Você está na página 1de 41

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO TECNOLÓGICO DE RECURSOS NATURAIS


UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

HELIDA FLAVIA MESQUITADE SOUSA


IARA CORREIA LEITE
MARCOS ANTÔNIO DE FARIAS PEREIRA

RELATÓRIO: ANÁLISE URBANA DO BAIRRO SACI – TERESINA, PI

CAMPINA GRANDE, PB
2022

1
HELIDA FLAVIA MESQUITADE SOUSA
IARA CORREIA LEITE
MARCOS ANTÔNIO DE FARIAS PEREIRA

RELATÓRIO: ANÁLISE URBANA DO BAIRRO SACI – TERESINA, PI

Trabalho realizado para obtenção de nota na


segunda unidade da disciplina de Fundamento do
Planejamento e do Desenho Urbano, no curso de
Arquitetura e Urbanismo, período de 2021.1,
ofertado pela Unidade Acadêmica de Engenharia
Civil (UAEC), no Centro Tecnológico de Recursos
Naturais (CTRN) da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG).

Professora: Lívia Izabel Bezerra de Miranda

CAMPINA GRANDE, PB
2022

2
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...................................................................................................................06
INTRODUÇÃO........................................................................................................................07
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS.....................................................................................08
FORMAÇÃO HISTÓRICA..........................................................................................09
HISTÓRIA DA CIDADE.................................................................................09
HISTÓRIA DO BAIRRO.................................................................................11
PROCESSOS E AGENTES.............................................................................12
DADOS CENSITÁRIOS..............................................................................................13
DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO............................................................................14
MORFOLOGIA URBANA...........................................................................................14
TOPOGRAFIA.................................................................................................14
INFRAESTRUTURA.......................................................................................17
HIERARQUIA DAS VIAS..............................................................................18
COBERTURA DO SOLO................................................................................21
VEGETAÇÃO..................................................................................................22
MOBILIÁRIO URBANO................................................................................24
MAPAS DE NOLLI.........................................................................................25
GABARITO.....................................................................................................26
RECUOS..........................................................................................................27
OCUPAÇÃO DO SOLO.................................................................................28
FACHADAS....................................................................................................30
PERCEPÇÃO E LEGIBILIDADE...............................................................................31
VISÃO SERIAL..............................................................................................31
MAPA MENTAL............................................................................................34
COMPORTAMENTOS...............................................................................................36
CONCLUSÃO.........................................................................................................................39
REFERÊNCIAS......................................................................................................................41

3
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS

Figura 01 - Mapa dos bairros de Teresina com destaque ao bairro Saci.....................................06


Figura 02 - Mapa geral de Teresina com destaque para localização do bairro Saci...................07
Figura 03 - Tabela das características gerais do bairro do Saci..................................................07
Figura 04 - Mapa de pontos e áreas de referências internas ao bairro Saci................................08
Figura 05 – Fotografia da Avenida Antônio Freire.....................................................................09
Figura 06 – Mapa da evolução da ocupação do território urbano de Teresina...........................10
Figura 07 – Fotografias da evolução histórica de Teresina........................................................11
Figura 08 – Fotografias da evolução histórica do bairro Saci....................................................12
Figura 09 – Tabela com dados censitários do bairro Saci na cidade de Teresina (PI)...............13
Figura 10 – Gráficos com dados da razão de sexo e população em relação a Teresina.............13
Figura 11 - Gráfico com dados etários do bairro Saci................................................................14
Figura 12 - Mapa de relevo de Teresina (PI) com destaque para o bairro Saci..........................15
Figura 13 - Topografia do bairro................................................................................................16
Figura 14 - Topografia do bairro destacando a linha de corte AB.............................................16
Figura 15 - Topografia do bairro destacando a linha de corte CD.............................................17
Figura 16 - Mapa de Saneamento do bairro Saci.......................................................................18
Figura 17 - Mapa de Hierarquia das Vias...................................................................................19
Figura 18 - Imagens da Av. Dr. Luís Pires Chaves....................................................................20
Figura 19 - Cruzamento da R. Francisca de M. Lobo com a Av. Henry Wall de Carvalho.......20
Figura 20 - Imagens da Rua Q. 50..............................................................................................21
Figura 21 - Mapa de Cobertura do solo......................................................................................22
Figura 22 - Mapa de Vegetação..................................................................................................23
Figura 23 - Imagens da avenida..................................................................................................24
Figura 24 - Mapa de mobiliário urbano......................................................................................24
Figura 25 - Mapa de Nolli (Quadras).........................................................................................25
Figura 26 - Mapa de Nolli (Lotes).............................................................................................26
Figura 27 - Mapa de Gabarito....................................................................................................27
Figura 28 - Mapa dos recuos......................................................................................................28
Figura 29 – Gráfico de proporção de domicílios tipo “casa unifamiliar” .................................29
Figura 30 - Mapa da média de mor/domicílio ocupado com destaque para o Saci....................29
Figura 31 - Mapa de uso e ocupação do solo.............................................................................30
Figura 32 - Colagem de mapa de fachadas da Rua Oito............................................................31

4
Figura 33 – Vista satélite do bairro Saci com destaque para estações da visão serial...............31
Figura 34 - Fotografia da 1º estação..........................................................................................32
Figura 35 – Fotografia da 2º estação.........................................................................................32
Figura 36 – Fotografia da 3º estação.........................................................................................33
Figura 37 – Fotografia da 4º estação.........................................................................................33
Figura 38 – Fotografia da 5º estação.........................................................................................34
Figura 39 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro.........................................34
Figura 40 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro.........................................35
Figura 41 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro.........................................35
Figura 42 - Mapa de sobreposição dos elementos de Lynch....................................................36
Figura 43 – Vista satélite da praça das Palmeiras.....................................................................37
Figura 44 – Fotografia da Praça das Palmeiras.........................................................................37
Figura 45 - Mapa de Comportamento Diurno..........................................................................38
Figura 46 - Mapa de Comportamento Noturno........................................................................39
Figura 47 - Tabela de Potencialidades e Problemas.................................................................40

5
1. APRESENTAÇÃO

O seguinte trabalho suscita uma análise acerca do bairro Saci, localizado na cidade
de Teresina no estado do Piauí, através do estudo da sua percepção e legibilidade, visão
morfológica e do comportamento dos agentes de produção desse espaço esmiuçando os
diferentes aspectos topográficos, organizacionais, de usos, etc.

