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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ENGENHARIA DE ALIMENTOS

LABORATÓRIO I DE FENÔMENO DE TRANSPORTES E OPERAÇÕES


UNITÁRIAS

Relatório 1 - Viscosidade de Fluidos

Brenda da Silva Garcino - 201503055


Maurício Willyam Ramos Leão - 201700247
Paula Cristina Mendes Alves - 201508620
Suzane Maria Terra da Silva - 201700250
Walter Luiz Torres Morais Junior - 201708981

Professora: Adriana Régia Marques de Souza

Goiânia
2021
OBJETIVO

Verificar a viscosidade de diferentes tipos de fluidos sob uma mesma temperatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das medições do tempo de queda das bolinhas de gude para os diferentes fluidos
analisados numa mesma temperatura, é possível se obter a viscosidade dos fluidos estudados.
Na tabela 1 abaixo tem-se as medições dos tempos de queda da esfera em cada situação.

Tabela 1. Tempo de queda das bolinhas de gude em diferentes fluidos numa mesma
temperatura.

FLUIDO
Água Óleo de soja Karo
Temperatura (°C) 25 25 25
Tempo 2´´ 3´´ 2´37´´
´ = min ´´ = segundos

Sendo a altura do fluido (L) igual a 18,5 cm e o diâmetro da esfera (D) igual a 2 cm
para todos os fluidos estudados.

Para o cálculo da viscosidade, adotou-se para a água a densidade a 25 °C igual a 0,997


g/cm³ (LIDE, 2004). No óleo, a densidade é de 0,917 g/cm³ (CARVALHO, 2017) e para a
glicose de milho (Karo), 1,440 g/cm³ (BALDAQUIM, 2018). A densidade da esfera de vidro
adotada foi de 2,5 g/cm³ (BARBOZA, 2002). O valor da gravidade empregado foi de 9,81 m/s².

Utilizou-se a equação (1) para a determinação da viscosidade de cada elemento.

1 !.# 2 (%&'%()
𝜇 = 18 *
(1)

+
Sendo 𝑉 = ∆-

Onde g representa a gravidade em m/s², D o diâmetro médio das esferas em m, ρs e ρf a


densidade da esfera de vidro e a densidade do fluido, respectivamente, em kg/m³ e V a
velocidade média de queda das bolinhas, em m/s.
Para a viscosidade da água:

1 𝑔. 𝐷2 (𝜌𝑠 − 𝜌𝑓)
𝜇á!./ =
18 𝑉

Onde:

0,185 2
𝑉= 2&
= 0,0925 𝑚/𝑠.

Então:

1 9,81 𝑚/𝑠². (0,02 𝑚)2 (2500 𝑘𝑔/𝑚³ − 997𝑘𝑔/𝑚³)


𝜇á!./ =
18 0,0925 𝑚/𝑠
𝜇á!./ = 3,542 𝑃𝑎. 𝑠

Para a viscosidade do óleo de cozinha:

Onde:

0,185 2
𝑉= 3&
= 0,0617 𝑚/𝑠.

Então:

1 9,81 𝑚/𝑠². (0,02 𝑚)2 (2500 𝑘𝑔/𝑚³ − 917𝑘𝑔/𝑚³)


𝜇ó345 =
18 0,0617 𝑚/𝑠

𝜇ó345 = 5,593 𝑃𝑎. 𝑠

Para a viscosidade do Karo:

Onde:

0,185 𝑚
𝑉= = 0,00118 𝑚/𝑠
157𝑠

Então:

1 9,81 𝑚/𝑠². (0,02 𝑚)2 (2500 𝑘𝑔/𝑚³ − 1440𝑘𝑔/𝑚³)


𝜇6/75 =
18 0,00118 𝑚/𝑠

𝜇6/75 = 195,831 𝑃𝑎. 𝑠


Na tabela 2, os valores de velocidade de queda da bolinha e viscosidade são calculados
para diferentes fluidos numa mesma temperatura.

