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Biossegurança

Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara


2021 by Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

A347b Alcantara, Caio Cesar Violin de


Biossegurança / Caio Cesar Violin de Alcantara. Paranavaí:
EduFatecie, 2021.
72 p. : il. Color.

1. Biossegurança. 2. Filosofia antiga. I. Centro Universitário


UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 363.15

Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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AUTOR

Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara

● Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);


● Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);
● Especialização em Gestão Pública EAD pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM);
● Docente do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Maria da Glória
(SMG) e Faculdade de Administração e Ciências Econômicas (FACEC).

Mestrado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (UEM),


com ênfase em contabilidade gerencial/controladoria. Docente do Curso Superior de Ba-
charelado em Ciências Contábeis.

Link de acesso ao Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6057770915348046.


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Caro(a) acadêmico(a), tenho o propósito de, juntamente com você, construir nosso
conhecimento sobre a biossegurança, bem como compreender os principais conceitos e
definições. Objetivamos também, ao longo de nossa jornada, explorar as diversas compe-
tências e normas relacionadas ao tema, de forma a colaborar com o aperfeiçoamento dos
conhecimentos sobre o assunto.
Na Unidade I começaremos a nossa jornada pelas noções gerais de biossegu-
rança, conceituando primeiramente o tema, para depois tratar a respeito da biossegurança
em estabelecimentos de saúde. Em seguida, entraremos no assunto referente às infecções
hospitalares e o respectivo controle, fechando com as vias de transmissão e a ação da
biossegurança neste contexto.
Já na Unidade II, após evidenciado na Unidade I o que é a biossegurança e a intro-
dução ao tema, vamos tratar do amparo legal e os órgãos responsáveis pela normatização.
Buscar compreender qual a legislação pertinente ao assunto é o foco da Unidade II.
Posteriormente, na Unidade III, vamos tratar da biossegurança e a saúde ambien-
tal. Temos como um dos objetivos relacionar a sustentabilidade com a biossegurança, visto
que a mesma tem papel fundamental no ambiente em que vivemos. Ainda, outro objetivo é
trabalhar a diferença dos conceitos de biossegurança e biosseguridade, e deixar claro para
você, leitor(a), como se distinguem.
Por fim, na Unidade IV, abordaremos a saúde do trabalhador e a segurança no
trabalho. Essa unidade envolve assuntos como equipamentos de segurança individual e
coletivos, bem como acidentes de trabalho e mapa de risco. Além disso, trata sobre o
controle de infecção no suporte nutricional em estabelecimentos de saúde.
Reforço o convite a você, acadêmico(a), para que possamos trilhar essa jornada
juntos e ampliar os conhecimentos sobre os temas de nosso material da disciplina, de
forma que consigamos contribuir com o crescimento profissional e pessoal.

Muito obrigado e bons estudos!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Noções Gerais de Biossegurança

UNIDADE II.................................................................................................... 19
Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização

UNIDADE III................................................................................................... 35
Biossegurança e Saúde Ambiental

UNIDADE IV................................................................................................... 49
Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho
UNIDADE I
Noções Gerais de Biossegurança
Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara

Plano de Estudo:
● Introdução, conceitos Básicos, importância e terminologia;
● Biossegurança em estabelecimentos de saúde;
● Infecções Hospitalares e Controle;
● Biossegurança e vias de transmissão;
● Estabelecimento de um meio ambiente biologicamente seguro e a educação permanente.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar biossegurança;
● Compreender a importância da biossegurança em estabelecimentos de saúde;
● Compreender a importância de um meio ambiente biologicamente seguro;
● Compreender a relevância que a Educação Permanente possui frente à Biossegurança;
● Entender a importância de se estabelecer o controle de infecções hospitalares.

