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net/publication/282291971
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Jorge de Brito
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Jorge de Brito
Dezembro de 2001
Prefácio
1. Considerações gerais 1
2. Patologia estrutural do betão 3
2.1. As acções climatéricas 4
2.1.1. Temperatura 5
2.1.2. Chuva, neve e gelo 8
2.1.3. Vento 10
2.1.4. Exposição ao sol 11
2.1.5. Humidade relativa 11
2.2. A agressividade do ambiente 12
2.2.1. Despassivação do betão 13
2.2.2. Corrosão das armaduras 17
2.2.3. Ataque químico do betão 20
2.2.3.1. Ataque dos ácidos 21
2.2.3.2. Ataque dos sulfatos 23
2.2.3.3. Ataque dos álcalis 25
2.3. As acções biomecânicas 26
2.3.1. Abrasão 27
2.3.2. Cavitação 28
2.3.3. Acções biológicas 28
3. Análise da sintomatologia estrutural 31
3.1. Considerações gerais 31
3.2. Betão 31
3.2.1. Fendilhação 31
3.2.2. Desagregação 44
3.2.3. Descasque 46
3.2.4. Coloração 48
3.2.5. Vazios e zonas porosas 49
3.2.6. Anomalias estéticas 49
3.3. Aço 50
3.4. Estruturas 51
3.4.1. Deformações 51
3.4.2. Assentamentos 52
3.4.3. Movimentos de terras 52
3.4.4. Infraescavações 52
3.5. Resumo das causas - efeitos 53
4. Conclusões 57
5. Referências 58
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Patologias em construções em betão por Jorge de Brito
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Apesar de o betão armado não ser o único material estrutural a que se recorre para a
construção de edifícios de habitação, crê-se que, no nosso país e, em particular, nas décadas
mais recentes, constituirá a esmagadora percentagem. Nesse sentido, optou-se por
circunscrever estes apontamentos às construções de betão (armado e pré-esforçado). Em
relação a outros materiais de construção (alvenaria de pedra ou de tijolo, perfis metálicos,
madeira, etc.), será preparado um outro documento. Por outro lado, também não serão aqui
referidos aspectos relacionados com a patologia não estrutural, ao nível de revestimentos e
acabamentos, que em termos práticos será porventura mais frequente que a patologia
estrutural.
“Funcionalidade” é a capacidade que esse mesmo elemento tem para cumprir as funções
para as quais foi concebido e construído.
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De uma forma directa ou indirecta, as condições climatéricas são responsáveis por uma
parte importante dos casos de patologia referenciados no dia a dia. Apesar disso, a causa
primeira é geralmente outra ligada a um erro humano: má concepção da estrutura, má
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2.1.1. Temperatura
A temperatura ambiente pode constituir problema para a durabilidade do betão por ser
muito baixa, muito alta ou por uma excessiva amplitude. Em qualquer dos casos, é
perfeitamente válido o argumento de que é possível prever a gama de temperaturas a que uma
determinada estrutura num determinado local estará sujeita durante o seu período de vida
esperado. Com esses dados, podem ser tomadas medidas de índole preventiva,
particularmente na escolha dos materiais e na compactação e cura do betão, pelo que nunca se
pode imputar unicamente à temperatura os defeitos eventuais que venham a surgir.
Frio excessivo
Os efeitos mais gravosos do frio excessivo no betão dão-se quando este é jovem e está
ainda na sua fase de endurecimento, podendo mesmo chegar a pará-lo completamente; por
outro lado, pode contribuir para que a água capilar solidifique no interior do betão.
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este for compacto e resistente. Por um lado, a inércia térmica do betão é grande e, por outro,
só muito raramente o betão endurecido se encontra saturado de água. Estes factos, aliados à
maior resistência à tracção entretanto adquirida, fazem com que uma ocorrência isolada de
gelo no betão não tenha consequências de maior. Já o mesmo não se poderá dizer da
ocorrência repetida de ciclos gelo-degelo, situação pouco corrente em Portugal.
Calor excessivo
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Fig. 3 [6] - Evolução da resistência do betão com a temperatura para 1 dia e 28 dias de idade
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Todos estes efeitos são particularmente sentidos no betão jovem, ficando bastante
atenuados no betão endurecido. Pode-se mesmo dizer que o comportamento deste é excelente
até à temperatura de 150 ºC [6].
