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Docente: Paulo Henrique Barbosa do Carmo

Disciplina: Psicoterapia Infantil


Discentes: Adriele Cavalcante Carvalho, Jessica Souza Freitas e Sérgio Andrade de
Moraes Junior.
Respostas Prova de Psicoterapia Infantil 3U
Avaliação dos comportamentos
Por conta da morte de seu pai, os familiares de M. começaram a dar-lhe bastante
atenção, afeto, presentes e outros reforçadores a fim de evitar que ele fosse desagradado
ou ficasse triste, passando a serem bem permissivos. Com essa nova postura adotada por
eles, os comportamentos de M. relacionados a pedir que os outros façam aquilo que
deseja, ou realizem ações em seu lugar, foi, aos poucos, se tornando mais e mais
frequente. Ou seja, a frequência destes comportamentos aumentou como resultado do
reforçamento, constante e imediato, obtido de seus familiares que tanto atendiam seus
pedidos, visando não expor ele a frustração (seja por não obter o reforço de seu
comportamento ou não conseguir ser bem sucedido na atividade).
Seus comportamentos agressivos e inadequados na escola são respostas
emocionais emitidas por conta da baixa resistência a extinção que esses
comportamentos possuem, já que, em casa, pedir que os outros lhe obedeçam e escolher
aquilo que vai ou não fazer, são os comportamentos frequentemente reforçados, e ao
não obter reforço deles na escola, essas respostas emocionais são emitidas. Assim, o
tornando uma pessoa com baixa resistência a frustração que emite respostas agressivas
quando não está conseguindo se sair bem nas tarefas da escola (obter reforço do
comportamento) ou seus colegas não brincam do jeito que ele quer (obter reforço do
comportamento de “exigir que as coisas sejam do seu jeito”).
A dependência apresentada pelo garoto é resultado da pouca ou nenhuma
estimulação de sua autonomia nas atividades, visto que seus familiares faziam as coisas
para ele, e não permitia ou incentivavam sua permanecia em atividades (ou
comportamentos) que não iriam reforçá-lo de imediato, como é o caso de tarefas da
escola em que se precisa efetuar a ação repetidas vezes antes de ser bem sucedido
(reforçado). Sendo, a exigência de ir para a escola apenas com a mãe ou,
posteriormente, a irmã, somente para que ele tenha ao seu lado alguém que vai
certamente reforçar estes comportamentos inadequados ao emiti-los.
Intervenção com os pais/avós
Primeiramente, deve-se fazer uma avaliação cognitiva com uma psicopedagoga,
neurologista ou outra profissional que seja necessária para saber se de fato essa
dificuldade de M não seja por algum déficit de aprendizagem ou questões biológicas.
Posteriormente, se faz necessário uma visita a pré-escola para melhor observar e
analisar o comportamento de M, da professora e dos outros alunos quanto a ele no
ambiente escolar. Assim como, no caso dos familiares, deve ser feita uma entrevista
com eles, a fim de ter uma noção mais ampla de suas relações com a criança, e desta
com sua irmã. Sendo, esse início, voltado a obtenção de informações mais exatas e que
permitam um melhor planejamento da intervenção.
Dito isso, visto que adotamos os comportamentos inadequados de M. como
resultado do reforçamento constante obtido de seus familiares permissivos, um treino
parental se faz necessário. Esse treino seria voltado ao ensino e orientação no uso da
técnica de economia de fichas, a qual se enquadra no caso em questão ao proporcionar
uma prática que estimule a autonomia do garoto (aumentando sua compreensão do que
é capaz de fazer sozinho) e lhe auxilie a adquirir maior resistência a frustração, ou seja,
obtenção de recompensas de suas ações após certo período de tempo (uso das fichas
conseguidas). Seria indicado aos pais (e avós, já que tem presença diária com a criança)
que escolhessem quatro comportamentos para serem colocados no calendário de tarefas,
os quais vão ser recompensados com fichas. Tendo em vista o grau de dependência que
M. apresenta, seria aconselhado que duas das quatro tarefas fossem voltadas,
inicialmente, a comportamentos ligados a higiene pessoal, como secar a si mesmo após
o banho ou higienizar-se depois de evacuar. Das duas tarefas restantes, uma seria
voltada ao cumprimento dos deveres de casa, mandados pela escola, e a outra
direcionada a alguma tarefa de casa, como ajudar a mãe a separar a roupa, arrumar sua
cama junto com a mãe (e depois sem ela), colocar a louça na pia depois de comer, etc.
Podendo esse quadro de tarefas ser atualizado com novos comportamentos
quinzenalmente ou mensalmente, a depender do avanço de M. com relação as
atividades.
As premiações que podem ser obtidas com as fichas seriam divididas em prêmios
semanais, os quais poderiam ser reforçadores materiais (doces, brinquedos, entre outros)
ou escolha de sobremesa, p. ex., e os prêmios mensais, seriam destinados a atividades
em família, estas sendo escolhidas em comum acordo com a criança. Contudo,
ressaltaríamos aos pais/avós que o reforço para o cumprimento de tarefas adequadas por
M. não deveria ser voltado apenas àqueles presentes no quadro, mas que outras ações
dele que sejam voltadas ao exercício de sua maior autoeficácia, proporcionada pela
economia de fichas, também sejam reforçadas com elogios e reconhecimento. No
começo, os pais serão orientados a demonstrar e praticar as tarefas com o filho, para que
este possa aprender observando seus pais/avós e, posteriormente, efetuá-los sozinho.
Frente as respostas emocionais que M. emitirá no início, explicaremos previamente aos
responsáveis que não devem ceder as birras, mas incentivar a continuidade de M. na
atividade, seja com encorajamento verbal, seja com alguém ditando para ele como deve
fazer.
O uso de roleplaying ou dramatizações, e sua facilidade de inserir a criança em
contextos de faz-de-conta, também é indicado para reforçar o desenvolvimento de uma
resistência a frustração e auxiliar no aprendizado de habilidades sociais, uma vez que
M., por conta do tempo que ficou sem entrar na escola e forma como se dava a interação
com as únicas pessoas que tinha acesso (seus familiares), pode ter déficit nessas
competências, assim desenvolvê-las é importante para a obtenção de reforçadores
sociais ao se relacionar com seus colegas de escola e professoras.
Objetivos terapêuticos
Primários
 Auxiliar M. a melhorar sua resistência a frustração;
 Aumentar a autonomia de M. em suas atividades;
 Extinguir comportamentos inadequados (querer que façam as coisas por ele ou
do jeito que deseja, bater nos colegas, xingar os colegas, etc.);
 Aumento da autoeficácia percebida por M.;
 Melhorar as competências sociais de M.;
 Melhorar a aprendizagem de M. (começar a fazer os deveres da escola e assistir
a aula).

Secundários
 Aumento do leque de interações sociais que M. tem acesso (interagir e brincar
com os colegas de escola de forma efetiva);
 Melhora da Inteligência Emocional.

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