EM PSICOLOGIA
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DE ESTÁGIOS
Conselho Editorial Internacional
Presidente: Prof. Dr. Rodrigo Horochovski (UFPR – Brasil)
Profª. Dra. Anita Leocadia Prestes (ILCP – Brasil)
Profª. Dra. Claudia Maria Elisa Romero Vivas (UN – Colômbia)
Profª. Dra. Fabiana Queiroz (Ufla – Brasil)
Profª. Dra. Hsin-Ying Li (NTU – China)
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet (PUC/RS – Brasil)
Prof. Dr. José Antonio González Lavaut (UH – Cuba)
Prof. Dr. José Eduardo Souza de Miranda (UniMB – Brasil)
Profª. Dra. Marilia Murata (UFPR – Brasil)
Prof. Dr. Milton Luiz Horn Vieira (Ufsc – Brasil)
Prof. Dr. Ruben Sílvio Varela Santos Martins (UÉ – Portugal)
Comitê Editorial
Editora-Chefe: Sandra Heck
Editor-Coordenador: Lislaini Teleginski
Editor Comercial: Diego Ferreira
Diagramação e Projeto Gráfico: Camila Silva
Arte da Capa: Willian Opolz
Revisão de Texto: Erich Zimmermann
Vários colaboradores
ISBN 978-65-257-0150-9
Capítulo 1
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
SOCIAIS EM CRIANÇAS E FAMILIARES:
uma possibilidade de abordagem inclusiva da
queixa escolar
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Linhas-guia
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A triagem
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Grupo de crianças
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da atividade anterior sobre a pessoa que tomou o seu lugar na roda. A última
atividade do encontro consistiu em confeccionar uma peteca a partir de
materiais simples, com base em um modelo em exposição.
O segundo encontro do grupo infantil foi composto por duas ativida-
des que tiveram como objetivo realizar modelagem e modelação de com-
portamentos assertivos em situações-problema, ressaltando a importância
de saber comunicar seus sentimentos e pensamentos de forma assertiva,
além de identificar a necessidade de pedir ajuda em alguns momentos. Uma
das atividades era apresentar e narrar de forma lúdica algumas ilustrações
com situações problemáticas que fazem parte do cotidiano das crianças,
como um estranho oferecendo um presente, uma criança olhando uma
vidraça quebrada, uma mulher brigando com uma criança e uma criança le-
vantando outra pela mochila, e perguntar o que a criança faria e para quem
contaria se estivesse naquela situação. A segunda proposta foi solicitar que
as crianças desenhassem as pessoas nas quais elas confiavam e apresen-
tassem ao grupo o desenho.
O terceiro encontro foi planejado com três atividades, visando
esclarecer e explorar os conceitos de autoestima, exclusão e aceitação. A
primeira atividade foi o desenho de como a criança se vê e a apresentação
para o grupo das características que cada um destacou. Na sequência, ela-
borou-se uma dinâmica que consistia em rasgar ou danificar um coração
de cartolina, enquanto comentavam algo que os incomoda ou entristece,
como se as vivências mencionadas tivessem “lhe partido o coração”. Em
seguida, o coração era reconstruído, colando suas partes em uma cartolina
nova e enfeitando-o e, a cada ação de reconstrução do coração, os par-
ticipantes falavam coisas boas que ouviram sobre eles mesmos. A última
atividade para esse encontro foi a exposição e reflexão acerca de vídeos
infantis que abordavam temas como bullying, provocações, autoestima,
aceitação e exclusão.
A quarta sessão foi dedicada às principais emoções (raiva, tristeza,
medo e alegria), onde o foco era o reconhecimento, a expressão e a apren-
dizagem de formas eficientes de lidar com elas. Na atividade inicial, foram
apresentados quatro potes que representavam emoções: um pote com
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Grupo de mães
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conversas com as crianças. No caso das mães, muitas vezes estas atribuíram
as dificuldades dos filhos, inclusive as queixas escolares, às perdas sofridas.
Ao relatarem passividade em algumas situações e agressividade
em outras, o fizeram assumindo que suas posturas deveriam ser diferentes.
Porém, algumas vezes as mães respondiam de forma evasiva e superficial,
havendo um aprofundamento maior nas questões quando ocorria de apenas
uma mãe estar presente.
Destaca-se que, em ambos os grupos, os encontros terminavam com
sugestões para os participantes exercitarem o que foi trabalhado durante a
semana. No caso das mães, envolvendo a interação com os filhos e, no caso
das crianças, com atividades lúdicas como desenhos.
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Capítulo 2
O HUMOR COMO FORMA DE DEFESA
NO TRABALHO NO CONTEXTO DE
UMA ALA PSIQUIÁTRICA DE UM
HOSPITAL GERAL
Introdução
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tissem há muito tempo, ganham agora um lugar mais central dentro das
estratégias defensivas.
Podemos destacar como uma dessas formas de resistência que
ganha espaço no contexto atual do trabalho a presença do humor, cuja
emergência pode ser compreendida pela sua adequação aos contextos
produtivos atuais. A ação do humor torna possível uma forma de crítica e de
expressão dentro de uma organização produtiva que tolera pouco tais críti-
cas e expressões, possibilitando ações criativas, ao mesmo tempo em que
se mantém, superficialmente, dentro dos limites da opinião individual e do
não questionamento formal das relações conflitivas inerentes à organização
do trabalho.
No entanto, a manifestação do humor como forma defensiva pode
passar despercebida, só como uma brincadeira aqui, ou uma piada acolá,
ou como um ambiente descontraído e amigável de trabalho. Os conflitos e
sofrimentos que o geram ficam então submersos nesse ambiente aparen-
temente agradável, mas mantendo seus efeitos no psiquismo e em outros
aspectos da vida do trabalhador.
O presente capítulo apresenta algumas reflexões advindas de uma
experiência de Estágio Supervisionado do Núcleo Comum realizado no
ano de 2019, por acadêmicas do 3º ano do curso de Psicologia da UFGD,
junto a uma parte da equipe de trabalhadores do Setor de Psiquiatria de um
Hospital Universitário. Nele, discute-se como manifestações de humor se
apresentaram na interação entre os trabalhadores da equipe em questão,
compreendendo-as como uma forma de resistência no contexto do trabalho.
A percepção de riso constante pelos profissionais do setor pode ser enten-
dida como uma forma que eles têm de lidar com os conflitos internos entre
os membros da equipe. Em nossa discussão, lançamos mão do conceito
de humor da psicanálise, bem como da perspectiva da psicossociologia e
da psicodinâmica do trabalho, como categoria explicativa para analisar o
sentido que o humor tem no processo de interação dos trabalhadores.
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O conceito de humor
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Considerações finais
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Capítulo 3
O ESTÁGIO BÁSICO EM PSICOLOGIA NO
CONTEXTO DA PANDEMIA POR COVID-19
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Sem dúvida, o fator contextual de uma pandemia determinou
transformações de saberes e fazeres que necessariamente não estavam
descritos nas estruturas curriculares. Sobretudo, o uso de tecnologias e
desenvolvimento de novas habilidades e competências se fez necessário.
O Estágio do Núcleo Comum no curso de Psicologia da UFGD é ofe-
recido por diferentes docentes, com enfoques e temáticas diversas. Origi-
nalmente, na proposta discutida neste capítulo, a formação estava centrada
no tema Saúde Materno-Infantil, viabilizando a realização de práticas de
intervenção precoce junto às famílias com filhos de até um ano, nascidos no
Hospital Universitário da UFGD. Para essa atuação estavam previstas visitas
às mães logo após o parto, registro dos dados censitários das condições de
nascimento e divulgação do Programa de Intervenção Precoce (PIP) ofereci-
do durante o estágio. Após um mês de vida do bebê, as mães eram convidas
a participar do PIP, com avaliações mensais do desenvolvimento infantil,
análise da interação mãe-bebê e avaliação da saúde emocional materna.