Prestado para a disciplina de Fundamentos do Planejamento e Desenho Urbano,


ministrada pela docente Lívia Miranda e concretizado pelo grupo de alunos Iara Correia
Leite, Hélida Flávia Mesquita de Sousa e Marcos Antônio de Farias Pereira. O presente
trabalho foi realizado durante o período de pandemia do Coronavírus (COVID-19) e,
seguindo as devidas medidas de segurança orientadas pela Organização Mundial de
Saúde (OMS). Logo abaixo, a fim de situar o leitor, observa-se o mapa dos bairros de
Teresina (Figura 01) onde destacamos a localização do Saci, ao lado do rio Parnaíba.

Figura 01 - Mapa dos bairros de Teresina com destaque ao bairro Saci

Fonte: Modificado de SEMPLAN. Data: julho/2013

6
2. INTRODUÇÃO

O bairro Saci, localizado na zona sul do município de Teresina, possui uma


extensão de 1,18 km² e uma densidade demográfica de 69,4 hab/km² e em média cerca de
9 mil habitantes. Vemos (Figura 02), mais a abaixo, os limites do seu perímetro e o dos
seus vizinhos bem demarcados. O bairro compreende a área contida: partindo do
entroncamento da Av. Henry Wall de Carvalho (PI-130) com a Rua General João
Henrique Gaioso, prossegue, por esta e seu prolongamento, até o eixo do Rio Parnaíba,
no qual atinge o alinhamento da Rua Francisca de Melo Lobo; por esta via e seu
prolongamento, alcança a Av. Henry Wall de Carvalho, voltando ao ponto inicial. Apesar
de ter um comércio bem desenvolvido, ele é majoritariamente residencial e encontra-se
em constante crescimento populacional.

Figura 02 - Mapa geral de Teresina com destaque para localização do bairro Saci

Fonte: Google Earth. Data: julho/2015

Figura 03 - Tabela das características gerais do bairro do Saci

Características Gerais

Região (IBGE) Superintendência Área (km²) Densidade Demográfica


(SDU) (hab/km²)

Sul Sul 1,18 69,4

Limites

Norte Sul Leste Oeste

Parque São João / Santa Luzia Distrito Industrial Lourival Parente Rio Parnaíba

Fonte: Teresina (PI). Prefeitura. 2013.

7
2.1. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS

O mapa a seguir (Figura 04) traz os principais pontos de referência internos do


bairro no intuito de destacar áreas de maior importância social, econômicas e de maior
uso da população.

Figura 04 - Mapa de pontos e áreas de referências internas ao bairro Saci

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 – Autocad

8
2.2. FORMAÇÃO HISTÓRICA

2.2.1. HISTÓRIA DA CIDADE

Teresina começou a ser povoada no século XVII, com Domingos Jorge Velho e um
grupo de bandeirantes, que estabeleceram uma feitoria e um criatório de gado. Em 1797
foi erguida a igreja de Nossa Senhora do Amparo, e sua fundação foi oficializada em 16
de agosto de 1852.

Figura 05 – Fotografia da Avenida Antônio Freire

Fonte: Museu Virtual da Imagem e do Som do Piauí

Na fotografia acima (Figura 05), observamos a Avenida Antônio Freire na época


de grande ebulição da cidade que graças ao seu projeto de criação inovador, elaborado
por José Antônio Saraiva, Teresina foi elevada à categoria de capital e cidade, pela Lei
Provincial n.º 315, de 1852. É conhecida por sua localização mais central, bem como pela
navegabilidade dos rios Poti e Parnaíba. Em divisão territorial datada de 1960, o
município é constituído do distrito sede; assim permanecendo em divisão territorial
datada de 2007.

9
Figura 06 – Mapa da evolução da ocupação do território urbano de Teresina

Fonte: SEMPLAN. Elaboração: Latus Consultoria.

Vemos nos mapas um crescimento radial (Figura 06 e 07), para oeste após o rio
Parnaíba, na atual zona norte, marcada pelo bairro do Poti Velho, sendo a área mais antiga
da cidade. Tal zona era o principal polo comercial que se concentrava nas margens do rio.
Com a expansão pelo centro, por cerca de 1901 a 1940, começou uma maior difusão de
residências para áreas mais afastadas, como a atual Av. Frei Serafim, ponto principal da
cidade. A partir daí, em 1981 começaram construções e o povoamento da zona sul, pelos
bairros Catarina, Vermelha e Piçarra, e mais tarde o que está sendo analisado, o bairro
Saci. Na década de 50, após a construção da ponte Juscelino Kubitscheck, os limites do
rio Poti foram sendo expandidos. E com isso, surgiram os primeiros bairros da zona leste.

10
Figura 07 – Fotografias da evolução histórica de Teresina

Fonte: Modificado de Google Earth, 1984, 1994, 2004, 2014, 2020.