Pelo que foi dito, os efeitos patológicos e medidas a tomar para os prevenir, dependem
das condições climatéricas da altura da betonagem e terão muito a ver com a estação do ano.
A chuva e a neve podem contribuir para danificar o betão de duas formas: alterando a
relação água / cimento no betão fresco e / ou contribuindo para a saturação dos poros capilares
do betão com água.
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O primeiro efeito pode dar-se, quer pela molhagem dos materiais antes de estes serem
misturados, quer pelo depósito de água nas superfícies recentemente betonadas. A molhagem
dos sacos de cimento é particularmente perigosa por poder precipitar a hidratação daquele
antes da sua colocação em obra. Por outro lado, a exposição das armaduras às intempéries,
contribui para o início precoce da corrosão nas mesmas.
O gelo é destas manifestações climatéricas a que pode ter efeitos mais perniciosos sobre
o betão e, em particular, o betão jovem. A água, ao solidificar, aumenta 9% em volume, pelo
que os efeitos mais graves no betão só se dão para coeficientes de saturação deste superiores a
0.9. É exactamente nas primeiras horas de cura do betão que essa saturação é necessária para a
total hidratação do cimento. Como coincide com as menores resistências mecânicas do betão,
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a solidificação de água nele contida nas primeiras horas é suficiente para levar à sua ruína por
fendilhação generalizada devido às tensões internas geradas. Acontece por vezes que a
resistência do betão aumenta ligeiramente após o degelo, mas o betão resultante é tão débil e
poroso que tem de ser demolido.
Como já foi referido atrás, a ocorrência isolada de gelo no betão endurecido não é, em
geral, motivo de preocupações mas, mesmo num bom betão, a repetição prolongada de ciclos
gelo-degelo acaba por provocar estragos (Fig. 6).
2.1.3. Vento
O vento tem quase sempre um efeito negativo sobre o betão. É fundamental assegurar
que, nas suas primeiras horas, a superfície exterior do betão não se desidrata completamente.
De facto, essa desidratação acompanhada de uma fraca resistência à tracção leva, em geral, a
largas fendas de retracção plástica. Isto deve-se à corrente interna de migração de água do
interior para a superfície para colmatar a insuficiência em água desta última, acompanhada de
uma tendência do betão para a diminuição do seu volume.
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interior destes. O vento é ainda responsável pelo arraste de poeiras e eventuais agentes
agressivos e serve de veículo à poluição.
Deve-se procurar fazer as betonagens ao fim da tarde para que, nas primeiras horas, o
betão jovem não esteja exposto ao sol. Todos os materiais devem estar à sombra durante a sua
armazenagem, devendo, se possível, os depósitos de materiais ser pintados de branco.
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frequentemente, a humidade relativa média no interior do betão é maior que no exterior, por
este material absorver água mais rapidamente do que a perde.
PROCESSO DE DETERIORAÇÃO
____________________________________________________________
HUMIDADE Corrosão do aço Ataque
RELATIVA Carbona- que está Ataque
EFECTIVA __________________________ do
tação carbonatado contaminado químico
por cloretos gelo
Vai-se aqui analisar como a agressividade do ambiente pode constituir uma causa de
patologia no betão (armado e pré-esforçado) e quais as medidas a tomar. Começa-se por
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descrever os efeitos relacionados com a corrosão das armaduras que essa mesma
agressividade pode ter, tanto no betão, como no aço. De seguida, analisam-se os diversos tipos
de ataque a que o betão pode estar sujeito, associados às respectivas causas directas e às
medidas preventivas que, em cada caso, se deve tomar para anular ou minorar os efeitos
patológicos.
O betão constitui a primeira e melhor protecção das armaduras contra a corrosão pela
passivação que lhes confere. Isto deve-se à sua alcalinidade que faz com que o pH da água
contida nos seus poros possa até ser superior a 12,5. Quando se atingem valores do pH desta
ordem de grandeza, forma-se uma camada oxidada em volta da superfície exterior das
armaduras, chamada película passiva. Esta película impede a dissolução do aço (Fig. 7). Deste
modo, a corrosão das armaduras torna-se impossível mesmo que estejam preenchidos todos os
outros pré-requisitos para que ela ocorra: essencialmente a presença de humidade e oxigénio.
