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Disciplina: Direito Penal Esquematizado

Tema: Crimes contra o Estado Democrático de Direito


(arts. 359-I a 359-T do Código Penal)

Prof. Diego Pureza

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Disciplina: Direito Penal Esquematizado
Tema: Crimes contra o Estado Democrático de Direito
(arts. 359-I a 359-T do Código Penal)

SUMÁRIO

DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ..................................................... 3


DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL....................................................................... 3
Art. 359-I – Atentado à soberania ......................................................................................... 3
Art. 359-J – Atentado à integridade nacional ....................................................................... 4
Art. 259-K – Espionagem ....................................................................................................... 5
Art. 359-L – Abolição violenta do Estado Democrático de Direito ....................................... 8
Art. 359-M – Golpe de Estado ............................................................................................... 9
DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO
PROCESSO ELEITORAL ............................................................................................................... 9
Art. 359-N – Interrupção do processo eleitoral .................................................................. 10
Art. 359-P – Violência política ............................................................................................. 11
DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS ............................... 12
Art. 359-R – Sabotagem ...................................................................................................... 12
DISPOSIÇÕES COMUNS ........................................................................................................... 13

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Tema: Crimes contra o Estado Democrático de Direito
(arts. 359-I a 359-T do Código Penal)

DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

A Lei nº 14.197/2021 revoga a antiga Lei de Segurança Nacional e cria o Título XII no
Código Penal com 8 tipos penais novos, são os crimes contra o Estado Democrático de Direito
que passaremos a estudar nesta aula.

DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL

Art. 359-I – Atentado à soberania

Art. 359-I. Negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim
de provocar atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1º Aumenta-se a pena de metade até o dobro, se declarada guerra em decorrência
das condutas previstas no caput deste artigo.
§ 2º Se o agente participa de operação bélica com o fim de submeter o território
nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente a soberania nacional. Dessa forma, justifica-se a competência da Justiça
Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade.
Conduta: pune-se a prática de algum ato negocial entabulado com membro de
governo (chefe de Estado de país diverso) ou grupo estrangeiro, ou seus agentes.
Os atos negociais devem ser praticados com uma das seguintes finalidades:
 Provocação de atos típicos de guerra contra o país;
 Invasão contra o país.
Detalhe importante é que o legislador não definiu o que seriam “atos típicos de
guerra”, cabendo ao magistrado, conforme cada caso concreto, realizar a
interpretação adequada.
Voluntariedade: é o dolo, sendo necessária a presença de especial fim de agir (“, com
o fim de provocar atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo”).

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Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal, bastando a prática de qualquer ato


negocial para a consumação, sendo dispensável que ocorra efetivamente atos típicos de guerra
contra país ou invasão.
A tentativa é, em tese, possível, especialmente na forma escrita.
Ademais, se o exaurimento consistente em guerra declarada em decorrência do
comportamento típico previsto no caput efetivamente ocorrer, estaremos diante de causa de
aumento de pena (majorante), prevista no §1º, hipótese em que o juiz deverá aumentar a pena
de metade até o dobro.
Qualificadora: o delito será qualificado, com pena de reclusão de 4 a 12 anos, se o
agente participa de operação bélica com o fim de submeter o território nacional, ou parte dele,
ao domínio ou à soberania de outro país.
Em outras palavras, o sujeito ativo vai além de meras negociações, passando a pegar
em armas, atuando em situações operacionais e violentas, causadoras de risco comum.
É necessária a presença de especial fim de agir, qual seja o fim de submeter o território
nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Ação Penal: pública incondicionada.

Art. 359-J – Atentado à integridade nacional

Art. 359-J. Praticar violência ou grave ameaça com a finalidade de desmembrar


parte do território nacional para constituir país independente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, além da pena correspondente à violência.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente a soberania nacional. Dessa forma, justifica-se a competência da Justiça
Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade.
Conduta: dois são os comportamentos típicos: praticar violência (é a vis absoluta, ou
seja, a violência física); e a grave ameaça (é a vis compulsiva, ou seja, a intimidação psicológica
por meio da promessa de um mal grave e injusto).
A princípio, analisando apenas os comportamentos típicos poderíamos estar diante de
meros crimes de lesão corporal e ameaça, respectivamente.