Com a impossibilidade de contato físico, as atividades do estágio foram
adaptadas para ações que possibilitassem às(aos) estagiárias(os) o desen-
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volvimento de habilidades e competências que viabilizem a oferta futura do
PIP em sua prática profissional. Cumpre lembrar que o estágio em psicologia,
mesmo em relação às competências básicas, deve prever o encontro singular
entre estagiários, profissionais e usuários do serviço (REIS; FERREIRA, 2021).
Desse modo, nas seções seguintes são descritas as adaptações realizadas.
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Considerações finais
Referências
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Capítulo 4
ROTINA FAMILIAR E ESTIMULAÇÃO
COGNITIVA EM CONTEXTO DE PANDEMIA:
construção de cartilhas psicoeducativas para crianças
e seus cuidadores
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tantes para fornecer apoio aos pais/cuidadores neste período tão peculiar,
zelando pela saúde das crianças e de suas famílias.
O presente capítulo visa apresentar uma proposta de intervenção
realizada no contexto do Estágio Básico do Núcleo Comum I do curso de
Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O estágio
está sendo realizado de forma remota, no ano de 2021, período em que a
Universidade, acompanhando as orientações da Organização Mundial de
Saúde, tem adotado diversas medidas para conter a propagação do vírus. O
objetivo principal da intervenção desenvolvida durante o estágio foi construir
duas cartilhas psicoeducativas que possam contribuir para a promoção da
saúde e a construção de novas rotinas em casa, considerando o contexto
instável de uma pandemia, sendo uma destinada aos pais/cuidadores e
outra às crianças. O material das crianças consiste em uma caderneta de
atividades, composta por sugestões de brincadeiras e atividades, que será
acompanhado de um kit lúdico com materiais criativos.
O capítulo está organizado em cinco momentos, os quais retratam
os caminhos percorridos pelos dois primeiros autores do texto durante a
realização do estágio básico, com supervisão da última autora. São eles: 1)
Apresentação dos fundamentos teóricos e estabelecimento dos objetivos
das cartilhas; 2) Definição dos caminhos metodológicos para a construção
das cartilhas; 3) Resultados preliminares; 4) Desdobramentos futuros; 5)
Considerações finais.
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Método
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Resultados preliminares
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e planejamento de uma rotina escolar e falta de tempo dos pais para dar
atenção às crianças, por trabalharem fora o dia inteiro.
A partir dessas queixas, observou-se a necessidade de atentar-se
para a busca de materiais educativos infantis que trouxessem atividades
lúdicas e dinâmicas que não fossem restritas a desenhos e pinturas de
gravuras, já que essas lições costumam ser frequentemente encaminhadas
pela escola, conforme relatado por uma das participantes. Atentos a esta
questão, os autores realizaram uma revisão bibliográfica em periódicos
científicos sobre a importância da psicoeducação e do desenvolvimento de
habilidades sociocognitivas na infância (PUREZA et al., 2014). A partir deste
estudo, foi feita a pré-seleção de atividades que envolvessem o estímulo da
coordenação motora, memória, criatividade, fabricação de brinquedos e di-
nâmicas de interação social com os pais, que fossem acessíveis e pudessem
ser desenvolvidas dentro do ambiente domiciliar.
Diante da apropriação teórica e do levantamento das demandas
do público-alvo, decidiu-se construir materiais acessíveis para a psicoedu-
cação de pais/cuidadores sobre as necessidades infantis e a importância
do desenvolvimento sociocognitivo das crianças em casa. A definição do
público-alvo visou contemplar principalmente as crianças de escolas pú-
blicas, que foram as maiores prejudicadas pelo distanciamento social, cujos
pais preencheram o questionário. Decidiu-se também que o formato das
cartilhas será impresso e que o kit lúdico envolverá materiais de baixo custo.
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atrativa e prática, visto que materiais extensos e com textos longos tornam-
-se cansativos. As cartilhas foram elaboradas em tamanho 20 cm x 25 cm,
constituído em sua versão pré-validação com 25 páginas (cartilha para pais e
cuidadores) e 40 páginas (cartilha psicoeducativa para as crianças). A cartilha
destinada aos pais/cuidadores foi desenvolvida primeiro, e foi organizada
em domínios (Figura 1).
Fonte: Os autores.
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Fonte: Os autores
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Desdobramentos futuros
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contendo 6 (seis) questões, 3 (três) delas com escala de 0 a 10, para avaliar
a relevância, a atratividade visual, a linguagem e a clareza do conteúdo da
proposta. As outras 3 (três) perguntas foram abertas para receber sugestões
dos juízes, com o intuito de aprimorar o material em elaboração.
O processo de adaptação do material psicoeducativo às sugestões
dos juízes é imprescindível para tornar maior o rigor científico e a eficácia do
material. Essa etapa é referida por outros estudos como de grande relevân-
cia para o aperfeiçoamento do material a ser validado. Foram sugeridos a
reformulação e exclusão de informações, substituição de termos, além da
reformulação das ilustrações (WALTZ; BAUSELL, 1981; POLIT; BECK, 2011). A
partir da elaboração de materiais psicoeducativos de qualidade, viabiliza-se
a relação de intervenções pautadas em saberes estruturados e informações
direcionadas ao público-alvo.
Posteriormente, está prevista a entrega das cartilhas impressas para
10 (dez) crianças e pais/cuidadores, considerando o grau de proximidade
com os acadêmicos responsáveis pela proposta, para viabilizar o acompa-
nhamento dos alcances e contribuições desse material (validade social).
Mediante validação e feedback do público-alvo, futuramente pretende-se
disponibilizá-las gratuitamente na versão on-line, e em mídias sociais (exem-
plos: Instagram e página do Facebook).
Considerações finais
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Referências
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91
formação e cuidado em psicologia: relatos de experiências de estágios
Capítulo 5
O CONSELHO MUNICIPAL DE DIREITOS DAS
MULHERES DA CIDADE DE DOURADOS-MS:
relato de experiência de Estágio de Núcleo Comum
Introdução
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93
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94
contra as mulheres, para a integração da pessoa portadora de deficiência)
para fomentar políticas específicas.
O Conselho de Defesa dos Direitos das Mulheres é fruto da luta do
movimento de mulheres pela busca de direitos e da criação e implementação
de programas que vêm se consolidando como meios de enfrentamento à
violência e às diferentes formas de discriminação. A democratização marcou
a abertura de espaços para a presença das mulheres na constituição das
agendas estaduais e locais e na implementação de políticas e programas
com recorte de gênero. Mas a história da luta das mulheres por direitos não
é nova e remonta ao final do século XIX (DE JESUS; ALMEIDA, 2016).
No Brasil, as pautas dos movimentos feministas ganharam expressão
a partir da década de 1970 com o processo de abertura democrática. En-
quanto participavam ativamente nos movimentos sociais que denunciavam
as desigualdades de classe, as mulheres pautavam temas específicos à sua
condição, tais como direito à creche, saúde da mulher, sexualidade e violên-
cia contra a mulher (FARAH, 2004). Na década de 1980, foi criado o primeiro
Conselho Estadual da Condição Feminina, em 1983, e a primeira Delegacia
de Polícia de Defesa da Mulher, em 1985, ambos no Estado de São Paulo.
Essas instituições se disseminaram por todo o país. Ainda em 1985, foi criado
o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, órgão do Ministério da Justiça
(FARAH, 2004).
A mobilização das mulheres ao longo da década de 1980 teve refle-
xos na Constituição de 1988. Organizadas em torno da bandeira “Constituinte
pra valer tem que ter palavra de mulher”, as mulheres estruturaram propos-
tas apresentadas ao Congresso Constituinte sob o título “Carta das Mulheres
Brasileiras”. Propostas relativas às temáticas como saúde, família, trabalho,
violência e discriminação, entre outras, foram incorporadas à Constituição.