2.2.2. HISTÓRIA DO BAIRRO

O bairro Saci foi originalmente um conjunto habitacional construído pelo programa


Companhia de Habitação Popular (COHAB) no ano de 1978 na Zona Sul da cidade de
Teresina. A capital do Estado vivenciava, na época, um período de grande
desenvolvimento urbano e social, portanto precisava impulsionar seu crescimento. Em
1979, foi construído o conjunto habitacional, da COHAB, em área vizinha à Saci S.A.
Concreto Industrializado, empresa do Grupo Lourival Parente. Todo o bairro ficou assim
conhecido.

No intervalo de quinze anos selecionado para o estudo da evolução urbana do bairro


(Figura 08), observamos que as áreas centrais (zonas de comércio) conservaram-se,
praticamente, da mesma maneira. Quinze anos antes, o bairro abrigava uma baixa
densidade residencial ao redor do seu perímetro. Mas, a partir de 2009, esse entorno
começa a concentrar ocupações planejadas, como, por exemplo, o condomínio Vila
Vitória, e outras indevidas, a oeste, por se tratar de zonas de risco de enchentes,
fenômenos comuns com a cheia do rio Parnaíba. Consequentemente, esse foco de
acampamentos ilegais abandonados pela supervisão do poder público, abalam a
vegetação nativa, ainda mais a mata ciliar.

Já nos últimos cinco anos, surge uma proliferação de pequenas moradias ainda mais
próximas ao leito do rio. Nas zonas mais a nordeste, há a implementação de novos
equipamentos e áreas mais adensadas.

11
Figura 08 – Fotografias da evolução histórica do bairro Saci

1 2

3 4

Fonte: Modificado de Google Earth, 2005, 2009, 2015, 2021.

2.2.3. PROCESSOS E AGENTES

O bairro Saci passou por diversos processos ao longo de sua formação,


desencadeados por certos agentes que contribuíram em sua constituição: o primeiro deles
seria a agência de desenvolvimento habitacional COHAB, que atuou como um agente
imobiliário ao participar diretamente na construção e desenvolvimento das áreas locais,
eles promoveram a estrutura física original criando o que viria ser o Saci como um todo.

Outro agente importante é a presença do próprio Estado, que atuou na


transformação do ambiente, através da construção de escolas, pontos de ônibus,
pavimentação e outras intervenções que possibilitaram o desenvolvimento do espaço e
consequentemente levaram-no a ser um dos mais bem desenvolvidos da zona sul de
Teresina.

Vale também ressaltar que com o passar do tempo o bairro sofreu algumas
mudanças de sua forma original, devido às invasões e construções improvisadas em seu
entorno por pessoas de baixa renda, estes são os agentes produtores do espaço vernacular.
Tais agentes fazem parte da história do bairro ao caracterizarem uma parte da população
local que destoa muito de outra, colocando a desigualdade social como um elemento
destacável na área.

12
2.3. DADOS CENSITÁRIOS

No último censo realizado pelo IBGE (2010) a população do bairro Saci era de
8.190 habitantes, cerca de 1,07% da população de Teresina (Figura 09). A densidade
demográfica do bairro é de 69,4 hab/km², sendo assim a área do bairro é de
aproximadamente 1,18 km². O bairro é predominantemente residencial, entretanto possui
uma zona comercial bem desenvolvida, ele é cortado pela Avenida Dr. Luís Pires Chaves,
que é uma via de extrema importância, por uni-lo a Av. Henry Wall de Carvalho, uma
das principais da cidade, e também aos outros bairros vizinhos

Figura 09 – Tabela com dados censitários do bairro Saci na cidade de Teresina (PI)

População Razão de sexo Densidade


(hab) (homens/mulheres) demográfica
(habitante/km²)

UF Piauí 3.118.630 96,1 12,40

Município Teresina 814.230 87,8 584,94

Bairro Saci 8.190 86 69,4

Fonte: Modificado de IBGE - Censo, 2010

A partir dos dados obtidos dos gráficos abaixo (Figura 10), podemos concluir que
área de estudo escolhida é constituída majoritariamente por mulheres, com uma razão de
57%, e que a população total do bairro corresponde a 1% a do município.

Figura 10 – Gráficos com dados da razão de sexo e população em relação a Teresina

Fonte: Modificado de IBGE - Censo, 2010

13
No gráfico etário do bairro (Figura 11), verifica-se que a faixa etária das pessoas
que residem no bairro é maior para a faixa etária de 25 a 34 anos e a menor é de 15 a 17
anos. Ainda utilizando os dados do censo, podemos concluir que a maior parte da
população residente do Saci é de jovens, adultos e idosos (de 18 anos até os 60), com
baixas taxas da infantil.

Figura 11 - Gráfico com dados etários do bairro Saci

Fonte: Modificado de IBGE - Censo, 2010.

3. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1. MORFOLOGIA URBANA

No que se refere à morfologia urbana, segundo Lamas (1993) esta se define,


essencialmente, como sendo os aspectos exteriores do meio urbano e as suas relações
recíprocas, analisando e explicando a paisagem urbana e sua complexa estrutura. A cidade
é resultado da acumulação e da integração de muitas ações determinadas pelas tradições,
culturas, ideias políticas, forças econômicas, grupos ou indivíduos e, portanto, deve ser
compreendida como um organismo volúvel, em constante modificação e evolução.

3.1.1. TOPOGRAFIA

A cidade de Teresina, por estar situada em uma região próxima a rios, possui um
terreno relativamente plano em sua extensão. Observamos, através da análise do mapa de
relevo (Figura 12), que ela possui declividades que variam de plano (0 a 2%) a fortemente
ondulado (15 a 45%). As áreas com maior declividade estão situadas no extremo sul, na
região leste e, ao norte do rio Poti, na extremidade direita. Já as regiões mais planas estão
próximas aos rios.