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O que torna o delito mais grave é a necessária presença de especial fim de agir descrito
no tipo em estudo.
Resumindo, o sujeito ativo deve praticar o comportamento típico com a finalidade
(intenção) de desmembrar parte do território nacional para construir país independente.
Voluntariedade: é o dolo, sendo necessária a presença de especial fim de agir, qual
seja a intenção de desmembrar parte do território nacional para construir país independente.
Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal, bastando a prática de qualquer ato
de violência ou grave ameaça para a consumação, sendo dispensável que ocorra efetivamente
o desmembramento de parte do território nacional para constituir país independente. A
tentativa é admissível, por se tratar de crime plurissubsistente.
Ação Penal: pública incondicionada.

Art. 259-K – Espionagem

Art. 359-K. Entregar a governo estrangeiro, a seus agentes, ou a organização


criminosa estrangeira, em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
documento ou informação classificados como secretos ou ultrassecretos nos termos
da lei, cuja revelação possa colocar em perigo a preservação da ordem
constitucional ou a soberania nacional:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem presta auxílio a espião, conhecendo essa
circunstância, para subtraí-lo à ação da autoridade pública.
§ 2º Se o documento, dado ou informação é transmitido ou revelado com violação
do dever de sigilo:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 15 (quinze) anos.
§ 3º Facilitar a prática de qualquer dos crimes previstos neste artigo mediante
atribuição, fornecimento ou empréstimo de senha, ou de qualquer outra forma de
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 4º Não constitui crime a comunicação, a entrega ou a publicação de informações
ou de documentos com o fim de expor a prática de crime ou a violação de direitos
humanos.

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Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente a soberania nacional. Dessa forma, justifica-se a competência da Justiça
Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo deve ser um dos personagens com acesso (legal) ou
posse (ilegal) às informações secretas ou ultrassecretas, conforme aprofundaremos adiante
(crime próprio). Sujeito passivo é a coletividade.
Conduta: a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) é responsável por criar
hipóteses excepcionalíssimas de sigilo sobre informações em poder dos órgãos e entidades
públicos.
O tempo em que o sigilo perdurará dependerá do grau em que a informação será
classificada. Poderemos ter informações reservadas (sigilo de 5 anos); secretas (15 anos); e,
ultrassecretas (25 anos).
Nos termos do art. 27 da Lei de acesso à informação:

Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da administração pública


federal é de competência:
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
a) Presidente da República;
b) Vice-Presidente da República;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior;
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titulares de
autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de economia mista; e
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II e das que
exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de
acordo com regulamentação específica de cada órgão ou entidade, observado o
disposto nesta Lei.

Dessa forma, pune-se a prática do fornecimento ilegal e não autorizado de


documentos e/ou informações secretas ou ultrassecretas à governo estrangeiro, a seus agentes,
ou a organização criminosa estrangeira.

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Porém, o legislador acrescenta mais um elemento necessário para a configuração do


crime em estudo: os documentos e/ou informações, ao serem levadas ao conhecimento alheio,
deve ter o potencial de colocar em perigo a preservação da ordem constitucional ou a soberania
nacional (cuja análise caberá ao juiz competente conforme as peculiaridades do caso concreto).
O §1º cria hipótese equiparada, punindo com o mesmo rigor aquele que presta auxílio
a espião, conhecendo essa circunstância, para subtraí-lo à ação da autoridade pública.
Em outras palavras, o auxiliador passa a responder como autor (e não como partícipe)
do crime. Perceba que o §1º não exige a obtenção ou entrega de informações, bastando que o
sujeito ativo ajude o espião a se furtar da autoridade pública.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: o crime é formal, consumando-se com a entrega da
respectiva informação, sendo dispensável que o respectivo conteúdo venha a colocar
efetivamente em perigo a preservação da ordem constitucional ou a soberania nacional. Por se
tratar de delito plurissubsistente, a tentativa é admitida.
Qualificadora: Se o documento, dado ou informação é transmitido ou revelado com
violação do dever de sigilo, ou seja, se praticado por Presidente da República; Vice-Presidente
da República; Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas; Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
permanentes no exterior; titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades
de economia mista, a pena será de reclusão, de 6 (seis) a 15 (quinze) anos.
Privilegiadora: há hipótese em que o legislador decidiu punir com menor rigor
(detenção, de 1 a 4 anos), na medida em que o sujeito ativo cria apenas a possibilidade de
terceiro não autorizado a ter acesso ao sistema de informações.
Dessa forma, pune-se aquele que facilitar a prática de qualquer dos crimes previstos
no artigo em estudo mediante atribuição, fornecimento ou empréstimo de senha, ou de
qualquer outra forma de acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações
(modalidade especial do crime de violação de sigilo funcional).
Excludente de ilicitude: Nos termos do §4º, não constitui crime a comunicação, a
entrega ou a publicação de informações ou de documentos com o fim de expor a prática de
crime ou a violação de direitos humanos.
Em outras palavras, se for necessário expor informações secretas ou ultrassecretas
como condição para a notitia criminis, sobre este comportamento não haverá crime.
Ação Penal: pública incondicionada.