Podemos assinalar avanços em relação aos direitos das mulheres,
como a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). Sancionada em 2006, a lei é fruto
de uma reivindicação histórica dos movimentos feministas para a imple-
mentação de um dispositivo legal que assegurasse direitos e a defesa de
vítimas de violência doméstica e familiar. Outra importante conquista para as
mulheres foi a Lei nº 13.104/2015, que enquadra o feminicídio como homicí-
formação e cuidado em psicologia: relatos de experiências de estágios
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dos inúmeros desafios, tem havido avanços dentre os quais pode se citar a
implementação da Sala Lilás vinculada ao Projeto Acalento.
O Projeto Acalento consiste em um programa de atendimento às víti-
mas de violência sexual, localizado no Hospital Universitário, que visa acolher
e facilitar o atendimento às vítimas, auxiliando, inclusive, com o Boletim de
Ocorrência e com a perícia que antes demandavam deslocamentos. Estas
dificuldades foram amenizadas ao concentrar os serviços em um único local.
Outra ação em fase de implementação é a criação de um vale transporte para
facilitar a locomoção entre os locais com maior fluxo de atendimento, como
delegacias, hospitais e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
Destacaram-se, ainda, propostas como a criação de um protocolo
para regular o atendimento às mulheres de modo a promover diálogo entre
as profissionais envolvidas, favorecendo o encaminhamento correto das
demandas quando, por exemplo, uma agente comunitária de saúde identi-
fica que as questões trazidas poderiam ser melhor resolvidas na delegacia.
Neste sentido, é muito importante a integração das profissionais envolvidas
nessa rede de atendimento. Outra proposta foi no sentido de uma maior
intersetorialidade entre os diferentes serviços. Os problemas decorrentes
do uso abusivo de álcool e outras drogas, por exemplo, demandam atenção
intersetorial, visto que em muitas denúncias está presente o uso dessas
substâncias como uma das causas da violência.
De modo geral, foi notável que o conselho possui capacidade de
articular pensamentos, ideias e experiências a fim de cumprir seu objetivo de
fortalecimento de direitos. Entretanto, como destacado por uma conselheira,
as ações são estruturalmente orientadas às mulheres e é necessário e po-
sitivo quando também os homens tomam consciência do tema, pois é fato
que a violência tem raízes no patriarcado de uma sociedade que durante
muito tempo restringiu as mulheres à condição de subalternidade.
Na segunda reunião do CMDM que participamos, o objetivo foi dis-
cutir questões relativas ao assédio moral e sexual no trabalho, tendo em vista
que vinham sendo divulgados dados de afastamentos em decorrência de
tal prática. A temática foi considerada urgente pelas conselheiras presentes.
Entretanto, para que as propostas fossem efetivadas, seria necessário que a
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formação e cuidado em psicologia: relatos de experiências de estágios
reunião tivesse quórum e isso foi um empecilho neste dia. Assim, optou-se
por realizar uma reunião extraordinária na semana seguinte, a fim de serem
decididos os encaminhamentos.
Na supervisão que se seguiu à reunião, discutimos as diferenças
entre os conselhos de promoção e defesa de direitos e os conselhos de
políticas públicas. Observamos que a reunião do CMDM tinha uma par-
ticipação mais equilibrada em termos de distribuição de poder entre as
conselheiras do que na reunião que presenciamos do Conselho de Saúde,
onde as diferentes posições dos conselheiros os colocavam em posição de
desigualdades em relação ao acesso às informações e ao poder decisório.
Na terceira reunião do CMDM que observamos, estavam em pauta
ações para o mês de novembro, no contexto dos “16 Dias de Ativismo”. Fo-
ram pensadas as atividades e as responsabilidades foram divididas entre
as conselheiras. Deliberou-se por uma ação em praça pública envolvendo
todos os setores, aproveitando o dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta
Contra o HIV/Aids, para articular diferentes setores. Foi sugerida a nossa
participação nas atividades e levamos esta demanda para a supervisão.
Os 16 Dias de Ativismo têm início em 16 de novembro e vai até o dia
1º de dezembro. A campanha dos 16 dias de ativismo tem sua origem no ano
de 1991, como um movimento de mulheres de diferentes países que, reu-
nidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), começa uma
campanha com o objetivo de promover o debate e a denúncia das diversas
formas de violência contra as mulheres no mundo. No Brasil, a campanha
acontece desde 2003 e visa conscientizar a população sobre a necessidade
da erradicação da violência contra a mulher. Tem também o objetivo de
divulgar os mecanismos para coibir a violência de gênero e promover uma
reflexão sobre os avanços e retrocessos nas políticas públicas. Além disso,
são realizadas ações de enfrentamento à violência.
Uma conselheira sugeriu a realização de ações com as mulheres
encarceradas. Outra conselheira mencionou as ações relacionadas à beleza
(maquiagem, corte de cabelo etc.), realizadas junto às mulheres indígenas e
sua avaliação foi de que as mulheres gostaram muito, pois contribuiu para
estimular a autoestima e a valorização das mulheres. Outra questão é que
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Discussão
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Considerações finais
Referências
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Capítulo 6
O RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM
POLÍTICAS PÚBLICAS:
pesquisa, análise e ensino de escrita
Introdução
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Pesquisa e leitura
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Análise e leitura
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Considerações finais
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Capítulo 7
“ISSO DÁ DINHEIRO?” REFLEXÕES SOBRE
JUVENTUDES E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Dardielle Santos-Dias
Aldenora Oliveira Coutinho Libraiz
Daniela dos Santos Sales
Mayara Vieira Santos
Rebeca Brandão Maia
Verônica Ayumi Oshiro
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
Introdução
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Considerações finais
Referências
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Capítulo 8
VENTURAS E DESVENTURAS NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORAS(ES) DE PSICOLOGIA NA
PANDEMIA DE COVID-19
Introdução
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dinâmico e rico será o processo educativo” (p. 455). Para o autor, o “maior
erro da escola” consistiria em cercar-se “com uma cerca alta”, pois o traba-
lho educativo “deve estar vinculado ao seu trabalho criador, social e vital”
(VIGOTSKI, 2018, p. 455). Os imperativos conjunturais do período atual não
permitiram que qualquer cerca se mantivesse levantada. Todo êxito e toda
mazela produzidos historicamente nas escolas e nas relações pedagógicas
de nosso país foram revelados e expostos. Sobretudo, as mazelas.
Com o distanciamento físico exigido pela pandemia, o cotidiano
escolar presencial foi substituído pelo ensino remoto e/ou híbrido e
conteúdos e estratégias de ensino foram provisoriamente remodelados.
Professoras(es), profissionais da Educação, estudantes e famílias preci-
saram produzir outras formas de se relacionar com a vida acadêmica,
com atividades e relações pedagógicas. Nesse contexto se desenvolveu
a ação formativa sobre a qual refletimos neste trabalho. Trata-se de uma
experiência de formação de professoras(es) de Psicologia inteiramente
desenvolvida quando tanto a instituição formadora quanto as escolas de
Educação Básica que abrigaram os estágios operavam em regime remo-
to — um estágio supervisionado de formação docente, circunscrito no
âmbito de um curso de Licenciatura em Psicologia de uma universidade
pública no estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil.
Freitas e Rosa (2015) definem a docência “como práxis, ação humana
transformadora, prática eivada e nutrida de teoria”. Como tal, a docência é
“capaz de superar os primeiros estágios do pensamento — constatação e
compreensão da realidade — para constituir um pensamento novo, que ao
ser colocado em prática, pode ser transformador da realidade” (FREITAS;
ROSA, 2015, p. 615). Inspirada nesta concepção, esta ação formativa objetivou
permitir às(aos) licenciandas(os) compreender a Licenciatura em Psicologia
como área de atuação e produção de conhecimento sobre a escola, a juven-
tude e seu desenvolvimento, a docência e a formação de professoras(es).