14
No mapa ainda pode-se identificar os topos de morros, locais de maior cota na
cidade. Essas regiões apresentam certa restrição quanto à ocupação, por estarem
suscetíveis a deslizamentos. Já as áreas de menor cota estão próximas aos rios e lagoas
da cidade. Essas regiões vizinhas aos cursos d’água também são consideradas
inadequadas à ocupação pelo elevado risco de enchentes no período de cheias dos rios.
Infelizmente, em contraponto às restrições de ocupação, essas áreas (suscetíveis a
inundação) apresentam altas densidades de habitações.

Figura 12 - Mapa de relevo de Teresina (PI) com destaque para o bairro Saci

Fonte: Modificado de SEMPLAN. Data: 2016

É possível perceber na Figura que o bairro Saci é localizado em uma zona de baixa
altitude, estando nas proximidades do rio Parnaíba o seu menor ponto que equivale a 56
m. A leste dele, perto da Av. Henry Wall de Carvalho, vemos o ponto com maior altitude
103 m. A fim de esclarecer de maneira mais precisa os diferentes relevos do bairro
demarcamos dois cortes de amostra como definido nas Figuras, respectivamente: AB
(longitudinal) e CD (latitudinal).

15
Figura 13 - Topografia do bairro

Fonte: Modificado de Topographic-map.com, Leaflet

No corte AB, percebe-se um desnível de 47 m (Figura 14) enquanto no CD é de


15m (Figura 15).

Figura 14 - Topografia do bairro destacando a linha de corte AB

Fonte: Modificado de Google Earth

16
Figura 15 - Topografia do bairro destacando a linha de corte CD

C D

Fonte: Modificado de Google Earth

3.1.2. INFRAESTRUTURA

O sistema de abastecimento usado em Teresina, e no Saci, é oferecido pela empresa


Águas de Teresina. Ela também é responsável pelo sistema de coleta e tratamento de
esgoto. O serviço prestado quanto ao abastecimento de água encontra-se relativamente
bem, considerando que não há falta de água, mesmo nas áreas derivadas das invasões.
Entretanto, não pode-se dizer o mesmo do sistema de esgoto, que não possui um bom
sistema de coleta nem de estrutura. Até mesmo nos espaços fornecidos de saneamento,
como em grande parte do bairro Saci (Figura 16), estes serviços ainda estão em estados
precários, ou seja, permitem vazamentos frequentes, restando aos moradores o fardo de
conviver com esgoto exposto a céu aberto.

17
O bairro possui um calçamento irregular, em parte das vias locais feito pela própria
população, o que ocasiona diversos problemas de infraestrutura e organização das
calçadas. Estas que, fora o nivelamento, mantém uma regularidade na distância das
fachadas em praticamente todo o bairro com exceção das zonas de invasão próximas ao
rio Parnaíba. O que por sua vez dificulta a circulação, principalmente dos moradores mais
velhos, devido a alturas exageradas, forragem com materiais muito lisos, falta de
manutenção e buracos.

Figura 16 - Mapa de Saneamento do bairro Saci

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

3.1.3. HIERARQUIA DAS VIAS

Grande parte das definições encontradas de hierarquização viária e organização da


cidade, utilizam como base bibliográfica o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que as
classifica em: vias urbanas, subdivididas em via de trânsito rápido, via arterial, via
coletora e via local; e vias rurais, subdivididas em rodovias e estradas. O CTB ainda
delimita outros por menores em cada uma delas, como, por exemplo, a velocidade.

A hierarquização das vias contribui bastante no planejamento urbano organizando


os deslocamentos, demarcando as funções de cada uma delas e moldando da forma mais
otimizada e racional possível a circulação dos meios de transportes públicos e privados.
Outra coisa, é importante esclarecer que as vias não servem exclusivamente aos veículos,
mas eles se destacam à medida que a cidade torna-se mais populosa e com maior número
de usuários motorizados.

18
Figura 17 - Mapa de Hierarquia das Vias

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Com base na análise do Mapa Viário (Figura 17), observamos os aspectos de fluxos,
infraestrutura e relevância das vias em um determinado espaço e assim denominamos
quais delas atendem as condições para cada respectiva função. Vemos que a área estudada
não possui em seus limites nenhuma via arterial, cuja a principal característica é o tráfego
de passagem, o controle de acesso e as interseções em níveis espaçados, uma vez que
quanto maior o espaçamento, maior a eficiência do trânsito. Entretanto, sob tal análise a
Av. Henry Wall de Carvalho na vizinhança do bairro Saci atende a essas necessidades.

Já as vias coletoras têm o objetivo de, como o próprio nome diz, “coletar” e, ainda,
distribuir os usuários, contribuindo nas conexões com as vias arteriais e locais, o que
permite deslocamentos dentro das regiões de uma cidade, além de acesso ao interior dela.
No bairro Saci temos a Av. Dr. Luís Pires Chaves, que o atravessa de uma ponta a outra
interligando-se a praticamente todas as ruas, que cumpre esses requisitos e, por sua vez,
apresenta fluxos intensos com usos comerciais e mistos.

19
Figura 18 - Imagens da Av. Dr. Luís Pires Chaves

Fonte: Google Street View, 2022

Vias locais, a sua função é permitir o acesso local. Nesse sentido, abrangemos todas
as ruas menores do bairro que se conectam criando diversas entradas e saídas na
circulação, seu fluxo no geral é baixo e um dos destaques vai para a R. Francisca de Melo
Lobo que interliga-se com a Av. Henry Wall de Carvalho e dá acesso aos bairros Lourival
Parente e Parque Piauí; sendo esse um dos principais bairros comerciais próximos à
região.