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Este valor crítico não é um valor fixo e depende de vários factores: o estado da
passivação ou carbonatação do betão, a qualidade deste, a humidade relativa do ambiente e a
sensibilidade à corrosão das armaduras (Fig. 9).
Fig. 9 [7] - Concentração crítica de iões cloro para as armaduras pouco sensíveis à corrosão
Anulada a protecção constituída pelo betão, para que a corrosão nas armaduras ocorra é
ainda necessário que exista humidade e oxigénio em quantidades suficientes, o que
geralmente acontece ao ar livre.
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A taxa de penetração dos iões cloro no betão obedece a uma lei aproximadamente de
raiz quadrada em relação ao tempo, dependente essencialmente da profundidade de penetração
da água no betão e da permeabilidade da superfície exterior deste.
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Dá-se um enriquecimento da taxa de iões cloro no betão sempre que ocorrem situações
alternadas de molhagem e secagem deste. Os iões entram com a água no betão por sucção de
capilaridade e, quando esta seca, depositam-se (Fig. 13).
O aumento da relação água / cimento no betão contribui para uma maior permeabilidade
deste aos iões cloro. O mesmo se passa em relação aos aditivos incorporadores de ar.
sos: o processo anódico (Fe ----> Fe++ + 2 e-) e o processo catódico (2 e- + 1/2 O2 + H2O ---
> 2 (OH)-) (Fig. 14). Para que o circuito eléctrico se feche, é preciso ainda um condutor (a
própria armadura) e um electrólito (o betão húmido). O produto final (Fe2 O3) é vulgarmente
designado por ferrugem e não tem qualquer contribuição para a resistência das armaduras.
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corrosão generalizada - dá-se em quase toda a superfície das armaduras, dando origem a
fendilhação e descasque do betão mas comparativamente pequenas reduções nos
diâmetros das secções das armaduras; está geralmente associada à carbonatação;
corrosão localizada (Fig. 15) - ocorre quando o filme passivo só é destruído em pequenas
áreas, dando origem a grandes perdas da secção útil dos varões e mesmo à rotura destes
sem estragos visíveis no betão; está geralmente associada à contaminação por iões cloro;
corrosão provocando rotura frágil por um processo anódico - ocorre em armaduras pré-
esforçadas;
corrosão provocando rotura frágil por processo catódico - fragilização por hidrogénio;
corrosão química - não provoca danos graves nas armaduras.
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Fig. 16 [6] - Redução da secção resistente das cintas do pilar até à sua total eliminação devida
ao descasque do betão provocado pela corrosão das armaduras
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As medidas preventivas para evitar ou minorar os efeitos da corrosão das armaduras são
de dois tipos:
Como já se referiu atrás, o macroclima à volta das estruturas tem apenas uma
importância relativa no que se refere à durabilidade. Muito mais importante é o microclima da
superfície exterior do betão (distâncias da ordem dos centímetros ou milímetros) nas peças ao
ar livre ou as condições que rodeiam as peças enterradas (conteúdo e agressividade dos solos).
Daí que num mesmo ambiente, possam ocorrer diferentes mecanismos de degradação com
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taxas de evolução radicalmente diferentes a poucos metros de distância (caso dos ambientes
marinhos ou de determinadas estruturas). No entanto, é óbvia a influência que o macroclima
tem no microclima. Daí o se considerar importante a classificação dos meios ambientes sob o
ponto de vista da sua agressividade, ainda que não exista ainda unanimidade sobre o assunto.
Referido este aspecto, vai-se agora descrever os diversos tipos de ataque a que o betão
pode estar sujeito e que serão sempre característicos dos ambientes muito agressivos.
A presença das substâncias agressivas no betão ou junto a ele, não chega por si só para
que se dê o ataque do betão. Não haverá reacção química se não houver transporte dessas
substâncias na direcção das substâncias reagentes existentes no betão. Para tal, a presença da
água sob a forma líquida ou gasosa é um pré-requisito indispensável para que o ataque do
betão tenha alguma importância no tempo de vida da estrutura.