Tabela 2. Valores calculados de velocidade de queda e viscosidade em diferentes fluidos numa


mesma temperatura.

FLUIDO
Água Óleo de soja Karo
Temperatura (°C) 25 25 25
Velocidade de queda 0,0925 0,0617 0,00118
(m/s)
Viscosidade (Pa.s) 3,54 5,59 195,83

A viscosidade de um fluido é uma medida de resistência interna oferecida ao


movimento relativo das diferentes partes desse fluido, uma resistência ao fluxo. Na indústria
alimentícia é muito importante se ter o conhecimento acerca dessa medida, uma vez que se
pode controlar o fluido, e, assim, adquirir importância na formulação e preparação de emulsões,
cremes, géis, soluções, entre outros produtos (SHAMES, 1999).

A viscosidade da água a uma temperatura de 25°C é igual a 0,0008903 Pa.s e apresenta


tendência de queda do seu valor conforme aumenta a temperatura (PROPRIEDADES DA
ÁGUA, 2004). O valor obtido pelos cálculos é consideravelmente maior que o da literatura, se
comparado ao padrão informado por LIDE (2004), o que pode estar relacionado tanto a erro de
medidas, como na medida do tempo e/ou medida da temperatura, a falta de repetições, e
características físicas da água, como a presença de sais e minerais em excesso.

Para a temperatura de 20ºC, o óleo de cozinha apresenta viscosidade 0,0590 Pa.s. À


temperatura de 30ºC, a viscosidade do óleo é de 0,0412 Pa.s, com tendência do valor da
viscosidade decair à medida que aumenta a temperatura até 70°C, valor máximo estudado
(BROCK et al., 2008). Apesar do estudo de BROCK et al (2008) não ter analisado a
temperatura de 25°C, o valor calculado no experimento resultou acima dos valores obtidos na
literatura em temperaturas próximas à analisada em laboratório.

O Karo, a 25 °C, apresentou uma viscosidade igual a 195,83 Pa.s. BUIOCHI et al


(2003) encontrou para o mesmo fluido a uma temperatura de 23 ˚C o valor de 7,07 Pa.s. Ainda
em seu experimento, BUIOCHI et al (2003) promoveu as medições da viscosidade da glucose
de milho com o auxílio de um viscosímetro rotacional em baixa frequência, e relata em seus
resultados que o método utilizado apresenta valores menores do que quando empregados
métodos usuais, como o estudado neste relatório.
Conforme a tabela 2, o fluido que apresentou maior viscosidade foi a glucose de milho,
seguido pelo óleo e por último a água. Segundo ADORNO (1997) e CABRAL (2000), a
viscosidade aumenta com o aumento da concentração de sólidos solúveis ou insolúveis do
fluido, sendo isso relacionado a aspectos como um aumento do atrito entre as moléculas devido
ao aumento da interação molecular, formato das partículas, efeitos eletroviscosos, entre outros.
Contudo, observa-se uma alta discrepância entre os resultados teóricos usados de base quanto
aos analíticos. Isso implica em possíveis erros experimentais no momento das medições do
tempo, ou mesmo um controle insuficiente das condições experimentais como a temperatura
do local.
Quando uma esfera sólida se move em um fluido, uma força de arraste será aplicada
sobre essa esfera. TANG (2016) em seu estudo sobre a medição da viscosidade de diferentes
fluidos a partir do tempo de queda de esferas mostrou o quão diferentes são esses resultados
obtidos se comparados aos valores reais de viscosidade. Ainda de acordo com o autor, ao
aplicar a fórmula de Stokes proposta (equação 1) desconsiderando diversas correções
matemáticas necessárias, será então referido de viscosidade aparente e fornecerá dados
divergentes aos propostos.
De forma semelhante, VERTCHENKO & VERTCHENKO (2017) explicaram que a
viscosidade está associada a uma espécie de atrito interno que causa fricção entre as camadas
do fluido devido à transferência de momento linear entre as partículas que o compõem. O
experimento empregado neste trabalho é uma prática comum em laboratórios de ensino que
consiste na determinação da viscosidade a partir da queda de esferas dentro de um recipiente
contendo o fluido, calculando suas velocidades. O que é apontado por VERTCHENKO &
VERTCHENKO (2017) e TANG (2016), no entanto, é que essa uma técnica que precisa de
correções dos dados, visto a imprecisão causada pelo próprio método, o qual idealmente seriam
necessárias esferas muito pequenas, de modo a se adequarem com o modelo de medição e não
influenciarem os valores obtidos da velocidade terminal. Ainda segundo eles, apesar da
aparente simplicidade na descrição da força de arrasto sobre uma esfera, a sua fundamentação
em princípios básicos da hidrodinâmica é bastante complexa e objeto de muita confusão,
oferecendo um amontoado de experimentos discrepantes dos resultados teóricos, analíticos ou
numéricos.
CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos dos cálculos desse experimento pode-se observar que o
fluido com maior viscosidade foi o Karo, seguido pelo óleo de soja e a água respectivamente.
Contudo os resultados de viscosidade para os três elementos, não foram satisfatórios se
comparados aos padrões já estabelecidos em outros estudos, logo o experimento não pode ser
considerado confiável.