Figura 19 - Cruzamento da R. Francisca de M. Lobo com a Av. Henry Wall de Carvalho

Fonte: Modificado de Google Earth, 2022

20
O saci ao longo de sua formação configurou-se como um bairro residencial com
alto índice de comércio local, o melhor estruturado da Zona Sul, havendo assim um certo
investimento quanto a pavimentação, já que tirando a avenida principal as outras ruas
ainda eram de terra ou paralelepípedo. Entretanto, o serviço ainda encontra-se
incompleto, as obras iniciadas em 2020 não se concretizaram e atualmente (2022) estão
paradas e sem previsões de retorno.

Figura 20 - Imagens da Rua Q. 50

Fonte: Google Street View, 2022

3.1.4. COBERTURA DO SOLO

Ainda com enfoque sobre as vias, através do mapa de cobertura do solo (Figura 21),
podemos observar a infraestrutura do sistema viário de acordo com o tipo de
pavimentação aplicada em cada uma delas.

21
Figura 21 - Mapa de Cobertura do solo

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Em sua malha mais interna, a maior parte das ruas do bairro foi pavimentada com
paralelepípedo, já no restante, tanto as vias coletoras quanto algumas locais, a presença
do asfalto é total (Figura 21); sendo mais notável na parte comercial do bairro (no centro).

Deve-se relacionar essas diferentes infraestruturas existentes, com a relevância


estratégica exercida por uma via no bairro. Portanto, evidencia-se que a via coletora,
como, por exemplo, a Av. Dr. Luís Pires Chaves, e algumas locais possuem asfaltamento.
Devido, provavelmente, ao fluxo constante de carros, bicicletas, ônibus e outros tipos de
meios de circulação. Ao tempo que as vias locais, são em sua maioria pavimentadas com
paralelepípedos, o que torna a locomoção de carros um pouco mais desagradável, no
entanto por serem áreas com circulação maior de pedestres não gera um demasiado
desconforto.

De grosso modo, o bairro Saci resguarda um bom índice de pavimentação não


apresentando qualquer via sem ela. Esse fato está relacionado com o tipo de
desenvolvimento e valorização sofrida pelo bairro que ainda se caracteriza uma
majoritariamente área residencial, mas dotado de um segundo viés, este comercial e
detentor de outros serviços básicos que serão abordados com uma maior gama de detalhes
logo mais.

3.1.5. VEGETAÇÃO

De acordo com Les P. Werner, Robert W. Miller, Richard J. Hauer, no livro Urban
Forestry: Planning and Managing Urban Greenspaces, o conceito por trás da vegetação
urbana é amplo e pode ser definido como “a somatória de toda vegetação existente dentro
ou ao redor de densas habitações, variando desde pequenas comunidades rurais a regiões
metropolitanas. Mais especificamente, a arborização urbana é composta por todas as
árvores nas vias, dentro das áreas residenciais, em parques, cinturões verdes. Incluindo

22
árvores em terrenos públicos desocupados e em áreas privadas; nos corredores de
transporte e a vegetação em áreas de bacias hidrográficas”. Elas também possuem níveis
de hierarquia, embora a sua estrutura não as dê a mesma rigidez que os espaços edificados.

Compreendemos, portanto, que a arborização urbana é um componente relevante


sobre todas as óticas analisáveis. Assim sendo, observamos, através do mapa de
vegetação (Figura 22), a relação desse elemento com a área escolhida, identificando
visualmente os espaços de maior e menor concentração de vegetação de alto porte, da
cobertura rasteira e de zonas mistas que flutuam em uma linha tênue entre terrenos de
vegetação arenosa e rasteira.

Figura 22 - Mapa de Vegetação

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Por meio da análise do mapa (Figura 22) produzido, é perceptível que em seu ‘corpo
urbano’ o bairro possui um baixo número de áreas verdes, algumas destas projetadas e
organizadas para convivência e lazer como, por exemplo, a praça das Palmeiras. No
quesito arborização, o bairro do Saci apresenta um ótimo índice de cobertura verde
(árvores), principalmente na praça central proporcionando sombras para os espaços de
lazer e atividade física, nos canteiros ao longo da avenida e, como já era de se esperar, na
zona de mata ciliar do rio Parnaíba.

Após buscas minuciosas pelas vias do bairro, concluímos que são raros os casos de
áreas desocupadas sem a manutenção devida do Estado. Estas regiões baldias que,
indevidamente, acabam servindo para o acúmulo de lixo, propagação de doenças e podem
causar constrangimentos aos moradores locais.

23
Figura 23 - Imagens da avenida

Fonte: Google Street View, 2022

3.1.6. MOBILIÁRIO URBANO

A legislação brasileira, por meio da Lei 10.098/2000, define o termo mobiliário


urbano como “conjunto de objetos presentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou
adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação” (BRASIL, 2000). Ao
analisarmos o mapa dos mobiliários urbanos (Figura 24), é possível identificar a
disposição e quantidade em que esses elementos se distribuem no bairro. De tal forma a
entendermos como certos aspectos dessa área funcionam.

Figura 24 - Mapa de mobiliário urbano

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

24
De início, cabe a nós enunciarmos os pontos de ônibus (Figura 24). Atualmente o
bairro, assim como a cidade, usam um sistema de terminais e estações, a principal é a
estação Saci, localizada próximo a Av. Henry Wall de Carvalho. Dentro do bairro os
pontos de ônibus são poucos e se localizam basicamente em torno de algumas praças e
outros próximos à estação.

