídrica pode ser definida como um indicador do volume de água doce gasto na produção de bens
e serviços. Esse conceito, que foi criado em 2002, permite analisar o gasto direto e indireto de água ao logo da
cadeia produtiva, ou seja, desde a matéria-prima até o produto completamente finalizado. A pegada hídrica
também permite que a população em geral e empresas compreendam o gasto de água em cada uma das atividades
realizadas.
Podemos classificar a pegada hídrica em três tipos principais: verde, azul e cinza. A pegada hídrica
verde diz respeito à água da chuva que evapora ou é adicionada ao produto durante o processo de produção.
A pegada hídrica azul, por sua vez, relaciona-se com as águas superficiais ou subterrâneas que evaporam ou são
agregadas ao produto ou ainda aquelas que são devolvidas ao mar ou jogadas em uma outra bacia. Já a pegada
hídrica cinza diz respeito ao volume de água necessário para diluir a poluição gerada durante o processo
produtivo.
Analisar a pegada hídrica é fundamental para conhecer o volume de água gasto na produção de certos
produtos e para tentar criar formas de reduzir o uso e preservar esse importante recurso natural. Esse conhecimento
também é importante para mudarmos nossa concepção sobre a utilização de certos produtos e buscar empresas
interessadas na preservação ambiental.
Analisando a pegada hídrica de uma pessoa que se alimenta apenas de produtos de origem vegetal, por
exemplo, percebemos que ela tem um consumo de água inferior quando comparada àquela que consome alimentos
de origem animal. A produção de carne gasta mais água do que a produção de vegetais. Portanto, saber escolher
os produtos utilizados ajuda a diminuir a pegada hídrica individual.
Vale destacar que a pegada hídrica de uma pessoa relaciona-se mais com o que ela consome do que com o
que gasta em casa lavando suas roupas, tomando banho ou escovando os dentes. Estima-se que apenas 5% do
total da pegada hídrica de uma pessoa venha do gasto direto de água.
As empresas, por sua vez, também devem preocupar-se com a redução de sua pegada hídrica. Para isso, é
necessário criar formas de economizar água durante o processo de produção, além de tecnologias que permitam
o aproveitamento e reúso da água.
Veja alguns produtos e o quanto de água é gasto para a sua produção:
250 ml de chá = 27 litros de água.
1 kg de arroz = 2497 litros de água.
1 kg de batata = 287 litros de água.
1 kg de laranja = 560 litros de água.
250 ml de leite = 255 litros de água.
1 kg de alface = 237 litros de água.
1 kg de carne de frango = 4325 litros de água.
1 kg de carne de bovina = 15415 litros de água
Degradação dos cursos d'água
A degradação dos cursos d'água acontece de duas principais formas: a poluição dos rios e também o
assoreamento causado pela erosão e deposição de sedimentos.

Um dos principais problemas socioambientais da atualidade é a crescente degradação dos cursos d'água.
Isso compromete não só o funcionamento da cadeia alimentar e dos ecossistemas, mas também atinge a oferta de
água potável no mundo. Um dos exemplos mais emblemáticos no Brasil é a Região Metropolitana de São Paulo,
que sofre com a falta d'água enquanto dois grandes rios poluídos cortam a cidade, o Tietê e o Pinheiros. Essa,
infelizmente, é uma realidade que atinge praticamente todas as grandes cidades do país.
A degradação dos rios e de redes de drenagem pode acontecer de duas formas principais: por poluição e
pela erosão com assoreamento do leito dos cursos d'água. Com isso, fontes de água potável são perdidas ou
convertidas em áreas de baixíssimo aproveitamento tanto para os animais quanto para a sociedade.
Embora as maiores reservas de água em áreas continentais estejam em aquíferos, os rios também são muito
importantes tanto para abastecimento quanto para outras práticas, como a navegação, o lazer e o transporte por
meio da viabilização de hidrovias. Com a degradação dos leitos dos rios e de suas nascentes, cada vez mais o ser
humano vem comprometendo a existência dos ambientes fluviais em todo o mundo.

Poluição dos rios


A poluição dos rios é muito comum em ambientes urbanos, havendo raríssimos casos em que cursos d'água
em grandes áreas urbanas não se encontrem degradados. Mas também pode haver a poluição no meio rural por
meio das consequências geradas por hábitos irregulares nas atividades agropecuárias.
No âmbito das cidades, uma das maiores causas para a poluição dos rios é a deposição de lixo pela
população tanto de forma direta quanto pelos excessivos níveis de poluição das cidades, haja vista que elas
integram a bacia hidrográfica e, quando as chuvas ocorrem, todos os rejeitos encontrados nas ruas são depositados
nas áreas fluviais. Portanto, para conservar os rios urbanos, é necessário manter a limpeza das próprias cidades.
A poluição de rios urbanos ocorre tanto pela deposição de esgoto doméstico em áreas em que não existe
saneamento, nas quais o esgoto a céu aberto vai parar nos cursos d'água, quanto pelo direcionamento inadequado
das tubulações dos sistemas públicos. Com isso, além do mau cheiro que se acumula nesses ambientes, ficam
também os prejuízos relacionados com a morte de espécies, o consequente desequilíbrio ecológico e a inutilização
econômica das águas.
Além da degradação em áreas urbanas, existe também a poluição dos rios no meio rural. Ela costuma ocorrer
principalmente pelas práticas agrícolas, como a excessiva deposição de agrotóxicos, e também por agroindústrias,
que não direcionam corretamente os seus rejeitos industriais, depositando-os na água. No caso dos agrotóxicos,
em muitos casos eles são usados na agricultura e direcionados aos leitos dos rios pela água das chuvas, provocando
a morte de peixes e a formação de espumas na água, atingindo não só o local de contaminação, mas toda a jusante
do curso d'água.
Uma das consequências da poluição das águas é a perda dos recursos hídricos para consumo. Com o
desenvolvimento das sociedades e a intensificação do processo de industrialização, além da introdução de novas
técnicas de plantio no campo, cada vez mais as reservas hídricas encontram-se poluídas, o que gera uma maior
escassez de lugares que podem ser aproveitados para a utilização da água para consumo e outras funções.
Para combater a poluição das águas, é preciso intensificar as campanhas de conscientização ambiental,
promover medidas de controle e fiscalização, além de se realizar o correto manejo dos resíduos sólidos e o
tratamento da água. É necessário, pois, que sejam adotadas medidas sustentáveis, sobretudo no sentido de garantir
esse e outros recursos naturais para as gerações futuras.