Almejou também promover o conhecimento das bases legais que regula-
mentam os objetivos, as finalidades, a organização e a dinâmica do Ensino
Fundamental na Educação Básica. Enfim, aspirou possibilitar a vivência de
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Considerações finais
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Referências
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Capítulo 9
SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA:
relato de uma oficina on-line de psicologia com
estudantes do ensino médio técnico
Introdução
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Materiais e método
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Resultados e discussão
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Considerações finais
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Capítulo 10
CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA NO
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO:
relato de uma prática clínica supervisionada
Introdução
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2019, sendo que, a partir destes encontros e das discussões realizadas nas
supervisões (individuais e em grupo), foi possível avaliar e intervir no que se
refere aos pensamentos automáticos, as distorções cognitivas e as crenças
centrais de Lia, aspectos que serão apresentados no capítulo em termos de
conceitualização cognitiva.
Referencial teórico
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a pessoa sente, mas como cada indivíduo interpreta uma situação. Este mo-
delo estabelece três níveis de cognição: crenças nucleares, crenças inter-
mediárias e pensamentos automáticos (PA), e pressupõe que pensamentos
disfuncionais (baseados em crenças disfuncionais mais arraigadas) influen-
ciam as emoções e os comportamentos do indivíduo. Portanto, o objetivo
central da TC é provocar mudanças no sistema de crenças e pensamentos
para, consequentemente, mudar as reações emocionais e comportamentais
de forma duradoura. Sendo assim, durante o tratamento, busca-se identifi-
car as cognições distorcidas e a modificação das mesmas, como o foco em
situações do presente e com certa estruturação.
Durante a TC, o terapeuta auxilia o paciente a identificar pensamen-
tos negativos e distorcidos, a avaliar a veracidade dos fatos e as evidências
pautadas na realidade, assim como revisar tais distorções, criando crenças
alternativas mais funcionais. Atualmente, existem diferentes evidências
científicas sobre os benefícios da TC em diferentes contextos clínicos que
contemplam avanços e ampliações teóricas (novas ondas da TC) e técni-
cas. Por exemplo, o Mindfulness tem sido utilizado e adaptado pela terapia
cognitivo-comportamental para diferentes casos como ferramenta auxiliar
(BECK; BECK, 2013). Esse recurso tem por base desenvolver a atenção plena
no momento presente, direcionando o foco da atenção para o aqui e agora.
Somado a isso, defende uma atitude amistosa para com os sentimentos,
bons ou ruins, livre de julgamentos e com compaixão. Segundo Germer,
Siegel e Fulton (2016), é quando a resistência cessa e abre espaço para a
aceitação do sofrimento que as reais mudanças podem acontecer.
Na perspectiva cognitiva, os esquemas disfuncionais e as percep-
ções errôneas fazem com que os comportamentos do TOC se estabeleçam.
Essas percepções do mundo e os sentimentos são desenvolvidos ao longo
da história do indivíduo, conforme os eventos e interações produzidos em
seu ambiente. Dessa forma, Coelho et al. (2020) ressaltam que, em casos de
TOC, a TC busca intervir nos pensamentos automáticos disfuncionais, muitas
vezes marcados de julgamentos catastróficos (distorções) que são feitos de
forma irracional pelo indivíduo.
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Para tanto, são criadas hipóteses desde a primeira sessão, as quais são
verificadas conforme os eventos, pensamentos, comportamentos e emoções
trazidas durante a terapia, caracterizando-se, assim, como um processo contí-
nuo de mapeamento da arquitetura cognitiva do paciente. Durante o processo
terapêutico, e a partir dos relatos e evidências que a paciente trazia para as
sessões, foram elaborados dois diagramas de conceitualização cognitiva de
Lia, que estão apresentados nas Figuras 1 e 2. Cabe registrar que os diagramas
foram preenchidos com base em falas e escritas da paciente e que as frases e
expressões apresentadas neles não foram revisadas em relação aos aspectos
ortográficos e gramaticais, visando assim preservar o conteúdo e o sentido
dos pensamentos mais do que a sua forma.
Fonte: os autores.
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Figura 2 — Diagrama de Conceitualização Cognitiva de Lia (Crença de Incapacidade)
Fonte: os autores.
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Considerações finais
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Referências
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ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2016.
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Capítulo 11
DO ÚTERO DE PEDRA AO (RE)NASCIMENTO NA
PSICOTERAPIA
Introdução
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1 Todos dos nomes do texto são fictícios e todos os cuidados éticos foram tomados com relação à preserva-
ção da identidade dos participantes que assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido — TCLE — e
Termo de Assentimento — TA —, sendo que os responsáveis autorizaram a publicação dos dados, desde que
não identificados, conforme estamos procedendo.
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Juliana, com 31 anos, deu à luz a Carlos, seu segundo filho, fruto de
um casamento com Daniel, 35 anos. Embora não se tratasse de uma gesta-
ção planejada, foi um acontecimento bem acolhido2 pelo casal que, segundo
Daniel, não cogitou a hipótese de um aborto. O parto cesariano foi rápido e de
emergência em decorrência de a criança estar bradicárdica e da ausência
de contrações uterinas indicando, segundo o pai, que tava passando da hora
dele nascer.
A criança passou sua primeira semana de vida internado no HU da
UFGD com infecção urinária e quadro de sangramento fecal decorrente do
déficit de vitamina K em seu organismo, o que não favoreceu o desenvol-
vimento adequado de seu fígado e contribuiu para o decréscimo de suas
defesas imunológicas. O desmame de Carlos se deu no sexto mês de vida,
em consequência da ausência de produção de leite pela mãe, embora tives-
sem adotado a ingestão de prolactina.
Carlos continuou a ter dificuldades para evacuar nos anos seguintes.
Com um ano de idade, chegou a passar duas semanas completas sem
defecar, a barriga estufada e sem conseguir se alimentar; passou por pro-
cedimentos cirúrgicos, nos quais o material fecal era quebrado e retirado
sob o efeito de anestesia geral. Por volta de um ano e meio, apresentou
quadro anêmico em decorrência do problema intestinal e sem diagnóstico
preciso àquela época. Aos dois anos recebeu o diagnóstico de megacólon
congênito, ou doença de Hirschsprung, uma condição clínica rara que con-
siste na ausência de gânglios submucosos no intestino grosso, culminando
na obstrução do trânsito intestinal, dadas às alterações da movimentação e
do tônus muscular.
Em 2016, com três anos de idade, Carlos foi submetido a uma cirurgia
para a retirada de quinze centímetros do intestino e, a partir disso, começou
a apresentar escapes fecais e sujar as próprias roupas. Segundo relato do
2 Os conteúdos apresentados em itálico a partir deste ponto do texto serão referentes a falas dos partici-
pantes do processo de atendimento.
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pai, o controle do esfíncter da criança apenas melhoraria quando ele tiver uns
nove, dez anos, segundo o médico.
O pai ressaltou, contudo, que os episódios nos quais Carlos sujava a
cueca eram seguidos de profunda irritação de Juliana, que respondia agres-
sivamente a esses eventos. O pai, durante as entrevistas diagnósticas, fez
questão de apresentar gravação audiovisual — aparentemente produzida
sem que a mãe soubesse — na qual ela dirigia humilhações à criança, que
tinha então apenas três anos, chamando-o de safado, cagão, fedido e dizen-
do que iria esfregar merda na cara dele. Além disso, mandava, aos gritos, que
ele repetisse três vezes consecutivas ‘eu não vou mais fazer cocô na calça’. À
escuta da gravação, foi possível ouvir o som estalado de tapas e o choro da
criança enquanto esforçava-se para repetir o que a mãe solicitava, enquanto
ela, em tom agressivo aos gritos, complementava que iria socá-lo na parede.
