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FUNDAMENTOS DE METODOLOGIA DE PESQUISA – MÉTODOS

CIENTÍFICOS

Aluno: Danilo Fernandes Arraiol. Nº USP: 13639938.

4.1 Conceito de método

Todas as ciências utilizam métodos científicos, mas nem todo ramo de estudo que usa método
científico é ciência.
Método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo de
conhecimentos válidos e verdadeiros.

4.2 Desenvolvimento histórico do método


Descobrir e explicar a natureza é uma ideia dos primórdios da humanidade  Conhecimento
mítico explicava esses fenômenos.
 Verdade era supra-humana e explicação fundamentada em motivações humanas e
potências sobrenaturais.
Conhecimento religioso também se voltou para explicar fenômenos naturais  Deuses são as
causas primeiras dos acontecimentos  Aceitação sem crítica.
Conhecimento filosófico realiza investigação racional para capturar a essência imutável do
real.
Senso comum orientou as preocupações do homem com o universo.
Método científico é a teoria da investigação.
A teoria segue as seguintes etapas:
 descobrimento do problema,
 colocação precisa do problema,
 procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema,
 tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados,
 invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos,
 obtenção de uma solução, investigação das consequências da solução obtida,
 prova (comprovação) da solução,
 correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da
solução incorreta.

4.3 Método indutivo


4.3.1 Caracterização
Indução = Processo mental por meio do qual se parte de dados particulares para inferir uma
verdade geral ou universal.
Pensamentos indutivo e dedutivo são fundamentado em premissas  Dedutivos que partem
de premissas verdadeiras levam a conclusões verdadeiras; indutivos conduzem só a
conclusões prováveis.
4.3.2 Leis, regras e fases do método indutivo
Três etapas da indução:
 Observação dos fenômenos (para descobrir as causas de sua manifestação);
 Descoberta da relação entre eles (comparação);
 Generalização da relação.
Exemplo: Pedro, José e João são mortais  Verifica-se a relação entre ser homem e ser
mortal  Generalização = todos os homens são mortais.
Deve-se verificar que a relação é verdadeiramente essencial.
Assegurar que os fenômenos são idênticos (com semelhança essencial).
Observar o aspecto quantitativo dos fatos ou fenômenos.
As fases do método indutivo repousam em “leis”  “nas mesmas circunstâncias, as mesmas
causas produzem os mesmos efeitos”; “o que é verdade de muitas partes suficientemente
enumeradas de um sujeito, é verdade para todo esse sujeito universal”.
A indução pergunta qual a justificativa para as inferências indutivas e qual a justificativa para
a crença de que o futuro será como o passado.
4.3.3 Formas de indução
Indução tem duas formas:
Completa ou formal  Aristóteles. Induz-se de todos os casos. Comprovado pela experiência.
Não leva a novos conhecimentos (estéril) e não progride a ciência.
Incompleta ou científica  Galileu e Francis Bacon. Não deriva de seus elementos inferiores.
Permite induzir de casos adequadamente observados o que se pode dizer dos restantes de
mesma categoria. Fundamenta-se na lei que rege o fenômeno.
Indagação de Mill: por que em alguns casos é suficiente um só exemplo para realizar uma
indução perfeita, enquanto em outros, milhares de exemplos não são suficientes para
estabelecer uma proposição universal?
 Nunca podemos estar seguros de que um caso verificado é uma amostra imparcial de
todos os casos possíveis.
Uma indução pode ser incompleta  Casos particulares são provados e experimentados na
quantidade suficiente para que possamos dizer (ou negar) tudo o que é afirmado sobre o
objeto; finalidade de afirmar que a natureza da coisa é que provoca a sua ação.
Quanto maior a amostra da indução, maior a força indutiva do argumento.
Quanto mais representativa é a amostra, maior a força indutiva do argumento.
Problemas de amostra que interferem na legitimidade da inferência:
- Amostra insuficiente: não sustenta a generalização indutiva.
- Amostra tendenciosa: a amostra não é representativa de uma população.

