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projeto de pesquisa

trabalho final de graduação

metodologia aplicada à Arquitetura e Urbanismo


Professor Celso Sampaio
FAU mackenzie
joão pedro manccini
319.0664-8
set/2022
sabedoria
marginal
estudo urbano da ancestralidade,
memória e cultura periférica na
metrópole paulistana
1tema
cultura periférica e afro-brasileira
quilombismo: territórios de re-existência
da cultura preta na dimensão periférica
e marginal.
2objetivos
entender as cenas de cultura, os modos de vida e de
ocupar a cidade na periferia, pensando caminhos
de emancipação através da manifestação de
subjetividades e identidades do corpo periférico,
com enfoque na ancestralidade preta.
Para Milton Santos, a experiência da escassez
em territórios à margem do "global", como as

3justificativa
periferias, promove numa escala "local" a criação,
por adaptação, de contra-racionalidades que
podem apontar direções alternativas à
hegemônica.
A metrópole paulistana enfrenta uma contradição, uma
Esses caminhos convém no atual debate de
questão já reconhecida por nós, arquitetos e urbanistas:
a o centro detém a maior oferta de emprego, já a superação dos modelos dominantes
periferia abriga a classe trabalhadora e também a desenvolvimentistas, extrativistas, colonialistas e
maior parte da população preta. patriarcais, que vêm se demonstrando
insustentáveis no sentido social, político e
Nos últimos anos, as discussões se voltaram com mais ambiental.
atenção sobre como ocupar o centro. Porém, a
metrópole têm crescido pelas bordas, espraiando-se e Portanto, a periferia é cenário de produção de
aumentando o território periférico. Além disso, alternativas questionadoras, potencialmente
compreender a visão de quem ocupa o centro é antes
sistêmicas e revolucionárias. Estudar a cultura
entender a visão de quem mora na periferia: a classe
trabalhadora brasileira. periférica através da lente de sujeitos periféricos, é
de extrema importância para a catalização desse
Entender a periferia é entender para onde cresce a poder criativo, e seu aproveitamento nos modos
cidade e quem mais circula nela. Seus vetores de viver e ocupar a cidade.
territoriais e humanos.
4referências teóricas
A pesquisa se embasa num estudo histórico, geográfico e social da periferia.
social, geográfico
sujeito periférico
periferia
Toma-se como partido, a formação das sujeitas e dos sujeitos periféricos, descrito por Tiaraju Pablo
D'Andrea. Suas ideias embasam uma definição emancipatória de periferia: um território rico e diverso espaço irracional
em cultura, ocupado por sujeitos que manifestam um modo de vida característico, além da compreensão contra-racionalidades
do ser periférico enquanto classe social e como síntese da resistência às opressões operadas no
espaço urbano.

A seguir, Milton Santos, em A natureza do Espaço, sustentará uma análise no sentido geográfico da
periferia, destacando conceitos como o "Espaço Irracional", que ajudam a entender a periferia como um
território contra-hegemônico, ou seja: ao ter acesso reduzido aos fenômenos do "global", ao "Espaço
Racional", a periferia e seus sujeitos criam localmente maneiras alternativas de se pensar e viver, citadas
por Milton como "contra-racionalidades". Outros textos de Milton que abordam diretamente as
questões da periferia e da racialidade serão também agregados à pesquisa.

Essas contra-racionalidades propõem um diálogo com A Estética da Ginga, de Paola Berenstein, ao


passo que a autora descreve uma construção estética das favelas nascida na dança, na "ginga", contrária
ao pensamento hegemônico:

"Sem dúvida, a apreensão da beleza deste jogo [metáfora para o livro] exige a superação das
dicotomias do racionalismo aplicado que sustentam, fartamente, o pensamento dominante sobre a
cidade [...]"
(comentário de Ana Clara Torres Ribeiro, em Estética da Ginga)

Agregando à essa visão, Luis Antonio Simas em Corpo Encantado das Ruas, apoia um entendimento
das redes de cultura e sociabilidade periféricos, colocando-os como locus de manifestação de um aspecto
encantado da cidade, que se conecta com as raízes afro-brasileiras e introduz uma discussão racial
e ancestral aliada à discussão da cidade. O elemento Esú, divindade representativa da dualidade, da
contradição dialética, dos caminhos e dos encontros, deve ser protagonista, por ter uma força simbólica e
representativa da irracionalidade fértil, da libertação das imposições dicotômicas (encruzilhada) e da
própria diáspora do povo preto. urbanismo, estética
"As ruas, como vistas por Luiz Antonio Simas em O corpo encantado das ruas, incorporam o cultura popular
movimento. São terreiro de encontros improváveis, território de Exu, que se manifesta na favela
alteridade da fala e na afluência das encruzilhadas. encantamento
[...]
O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de ancestralidade
mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico."