Inclui-se nesta designação uma variada gama de ataques do betão: ataques de ácidos
propriamente ditos, sais de amónia e magnésio, gases contidos na atmosfera, águas puras,
turvas ou ácidas e compostos fluidos ou sólidos de natureza orgânica tais como azeites,
gorduras, combustíveis, líquidos alimentícios, etc..
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O que se passa quando uma destas substâncias entra em contacto com o betão é uma
conversão de todos os compostos de cálcio (hidróxido, silicato hidratado e aluminato
hidratado) nos sais de cálcio do ácido reagente ou em novos compostos incoerentes ou
expansivos [7]. O resultado prático desta conversão é a destruição da capacidade aglutinadora
do cimento endurecido, que se desagrega com a maior facilidade, ou a sua fissuração
generalizada por acção dos sais expansivos (Fig. 17).
Há neste aspecto uma diferença fundamental entre o ataque dos ácidos e os dos sulfatos
e álcalis que serão referidos posteriormente. No primeiro, há uma conversão completa do
cimento endurecido com a destruição do sistema de poros. A permeabilidade do betão antes
do ataque é portanto de menor importância. Nos outros tipos de ataque, ela é o parâmetro
fundamental na prevenção e retardamento da deterioração do betão.
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Os factores que mais influenciam a taxa de reacção neste tipo de ataque são a
solubilidade do sal resultante e a capacidade de transporte dos agentes agressivos.
A protecção das estruturas em relação a este tipo de ataque deve ter por objectivo
principal evitar o contacto directo dos agentes agressivos com o betão. Para tal, recorre-se a
recobrimentos superficiais impermeáveis do tipo asfáltico, resinas asfálticas, etc.. Em
complemento, pode-se tomar outras medidas, ainda que menos eficazes: utilização de
cimentos de conteúdo rico em sílica e pobres em silicato tricálcico, cimentos pozolânicos, de
alto forno, super-sulfatados, aluminosos ou impregnados de polímeros ou fibras de aço
inoxidável ou plásticas, maiores e mais compactos recobrimentos, etc..
Como característica comum destas reacções, tem-se o facto de serem todas altamente
expansivas gerando portanto elevadas tensões internas. O resultado prático é a desagregação
do betão através da perda do aglomerante pelo que os inertes ficam livres (Fig. 18). Outra
consequência é a formação de betões porosos e de alta permeabilidade.
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Enquanto que no ataque dos ácidos o sistema poroso como um todo é destruído, porque
os ácidos reagem com todas as componentes do cimento, o ataque dos sulfatos dá-se apenas
sobre alguns dos componentes do cimento (Fig. 19).
Os factores que mais afectam a taxa de deterioração do betão devida aos sulfatos são:
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o tipo de cimento que determina a quantidade de aluminatos que podem ser atacados;
a permeabilidade do betão que condiciona a taxa de transporte dos sulfatos;
a quantidade de água presente;
a temperatura ambiente que, ao contrário do que acontece nos outros tipos de ataque, faz
diminuir a intensidade do ataque dos sulfatos.
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A diferença principal entre o ataque dos sulfatos e o dos álcalis é que, enquanto no
primeiro a substância reactiva está no cimento, no segundo está nos inertes.
Os factores que mais afectam a taxa de deterioração do betão devida a esta reacção são:
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A prevenção deste tipo de ataque passa pela actuação na permeabilidade e tipo do ci-
mento e na escolha dos inertes. Para tal, são preferíveis cimentos de alto forno e pozolânicos e
inertes não reactivos (com baixos teores em sílica) e deve-se reduzir a relação água / cimento,
melhorar a cura e tomar as providências já conhecidas para conseguir um betão compacto.
2.3.1. Abrasão
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particularmente sensíveis à abrasão os finos que se vão soltando até que os inertes de maior
dimensão deixam de estar ligados à peça e acabam por se soltar também.
São exemplos deste tipo de erosão a acção do tráfego pedestre ou rodoviário (Fig. 22), o
escorregamento de objectos pesados, a acção de partículas pesadas suspensas em zonas de alta
velocidade de água e a acção de areias levadas pelo vento.
