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Respostas para as questões da atividade avaliativa da leitura do artigo:

“Validade da citologia cervicovaginal na detecção de lesões pré-neoplásicas


e neoplásicas de colo de útero”,
Pinho e Mattos (2002), Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.38, n. 3, p 225-231

1 – Qual é o objetivo do estudo descrito no artigo?

O objetivo do artigo é a acurácia diagnóstica da citologia cervicovaginal (exame Papanicolaou) na detecção de


lesões pré-neoplásicas e neoplásicas do colo uterino (câncer de colo de útero).

2 – Por que o exame Papanicolaou é bastante utilizado em programas de controle do câncer de colo de
útero?

“Além de sua acuidade diagnóstica, o exame de Papanicolaou é considerado um método de baixo custo, simples
e de fácil execução. Estas características o tornam um método amplamente utilizado em programas de controle do
câncer cervicouterino.” Por “acuidade diagnóstica”, entenda-se alta especificidade (proporção de resultados
negativos dentre as sadias) e, principalmente, alta sensibilidade (proporção de resultados positivos dentre as
doentes), o que torna o exame Papanicolaou muito útil como exame de triagem, ou seja, para descartar a presença
das lesões cancerosas. De fato, como a sensibilidade é alta, há poucos falsos negativos dentre as doentes. Assim, se
uma paciente tem resultado negativo no teste, a probabilidade de ser um verdadeiro negativo é alta e, com ela, a
certeza de um diagnóstico de ausência de lesões (sadia).

3 – Que exame foi utilizado como “padrão-ouro” na avaliação do Papanicolaou?

O exame utilizado para separar as pacientes doentes das sadias foi o exame histopatológico de uma amostra de
tecido obtida através de biópsia cervical.

4 – Quantas pacientes participaram do estudo e como foram selecionadas?

“Foram consideradas somente as pacientes que apresentavam dados referentes à colpocitologia e à


histopatologia, num total de 373.” Os exames foram realizados no Hospital de Clínicas do município de Botucatu,
no período de 1990 a 1997.

5 – Sabendo que a prevalência (p) de uma doença em um grupo pode ser definida como a porcentagem de
pessoas que tem a doença neste grupo, qual é a prevalência do câncer de colo de útero grupo de estudo do
artigo?

Das 373 pacientes do estudo, 276 foram diagnosticadas com lesões no colo do útero pelo exame padrão-ouro, o
exame histopatológico. Assim, a prevalência da doença no grupo de estudo era de p = 276/373= 0.7399, ou seja,
cerca de 74%.

6 – Considere a seguinte tabela:

Diagnóstico do Papanicolaou
Padrão-ouro Positivo Negativo Total
Doente a b a+b
Sadia c d c+d
Total a+c b+d a+b+c+d

Utilizando as definições de VP, FP, VN e FN do texto e a tabela acima, identifique quais são os pacientes:
a) VP ; b) FP ; c) VN ; d) FN .

VP, ou seja, verdadeiros positivos, são os pacientes doentes e que têm resultado positivo. VP = a.
FP, ou seja, falsos positivos, são os pacientes sadios e que têm resultado positivo. FP = c.
VN, ou seja, verdadeiros negativos, são os pacientes sadios e que têm resultado negativo. VN = d.
FN, ou seja, falsos negativos, são os pacientes doentes e que têm resultado negativo. FN = b.
7 – Utilizando as respostas do item (6) e as definições de sensibilidade (s), especificidade (e), valor de
predição positiva (VPP) e valor de predição negativa (VPN) dadas no artigo, quais seriam as expressões
matemáticas para o cálculo de s , e , VPP e VPN ?

VP a VN d
s  ; e  ;
VP  FN a  b VN  FP d  c

VP a VN d
VPP   ; VPN  
VP  FP a  c VN  FN d  b

8 – Os valores de VPP e VPN de um teste diagnóstico só podem ser calculados com os mesmos dados
utilizados no cálculo da sensibilidade e da especificidade quando a prevalência da doença na população
onde for aplicado o teste for igual à prevalência da doença no grupo de estudo.
Quando isto não acontece, isto é, na maioria das situações, o cálculo de VPP e VPN deve ser feito pelas
seguintes equações

sp e(1  p)
VPP  VPN  ,
sp  (1  e)(1  p) e(1  p)  (1  s) p

onde s e e são, respectivamente, a sensibilidade e especificidade do teste e p é a prevalência da doença na


população na qual o teste vai ser aplicado.

Considerando os valores de sensibilidade e especificidade do exame citológico citados no artigo, calcule os


valores de VPP e VPN desse exame se ele for aplicado a uma população cuja prevalência de câncer de colo
do útero for de 5% ?

Os valores das medidas de qualidade do exame Papanicolaou citados no artigo (Tabela 2) são s=96% e e=51.5%.
Usando uma prevalência de p=5%, teremos:

0.96  0.05 0.0480


VPP    0.0943
0.96  0.05  (1  0.515)(1  0.05) 0.0480  0.4608

Ou seja, se uma paciente vinda de uma população com p=5% tiver um resultado positivo no Papanicolaou, a
probabilidade de ela ter realmente câncer de colo de útero é muito baixa, apenas 9,43%.

0.515  (1  0.05) 0.4893


VPN    0.9959
0.515  (1  0.05)  (1  0.96)  0.05 0.4893+0.0020

Ou seja, se uma paciente vinda de uma população com p=5% tiver um resultado negativo no Papanicolaou, a
probabilidade de ela não ter realmente câncer de colo de útero é muito alta, 99,59%.

Desse modo, em uma população com prevalência de câncer de colo de útero tão baixa, o exame Papanicolaou é
mais útil para descartar a presença da doença do que para confirmar a doença. Esta é uma das características dos
exames de triagem.

9 – O valor de VPP calculado em (8) é maior ou menor do que o valor do VPP no caso do artigo? Se o
exame é o mesmo, por que o valor de VPP mudou?

O valor de VPP calculado em (8) (VPP=9.43%) é menor do que o valor do VPP no caso do artigo (VPP=85%).
Isto acontece porque o VPP depende não somente dos valores de sensibilidade e especificidade, mas também da
prevalência da doença. Como a prevalência da doença em (8) era menor do que a prevalência do grupo do artigo, o
valor de VPP também ficou menor.
O valor do VPP de um exame sempre diminui quando a prevalência da doença (proporção de indivíduos doentes)
diminui.

Por outro lado, o valor de VPN aumentou em relação ao valor do artigo (VPN=82%).
O valor do VPN de um exame sempre aumenta quando a prevalência da doença (proporção de indivíduos doentes)
diminui, pois, nesse caso, a proporção de indivíduos sadios na população aumenta.

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