3
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à Unidade I da nossa apostila,


etapa em que iniciaremos nossa jornada na disciplina de Biossegurança. Nesta unidade,
em específico, trataremos sobre Noções Gerais de Biossegurança.
Esta unidade é de extrema importância para o bom andamento do restante do con-
teúdo, em que iniciaremos com conceitos e definições fundamentais para o tema. A unidade
tem como principal objetivo a contextualização do(a) aluno(a) à disciplina, elucidando que
o foco da disciplina está na Biossegurança como um todo.
Em um primeiro momento, abordaremos os conteúdos básicos e a terminologia
aplicada à Biossegurança, expondo os conceitos e definições pertinentes ao tema. Em
seguida, trataremos da Biossegurança especificamente em estabelecimentos de saúde.
Ainda, falaremos sobre infecções hospitalares e o controle das mesmas, além dos
aspectos relacionados ao estabelecimento de um meio ambiente biologicamente seguro.
Por fim, fecharemos a Unidade I tratando da educação permanente, inserida no contexto
da Biossegurança.
Teremos, portanto, uma unidade com diversos termos técnicos e conceitos especí-
ficos do estudo da Biossegurança, muitos deles novos para você, leitor(a), e que são fun-
damentais para o entendimento do tema, de tal forma que, ao final da unidade, possamos
chegar ao nosso propósito estabelecido com os conteúdos.

Bons estudos!

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 4


1. INTRODUÇÃO: CONCEITOS BÁSICOS, IMPORTÂNCIA E TERMINOLOGIA

Iniciando nossa Unidade I, falaremos a respeito dos conceitos básicos e a termi-


nologia aplicada à Biossegurança, expondo os conceitos e definições pertinentes ao tema,
visando conceitualizar à você, leitor, a importância do tema, para em seguida, nos próximos
capítulos, tratar sobre assuntos mais específicos.
E por que falar de Biossegurança?
De acordo com Stapenhorst et al. (2018), a biossegurança tem papel importantíssimo
na vida do trabalhador, e o conjunto de normas envolvidas tem como objetivo a garantia da
segurança do profissional, dos pacientes e do meio ambiente. Este tema ganhou ainda mais
notoriedade a partir da descoberta de novas doenças no mundo, gerando ainda mais preocu-
pação por parte da população, destacando ainda mais a importância da biossegurança.
Como destacado por Cardoso et al. (2012), as doenças infecciosas e seus impactos
fazem parte da história humana, e de certa forma contribuem para a construção de novas
mentalidades e para a busca de soluções, o que influencia também no convívio social.
Hinrichsen (2018) destaca que a biossegurança vem ocupando um espaço impor-
tante e de destaque nas instituições de saúde que desenvolvem políticas e programas de
qualidade/acreditação e controle de riscos de maneira sistemática e efetiva.
Dada a importância de tal tema perante à sociedade, seguiremos nossa unidade
tratando do conceito de biossegurança.

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 5


1.1 Conceito de Biossegurança
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2021), a biosse-
gurança compreende um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou
eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade
de vida, a saúde humana e o meio ambiente.
Para Stapenhorst et al. (2018, p. 27), a biossegurança “compreende um conjunto
de procedimentos, ações, técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de
eliminar ou minimizar riscos inerentes que podem comprometer a saúde do homem”.
Para Hinrichsen (2018), a biossegurança é entendida hoje como uma ocupação,
agregada a qualquer atividade em que o risco à saúde humana esteja presente. E qual-
quer profissional pode desenvolver atividades nessa área, respeitando-se os espaços
legais envolvidos.
Outros autores também tratam da definição de biossegurança, sempre visando
trazer a importância do tema perante à sociedade. No próximo tópico falaremos um pouco
mais a respeito desta relevância.