2.3.2. Cavitação
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A melhor forma de evitar estes efeitos é eliminar a sua causa, ou seja, os perfis de
escoamento descontínuos e de ângulos muito fechados. Em simultâneo, deve-se procurar obter
uma superfície exterior do betão resistente e sem irregularidades à custa de uma pasta de
cimento densa e de boas características mecânicas. Pode-se usar também betões contendo
fibras de aço ou impregnadas com polímeros.
Nesta rubrica, são analisadas patologias de ordem e consequências diversas mas que têm
em comum ter como causa primeira um organismo vivo, vegetal ou animal, mas que não o
homem. Delas salientam-se:
ataque de algas, líquenes e musgos - em geral não provocam problemas de maior excepto
no que se refere à saturação de água das superfícies nas quais se encontram incrustados;
ataque de moluscos - em zonas tropicais, detectaram-se casos de moluscos que se
incrustaram no betão à velocidade de 1 cm por ano [7];
introdução de raízes de plantas e árvores no betão - estas introduzem-se nas fendas e
pontos fracos do betão e podem gerar tensões internas importantes, contribuindo para a
degradação acelerada do betão;
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Esta é uma ciência extremamente complexa e sujeita a graves erros mesmo com técnicos
com largos anos de experiência. As dificuldades são entre outras:
nem sempre os sintomas são claros, podendo confundir-se com o natural envelhecimento
dos materiais ou da estrutura;
na realidade, as manifestações patológicas são menos identificáveis e tipificáveis que em
teoria;
nem sempre as mesmas causas provocam os mesmos sintomas e os mesmos sintomas
podem ser devidos a várias causas;
as deficiências só muito raramente se devem a uma única causa pelo que os sintomas
associados a cada causa se misturam;
a única forma de aprender é com a experiência;
faltam bancos de dados acessíveis aos técnicos interessados.
3.2. Betão
3.2.1. Fendilhação
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fornecer mais informação. Deve no entanto referir-se que a fendilhação não é necessariamente
um sintoma de patologia no betão estrutural. Dado o seu carácter de material composto e a
fraca resistência à tracção do betão, a fendilhação das estruturas de betão armado e mesmo de
pré-esforçado é inevitável e tem de ser aceite à partida.
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É a que ocorre enquanto o betão está no estado plástico e que por vezes é recuperável se
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Retracção Plástica
Estas fendas ocorrem quando a velocidade de perda de água por evaporação é superior à
velocidade com que a água chega à superfície por exsudação. São mais correntes em peças
esbeltas muito expostas (Fig. 24).
Fig. 24 [6] - As fendas devidas à retracção plástica têm tendência para aparecer na lâmina de
compressão (zona mais esbelta) nas lajes aligeiradas com blocos cerâmicos
Assentamento Plástico
Estas fendas devem-se ao processo de migração da água para a superfície exterior. Dá-se
uma diminuição do volume de betão que faz com que, por acção da gravidade, se dê um
assentamento do betão fresco ao mesmo tempo que a água exsudada chega à superfície.
Quando esse assentamento é impedido localmente pela armadura ou pela cofragem, dá-se a
fendilhação (Fig. 25).
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Estas fendas devem-se à expansão de cerca de 9% que a água sofre quando passa a gelo
e às baixas resistências mecânicas do betão jovem.
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É a que ocorre após o betão ter endurecido, podendo ter as mais variadas origens e cujo
controle depende fundamentalmente da garantia de percentagens suficientes de armadura e da
sua pormenorização cuidada.
Efeitos diferidos
Estas fendas devem-se aos efeitos reológicos do betão. A fendilhação não ocorre
necessariamente no elemento que mais directamente sofre os efeitos diferidos mas em outros
que a ele estejam ligados (Fig. 27). As tensões geradas serão tanto maiores quanto mais rígida
for a estrutura.
Fig. 27 [6] - Fendas provocadas por retracção da viga num pórtico de pilares de pequena
rigidez
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ente, má granulometria com excesso de inertes grossos, diferenças de humidade entre camadas
superior e inferior, grande perda de água devida a ambientes muito secos, etc. (Fig. 28).
Aumentam com a dosagem de cimento, teor em finos, relação água / cimento, juntas de
betonagem, fluência do betão, temperatura e diminuem com a humidade relativa do ambiente
e com a introdução de juntas de retracção e armadura de pele.