Daniel relata que permaneceu casado a fim de juntar provas contra
Juliana e solicitar judicialmente a guarda do filho e o divórcio. Feito isso,
saiu de casa, buscou o Conselho Tutelar e efetivou a separação. Após a se-
paração, embora Juliana buscasse oficialmente obter a guarda do filho, seu
comportamento era de falta de interesse e de compromisso, fato também
mencionado pela avó, expresso por atrasos ou ausências nos dias agen-
dados para suas visitas ou ainda pela aparente incapacidade de planejar
atividades com a criança. Além disso, fez referência ao fato de que Daniel
não gostava da mãe e quando aconteciam as visitas tinha dificuldade de
ficar em sua companhia, preferindo permanecer com o pai. Nessa direção,
comenta que o irmão de Carlos, com o qual não convivia, pois morava em
outra cidade com a família paterna, também teria dificuldades afetivas
com Juliana.
Daniel, ao descrever o filho, afirma que ele era carinhoso e que
se relacionava bem com outras crianças, apesar de que era competitivo
e autoritário nas brincadeiras infantis e com adultos de forma geral. O
pai produzia medidas educativas por meio do diálogo e conta que con-
versava com ele, falo que não pode, contudo, relatou que em algumas
situações ultrapassava essa opção e dava umas chineladas nele, quando
ele não quer obedecer.
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Para Madalena, avó paterna de Carlos, ele era um garoto doce, ca-
rinhoso, e muito carente e que, apesar de tudo que ele passou, ele é feliz e
que entre os dois existia muito apego. Entretanto, preocupava-se diante da
frequente necessidade de Carlos de expressar e receber afeto, contando
que ele diz “eu te amo” vovó cinco, seis vezes seguidas, se encolhe e pede para
ser abraçado enquanto assistiam à televisão e quando estavam na cama
antes de dormir. Para ela, a dificuldade do neto pra fazer qualquer coisa que
não seja no grito devia-se ao fato do inconsciente dele quer ouvir o grito por-
que ele foi muito exposto a isso já. Preocupava-se de forma recorrente com
a possibilidade dele ter algum trauma por tudo que passou. Com relação à
Juliana, embora tenha admitido que não sentisse ódio por ela, afirma que é
digna de desprezo.
As informações relacionadas à escolarização de Carlos também
foram obtidas junto ao pai. À época do acompanhamento psicológico, ele
estava no primeiro ano em um colégio público. Segundo Daniel, a criança
apresentava dificuldades com a escrita, atenção e organização, e foi visível
uma regressão ao longo do processo de divórcio, culminando com uma
reprovação em 2018.
Os dados obtidos em entrevista com Juliana contrastam com in-
formações anteriores, uma vez que a mãe do paciente enfatizou, de modo
contundente, que o filho nunca teve medo dela. Em suas falas, afirma que
o pai poderia ter dito ao contrário, mas que não existe isso de um filho não
querer ficar com a mãe, alegando que a criança sofria por ser proibida de
vê-la. Juliana relatou ainda que Daniel não é uma pessoa confiável porque
você sabe que ele usa droga né, ou isso ele não te falou? Ele usa crack, eu
acho. As falas da mãe de Carlos foram contundentemente críticas quanto à
conduta de Daniel que, segundo ela, fica indo lá em casa querendo conversar
e pedindo pra voltar, mesmo tendo, à época do acompanhamento, um rela-
cionamento estável com outra mulher.
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Análise do caso
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certeza humana, e que, nesse caso, foi tratado, contudo, como uma espécie
de segredo que, por não ser nomeado, saltou aos olhos do garoto como um
fantasma ao sair das sombras em um pesadelo feito, predominantemente,
de realidades.
O medo de Carlos diante de uma possibilidade de aniquilação se
estabeleceu, possivelmente, após tantas sessões de psicoterapia, porque o
paciente se permitiu finalmente olhar para suas angústias e encará-las no pro-
cesso terapêutico, e isso só foi possível por meio do vínculo e da confiança que
puderam ser estabelecidos entre Carlos e a estagiária durante os atendimentos.
Conclusão
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Referências
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Capítulo 12
UM OLHAR PARA O CONTEXTO:
especificidade do cuidado em Terapia Familiar Sistêmica
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Então, de um lado estava o filho, ávido por se lançar no mundo e viver coisas
novas longe do controle dos pais. De outro, estava o pai, preocupado com o
distanciamento do filho do seu núcleo familiar.
Identificada a questão da busca por liberdade e independência
pelo jovem adulto, fizemos uma analogia entre aquilo que relatavam com
a imagem de filhos que “criam asas” e deixam a casa dos pais, articulando
essa situação ao momento do ciclo vital que a família atravessava: a fase
em que jovens solteiros saem de casa enquanto os pais lançam os filhos
para o mundo e seguem em frente. Trata-se, de acordo com Carter e Mc-
Goldrick (1995), de um momento da vida familiar em que todos os membros
da família precisam lidar com novos desafios: os filhos começam a ganhar
mais autonomia e precisam viver a diferenciação do eu em relação à família
de origem; ambos, pais e filhos, precisam desenvolver relacionamentos de
adulto para adulto, embora os pais ainda sejam esteio dos filhos.
Os momentos de transição de uma fase do ciclo vital para a seguinte
são especialmente propícios ao surgimento de sintomas, uma vez que eles
trazem para a família a necessidade de o sistema familiar reorganizar seus
padrões relacionais estabelecidos para se adaptar às novas demandas
que surgem no novo momento. Como afirmam Carter e McGoldrick (1995),
“muitas vezes, é necessário dirigir os esforços terapêuticos para ajudar os
membros da família a se reorganizarem, de modo a poderem prosseguir
desenvolvimentalmente” (p. 8).
Ouvindo nossa analogia sobre os filhos “criarem asas”, Sérgio co-
mentou que isso o havia remetido a uma música cuja letra refere-se a uma
águia filhote que precisa olhar como os pais voam para poder voar sozinha.
Pedro contestou, dizendo que não gostaria de seguir os passos do pai, que
rapidamente respondeu que não espera que o filho trilhe os mesmos ca-
minhos, mas que, como diz a música, o filhote precisa olhar o pai voar para
aprender e trilhar seu próprio caminho.
Com relação à mudança de cidade de Pedro, Vânia afirmou que não
sofreu, pois sabia que ele estava indo fazer o que gosta, ao contrário do pai,
que sofreu muito e sempre chorava nas despedidas. Sérgio relata que tinha
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ficar no meio dos pais, apoiando-se nos ombros deles e justificou a escolha
da pose pelo fato de eles serem seu suporte e sua base. Já Sérgio expres-
sou em sua escultura uma imagem que deixa nítida sua posição de esteio
familiar. Ele se colocou sentado no centro, com a esposa e o filho sentados
em cada uma de suas pernas, sendo ele, portanto, a base de sustentação
de toda a família. Quando questionado sobre o porquê da escolha da pose,
ele disse que gostava de oferecer conforto à sua família, mesmo que isso
custasse o seu próprio conforto. Isso foi ao encontro de observações feitas
por Vânia sobre a sobrecarga do marido no trabalho e na família. A esposa
inclusive sugeriu a Sérgio que ele contratasse uma assistente para diminuir
sua sobrecarga no trabalho e ele disse que pensaria, sim, sobre isso.
Na dinâmica de “distanciamento/individualidade” de Pedro, dispo-
mos os pais e Pedro dentro dos limites de um quadrado marcado no piso
da sala. Depois, pedimos que Pedro se dirigisse para um outro quadrado
a aproximadamente um metro de distância daquele onde permaneceram
os pais, como se este fosse sua casa separada da dos pais. Questionamos
como cada um se sentia nesta organização em que Pedro estava mais
distante. Os pais tiveram opiniões iguais. Disseram achar estranho, em um
primeiro momento, porém consideravam que essa distância seria necessária
no processo de desenvolvimento de Pedro. Quando Pedro foi perguntado
sobre como ele estava se sentindo, ele puxou uma das estagiárias pelo bra-
ço para representar sua namorada, pois ele ainda não conseguia se enxergar
ali sozinho e disse que, se ela estivesse junto com ele, a distância em relação
aos pais não seria um problema.