1.2 Importância
Assim como já destacado no início deste capítulo, a biossegurança está inserida
em um contexto envolvendo meio ambiente, qualidade de vida e meio ambiente. Ainda, o
assunto se estende à ética profissional, tendo em vista que tal tema envolve uma série de
protocolos a serem seguidos, códigos de ética a serem cumpridos, bem como o dia-a-dia
do profissional envolvido.
A preocupação em se evitar riscos sempre existiu, e como falado anteriormente,
ganha ainda mais importância a partir de alguns marcos da humanidade, como por exemplo,
a peste negra, no século XVII. Em um contexto mais recente, podemos citar doenças como
a AIDS e a hepatite B, que impulsionaram e movimentaram ainda mais a preocupação de
contaminação.
Ainda, para Stapenhorst et al. (2018), a biossegurança tem papel fundamental na
promoção à saúde, haja vista que envolve o controle de infecções para a proteção dos
trabalhadores, dos pacientes e do meio ambiente, de forma a reduzir os riscos à saúde,
objetivando criar um ambiente de trabalho com a contenção de riscos aos envolvidos.
De acordo com Hinrichsen (2018), consolidou-se a ideia de que qualquer paciente,
independentemente do tipo de doença e/ou riscos que pudesse representar para a comu-
nidade e ambiente, poderia ser assistido em instituições de saúde/hospitais, desde que

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 6


medidas preventivas fossem implementadas segundo o tipo de transmissibilidades e susce-
tibilidades existentes. Deste modo, permitindo a equidade, a privacidade dos diagnósticos e
a segurança dos indivíduos como pessoas e não como apenas “doenças”.

1.3 Terminologia
Interessante trazer a abordagem de Hinrichsen (2018) neste tópico, que trata da
biossegurança em três vertentes, são elas:
● Como módulo, porque não tem identidade própria, não sendo, portanto, uma
ciência, mas sim, uma interdisciplinaridade que se expressa nas matrizes cur-
riculares dos seus cursos e programas, e esses conhecimentos diversos ofere-
cem à biossegurança uma diversidade de opções pedagógicas, que a tornam
extremamente atrativa
● Como processo, porque é uma ação educativa, representada por um sistema
de ensino-aprendizagem, uma atividade que foca a aquisição de conteúdos e
habilidades, com o objetivo de preservação da saúde do Homem, das plantas,
dos animais e do meio ambiente
● Como conduta, como um somatório de conhecimentos, hábitos, comportamentos
e sentimentos, que devem ser incorporados ao homem, para que este desen-
volva, de maneira segura, sua atividade, estando incorporado à comunicação e
à percepção do risco nos diversos segmentos sociais.

Hinrichsen (2018) diz que a biossegurança passou a ter interfaces no gerencia-


mento de riscos e controle de infecções com os ambientes ocupacionais antes apenas
monitorados pela engenharia de segurança, medicina do trabalho, saúde do trabalhador
atuando de modo conjunto, e, em muitos casos, incorporando outras atividades, funcionan-
do realmente com interdisciplinaridade.
Ainda, a autora trata da chamada biossegurança assistencial, no sentido da pre-
venção dos riscos gerados pelos agentes químicos, físicos e ergonômicos, envolvidos em
processos nos quais o risco biológico se faz presente ou não, e complementa que a biosse-
gurança ainda não alcançou um status profissional como na engenharia de segurança do
trabalho e da medicina do trabalho, por exemplo.

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 7


SAIBA MAIS

Os símbolos da biossegurança representam, na realidade, o símbolo do risco biológico,


que foi desenvolvido pelo engenheiro Charles Baldwin, em 1956, a pedido dos Centers
for Disease Control (CDC) visando a uma padronização na identificação de agentes bio-
lógicos de risco e que não se alterasse com a posição da embalagem.

