Você está na página 1de 5

O CUSTO DO DISCIPULADO

Texto base: Lucas 14:25-35

INTRODUÇÃO

 Quando falamos sobre custo, em geral, deduzimos que se trata de uma reflexão
sobre decisões que precisamos tomar na vida. E toda decisão que tomamos na
vida é baseada em cálculos que fazemos.
 Quando precisamos tomar decisões importantes na vida, calculamos se vamos
ter condições de dar conta das demandas que essa decisão exige. Exemplo:
Férias, faculdade, pós-graduação.
 Esses cálculos não dizem respeito apenas as questões materiais. Exemplo da
faculdade. É um curso que vai definir muita coisa na nossa vida. E para isso
precisamos fazer cálculos não apenas se teremos dinheiro suficiente, mas se
teremos tempo suficiente. Se tomarmos uma decisão equivocada com relação à
universidade provavelmente perderemos muito tempo. E se perdermos muito
tempo, poderemos descobrir o que é a frustração de fazer escolhas erradas.
 Precisamos pensar e calcular, pois existem coisas que fazemos na vida, que
quando a gente não pensa, não calcula antecipadamente sobre as consequências,
o resultado é o arrependimento.
 Além dos cálculos a respeito das coisas materiais, devemos fazer cálculos a
respeito da nossa vida espiritual. Exemplo: Aposta de Pascal.
 As decisões de tudo o que acontece na nossa vida espiritual também reflete no
nosso futuro. Portanto, não calcular os riscos, perigos, perdas e ganhos de nossas
decisões espirituais HOJE é irracional. Não faz sentido.
 O texto que lemos trata de um custo que não é material. Não é sobre algo que
podemos comprar. São decisões no campo espiritual! O custo ou a reflexão
sobre o custo diz respeito ÀS decisões que tomamos em nossas vidas no que diz
respeito a nossa relação com Deus.

O QUE É O DISCIPULADO?

 Sabemos o que é custo. Porém, quando falamos "custo do discipulado" estamos


nos referindo a uma reflexão sobre uma vivência que chamamos de discipulado.
 Discipulado pode ser considerada uma palavra homônima. Exemplo: cedo, rio,
verão etc. O que define o sentido de cada palavra é o contexto.
 A mesma coisa é o discipulado. Do que falamos quando dizemos
“DISCIPULADO”? (Discipulado é aprender e ensinar a seguir e obedecer a
Jesus.)
 Existem dois sentidos na palavra discipulado:
o O ato de seguir a Jesus (imitar Cristo);
o O ato de ajudar alguém a seguir Jesus (ajudar outros na imitação de
Cristo);
 Porém, o ato de ensinar as pessoas a seguirem Jesus está totalmente ligado ao
ato de seguir Jesus. Pessoas que ensinam outras pessoas a seguirem a Jesus, mas
não seguem a Jesus não são capazes de ensinar pessoas a seguirem a Jesus.