4.4 Método dedutivo


4.4.1 Argumentos dedutivos e indutivos
Duas características básicas distinguem argumentos dedutivos dos indutivos:
DEDUTIVOS  Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira.
Toda informação da conclusão já estava implícita nas premissas.
INDUTIVOS  Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente
verdadeira.
Característica I. Uma ou duas premissas da conclusão devem ser falsas para que ela seja
falsa no argumento dedutivo. No argumento indutivo, a premissa pode ser verdadeira e a
conclusão, falsa.
Característica II. O argumento dedutivo reforma ou enuncia a informação contida nas
premissas. No argumento indutivo, a conclusão enuncia algo não contido na premissa.
Os dois tipos de argumentos têm finalidades diversas  Dedutivo explica o conteúdo das
premissas e indutivo amplia o alcance dos conhecimentos.
A relação entre evidência observacional e generalização científica é de tipo indutivo.
Argumentos matemáticos são dedutivos.
4.4.2 Argumentos condicionais
Argumentos condicionais válidos são um tipo de argumentos dedutivos  “Afirmação do
antecedente” e “negação do consequente”.
Afirmação do antecedente: primeira premissa é um enunciado condicional e a segunda coloca
o antecedente desse condicional. A conclusão é o consequente da 1ª premissa.
Nem sempre os argumentos são colocados na forma-padrão.
Negação do consequente: primeira premissa é um condicional, sendo a segunda uma negação
do consequente desse mesmo condicional.

4.5 Método hipotético-dedutivo


Karl Popper: método científico parte de um problema  oferece-se uma solução provisória,
uma teoria-tentativa  critica-se a solução  busca eliminação do erro.
Esse processe se renova e dá surgimento a novos problemas.
4.5.1 Etapas do método hipotético-dedutivo segundo Popper
Expectativas ou conhecimento prévio  problema  conjecturas  falseamento.
Problema: Surge de conflitos ante expectativas e teorias existentes.
Solução proposta com uma conjectura (nova teoria); dedução de consequências na forma de
proposições.
Testes de falseamento – tentar refutar a teoria, por observação e experimentação.
Hipótese que não supera os testes está refutada  Exige nova formulação do problema e
hipótese.
Observação não é feita no vácuo  Ativa e seletiva, selecionado por meio de expectativas
inatas  Atividade com o objetivo de verificar uma regularidade que foi vislumbrada.
A conjectura ou hipótese precede a observação ou percepção.
Todo aprendizado é modificação de algum conhecimento anterior.
Homem é programado geneticamente  Imprintação  Processos de aprendizagem
consistem na formação de expectativas através de tentativas e erros.
Observação não é o ponto de partida da pesquisa, mas um problema.
Problema  Primeira etapa do método proposto por Popper  Dificuldade vinda da quebra
de expectativa do nosso conhecimento.
O problema diz o que é relevante ou irrelevante observar  Seleção exige uma hipótese, guia.
Conjecturas  Solução proposta em forma de proposição passível de teste, sempre
dedutivamente  Lançada para explicar aquilo que despertou nossa curiosidade 
Compatibilidade com o conhecimento existe e falseabilidade.
Tentativa de falseamento  Testes para eliminar erros  Observação e experimentação 
Mais falseável = mais científico  Indução tenta confirmar a hipótese  Popper, pelo
contrário, busca evidências de que ela é falsa  Conjectura que resiste aos testes está
corroborada  Confirmar uma hipótese é utópico (muitos casos possíveis).
4.5.2 O método hipotético-dedutivo segundo Bunge
Etapas são:
- Colocação do problema: reconhecimento dos fatos, descoberta do problema e formulação do
problema.
- Construção de um modelo teórico: seleção dos fatores pertinentes e invenção das hipóteses
centrais e das suposições auxiliares.
- Dedução de consequências particulares: procura de suportes racionais e procura de suportes
empíricos.
- Teste das hipóteses – esboço da prova, execução da prova, elaboração dos dados, inferência
da conclusão.
- Adição ou introdução das conclusões na teoria – comparação das conclusões com as
predições e retrodições, reajuste do modelo, sugestões para trabalhos posteriores.
4.6 Método dialético
4.6.1 As leis da dialética
Falta de consenso quanto ao número de leis fundamentais do método dialético – três ou
quatro.
Quatro leis fundamentais:
- ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”.
- mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”.
- passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa.
- interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
Ação recíproca  Dialética vê o mundo como conjunto de processos  Nenhuma coisa está
acaba, tudo está se desenvolvendo e se transformando.
Stalin  Interdependência e ação recíproca são o motivo pelo qual o método dialético
considera que nenhum fenômeno da natureza pode ser compreendido quando encarado
isoladamente  Exemplo da mola de metal.
Todos os aspectos da realidade prendem-se por laços necessários e recíprocos.
Mudança dialética  Todas as coisas implicam um processo  Todas as coisas e ideias
constituem processos  Toda extinção das coisas é relativa, limitada, e sua transformação é
absoluta.
Negação da negação implica uma afirmação  Resulta numa nova coisa, não em reafirmar
uma coisa primitiva  Tese, negação, antítese, síntese  Processo obtido pela negação da
negação.
Para a dialética, não há de definitivo Caducidade de todas as coisas Fases se sucedem sob
domínio de forças internas (autodinamismo).
Passagem da quantidade à qualidade  Mudança contínua e lenta  Em certos graus de
mudança quantitativa, produz-se uma conversão qualitativa  Exemplo da água  Mudança
qualitativa é a passagem de uma qualidade ou de um estado para outro  Em decorrência de
uma mudança quantitativa.
Interpenetração dos contrários  A luta dos contrários é o motor para a conversão das
mudanças quantitativas em qualitativas  Contradição é interna e inovadora  Unidade dos
contrários (encerra dois termos que se opõe, unindo-os) é condicionada, temporária,
passageira, relativa.