Max Weber em A Ética Protestante comenta o desencantamento moderno, e Milton territorializa


esta discussão quando reforça a periferia como espaço de contra-hegemonia, sendo assim possível
estabelecê-la como o território de retomada do encantamento perdido com a modernidade. A periferia
tem em si essa potência de re-encantamento por estar à margem dos modos de ser tecnológico- racial
racionais, imperativos na cidade, e que tornam o ser humano alheio à dimensão encantada da vida.
quilombo e aquilombar
Beatriz Nascimento e Adalberto S. Santos dão seguimento à discussão racial, trazendo o conceito de ancestralidade
aquilombar-se sustentando uma busca de espaços e manifestações de emancipação preta na corpo preto periférico
periferia.
5objeto de
projeto
O projeto pretende partir da construção teórica para uma
leitura de escala urbana de um recorte territorial na periferia
que pode incluir mais de uma favela ou assentamento
precário. Assim, com propostas urbanísticas será possível
definir caminhos para uma intervenção arquitetônica como
6território
objeto de ensaio. O recorte de estudo é a periferia da metrópole
paulistana, município de Guarulhos. A pesquisa partirá
Conceitos já citados como o re-encantamento, o quilombismo, a de um estudo histórico e social da cidade como um todo,
encruzilhada (encontro) e o contra-hegemônico devem ser com enfoque na racialidade e em territórios periféricos.
balizadores do desenvolvimento e pesquisa projetual. O tema
de enfoque será cultura, educação e espaço público, Alguns possíveis recortes do município que abrigam favelas
trabalhando o terreiro como referência espacial/sensorial. estão sendo considerados: Vila Fátima, Vila Rio de Janeiro e
Bairro dos Pimentas. Com o decorrer da pesquisa, será
definido o recorte exato a partir de um interesse na sua
profundidade histórica e ligação com o tema racial.
Fábricas de

7referências projetuais
cultura

UVAs
Medellín
Nave multiprograma
Alejandro Hayek

Projetos Urbanos Integrados


Medellín
Casa da chuva
de ideias Quilombos urbanos (TFGs)
Kathleen Oliveira
Lucas Freitas
0 porta
introdução 8sumário
situação
o tema no espaço-tempo: a diáspora, a cidade e as periferias provisório
constelação
os conceitos-chave dos autores lidos e suas interrelações
porta de entrada das ferramentas teóricas e da base prática que serão guias da pesquisa

– sujeito periférico, segregação territorial, território opaco, contra-racionalidades, estética


da ginga, encantamento, diáspora, quilombismo, esú –
1 caminho
cenas potentes
pesquisa elaborada com sujeitos periféricos.
experiências e vivências de diferentes recortes sociais da periferia.
emancipação e seus contextos urbano, social e histórico.

– entrevistas, relatos, oralidades, fotografia –


– estudos de caso: ações coletivas, produções culturais, insurgências, arquiteturas –
2 corpo
estudo urbanístico do recorte territorial.
leituras pragmáticas com enfoque racial, histórico e social associadas a
leituras sensíveis partindo dos conceitos apresentados.

– histórico, sítio físico, levantamentos, territorialidades, cartografias –


3 encruzilhada
cruzamento final da pesquisa entre conceitos, levantamentos e estudo do
território.
proposições urbanísticas e ensaio arquitetônico para o território como
síntese dos três processos.

– narrativa-síntese e propostas –

conclusão
9bibliografia
audiovisual / on-line
Roda Viva: Milton Santos. Roda Viva. São Paulo: TV Cultura, 31 mai. 1997.
Programa de TV.