As lixeiras são escassas, embora bem distribuídas (Figura 24), e a sua


implementação parte predominantemente da iniciativa vinda dos próprios moradores,
restando aos demais o uso do ponto do sistema de coleta seletiva na praça das Palmeiras.
Apesar disso, o bairro não encontra-se em um estado alarmante quanto a poluição local,
mesmo que haja sim uma certa quantidade considerável de lixo, descartado de maneira
indevida em áreas públicas. Tal aspecto se dá por uma negligência e abandono do poder
público tendo em vista que essas regiões se concentram em zonas periféricas e carentes
da cidade. Um último aspecto importante a ser destacado é que no bairro ainda existem
alguns orelhões (Figura 24), um deles, ao lado da escola pública municipal Myriam
Portella Nunes, ainda funciona.

3.1.7. MAPAS DE NOLLI

Através da utilização do Mapa de Nolli (Figura 25) e as técnicas relacionadas à


cheios e vazios, notamos que o bairro Saci, em Teresina - PI, ostenta um traçado urbano
marcado por certa regularidade e organização em quadras ortogonais com uma baixa
variação, estas exceções coincide inclusive com zonas internas mais desvalorizadas e/ou
de risco de enchentes provenientes de invasão; áreas mais próximas do rio Parnaíba.

Figura 25 - Mapa de Nolli (Quadras)

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

25
A disposição dos lotes se dá, na maior parte dos casos, sobre um formato de quadras
retangulares (Figura 25). Nessa área, mais externa a central, as residências se distribuem
em tamanhos volúveis (maiores e menores) e formatos de polígonos irregulares.

Figura 26 - Mapa de Nolli (Lotes)

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Quanto às edificações, tratam-se majoritariamente de residências, foi perceptível a


formação e distribuição dos espaços horizontalmente, devido a maneira como a expansão
do bairro se deu. E em contraste com a organização rígida e cheia das quadras, pelo mapa
das edificações (Figura 26) identificamos, em certos pontos, um volume de vazios na
ocupação do bairro até então oculto. Quanto a suas formas, elas seguem um design
condicionado ao terreno, sem muitas exceções, e de tamanhos desproporcionais, porém
uma volumetria muito semelhante umas das outras.

3.1.8. GABARITO

O perímetro escolhido para a análise do Gabarito e Recuos contém cento e dois


lotes (Figura 27), aqueles com mais proximidades ao rio Parnaíba são provenientes de
invasões de propriedades e ocupações de zonas de risco. Na realização do levantamento
do Gabarito (a altura máxima que uma edificação pode ter, calculada pela distância entre
o pavimento térreo e o nível da cobertura), observamos a forte presença de edificações

26
térreas, principalmente residências, como ao longo de todo o bairro Saci, e alguns poucos
lotes de uso misto que se enquadram nas áreas de 1 a 3 pavimentos.

Figura 27 - Mapa de Gabarito

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

O perímetro também possui boa parte do seu terreno desocupado, mais a leste
graças a uma propriedade privada (Figura 27) e a oeste devido tanto a falta de segurança
dos moradores trazida pelas enchentes na região quanto o esforço do poder público para
evitar o acampamento nessa área de mata ciliar do rio Parnaíba.

3.1.9. RECUOS

Quanto a relação dos recuos, a geografia do bairro caracterizou um alto índice de


lotes com apenas um recuo, como observado no mapa (Figura 28), localizados de maneira
mais centralizada. Áreas com quatro recuos foram vistas nas extremidades. Nas quadras
com dois ou três percebeu-se uma distribuição menos uniforme, sendo espalhadas pelo
bairro, assim como o índice de zero, que também encontra-se em baixa quantidade e de
maneira irregular.

27
Figura 28 - Mapa dos recuos

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Em sua maioria, cinquenta e três lotes possuem recuo na parte frontal do lote, pois
essas fachadas possuem transição direta com o exterior, vinte e três deles têm somente
este recuo. Dezoito possuem recuos frontais e posteriores. Poucos lotes têm três ou quatro
recuos, apesar de serem lotes mais largos os recuos laterais são estreitos. Aqueles que têm
sua ocupação completa, no geral, estão isolados em áreas de risco ou propriedades melhor
abastadas que as demais.

3.1.10. OCUPAÇÃO DO SOLO

De acordo com o relatório desenvolvido pelo Instituto LATUS a proporção de


domicílios “casa unifamiliar” em Teresina é maior do que a da realidade brasileira,
mesmo considerando a maioria de municípios de pequeno porte no Brasil assim como
observado no gráfico abaixo (Figura 29). E, comparando com a realidade das regiões
metropolitanas, as diferenças são ainda maiores.

28
Figura 29 – Gráfico de proporção de domicílios tipo “casa unifamiliar”

Fonte: Censo 2010, IBGE

O uso do solo urbano em Teresina têm, de forma geral, as seguintes características


básicas, como a miscigenação de usos na maior parte dos bairros, com distribuição de
comércios e de pequenas indústrias em grande parte do território urbano. A concentração
maior de comércio e serviço em alguns centros de bairros, constituindo-se como
centralidades locais. Uso praticamente exclusivo de comércio e serviços no centro da
cidade, com poucas residências.

Figura 30 - Mapa da média de moradores por domicílio ocupado com destaque para o bairro Saci

Fonte: Modificado de IBGE. Data: 2010.

29
No que se refere ao bairro Saci, percebe-se na imagem acima (Figura 30) uma
quantidade maior de áreas residenciais, que se concentram nos lotes internos, delimitados
pelas quadras locais. Em contraponto, o uso institucional já encontra-se de maneira menos
uniforme, sendo vistos escolas na área mais interna e outras na principal, a Av. O Dr. Luis
Pires de Chaves, além de outros pontos como o posto de saúde pública que se encontra
mais afastado. Há também escolas e igrejas.

O uso de áreas comerciais é mais focado na principal, apesar de haver alguns


comércios em partes internas, principalmente de uso misto, pequenos barzinhos e
feirinhas de moradores que usam suas casas como pontos comerciais.