4.7 Métodos específicos das ciências sociais


4.7.1 O método e os métodos
Método e métodos estão em níveis distintos  Método é uma abordagem mais ampla em
nível de abstração mais elevado.
Método de abordagem = método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo,
método dialético.
Métodos de procedimento são etapas mais concretas da investigação  Finalidade mais
restrita ao explicar fenômenos, menos abstrata.
4.7.2 Método histórico
Boas: parte do princípio de que as atuais formas de vida social, instituições e costumes têm
origem no passado.
Importante pesquisar suas raízes p/ compreender sua natureza e função.
Estuda acontecimentos passados para entender sua influência hoje.
Preenche os vazios dos fatos e acontecimentos, apoiando-se em um tempo  Assegura
percepção da continuidade e entrelaçamento dos fenômenos.
4.7.3 Método comparativo
Empregado por Tylor.
Estuda semelhanças e diferenças entre vários grupos para compreender o comportamento
humano  Comparações.
Analisa o dado concreto, deduz elementos constantes.
Experimentação indireta  Empregado em setores de largo alcance e setores concretos,
estudos qualitativos e quantitativos.
Pode ser usado em todas as fases da investigação.
4.7.4 Método monográfico
Criado por Le Play.
Parte do princípio de que qualquer caso estudado profundamente pode ser considerado
representativo de muitos ou todos os outros.
Pode se concentrar em um aspecto ou abranger o conjunto das atividades de um grupo social
particular  Respeita a totalidade solidária.
4.7.5 Método estatístico
Planejado por Quetelet.
Processos estatísticos permitem obter representações simples de conjuntos complexos 
Verificar se as constatações simplificadas tem relações entre si.
Reduz fenômenos a termos quantitativos e a manipulação estatística.
Método estatístico fornece uma descrição quantitativa da sociedade e mede sua importância
ou variação.
4.7.6 Método tipológico
Empregado por Max Weber.
Certas semelhanças com o método comparativo  Compara fenômenos sociais complexos e
cria modelos ideais com uma análise dos aspectos essenciais do fenômeno.
Tipo ideal não existe na realidade, mas serve de modelo.
Cientista deve separar os juízos de realidade da análise científica.
Tipo ideal é diferente do conceito, pois seleciona a realidade e a enriquece.
4.7.7 Método funcionalista
Malinowski. Método de interpretação.
Sociedade é formada por componentes diferenciados, inter-relacionados e interdependentes,
satisfazendo as funções essenciais da vida social.  Funcionalista estuda a sociedade do
ponto de vista da função de suas unidades.

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