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DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

Art. 359-L – Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado
Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes
constitucionais:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à
violência.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente as instituições democráticas. Dessa forma, justifica-se a competência da
Justiça Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade representada pelas instituições democráticas.
Conduta: pune-se atos violentos ou ameaçadores de forma grave capazes de impedir
(obstruir por completo) ou restringir (embaraçar, dificultar) o exercício dos poderes
constitucionais (Executivo, Legislativo e Judiciário), com a finalidade de abolir o Estado
Democrático de Direito.
Não basta a mera violência ou grave ameaça sobre casos específicos, na medida em
que o legislador exige a finalidade de abolição do Estado Democrático de Direito.
Podemos exemplificar o crime em estudo com os casos de manifestações pedindo o
fechamento do Congresso Nacional (Poder Legislativo) e do Supremo Tribunal Federal mediante
a ameaça de atentados sobre as respectivas Casas.
Voluntariedade: é o dolo, com a finalidade geral de abolir o Estado Democrático de
Direito.
Consumação e tentativa: estamos diante de um raro crime de atentado (ou de
empreendimento) em que o legislador pune a tentativa com o mesmo rigor de uma
consumação.
Ademais, perceba que neste caso nem há previsão para a hipótese consumada.
Ação Penal: pública incondicionada.

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Art. 359-M – Golpe de Estado

Art. 359-M. Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo
legitimamente constituído:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à
violência.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente as instituições democráticas. Dessa forma, justifica-se a competência da
Justiça Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade representada pelas instituições democráticas.
Conduta: pune-se a tentativa (por meio de atos violentos ou consistentes de grave
ameaça) de depor (pôr à parte, retirar, afastar) governo legitimamente constituído
(democraticamente eleito).
No caso do crime ser praticado mediante violência, estaremos diante de concurso
formal impróprio, somando-se as penas do crime em estudo com as penas do crime violento
(lesão corporal, homicídio, etc.).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: assim como o delito anterior, estamos diante de um raro
crime de atentado (ou de empreendimento) em que o legislador pune a tentativa com o mesmo
rigor de uma consumação. Ademais, perceba que neste caso nem há previsão para a hipótese
consumada.
Ação Penal: pública incondicionada.

DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO


PROCESSO ELEITORAL

Para facilitar a compreensão dos crimes deste capítulo, vale destacar que o processo
eleitoral compreende as seguintes fases:
 Registro de candidatos;
 Cadastro de eleitores;
 Logística eleitoral e preparação das eleições;
 Votação;

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 Prestação de contas;
 Totalização dos resultados das eleições;
 Divulgação dos resultados das eleições;
 Diplomação dos candidatos eleitos.
Dessa forma, os crimes a seguir devem ser praticado durante uma das etapas acima
destacadas.