É interessante assinalar que, durante o tempo que durou a terapia
familiar, Pedro noivou e terminou o noivado, adquiriu maior responsabilidade
no N.A., foi promovido secretário no N.A. e também fazia academia e nata-
ção. Pedro também estava orgulhoso por conseguir levar o pai à academia
e à natação junto com ele, pois segundo ele, o pai tinha medo de deixá-lo
fazer essas atividades por achá-las perigosas.
Apesar desses avanços alcançados, ainda havia por parte dos pais
uma insatisfação em relação à falta de diálogo e conexão com Pedro. Pedro
havia “proibido” a mãe de conversar com sua noiva, não avisou os pais que
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ele havia pedido a namorada em noivado e também não informou aos pais
que ela iria viajar junto a ele. Conversamos sobre a necessidade de encon-
trarem um meio termo na comunicação entre eles, considerando que Pedro
estava se tornando adulto, o que forçava o sistema familiar a redefinir as
fronteiras entre os membros e os subsistemas, permitindo que se comuni-
cassem sem que houvesse a sensação de invasão do espaço de cada um.
No retorno à terapia na sessão seguinte, Pedro informou que percebeu a
falta de comunicação dele com os pais como algo negativo e que buscaria
encontrar um equilíbrio entre sua privacidade e a comunicação necessária
para a saúde das relações familiares.
Observamos uma importante ressignificação do valor de família para
Pedro. Em uma tarefa indicada, foi pedido a Pedro, Vânia e Sérgio que trou-
xessem uma foto que os representassem enquanto família. Vânia trouxe uma
foto tirada por ela da porta do quarto do filho onde estavam colocadas várias
fotos: uma da família toda, uma dele sozinho, uma da noiva, uma do melhor
amigo e a frase “família é tudo”. Questionado sobre o significado dessa frase,
Pedro disse que, antes de ir para a Universidade na outra cidade, as fotos na
porta eram somente dele e de bandas que gostava, mas que, quando re-
tornou para a casa dos pais, colocou fotos das pessoas que considerava ser
seu suporte. Pedro passou a ver na família uma âncora importante para seu
processo de obtenção de individualidade e autonomia. Tal fato, acreditamos,
tornarão mais seguros os voos que lançará futuramente.
É interessante assinalar que este retorno de Pedro à casa dos pais
foi necessário para que eles todos se preparassem para a retomada do
processo de individualização de Pedro. Como Combrink-Graham (1985)
sugere, o sistema familiar geralmente atravessa momentos de oscilação
entre fases mais ou menos individualizantes no desenvolvimento familiar,
correspondendo aos períodos centrípetos e centrífugos no sistema familiar.
Algumas experiências de vida, como nascimento ou enfermidade, exigem
um estreitamento dos relacionamentos e um enfraquecimento das individu-
alidades (período centrípeto), enquanto outras, como o início da vida escolar
ou de um novo emprego, fazem com que o foco se volte para a vivência da
individualidade dos membros da família (período centrífugo). Percebemos
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Referências
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VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência.
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Capítulo 13
A SUPERVISÃO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA
COMO SUSTENTAÇÃO PARA O DEVIR DO
PSICÓLOGO CLÍNICO4
Introdução
4 Este capítulo é um desdobramento de uma apresentação realizada pela autora no XXVII Congresso
Brasileiro de Psicanálise, transcorrido em Belo Horizonte (MG), em junho de 2019.
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mento de populações que não tinham condições para pagar uma análise. A
única exigência que ele colocava era que ela estivesse em consonância com
os ingredientes relativos à Psicanálise estrita. Freud assinalou que a ética é
que pautaria a técnica, e que o espaço da Psicanálise estaria assegurado
quando estivesse pautado pela transferência, pela relação intersubjetiva e
pelo objeto teórico da Psicanálise que é o inconsciente (FREUD, 2019b).
Para a Psicanálise, é a posição do analista/psicoterapeuta/estagiá-
rio que possibilita a emergência do inconsciente para produzir um trabalho
analítico. “Todo trabalho dependerá do desejo do analista na função de
suporte transferencial, na sustentação de um vazio, para que, nesse espaço,
o analisante possa produzir uma fala, em associação livre, uma elaboração
acerca do que o faz sofrer” (PEREIRA; KESSLER, 2016, p. 491). Nesse sentido,
a reflexão sobre a supervisão na clínica-escola encontra grande importância
quando podemos sustentá-la e ainda comprovar os efeitos benéficos na
produção de saúde e na compreensão dos sofrimentos humanos.
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Capítulo 14
PLANTÃO PSICOLÓGICO EM UMA
CLÍNICA-ESCOLA:
atravessamentos da pandemia da Covid-19
Introdução
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Capítulo 15
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A
SAÚDE MATERNO-INFANTIL: experiências de um
estágio supervisionado
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Visita à maternidade
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A segunda ação realizada pelos estagiários corresponde aos
Workshops destinados a gestantes e seus acompanhantes, após terem
participado da visita à maternidade. Estes Workshops eram planejados
previamente como umas das atividades de estágio e eram previstos para
ocorrerem mensalmente, da seguinte forma: 1. Apresentação do projeto e
dos convidados e demais presentes: incialmente era solicitado às gestan-
tes e aos seus acompanhantes que se apresentassem, dizendo o nome, a
idade e o tempo de gestação. Na sequência, era apresentada a proposta
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Considerações finais
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Capítulo 16
ECONOMIA SOLIDÁRIA: uma intervenção de
estágio em lavanderias comunitárias
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Por outro lado, na lavanderia Dois foi possível notar uma ótima re-
lação interpessoal. Muitas delas relataram que eram como uma família; na
verdade, tinham mesmo um grau de parentesco entre si. A presença dos
familiares era frequente, especialmente de crianças. Foi importante ponde-
rar até que ponto essas relações de parentesco eram favoráveis ao empre-
endimento e ao desenvolvimento dos pressupostos da Economia Solidária
(POLASTRINI, 2005). Nas conversas, as mulheres disseram que, apesar de
desentendimentos ocasionais, uma sempre ajudava a outra. Inclusive uma
delas ficou doente, com câncer, e outras fizeram o trabalho que seria dela,
possibilitando a manutenção da vaga quando se restabelecesse. Entretanto,
não receberia nenhum valor enquanto estivesse afastada. Percebeu-se
que, apesar das trabalhadoras terem sido solidárias no que se referiu ao
adoecimento da colega, mantendo a vaga, a forma de gestão, baseada
na lucratividade por serviço realizado, impediu que compartilhassem os
ganhos com ela. Isso demonstrou que estavam distantes dos princípios da
Economia Solidária.
Nesse sentido, algumas contradições foram encontradas, no que se
referia aos conceitos básicos corporativos da Economia Solidária. No caso
citado — da trabalhadora que se ausentou por conta do seu tratamento de
saúde —, se a lavanderia estivesse funcionando na perspectiva da Economia
Solidária e não no ganho individual, essa trabalhadora ausente teria seus
ganhos mantidos. Porém, no contexto em que se encontrava o empreendi-
mento, ela ficava com seus ganhos interrompidos, por não estar ativamente
no trabalho (CARDOSO, 2014).
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Intervenções
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Conclusão
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esse tempo. Algo surpreendente foi que levaram as reflexões feitas nos
encontros para a vida em família: uma das mulheres relatou sobre o apren-
dizado de muitas das brincadeiras, repetindo-as em sua casa, para mostrar
aos seus filhos a importância da união e colaboração mútua.