REFERÊNCIAS

ADORNO, R.A.C. Reologia de Sucos de Frutas Tropicais: Manga, Maracujá, Mamão e


Goiaba. Tese de Mestrado. Faculdade de Engenharia de Alimentos, UNICAMP, 1997.

BALDAQUIM, M. J, et al. A experimentação investigativa no ensino de química: construindo


uma torre de líquidos. ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 19-36, jan./abr. 2018.

BARBOZA, A. C. R. N.; De Paoli, M. A. Polipropileno Carregado com Microesferas Ocas de


Vidro (Glass Bubbles™): Obtenção de Espuma Sintática. São Paulo. Polímeros: Ciência e
Tecnologia, vol. 12, n° 2, p. 130-137, 2002.

BROCK, J. et al. Determinação experimental da viscosidade e condutividade térmica de óleos


vegetais. Ciência e Tecnologia de Alimentos: Campinas, v.28, n.3, p.564-570.

BUIOCHI, F. et al. Medição de viscosidade de líquidos pelo método de múltiplas reflexões


acústicas com conversão de modo. Revista Controle & Automação, v.14, n.3, 2003.

CABRAL, R.A.F. Influência da temperatura e fração de água nos parâmetros reológicos do


extrato de café. Tese de Mestrado. Faculdade de Engenharia e Ciência de Alimentos, UNESP,
2000.

LIDE, D. R, ed. CRC Handbook of Chemistry and Physics. CRC Press, Boca Raton, FL, ed.
84, 2003-2004.
PROPRIEDADES da água. In: Algumas Propriedades de Fluidos. [S. l.], 2004. Disponível
em:http://meusite.mackenzie.com.br/miriamtg/portfolio_FT_I/portfolio_FT_I_ap_E.pdf.
Acesso em: 9 ago. 2021.

SHAMES, I.H. Mecânica dos Fluidos – volume 1. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1999.
192 p.

SOUZA, Ingrid Elen. CARACTERIZAÇÃO DE ESFERAS E MICROESFERAS DE VIDRO.


Centro federal de educação tecnológica de minas gerais departamento de engenharia de
materiais, [s. l.], 2016. Disponível em: https://www.demat.cefetmg.br/wp-
content/uploads/sites/25/2018/06/TCC_2%c2%b0_2016-Ingrid-Elen-Pinto-e-Souza-
vers%c3%a3o-final.pdf. Acesso em: 9 ago. 2021.

TANG, J. X. Measurements of fluid viscosity using a miniature ball drop device. Review of
Scientific Instruments, v. 87, n. 5, 2016.

VERTCHENKO L. ; VERTCHENKO L. Determinação da viscosidade por meio da velocidade


terminal: uso da força de arrasto com termo quadrático na velocidade. Rev. Bras. Ensino Fís.
39 (4). 2017.

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