PRIMEIROS PASSOS

 Vamos começar falando sobre o custo do discipulado no que diz respeito ao ato
de seguir Jesus. Há um custo para aqueles que decidem seguir a Jesus, mas há
também um custo para aqueles que desejam e decidem ensinar pessoas a
seguirem a Jesus. Não tem como fugir do custo.
 Quando lemos o texto de Lucas vemos que o ato de seguir Jesus nos conduz a
uma decisão, que por sua vez, nos conduz a um custo. QUAL O CUSTO?
 Para responder esta pergunta o texto de Lucas nos dá três exigências que nos
ajudam a entender o custo do discipulado como o ato de seguir a Jesus. São eles:
o Um certo tipo de amor;
o Um certo tipo de sofrimento/perseguição;
o Um certo tipo de desapego
 A falta de qualquer uma dessas exigências é suficiente para desqualificar um
discipulado. Em outras palavras, a tarefa de analisar cada uma dessas exigências
traz implicações para o ato de seguir a Jesus.
 De onde tiramos isso? Do próprio texto de Lucas 14:26, 27 e 33. Jesus mostra
todas as indicações de que não ser discípulo vem acompanhado de uma
condição.
o Se alguém vem a mim e não apresenta esse amor, então não pode ser
meu discípulo;
o Se alguém vem a mim e não apresenta esse sofrimento, então não pode
ser meu discípulo;
o Se alguém vem a mim e não apresenta esse desapego, então não pode
ser meu discípulo;
 Antes analisarmos as três exigências que representam o custo do discipulado
precisamos entender o cenário que Lucas constrói para a argumentação de Jesus.
Qual o cenário? Lc. 14:25 “Uma grande multidão ia acompanhando Jesus”. Essa
parte mostra uma mudança no discurso. O discurso vai oscilando entre a
oposição entre os fariseus, escribas e novamente o encontro de Jesus com as
multidões.
 Que entendimento podemos ter dessa multidão? Uma multidão que caminha
para um discipulado anônimo. O que poderíamos chamar hoje de um
cristianismo anônimo, descompromissado, sem comprometimento, sem custo a
pagar, sem preço a pagar. E mais. Sem consciência do preço a pagar.
 Mas o que era uma grande multidão? Uma grande multidão não passa de uma
massa indefinida, sem rosto e sem nome. Não podemos chamar a multidão pelo
nome pois não tem identidade. A multidão parece operar numa zona neutra,
numa zona onde não há posicionamentos. É a zona dos isentos.
 Ao que tudo indica Jesus estava preocupado com essas pessoas. Prova disso é a
sua denúncia da falta de consciência dessa multidão com relação ao custo do
discipulado, ao custo do que significa, de fato, seguir a Jesus.
 Seguir a Jesus não é literalmente se colocar no meio de uma multidão e seguir a
Jesus, se perder na massa. É oferecer um rosto, é dar um nome, é se mostrar
publicamente, se revelar diante dos homens, dizer, professar, confessar diante
dos homens. É sair da multidão e dizer o seu nome.
 Jesus estava preocupado com ela. Tanto é que o discurso de Jesus sobre o
discipulado como ato de segui-lo não é direcionado aos doze, mas é direcionado
à grande multidão. Observe o verso 25.
 A grande multidão é a prova de que é possível seguir Jesus sem compromisso.
Ou seja, seguir Jesus sem levar em consideração o custo do discipulado. Jesus
está preocupado com o comprometimento. Mas o anonimato das multidões torna
a multidão algo atrativo para o descompromissado. Porque ali no meio da
multidão ele pode se fazer presente sem estar presente. Ele pode estar presente
sem se envolver, sem se engajar.
 A grande multidão é confortável. É estar numa multidão onde simplesmente não
temos nada a que prestar contas. Jesus está preocupado com isso! Pois o
conforto de estar na grande multidão pode ser a maneira que encontramos de
seguir Jesus de acordo com os nossos termos, da maneira como a gente quer. E
não de acordo com os termos de Jesus. Porém, Jesus não vai permitir que você
permaneça nas cinzas, nas sombras, no lugar da multidão sem compromisso. Ele
vai nos trazer para luz!
 Por isso quando Jesus olha para a multidão e diz: “Se alguém vem a mim” o que
ele está dizendo para aquela multidão a partir de agora é: “Preste atenção no que
eu vou dizer a vocês. Porque se vocês querem me seguir, vocês não podem me
seguir de fato sem saber o que eu tenho a dizer a vocês”.
 O discipulado não é Jesus engajando-se em nossa vida. Mas nós nos engajando
na vida de Jesus. Não somos nós que chamamos Jesus para se engajar nos
grandes projetos que já fizemos o custo, já pensamos e nada do que diz respeito
ao evangelho, a Jesus, a igreja nos foi considerado importante para fazermos
nossas escolhas.
 o que Jesus está dizendo é que preciso entender que o discipulado, o seguir a
Jesus não pode ser baseado nos nossos termos. Não podemos encontrar na nossa
agenda um espaço para Jesus. Não é a nossa agenda, mas é a agenda de Jesus. E
é por isso que as multidões são tão confortáveis, porque nossa agenda é muito
cheia. E a agenda das multidões são confortáveis, são indefinidas.
 Em geral, quando a gente estabelece os nossos próprios termos, o que a gente
faz? Ressignifica as coisas. É isso o que a gente vive fazendo quando não
queremos aceitar os termos que são alheios a nós mesmos. Por exemplo: O que
acontece na sociedade hoje? Quando não se concorda com o casamento, você
ressignifica o casamento. Não é mais o casamento segundo a bíblia, mas
segundo aquilo que eu entendo de casamento.
 A nossa maior auto-sabotagem é a ressignificação do discipulado para ficarmos
tranquilos. Precisamos sair da nossa zona de conforto e perceber que existe uma
agenda mais prioritária.

PRIMEIRO TERMO DO CUSTO DO DISCIPULADO: CERTO TIPO DE AMOR


(V.26)

 É interessante que Jesus não está dizendo “odeie seu pai, mãe, família...”. O que
Jesus está dizendo é que não deveríamos amar a nossa família mais do que nós
amamos a Jesus. E se a gente entende o contexto no qual Jesus está falando faz
todo o sentido.
 Muitos daquela multidão não queriam sair daquela zona cinzenta porque se
saíssem suas famílias se levantariam contra eles. “Ou você segue Jesus de
Nazaré ou você será banido desta casa”.
 É claro que a família é valiosa. Jesus não está criticando o valor da família. O
que Jesus está dizendo é que talvez exista algo que valha mais do que nossa
família. Ou que nossa família está sendo priorizada em detrimento de Jesus.
 Toda a falade Jesus não foi outra se não para dizer que o discipulado exige que
amemos a Jesus, não como uma pessoa entre tantas, apesar de ele ser uma
pessoa. Mas amar Jesus como Deus. E amar Jesus como Deus significa entender
que ele tem a prioridade. Significa dizer que ele nos tirou do império das trevas e
nos trouxe para o Reino da Luz.
 É interessante como a prioridade diz respeito não a uma negação das nossas
relações com a família ou da nossa preocupação com o que nós somos. Mas sim
com a intensidade com que nos preocupamos com Jesus e com a nossa família.
Então se trata de uma demanda de um certo de amor. Que tipo de amor é esse? O
amor a Jesus não como qualquer outra coisa que exista nesse mundo. O amor a
Jesus como aquele que é o centro e tem a prioridade/primazia sobre todas as
coisas.

Você também pode gostar