Calor de hidratação
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Ciclos gelo-degelo
Variações de temperatura
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Fig. 31 [6] - Corrosão das armaduras principais num pilar com consequente desprendimento
do betão de recobrimento
As fendas devem-se ao ataque de inertes contendo sílica por soluções alcalinas dando
origem a um gel alcalino-silicioso e posterior fendilhação (Fig. 20).
Diminuem com a escolha correcta dos inertes e com a execução de um betão compacto e
impermeável.
Carbonatação do betão
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A fendilhação devida a esta causa é tanto mais intensa quanto mais rígida for a estrutura
(vigas-parede e paredes) e maiores as tensões induzidas pelos deslocamentos impostos. Não
existe um exemplo-tipo deste tipo de fendilhação por esta depender em cada caso da estrutura
em questão, da localização das tracções e pontos mais fracos.
Fig. 32 [6] - Fendilhação numa consola curta devida à sua execução deficiente
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Cargas de cálculo
fendas devidas à torção - inclinadas sensivelmente a 45º aparecendo nas diferentes faces
da peça formando uma linha helicoidal quebrada (Fig. 39);
fendas devidas à falta de aderência aço-betão - paralelas às armaduras principais junto aos
apoios (Fig. 40).
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Estas fendas devem-se quer a uma subestimação em projecto das cargas previstas de
cálculo quer a uma utilização indevida da estrutura não prevista no projecto inicial (Fig. 41).
Fig. 41 [6] - Fendilhação de uma laje devida a carga de punçoamento não prevista
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Quadro-resumo
3.2.2. Desagregação
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3.2.3. Descasque
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Fig. 43 [6] - Descasque do bordo de uma laje provocado pela corrosão adiantada das
armaduras longitudinais
Fig. 44 [6] - Descasque local numa laje provocado por uma carga concentrada excessiva
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Fig. 46 [11] - Descasque provocado pela reacção expansiva de um inerte grosso (popout)
As medidas de índole preventiva para evitar este tipo de fenómeno coincidem em cada
caso com as medidas relativas à fendilhação correspondente já referidas atrás.
3.2.4. Coloração
A coloração superficial do betão pode ainda dar indicações sobre a maior ou menor
presença de leitada, o ataque dos ácidos, sulfatos e álcalis, a existência em excesso de cal livre
(eflorescências), o ataque da poluição, o desenvolvimento de vida animal ou vegetal, a forma
de drenagem nas paredes verticais de betão, a exposição relativa à chuva e ao vento de zonas
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verticais, etc..
Do ponto de vista estético (para betão à vista), situações como coloração heterogénea,
zonas porosas e bolhas de pele (Fig. 47), manchas claras (finos) ou escuras (nós da madeira da
cofragem) e sujidades (eflorescências e manchas de ferrugem - Fig. 48) são anomalias a ter em
conta. Também as juntas de betonagem mal executadas (Fig. 49, à esquerda) e a má qualidade
das cofragens, dando origem a uma superfície muito irregular (Fig. 49, à direita) ou a crostas,
são situações inaceitáveis em betão à vista, estando ainda, no primeiro caso, potencialmente
associadas a anomalias de durabilidade.
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Fig. 49 - Junta de betonagem mal executada (cold joint) (à esquerda) e superfície irregular (à
direita)
3.3. Água
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Fig. 50 [6] - Armaduras em adiantado estado de corrosão (com perda total de secção)
Em estruturas danificadas pelo fogo, grandes deformações nos varões são em geral um
sintoma de perdas inaceitáveis de resistência pelo que têm de ser substituídos.
3.4. Estruturas
3.4.1. Deformações
As deformações são dos sintomas mais frequentemente medidos em obra não só pela
facilidade de detecção e interpretação dos resultados como também pela importância das
conclusões que delas se tiram. Medem-se não só deformações verticais como também
horizontais assim como afastamentos da verticalidade. Para tal, recorre-se a níveis de água,
clinómetros, deflectómetros, fios-de-prumo ou raios laser.