Assoreamento dos rios


O assoreamento dos rios é um problema talvez ainda mais grave do que a poluição hídrica, pois, além de ser
de difícil reversão, pode gerar consequências mais drásticas, incluindo a extinção de cursos d'água ou a
transformação de rios perenes em intermitentes.
O assoreamento consiste na deposição de sedimentos gerados pela erosão das margens do rio ou de suas áreas
de entorno. Geralmente, esse processo até ocorre naturalmente, mas costuma ser lento e gradual, redefinindo
lentamente as margens sem graves prejuízos ambientais. Quando as práticas humanas causam esse tipo de dano
aos cursos d'água, uma grande quantidade de sedimentos é acumulada, provocando o alargamento exagerado do
leito e a formação de bancos de areia, isso quando não ocorre a extinção total do rio.
As consequências são variadas e altamente danosas, das quais podemos citar a degradação do habitat de
peixes e demais espécies, aumento de casos de enchentes frente ao acúmulo da água e redirecionamento das
margens, diminuição da vazão pelo acúmulo dos bancos de areia, entre outras ocorrências.
As causas do assoreamento estão quase sempre relacionadas com a degradação da vegetação da mata ciliar,
que é a cobertura vegetal que se posiciona nas áreas próximas às margens dos rios. Sem essa vegetação, os
impactos da água dos rios e das chuvas sobre os solos é maior, gerando as erosões e o consequente transporte e
acúmulo de sedimentos. Além disso, as árvores ajudam a “frear” o escoamento dos sedimentos advindos de outras
áreas, fazendo com que o processo de assoreamento seja mais lento e gradativo e cause menos danos aos rios.
Portanto, como vimos acima, a preservação dos rios e demais reservas hídricas depende, necessariamente,
de uma maior consciência ambiental que privilegie a conservação do meio ambiente como um todo, garantindo o
equilíbrio da natureza por meio da manutenção da vegetação e também dos ambientes fluviais.

Geopolítica da água
A geopolítica da água gera profundo debate no contexto político da atualidade, principalmente em razão da
escassez crescente desse recurso e do seu elevado caráter estratégico.

A água doce, própria para consumo, é, ao lado do petróleo, o mais estratégico dos recursos naturais
da atualidade. Com o crescimento do impacto das atividades humanas sobre a natureza, sua
disponibilidade encontra-se cada vez mais escassa, sem falar em algumas áreas que já apresentam uma
tendência natural para esse problema. Por isso, é quase que um consenso no âmbito das ciências políticas
que o século XXI será marcado como o século das disputas internacionais pelos recursos hídricos, o que
nos faz pensar, então, na questão da Geopolítica da água.
É errôneo, porém, pensar que as tensões diplomáticas e os conflitos internacionais pela água sejam
uma novidade no mundo. Desde as primeiras civilizações, a disputa por territórios com áreas de rios e
reservas hídricas foi algo recorrente. No século XX, vários casos assinalaram também essa questão, que
tende a intensificar-se ao longo das próximas décadas em várias regiões do planeta.
Em vários conflitos do passado, a água, se não era o propósito principal das ações militares, foi por
diversas vezes disputada, haja vista que quem controla os recursos hídricos e sua disponibilidade possui
uma ampla vantagem estratégica sobre qualquer adversário.
Durante a Guerra dos Seis Dias (1967), quando Israel conseguiu ampliar em grande parte suas
fronteiras recém-criadas no Oriente Médio, um dos alvos conquistados foram as Colinas de Golã, que
abrigam as nascentes do Rio Jordão, responsável por alimentar o Mar Morto e que é amplamente
necessário para o país atualmente e também para palestinos e jordanianos. Atualmente, aliás, o acesso
às águas subterrâneas por parte da população palestina na região é controlado pelo Estado israelense, o
que gera uma elevada discórdia e motiva muitos dos atentados terroristas ocorridos na região em questão.
O Oriente Médio, aliás, é um dos pontos de maior risco da elevação do número de disputas
internacionais pela água. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que, dos quinze países que mais sofrem
com a escassez de água, dez estão nessa região. Em segundo lugar, a própria instabilidade político-
diplomática existente entre os países locais já eleva qualquer risco existente.
Diante desses e também de outros cenários existentes em praticamente todos os continentes do
planeta, ressalta-se então que o controle da água, sobretudo das nascentes de grandes rios e também de
áreas de grande disponibilidade subterrânea desse recurso, é um item altamente estratégico. Por isso,
teme-se que o mundo possa conhecer ainda mais conflitos e até mesmo guerras generalizadas pela posse
da água potável, que se encontra cada vez menos disponível em várias partes do mundo.

- Pesquise e leia para relembrar sobre o “CICLO HIDROLÓGICO”.


- Atividade:
Produza um texto síntese (entre 15 e 25 linhas digitadas – Times New Roman, 12), contemplando o tema “Crise
da água: disponibilidade, consumo e degradação”.

Você também pode gostar