Figura 31 - Mapa de uso e ocupação do solo

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

3.1.11. FACHADAS

A Rua escolhida para a análise foi a Oito e através das imagens históricas do Google
Street View, vemos que suas construções remontam em média aos anos 2000. Com uma
arquitetura contemporânea (Figura 32), os estilos e formas das casas são bastante
semelhantes devido à origem como um conjunto habitacional. No entanto, elas sofreram
bastantes modificações, como, por exemplo, erguendo-se muros frontais entre outras
formas desenvolvidas pelos moradores para se apropria e individualizar as fachadas;
dando a elas sua personalidade. Nas fachadas antigas, os muros são mais baixos e
gradeados, o que proporciona uma maior visibilidade das edificações. Nas recentes, os
muros são altos e com portões.

30
Figura 32 - Colagem de mapa de fachadas da Rua Oito

Fonte: Acervo Pessoal, 2022

3.2. PERCEPÇÃO E LEGIBILIDADE

Kohlsdorf (1996, p. 27), refere-se à legibilidade como a “capacidade dos lugares de


serem decodificados, em termos de identificação e localização, por seus usuários”. A
legibilidade urbana traduz-se na identificação de elementos passíveis de análise para
caracterizar uma percepção de um determinado local do espaço arquitetônico, e é
compreendida como o resultado de práticas coletivas (compartilhadas) que reproduzem
as relações sociais. Essa percepção do ambiente e da forma visual urbana será, então,
situada no espaço construído e identificada por meio de elementos como, por exemplo,
marcos, lojas, monumentos, estradas e a cultura local.

3.2.1. VISÃO SERIAL

Para a execução da análise no bairro Saci, utilizou-se o método de visão serial e a


construção de mapas mentais por parte dos moradores. A técnica de visão serial consiste
em delinear um percurso e trilhá-lo através de recortes sequenciais (Figura 33).

Figura 33 – Vista satélite do bairro Saci com destaque para estações da visão serial

Fonte: Google Earth, 2022

31
Na primeira estação (Figura 34), podemos observar uma tendência que nos
acompanhará até o último ponto proposto, tendo em vista que a Avenida Dr. Luís Pires
Chaves selecionada para a visão serial trata-se de uma longa via coletora cercada, como
esperado, por 43 vias locais distribuídas organizadamente pelo arranjo das quadras, o
efeito perspectivo de direcionamento estará presente em todas as estações; como no caso
desta, por exemplo.

Figura 34 - Fotografia da 1º estação

Fonte: Google Street View, 2022

Na segunda estação (Figura 35), preserva-se, como dito anteriormente, o sentido


direcional da Avenida e, além disso, temos a criação da abertura para uma área de lazer,
a Praça das Palmeiras (lado direito da foto). Características essas que apontam para efeitos
perspectivos e topológicos, respectivamente, de direcionamento e alargamento parcial.

Figura 35 – Fotografia da 2º estação

Fonte: Google Street View, 2022

32
Na terceira estação (Figura 36), mantém-se o efeito perceptivo de direcionamento
e o efeito topológico de alargamento parcial que ainda dá acesso à Praça das Palmeiras e
agora a Igreja Menino Jesus (lado direito da foto).

Figura 36 – Fotografia da 3º estação

Fonte: Google Street View, 2022

Na quarta estação (Figura 37), inicia-se o efeito de alargamento parcial para o posto
de combustível Ipiranga, seguido do direcionamento até a Avenida Maranhão que, por
sua vez, conduz até a derradeira estação. Este ponto ainda marca o final do bairro e uma
de suas saídas para o centro da cidade.

Figura 37 – Fotografia da 4º estação

Fonte: Google Street View, 2022

33
Na quinta e última estação (Figura 38), o efeito perspectivo de emolduramento é
observado com evidência a partir da predominância das áreas verdes perante os espaços
construídos, assim como o efeito perspectivo de amplidão.

Figura 38 – Fotografia da 5º estação

Fonte: Google Street View, 2022

3.2.2. MAPA MENTAL

Um dos objetos de estudo na análise do bairro foram os mapas mentais, coletados


com alguns moradores a fim de destacar a percepção do bairro sob o olhar de cada um,
tal elemento se utilizou da técnica dos mapas de metais de Kevin Lynch, desenvolvida
em 1960 em sua obra intitulada A Imagem da Cidade, na qual observou cinco elementos
mais apresentados pelos usuários: caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos.

Figura 39 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro

Fonte: Acervo Pessoal, 2022

34
Figura 40 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro

Fonte: Acervo Pessoal, 2022

Figura 41 - Representação de Mapa Mental por morador do bairro

Fonte: Acervo Pessoal, 2022

35
Dessa maneira, é possível perceber tais componentes na formação dos mapas. Em
alguns, é notório um maior destaque para a avenida principal e a praça das Palmeiras,
ponto de referência mais comum, em outros a diversidade de elementos mostrou uma
familiaridade dos moradores com a região como um todo, destacando sobretudo áreas de
comércio e residências.

Através de uma síntese dos mapas, junto a um estudo de análise foi desenvolvido
um mapa (Figura 42) de sobreposição dos elementos de Lynch, realçando elementos
como os pontos nodais, caminhos, marcos e limites.

Os principais limites destacados foram a Av. Henry Wall de Carvalho e a Av.


Maranhão que marcam as principais entradas e saídas do bairro. Os pontos nodais foram
marcados pela entrada e saída da Av. Dr. Luís Pires Chaves que definem a principal
passagem de entrada e saída do bairro. O marco exposto foi a igreja, lugar de maior
destaque do bairro. Por fim, para marcar os caminhos foi escolhido a principal, por ser o
ponto de maior circulação.