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3.4.2. Assentamentos
3.4.4. Infraescavações
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_________________________________________
BETÃO AÇO
ELEMENTO
CAUSA CAUSA ESPECÍFICA
_________________________________________
flecha
GERAL excessiva
___________
a) b) c) d) e) f) g) h) i) j)
Tecnologia água contaminada (água salgada, óleos) X X X
do betão substâncias contaminantes no betão (serradura) X X X
aditivos inadequados X
inertes expansivos X X
ataque dos álcalis (inertes reactivos) X X X
mau acabamento das superfícies X X
betão permeável X X X
baixa temperatura durante a betonagem X X
Efeitos do ácido carbónico (vacarias, fábricas de cerveja) X
ambiente sulfito de hidrogénio (esgotos) X
ataque de sulfatos X X
gases de combustão X X
acção das ondas, correntes de água, cavitação X
ciclos de gelo-degelo X
ciclos seco-molhado X X
variações de temperatura (diárias e sazonais) X X
ataque electrolítico X X X
Problemas assentamento X
de assentamento diferencial X X X X X
fundação movimento lateral do solo X X X
movimento de levantamento do solo X X X X
gelo X X X
Erros na problemas na cofragem (falta de resistência,
execução rigidez ou escoramento, descofragem prematura) X X X
fraca resistência do betão (água misturada, erros
na amassadura, etc.) X X X X X
cura inadequada do betão (fraca resistência,
retracção e fluência excessivas) X X X
vibração excessiva (segregação dos inertes) X X X
betonagem excessiva (assentamento plástico
diferencial) X X
escolha errada da armadura X X X
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BETÃO AÇO
ELEMENTO
CAUSA CAUSA ESPECÍFICA
_________________________________________
flecha
GERAL excessiva
___________
a) b) c) d) e) f) g) h) i) j)
Erros de carga subestimada X X X X X
projecto resistência sobrestimada X X X X
rigidez sobrestimada X X X
não consideração de juntas de retracção X X
tratamento inadequado dos efeitos inelásticos X X X
método de análise estrutural incorrecto ou
inapropriado X X X X X
Má porme- erros na passagem de informação para os desenhos X X X X X
norização armadura excessiva X
mudanças bruscas nas dimensões das secções X X X
amarração das armaduras X X
recobrimento inadequado X X
problemas de ancoragem X X X
Tecnologia efeitos da temperatura (armazenagem em local frio;
da mau condicionamento do ar) X
construção revestimento (método de ligação à estrutura,
resistência e durabilidade) X
drenagem inadequada (não consideração de
gradiente de drenagem, drenos inadequados,
omissão de tubos de descarga) X X
superfícies inadequadas sob o ponto de vista da erosão X
Cargas não sismo X X X X X
previstas explosão de gás, rebentamento de bomba X X X X X
choque X X X X X
colapso de edifícios adjacentes X X X X X
cargas de impacto(ondas, forças internas no betão) X X X X X
a) fendas vivas; b) fendas mortas; c) descasque; d) intumescimento; e) descoloração; f) erosão da superfície; g)
corrosão; h) rotura; i) instantânea; j) permanente
Como nota final a este capítulo, não pode deixar de se chamar a atenção para o facto de
a sintomatologia aqui tratada ser fundamentalmente a associada a edifícios e outras
construções correntes de estrutura em betão. Em pontes e outras estruturas especiais, haveria
que referir problemas específicos como o assentamento do solo sob as lajes de transição (Fig.
51), deslizamento ou assentamento dos taludes junto aos encontros (Fig. 52), erosão /
infraescavação das fundações de pilares ou encontros (Fig. 53), anomalias de funcionamento
das juntas de dilatação (Fig. 54), aparelhos de apoio (Fig. 55) e drenos, entre muitos outros.
Algumas destas questões serão objecto de uma descrição mais pormenorizada em documento
a elaborar sobre a classificação das anomalias.
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4. CONCLUSÕES
O conhecimento quer das caudas quer do aspecto visível das anomalias é um passo
essencial para se perceber como surgiram e para se prescrever formas de as colmatar e
eliminar os respectivos efeitos. Estes assuntos serão aprofundados em documentos a elaborar
no âmbito desta disciplina, nomeadamente os referentes aos sistemas de classificação das
anomalias, aos sistemas e tipos de inspecção e à metodologia e técnicas de reparação.
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5. REFERÊNCIAS
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