Roda Viva: Silvio Almeida. Roda Viva. São Paulo: TV Cultura, 22 jun 2020.
Programa de TV

Café expresso: da quebrada para o centro. Café Filosófico CPFL. São Paulo: TV
Cultura, 23 mai. 2021. Programa de TV.
impressos Podcast da AAPAH #4 Associação de Amigos do Patrimônio Histórico de
D’ANDREA, Tiaraju Pablo. A Formação das Sujeitas e dos Sujeitos Periféricos: Cultura Guarulhos: Racismo e a Depredação do Patrimônio Cultural Afro. Mediador: Bruno
e política na periferia de São Paulo. 1. ed. São Paulo: Dandara, 2022. Leite de Carvalho. Entrevistados: Suzy Santos, Diogo Leite de Carvalho, Elmi El
Hage Omar e Augusto César Maurício Borges. Guarulhos: APAAH, 03 ago. 2020.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4. ed. 2. Podcast. Disponível em: <https://aapah.org.br/podcasts/racismo-e-a-
reimpr. São Paulo: EDUSP, 2006. depredacao-do-patrimonio-cultural-afro/>. Acesso em: 27/10/2022.
SIMAS, Luiz Antonio. O corpo encantado das ruas. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização CASA DO SABER; RAMIREZ, Paulo Niccoli. Max Weber e o espirito do capitalismo.
Brasileira, 2019.
Youtube, 2020. Disponível em: <https://youtu.be/cCqwh-oxEMk>. Acesso em:
JACQUES, Paola Berenstein. Estética da ginga: A arquitetura das favelas através da 27/10/2022.
obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra / RIOARTE, 2001.
ÔRÍ. Direção e Produção: Raquel Gerber. Roteiro: Beatriz Nascimento. São Paulo:
SANTOS, Adalberto S. Cenas de Aquilombar-se. 1. ed. Jundiaí: Paco Editorial, 2021. Angra Filmes, 1989.

OLIVEIRA, Elton Soares de et al. Guarulhos: espaço de muitos povos. 2. ed. São Amefricanidade. Documentários. São Paulo: Canal Saúde, 22 jun 2020.
Paulo: Noovha América, 2008. Programa de TV.
“A Terra é o meu quilombo. Meu espaço é meu quilombo. Onde eu estou, “O quilombo surge do fato histórico que é a fuga: o ato primeiro de um

ÔRÍ
eu estou. Quando eu estou, eu sou.” homem que não reconhece que é propriedade de outro, daí a importância
Beatriz Nascimento da migração, (…) da busca pelo território”
O documentário de 1989, dirigido por Raquel Gerber e narrado por
Beatriz Nascimento, importante historiadora e ativista do movimento Assim, numa retomada dessa memória histórica, cósmica, ancestral, o
negro, mostra sob olhos diversos vários pontos do debate racial. Aquilombar, através de Beatriz Nascimento
quilombo se abre como conceito de espaço e manifestação de
resistência cultural. Na cultura de samba criam-se quilombos: retomam-
se os corpo na dança, e as escolas de samba, com suas baterias,
Seguindo as curvas da vida de Beatriz, a discussão circunda a dimensão passistas, reis e rainhas, carregam simbolicamente as memórias dos
dialético-diaspórica entre África e América (ou Améfrica¹) onde reinos de África. A mesma potência está nas culturas de terreiro:
historicamente houve exploração, opressão e genocídio, mas também, candomblé, umbandas e suas regionalidades, na cultura de capoeira, no
graças à resistência, constituiu uma riqueza cultural amalgamada e hip-hop. Todas culturas que já nasceram marginalizadas, mas que
manteve vivas heranças ancestrais. sustentam vozes e maneiras de ser pretas, fazem vivos os corpos na
dança, na ginga, na gira, no beat…
O partido da reflexão é a diáspora, ferida viva do preto americano:
descendentes de escravizados de África, que foram levados longe de Essas práticas retomam a noção do próprio corpo, de um território, um
seus locais de origem, povos desterritorializados. Diversos modos de lugar de ser, de re-existir… noções muito importantes nas culturas
ser e estar no mundo complexos, com relações intrínsecas com o africanas. Uma imagem anímica é resgatada, uma forma
território e com o corpo, foram oprimidos e subalternizados com a restabelecimento de uma noção de si. Tudo que foi destituído na
escravização. O tráfico transportou indivíduos de vários povos aos diáspora: corpos cativados, sequestrados de sua terra natal,
milhares, de maneira violenta e desumana, embasado no racismo desconectados de sua ancestralidade, de seu cosmos Desencantados.
imperialista europeu e visando o lucro e a exploração.