Figura 42 - Mapa de sobreposição dos elementos de Lynch

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

3.3. COMPORTAMENTO

Através do mapa de comportamento (Figura 45) podemos analisar as diferentes


formas que a população ocupa e manipula um respectivo espaço. Para executar essa
análise selecionamos a praça das Palmeiras que fica no centro do bairro, logo em frente
ao centro de Artes Marciais Sarah Menezes. Preferimos optar por essa região devido ao
seu alto índice de movimento de pessoas, tanto graças a sua localização, pois é uma área
que concentra alguns dos maiores atratores locais (Figura 43), quanto por tratar-se de um

36
espaço de lazer. Assim, buscamos observar a diversidade do espectro de usos que esse
espaço pode abrigar.

Figura 43 – Vista satélite da praça das Palmeiras

Fonte: Google Earth, 2022

O nome da praça deriva da própria vegetação nativa que compunha uma das
características predominantes da região na década de setenta antes da invasão e ocupação
da área. A praça das Palmeiras, como mostra a figura abaixo (Figura 44), foi um ponto
de conservação desta mata originária, e sua composição atual, após reformas municipais,
consiste em plantas ornamentais, arbustos e árvores de médio porte.

Figura 44 – Fotografia da Praça das Palmeiras

Fonte: Google Street View, 2022

37
Ela é frequentemente utilizada por jovens, adultos e idosos para práticas de
atividades físicas. Além disso, a igreja Menino Jesus de Praga, localizada ao lado da
praça, é uma referência aos moradores que usam-na para cerimônias e diferentes eventos
sociais. Outros pontos, como a parada de ônibus que é usada por trabalhadores e
estudantes, o sistema de coleta seletiva, o Centro Cultural e o posto de saúde, ambos
localizados no entorno da praça, marcam as atividades dos moradores locais que
trabalham e/ou usam estes serviços.

Devido à nova realidade pós-pandemia de coronavírus (COVID-19), a circulação


local na praça aumentou bastante, isso graças a busca por um maior contato com a
natureza e, também, porque a área adquiriu outras funções como, por exemplo, ser um
ponto de espera para quem deseja fazer uso do atendimento no Posto de saúde.

Para produzir esta análise do comportamento, considerou-se dois horários no dia:


um pela manhã entre 7:00 às 10:00 horas e outro à noite das 17:00 às 20:00 horas. A
escolha da variação de horários parte de uma pré-constatação do nosso grupo a respeito
do uso dos moradores para com essa área que, embora no mesmo espaço urbano, são
completamente diferentes ao longo do dia.

No horário diurno (7:00 - 10:00), percebeu-se uma maior concentração de pessoas


na área interna da praça (Figura 45), sentadas em bancos, passeando com animais de
estimação e aguardando atendimento médico, além disso havia alguns grupos de
estudantes a espera do transporte público na parada, localizada no final da praça.

Figura 45 - Mapa de Comportamento Diurno

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

38
No horário noturno (17:00 - 20:00), observamos que o movimento intensificou-se
ao redor da praça com início às 17:00 horas, são pessoas fazendo caminhadas e outras
atividades físicas na calçada (Figura 46). Também, observa-se, uma concentração de
pessoas nos bancos mais próximos à igreja aguardando o início de alguma cerimônia
religiosa; e a partir das 20:00 horas, o fluxo diminui.

Figura 46 - Mapa de Comportamento Noturno

Fonte: Acervo Pessoal, 2022 - Autocad

Posto isto, concluímos que a área da praça das Palmeiras é regularmente


movimentada e dispõe de uma variedade em tipos de atividades, relações e apropriação
do espaço para (e pela) a população que é utilizado de maneiras bem diferentes ao passar
do dia.

4. CONCLUSÃO

Para finalizar, após análise dos dados coletados, podemos concluir diferentes
potencialidades, assim como desvantagens acerca do bairro (Figura 47), foram feitas com
base em declarações dos próprios moradores.

Pontos positivos do bairro: a variabilidade e proximidade do comércio local e sua


distribuição por todo bairro, bastante movimento o que gera uma vitalidade na área, um
bom índice de arborização e pavimentação, embora abrigando áreas de invasão não
existem favelas, o bairro é limpo, bom sistema de água, bem iluminado e muitas praças.

Pontos negativos: a área carece de melhorias na infraestrutura, como por exemplo,


um sistema de saneamento de esgoto mais vigoroso, e reformas ligadas ao transporte

39
público e mobiliário urbano, o péssimo sistema de escoamento de água nas áreas alagadas
pela chuva, pavimentação inadequada, ruas estreitas, um índice de criminalidade
moderada, falta de mais acessos a transporte público e atraso deles.

Figura 47 - Tabela de Potencialidades e problemas

Potencialidades Problemas

Grande variabilidade e proximidade do Péssimo sistema de drenagem de água


comércio local

Bom índice de arborização e Reformas no transporte público e


pavimentação mobiliário urbano

Boa iluminação e bom fornecimento de Pavimentação inadequada


água

Comunidade tranquila e pacífica Índice de criminalidade moderada

Falta de pontos de transporte público

40
5. REFERÊNCIAS

LAMAS, J. M. R. G.. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Fundação Calouste


Gulbenkian, 1993. 592 p.

KOHLSDORF, M. E.. A apreensão da forma da cidade. Brasília: Editora da UNB, 1996.


253 p.

MILLER, R. W., HAUER, R. J. e WERNER, L. P.. Urban Forestry: Planning and


Managing Urban Greenspaces. Waveland Press, Inc.; 3ª edição, 2015. 560 p.

LATUS. Revisão e Atualização do Plano Diretor do Município De Teresina – PI. 2017.


128 p. Disponível em: semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/sites/39/2018/09/Teresina_Produto-2.pdf

41

Você também pode gostar