Art. 359-N – Interrupção do processo eleitoral

Art. 359-N. Impedir ou perturbar a eleição ou a aferição de seu resultado, mediante


violação indevida de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de votação
estabelecido pela Justiça Eleitoral:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente o funcionamento das instituições democráticas durante o processo eleitoral.
Dessa forma, justifica-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito em
estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade.
Conduta: pune-se o atentado – por meio do impedimento (obstrução completa) ou
perturbação (embaraçando, dificultado, atrapalhando) – especificamente sobre a eleição ou
sobre o resultado da eleição.
O legislador descreve a hipótese em que o atendado deve ocorrer: violação indevida
de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de votação estabelecido pela Justiça
Eleitoral, ou seja, invasão e/ou fraude na urna eletrônica.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se com qualquer prática de ato capaz de impedir
ou perturbar eleição ou aferição de resultado da eleição por meio de violação do sistema
eletrônico de votação.
A tentativa é, em tese, possível, apesar de difícil configuração, na medida em que a
tentativa do verbo “impedir” invariavelmente configurará a prática do verbo “perturbar”.
Ação Penal: pública incondicionada.

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Art. 359-P – Violência política

Art. 359-P. Restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual
ou psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu
sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente o funcionamento das instituições democráticas durante o processo eleitoral.
Dessa forma, justifica-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito em
estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito
passivo é a coletividade.
Conduta: Pune-se a violação do exercício de direitos políticos (direito de votar, direito
de ser votado, etc.) a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.
Pode ser praticado das seguintes formas:
 Restringir (limitar o exercício);
 Impedir (obstruir por completo);
 Dificultar (atrapalhar, permitindo o exercício porém com dificuldades).
Por meio dos seguintes modus operandi:
 Com o emprego de violência física (lesão corporal, vias de fato);
 Com o emprego de violência sexual (estupro, perturbações e violações sexuais);
 Com emprego de violência psicológica (ameaça, intimidação).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se com qualquer prática de ato capaz de restringir,
impedir ou dificultar o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo,
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
A tentativa é, em tese, possível, apesar de difícil configuração, na medida em que a
tentativa do verbo “impedir” ou “restringir” invariavelmente configurará a prática do verbo
“dificultar”.
Ação Penal: pública incondicionada.

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DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS

Art. 359-R – Sabotagem

Art. 359-R. Art. 359-R. Destruir ou inutilizar meios de comunicação ao público,


estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional, com o fim
de abolir o Estado Democrático de Direito:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

Bem jurídico tutelado: tutela-se em sentido amplo o Estado Democrático de Direito,


mais precisamente o funcionamento dos serviços essenciais. Dessa forma, justifica-se a
competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito em estudo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo cremos se tratar de crime próprio, na medida em que
apenas algumas pessoas devidamente autorizadas podem ter acesso a meios de comunicação
ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional. Sujeito
passivo é a coletividade (crime comum).
Conduta: com o tipo penal em estudo o legislador tenta proteger os meios de
comunicação, estabelecimentos, instalações ou serviços capazes de manter a ordem da defesa
nacional.
Dessa forma, pune-se o sujeito ativo que destruir (arruinar, demolis) ou inutilizar
(tornar imprestável, sem função) meios de comunicação ao público, estabelecimentos,
instalações ou serviços destinados à defesa nacional.
Para que a conduta não se configure um mero delito de dano patrimonial, é
fundamental a presença de especial fim de agir como motivação da conduta do agente: o fim de
abolir o Estado Democrático de Direito.
Voluntariedade: é o dolo, com a finalidade específica de abolir o Estado Democrático
de Direito.
Consumação e tentativa: em que pese se tratar de delito que deixa vestígios, o crime
é formal, na medida em que não é necessária a abolição do Estado Democrático de Direito,
bastando a destruição ou inutilização dos meios de comunicação ao público, estabelecimentos,
instalações ou serviços destinados à defesa nacional com esse fim.
Por se tratar de delito plurissubsistente, a tentativa é possível.
Ação Penal: pública incondicionada.

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DISPOSIÇÕES COMUNS

Art. 359-T. Não constitui crime previsto neste Título a manifestação crítica aos
poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e
garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de
aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos
sociais.

O dispositivo acima, em harmonia com a liberdade de expressão; liberdade de


imprensa; liberdade de manifestação e possibilidade de controle administrativo de iniciativa
popular (valores constitucionalmente consagrados), estabelece hipóteses de excludentes de
ilicitude.
Vale destacar que o dispositivo acima é inaplicável nas hipóteses de condutas com
violência ou grave ameaça.

Diego Luiz Victório Pureza


Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal
Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos.
Pós-graduado em Ciências Criminai.
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior
Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos.
Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.

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