“Nós temos uma nação mística, angola, keto, jeje, é a recriação do estado
Esse processo gerou intensas fissuras mas também uniões. Beatriz nos primário desses povos, com isso a necessidade de saudar de chamar os
convida a pensar a condição preta para além da dimensão dos séculos orixás, os antepassados”
de escravização, que têm seu lugar na história, mas não são seu todo.
Os povos africanos são portadores de culturas, cosmologias, saberes
muito potentes e diversos, maneiras de interpretar o mundo que com a A vida metropolitana, apoteose da pós-modernidade, afasta os corpos
diáspora foram irradiados para as Américas, e ali foram amalgamados às da natureza anímica através dos excessos: tecnologia, consumo,
outras culturas que também resistiam à opressão: as originárias. Assim, estímulos. O domínio da racionalidade pasteurizante que visa produção,
nessa luta comum, Lélia Gonzales, pensadora e ativista do movimento progresso, lucro, exclui as tentativas de resgate de um cosmos, de
negro, conceitua contemporaneamente ao filme as Amefricanidades. almas, de encantamentos. O território da cidade é produzido nesse
modus operandi, e como consequência, os espaços de convívio
também o reproduzem.
Somos provocados a pensar a sobre como a ferida colonial em seus
vários aspectos sempre relegou o corpo negro à marginalidade, e fez
valer opressão sobre seus modos de ser e estar no mundo. A subversão É no marginal, no periférico, no excluído, e nas resistências aí
dessas imposições, através da organização coletiva, constrói uma luta constituídas, que se encontram possibilidades de superação desta
que nasce no reconhecimento da raiz comum, a ÔRÍgem ancestral condição limitante. Que se resgatam memórias, histórias, potências
africana. O quilombo é a origem histórica dessa subversão diaspórica. ancestrais, e daí se projetam futuros.
Orí é o orixá-cabeça, a origem cósmica, elemento divino que agrega
essas existências ancestrais no presente, e que aponta para o futuro,
destino, através da união. “Àṣẹ Muntu”
Lélia Gonzales
O modo de vida e a cidade racional, ditados pela ciência e tecnologia hegemônicas, tem muito mais força
na parte rica da cidade. Graças à própria lógica do capital de concentração de recursos, essa parcela não é
maioria no território urbano. Pode-se dizer que há um gradiente de domínio da globalização,
consequentemente de racionalidade nos espaços: maior em núcleos territoriais que concentram recursos e
menor nos territórios onde eles são mais escassos. A cidade, ao concentrar riqueza, cria os limites da
racionalidade, pois faz com que ela não atinja a maioria de seu território.
"Mas nem tudo é colonizado pelas técnicas modernas. As diversas frações da cidade se distinguem pelas
diferenças das respectivas densidades técnicas e informacionais. (...) Certos espaços da produção, da
A Natureza do espaço circulação e do consumo são a área de exercício dos atores "racionais", enquanto os demais atores se
contentam com as frações urbanas menos equipadas. A ação humana é desse modo compartimentada,
segundo níveis de racionalidade da matéria. (...) o imperativo da competitividade leva à aceleração da
Irracionalidade criativa em Milton Santos modernização de certas partes da cidade em detrimento do resto. O uso dos recursos sociais, a começar
pelos bens coletivos, torna-se irracional. A globalização, pois, tem um papel determinante na produção da
irracionalidade e no uso irracional da máquina urbana."

Milton Santos, grande geógrafo brasileiro, emerge com diversas discussões em sua importante obra "A O autor também passa pela conceituação geográfica dos "espaços opacos", como contraposição às zonas
Natureza do Espaço", de 1996. O fenômeno da globalização, o avanço técnico-científico e as luminosas, nas quais a vida globalizada já é hegemônica. A periferia das cidades é uma zona opaca, um
consequências desses processos na produção do espaço, na economia e na sociedade são temas que território de irracionalidade, rejeitado pela racionalidade dominante, ou, como Milton propõe, de contra-
fomentam os debates propostos. racionalidades.