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Capítulo 17
PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA:
reflexões acerca do estágio em Psicologia Escolar
Introdução
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Considerações finais
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Capítulo 18
O COTIDIANO DO SUS COMO ESPAÇO DE
(TRANS)FORMAÇÃO
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HumanizaSUS e a Formação/Intervenção
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como “uma das mais importantes inovações [...] alinhada com a defesa de
direitos e com a participação democrática no SUS” (PASSOS et al., 2014, p.
805). O Apoio tem ganhado força, pesquisas, atrizes e atores influenciando
as pautas do movimento sanitário e configura-se como um campo de expe-
rimentação para qualificação da atenção e da gestão.
O Apoio é considerado um dispositivo, e o método da Política Hu-
manizaSUS, um modo de operar no cotidiano do SUS, que implica numa
experimentação produzida na relação entre pessoas, instituições, saberes,
poderes, práticas e demais elementos. Sendo assim, apoiar um grupo tem
como meta operar entre os processos de trabalho que compõem o dia a
dia do serviço, fazendo agenciamentos diversos, colocando em análise os
modos verticais de fazer saúde para a criação coletiva de enfrentamentos
(PASCHE, 2009; PASSOS et al., 2014; MARTINS; LUZIO, 2014). Afinal, “quando
analisamos e intervimos em determinado campo da saúde, qual seria nosso
foco se não a vida em suas formações e seus processos?” (MACERATA;
SOARES; RAMOS, 2014, p. 920).
A partir de tal pressuposto, a/o estagiária/o — que almejamos enten-
der como um/a apoiador/a — e grupo vão construindo, a partir de uma dada
realidade e dos desafios locais, espaços para compartilhar os necessários
estranhamentos que possam produzir inflexões nos modos hegemônicos de
cuidar em saúde, de fazer saúde com as pessoas envolvidas. Essa é uma
aposta no exercício cotidiano da democracia, na criação de sujeitos e não de
assujeitamentos, de negociação permanente na construção da saúde como
bem comum (MARTINS; LUZIO, 2014; 2017).
Compreendemos que, em um contexto tão marcado pelo neolibera-
lismo, pelo poder do capital político e econômico da indústria farmacêutica
e grandes conglomerados, em que prevalece uma perspectiva de conhe-
cimento meritocrática, em que o SUS, a Ciência e o papel da Universidade
têm sido continuamente questionados e deslegitimados, há que se proble-
matizar qual nosso papel enquanto sujeitos que pensam e produzem saúde
(HARAYAMA, 2016).
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Como fazemos?
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6 Todos os vídeos citados podem ser acessados no canal do InformaSUS na plataforma do YouTube, dispo-
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Algumas (in)conclusões
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Capítulo 19
DESAFIOS DO ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
NO PERÍODO PÓS-ADOÇÃO: experiências do
estágio supervisionado em Psicologia Jurídica
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seja pela retomada de responsabilidade pelos pais, quer seja pela condição
de autonomia do tutelado. Já a guarda para fins de adoção tem outra finali-
dade. Nela, cessam as responsabilidades da família de origem e se dá início
ao estágio de convivência, previsto no ECA em seu Artigo 46. Esse estágio
deve ser acompanhado por equipe técnica especializada para avaliação
do vínculo estabelecido na nova família, que é a finalidade do estágio de
convivência (BRASIL, 1990).
Porém, a percepção sobre a finalidade do estágio de convivência
como fase de desenvolvimento de competências parentais nem sempre
é bem compreendida. Alguns pretendentes à adoção se equivocam ao
considerar que, durante esse período, podem desistir. Contudo, a criança ou
adolescente, quando são inseridos em uma nova família com fins de adoção,
na maioria das vezes não têm consciência desse período como um estágio.
Em suas vivências, desde que estejam preparados para a adoção, estão em
uma família que precisa dar certo. Fracassar nesse processo de constituição
familiar é gerar novas rupturas, novas perdas, que vão se tornando ainda
mais dolorosas, principalmente porque as causas desse fracasso, muitas
vezes, ficam centradas no adotando.
Nesse contexto, ações que favoreçam o diálogo, a aproximação, a
vinculação e o enfrentamento de possíveis divergências são essenciais. Não
só a adoção é irreversível, como também o estágio de convivência precisa
ser assumido já com essa seriedade. A formação dos pretendentes e o
processo de espera pelo/a filho/a devem promover condições para que os
pais e as mães, que tanto esperaram por esse momento, possam exercer
sua parentalidade de forma afetiva, efetiva e responsável.
Porém, não são incomuns os casos de devoluções de crianças du-
rante o estágio de convivência. Quando isso ocorre, o adotando é submetido
a um novo abandono, vivenciando novas rupturas que podem dificultar
ainda mais futuras vinculações (BOWLBY, 2015). Para o autor, temos uma
necessidade biológica de estabelecer vínculos. Ao descrever os comporta-
mentos relacionados a esse processo, Bowlby (2015) apresenta a formação
do vínculo como: “[...] ‘apaixonar-se”, a manutenção do vínculo como ‘amar
alguém’ e a perda de um parceiro como ‘sofrer por alguém’. “A ameaça de
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perda gera ansiedade e a perda real, tristeza” (p. 98). Nessa condição, a
simples ameaça de devolução pode desencadear sentimentos e emoções
negativas que, por vezes, expressam-se por problemas de comportamento
e agressividade. É estabelecida uma situação ambígua que magoa e fere
aquele/aquela que precisa ser amado ou que, muitas vezes, já é amado,
mas não consegue perceber isso.
Pesquisas sobre a desistência de adoção de crianças maiores e
adolescentes, tanto no estágio de convivência como após a sentença, apon-
tam que as principais justificativas usadas pelos adotantes para devolução
culpabilizam as crianças pelo fracasso da adoção (RIEDE; SARTORI, 2013;
CARNAÚBA; FERRET, 2018). Os relatos dos desistentes afirmam que as
crianças seriam ingratas, agitadas, desobedientes, mentirosas e que torna-
vam a convivência difícil. Os adultos não demonstram perceber suas próprias
dificuldades em lidar com as suas frustrações e solucionar conflitos, além da
falta de habilidades e maturidade para exercer a parentalidade. Também
se observou que as motivações não relacionadas a formar vínculos filiais,
como a adoção por caridade, constituem fatores de risco para o fracasso
da adoção. Nesse contexto, os adotantes atribuem os conflitos às caracte-
rísticas da família de origem e à herança genética, minimizam a relevância
de fatores socioculturais e não consideram sua própria influência sobre o
comportamento da criança com quem conviveram, em alguns casos, por
meses ou anos.
A compreensão dos motivos que levam à devolução da criança/
adolescente deve subsidiar a orientação e preparação dos pretendentes.
Destaca-se a necessidade de se esclarecerem os aspectos psicológicos
envolvidos na formação do vínculo na adoção, assim como os comporta-
mentos esperados para a idade de cada criança, visto que as justificativas
para as devoluções muitas vezes envolvem a descrição de comportamentos
incompatíveis com as idades das crianças mencionadas, o que evidencia
a falta de preparo dos pais. De modo a prevenir as desistências, os cursos
de preparação e os grupos de apoio à adoção precisam expandir suas dis-
cussões e abordar também a comunicação com crianças e adolescentes, a
orientação de práticas parentais e a vida conjugal após a chegada dos filhos,
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dos filhos, visto que temos uma família com pai solo e uma família homopa-
rental masculina.
Além dos encontros mensais entre as famílias em estágio de convi-
vência, o programa prevê a possibilidade de acompanhamento por famílias
que já adotaram — “Famílias amigas da adoção”. Esse acompanhamento
consiste em uma rede de apoio oferecida por famílias que superaram os
desafios do estágio de convivência, compartilham suas dificuldades e
estratégias desenvolvidas durante a constituição parental e encorajam os
pretendentes a continuarem o processo. As famílias que oferecem essa mo-
dalidade são frequentadoras do GAAD-Acolher Dourados. Até o momento,
esse serviço foi solicitado por apenas uma família. Por fim, a terceira moda-
lidade do programa refere-se ao serviço de acompanhamento e orienta-
ção aos pais pelos estagiários da área de Psicologia Jurídica. O serviço foi
apresentado ao grupo e as famílias podem aderir por demanda espontânea.