Aqui, nos concentraremos no excerto "Limites da Racionalidade no Campo e na Cidade", contido no capítulo "No campo e nas cidades, o aprendizado e a crítica da racionalidade hegemónica se fazem através do uso da
"O Espaço Racional". Milton trata da racionalidade e do espaço racional como elementos estruturantes da técnica e da experiência da escassez. (...) Essas contra-racionalidades se localizam, de um ponto de vista
produtividade, suportes para a globalização, que dissemina tecnologias e comunicação superando os limites social, entre os pobres, os migrantes, os excluídos, as minorias; de um ponto de vista económico, entre as
espaciais e temporais que antes determinavam sua circulação. atividades marginais, tradicional ou recentemente marginalizadas; e, de um ponto de vista geográfico, nas
áreas menos modernas e mais "opacas", tornadas irracionais para usos hegemónicos. Todas essas situações
No Campo, é exposto como os conhecimentos tradicionais dos povos que viviam longe dos processos se definem pela sua incapacidade de subordinação completa às racionalidades dominantes, já que não
globais, vão pouco a pouco cedendo seu lugar para práticas mais intensivas e focadas na produtividade, dispõem dos meios para ter acesso à modernidade material contemporânea. Essa experiência da escassez é
embasadas no conhecimento técnico-científico. a base de uma adaptação criadora à realidade existente."

"Cria-se, praticamente, um mundo rural sem mistério, onde cada gesto e cada resultado deve ser previsto de A reflexão se encerra num questionamento da preponderância de uma razão única. O autor coloca em
modo a assegurar a maior produtividade e a maior rentabilidade possível. (...) O respeito tradicional às debate o fato de a ciência e a tecnologia produzidas pela racionalidade dominante não serem as únicas
condições naturais (solo, água, insolação, etc.) cede lugar, em proporções diversas, segundo os produtos e as possíveis. Os territórios opacos, em escassez de recursos, criam por adaptação suas próprias racionalidades
regiões, a um novo calendário agrícola baseado na ciência, na técnica e no conhecimento." e definem novos modos de viver e ocupar a cidade, diferentes da lógica de dominação, competitividade,
exploração e concentração de riqueza imposta pelo sistema vigente.
O conhecimento científico que vem substituir o tradicional não é qualquer um, mas aquele que é Esses modos, por não serem palatáveis nem compatíveis com os hegemônicos, logo são postos na
hegemônico no cenário global, e sempre desejante de expandir seu espaço de controle, à serviço do capital marginalidade, criminalizados, discriminados. Porém, em tempos de crise dos modelos dominantes, esses
e muitas vezes de práticas imperialistas. Nessa reflexão, é possível perceber como a mudança no método modos devem tomar lugar de protagonismo, e irromper com novidades, gerar revoluções. A periferia é
produtivo coaduna com uma certa pasteurização das culturas locais, postas por Milton como gérmen de novidade, de revolução, enquanto classe e território ela representa, na cidade, a irracionalidade
irracionalidades, por não estarem suscetíveis à serem "digeridas" pela racionalidade hegemônica. fértil, que cria a mudança.
Milton prossegue para a discussão do urbano. Na cidade, a desigualdade já era um fator presente desde
antes da globalização. O lugar da cultura popular, dos atores marginalizados, da periferia, já era demarcado.
Assim, os novos processos se chocam com essas estruturas excludentes já consolidadas e acabam por
fortalecê-las.
Apesar da globalização, a sobreposição de camadas históricas de desenvolvimento urbano, advinda do
modo como as cidades são produzidas, tornaram impossível uma repentina revolução do espaço construído
a partir das novidades tecnológicas. Assim, a sua efetivação na cidade, dependente de projetos de
governança e dos fluxos de capital, ocorre de maneira desigual, privilegiando setores que são minoria
populacional e territorial.
a formação das sujeitas e dos sujeitos periféricos
Tiaraju Pablo D`Andrea
resenha dos capítulos 6 e 7: “Periferia como compreensão alargada e contemporânea
de classe trabalhadora” e “O conceito de sujeitas e sujeitos periféricos”
o corpo encantado das ruas
Luiz Antônio Simas
resenha dos capítulos 6 “Imaginação Percussiva” e 7 “Qual é o povo que não bate o seu tambor?”

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