Oportunamente, na apresentação dos temas, reforçamos a importância de
práticas preventivas, com intuito de evitar desistências/devoluções. Até o
momento, cinco famílias realizaram a adesão.
O acompanhamento e orientação psicológica são realizados por
duplas de estagiários. Foi estabelecido um horário semanal, conforme a dis-
ponibilidade da família, com vídeo chamadas pela plataforma Google Meet,
com duração de até uma hora. Durante a sessão, as famílias podem falar,
de modo mais reservado, sobre possíveis dificuldades vivenciadas durante
esse período. Visando identificar também necessidades de estimulação, uti-
lizamos um protocolo de desenvolvimento infantil para que os pais possam
relatar suas observações acerca do desenvolvimento motor, linguagem,
cognição, socialização e autocuidados (WILLIAMS; AIELLO, 2018). A partir
das observações dos pais, valorizamos as habilidades já adquiridas pelas
crianças e orientamos atividades, adaptadas ao contexto natural da família,
que possam favorecer novas aprendizagens. As orientações são pautadas
em práticas parentais positivas, com valorização de comportamentos
pró-sociais apresentados pelas crianças e orientação de comportamentos
alternativos ou concorrentes, diante de problemas comportamentais relata-
dos pelos pais. Tudo é realizado em uma dinâmica de desenvolvimento de
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Considerações finais
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apenas pelo relato dos pais, sem o contato com as crianças, não permitiu aos
estagiários a possibilidade de modelos mais assertivos de intervenção. Des-
se modo, espera-se que, diante do avanço do plano de imunização contra a
Covid-19, algumas atividades sejam viabilizadas, principalmente no âmbito
da avaliação e intervenção junto às crianças. Para os estagiários que tiveram
sua formação exclusivamente nesse formato, serão oferecidos projetos de
extensão, com ênfase na formação e acompanhamento profissional.
Referências
BICCA, Amanda; GRZYBOWSKI, Luciana Suárez Adoção tardia: percepções dos adotantes em
relação aos períodos iniciais de adaptação. Contextos Clínicos, v. 7, n. 2, p. 155-167, dez. 2014.
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dades na adoção. Serviço Social e Saúde, v. 13, n. 1, p. 29-46, 2014.
IZIDORO, Isabela Rocha; PEREIRA, Veronica Aparecida; RODRIGUES, Olga Maria Piazentin
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Portage Operacionalizado: avaliação do desenvolvimento de crianças de 0-6 anos. Curitiba:
Juruá, 2018.
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Sobre os Autores
PREFÁCIO
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Fernanda Pinto
Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD). Estagiária do Núcleo Comum, com ênfase em Intervenção Precoce
(2021). Participou do Pré-Natal Psicológico On-line com orientação e inter-
venção com gestantes e suas famílias.
E-mail: fernanda.pinto038@academico.ufgd.edu.br
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Michelli Palmeira
Psicóloga formada pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Artista. Pesquisadora da Saúde Coletiva/SUS (PIBIC/UFGD) e da Filosofia
da Diferença.
E-mail: michellipalmeira.com@gmail.com
Thissiane Fioreto
Licenciada em Letras — Habilitação Português/Latim pela Universidade
Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Assis). Mestre e Doutora em Letras
pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Assis), na área
de concentração de Estudos Filológicos e Língua Portuguesa. É professora
adjunta no Curso de Letras da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD) e atua nas áreas de Estudos Clássicos e Língua e Literatura Latina.
Atualmente, é discente do Curso de Psicologia da UFGD e membro do Fó-
rum do Campo Lacaniano de Psicanálise do Mato Grosso do Sul.
E-mail: thissianefioreto@ufgd.edu.br
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Dardielle Santos-Dias
Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD). Integrante do Grupo de Pesquisa “Trabalho, Trajetórias, Juventudes
e Educação” (TRAJE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Possui interesses e produções acadêmicas nas áreas de psicanálise, acolhi-
mento, empatia, orientação profissional e educação para carreiras.
E-mail: dardysantos@hotmail.com
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Rosalice Lopes
Psicóloga Psicanalista, Mestre e Doutora em Psicologia pelo Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Especialista em Psicologia
Social e Avaliação Psicológica pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Professora adjunta da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
na Graduação e Pós-Graduação em Psicologia (Linha: Processos Compor-
tamentais e Cognitivos). Líder do Grupo de Pesquisa “Diálogos Psicológicos
na Fronteira”. Coordena projeto de pesquisa sobre empatia e violência. Atua
também como docente em cursos de aprimoramento profissional de psicó-
logos do sistema prisional paulista, no qual trabalhou como perita-psicóloga
durante 20 anos.
E-mail: rosalicelopes@ufgd.edu.br
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Daiany Penzo
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Grande Dou-
rados (UFGD). Especialista em Terapia Familiar pela Faculdade Venda Nova
do Imigrante (FAVENI). Psicóloga clínica desde 2018, atuando em Dourados-
-MS. Supervisora clínica desde 2020. Psicóloga Clínica on-line, trabalhando
com brasileiros que residem fora do país e em relacionamento intercultural.
E-mail: psicodaianypenzo@gmail.com
Tamiris Imai
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Grande Dou-
rados (UFGD).
E-mail: tamirisimai@hotmail.com
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Pamela Staliano
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), mestrado em Psicologia pela UCDB e doutorado em Processos de
Desenvolvimento Humano e Saúde pela Universidade de Brasília (UnB). É
professora adjunta da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
do curso de Graduação em Psicologia e da Pós-Graduação stricto sensu em
Psicologia. Líder do Grupo de Pesquisa “Estudos e Pesquisas em Avaliação
e Intervenção Psicológica”. Coordenadora do Projeto de Extensão “Plantão
psicológico: porta de entrada dos serviços de Psicologia”. Tutora do Grupo
PET Psicologia/Geografia/Ciências Sociais — Conexão de Saberes da UFGD.
E-mail: pamelastaliano@ufgd.edu.br
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ESTÁGIOS PARA UMA FORMAÇÃO CRÍTICA,
SÓLIDA E RECONHECIDA EM PSICOLOGIA
O curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas da Universi-
dade Federal da Grande Dourados (FCH/UFGD) compartilha experiên-
cias de Estágios Supervisionados Especíícos nas Ênfases Processos Psi-
cossociais e Processos Clínicos, do Núcleo Comum e de Licenciatura
que buscam ter o Cuidado como eixo organizador de suas relações pe-
dagógicas e, dessa forma, vincular seus egressos aos desaaos postos
para a construção de uma nação mais justa e próspera. As Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos da área de Saúde aarmam que a
formação de proossionais em nosso país conta com uma particularida-
de: o Sistema Único de Saúde (SUS) é o ordenador dessa formação, en-
quanto em outras áreas do Estado a atuação se dá na forma de coope-
ração ou colaboração. Para atender as diretrizes do SUS, principalmen-
te a de integralidade de suas ações, tornam-se princípios aplicados
aos nossos Projetos Político-Pedagógicos a interdisciplinaridade, a in-
tersetorialidade e a interproossionalidade.
Estágios na formação proossional que produzam práticas proossio-
nais voltadas à promoção da cidadania e à prevenção de problemas
psicossociais nos levam, também, ao encontro da Missão da UFGD:
“Gerar, construir, sistematizar, inovar e socializar conhecimentos, sabe-
res e valores, por meio do ensino, pesquisa e extensão de excelência,
formando proossionais e cidadãos capazes de transformar a socieda-
de no sentido de promover desenvolvimento sustentável com demo-
cracia e justiça social”.
aeditora.com.br