FIGURA - SÍMBOLOS DA BIOSSEGURANÇA

Fonte: Hinrichsen (2018).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 8


2. BIOSSEGURANÇA EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

Entre os ambientes tipicamente insalubres, podemos destacar os estabelecimentos


de saúde, em geral, pois propiciam a exposição de seus trabalhadores a riscos físicos,
químicos, fisiológicos, psíquicos, mecânicos e biológicos ligados ao desenvolvimento de
suas atividades, desse modo, os profissionais de saúde, em seu ambiente de trabalho,
estão expostos a inúmeros tipos de riscos (STAPENHORST et al., 2018).
Os profissionais da enfermagem em uma instituição de saúde, por exemplo, estão em
constante contato com substância e produtos químicos diversos, assim como os auxiliares
de limpeza e de lavanderia do local. A exposição à riscos não ocorre somente aos médicos.
Os riscos biológicos, ou seja, a exposição aos agentes biológicos, como bactérias,
fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros, geralmente são os mais estu-
dados nos casos dos profissionais de saúde, pois estes estão diretamente associados às
suas práticas (STAPENHORST et al., 2018).
O manuseio de material perfuro cortante está entre os maiores fatores de riscos
ocupacionais, sendo as infecções mais preocupantes causadas por esse tipo de acidente a
do vírus da AIDS, por exemplo, e também das hepatites B e C (STAPENHORST et al., 2018).
Assim como citado anteriormente, outros profissionais também podem ser vítimas
de acidentes biológicos, mesmo que não envolvidos diretamente com o paciente, como
por exemplo, os trabalhadores envolvidos com a coleta de lixo. Por isso, a importância de
se estabelecer políticas e diretrizes corretas para o manuseio e consequente descarte de
materiais.

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 9


Define-se infecção relacionada à assistência à saúde, segundo Hinrichsen (2018),
como toda e qualquer infecção adquirida em instituições hospitalares e unidade prestadora
de serviço assistencial à saúde após a internação do paciente e que se manifeste durante
a internação, ou mesmo após a alta, quando pode ser relacionada com a internação e/ou
com procedimentos invasivos.
No próximo tópico falaremos mais a respeito das infecções em ambientes hospita-
lares e os aspectos relacionados ao controle das mesmas.

REFLITA

Porque é tão difícil praticar a biossegurança?

Fonte: Mastroeni (2008).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 10


3. INFECÇÕES HOSPITALARES E O CONTROLE

O aumento do número de leitos e de internações gera maior convivência de pacien-


tes no hospital, e o consequente aumento de funcionários para atendimento do paciente
ou para a realização de atividades com maior rapidez, aumenta o risco de transmissão de
infecções de um doente para outro (HINRICHSEN, 2018).
Ainda, além da suscetibilidade individual a processos infecciosos, deve-se consi-
derar a existência de diversos fatores que contribuem para o aparecimento de infecções
relacionadas à assistência à saúde, as chamadas IrAS, em pacientes (HINRICHSEN, 2018).
Temos como exemplos:
● manipulação inadequada de substâncias específicas;
● falta de adoção de medidas preventivas na realização dos procedimentos;
● transmissão direta do microrganismo;
● estado clínico e/ou a suscetibilidade do hospedeiro.

A Lei Federal no 9.431, de 1997, regulamentada pela Portaria no 2.616, obriga os


hospitais a manter um programa de controle de IrAS, estabelecendo vigilância epidemioló-
gica para identificar ocorrências, determinar causas e possibilitar a proposição de medidas
administrativas coerentes e oportunas, obrigando também a se ter um controle dos proce-
dimentos invasivos, à aplicação efetiva de técnicas de limpeza, desinfecção, antissepsia,
esterilização e isolamento (HINRICHSEN, 2018).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 11


A responsabilidade do hospital é resguardar a integridade do paciente em tudo
que possa lhe trazer dano (HINRICHSEN, 2018). Sendo assim, deve estabelecer um
programa efetivo de prevenção e controle das infecções, haja vista que as vantagens
para tal são inquestionáveis, como por exemplo, a redução da morbidade, da mortalidade
e também dos custos.
Hinrichsen (2018) aborda que as IrAS podem ser endógenas, exógenas, cruzadas
e inter-hospitalares, conforme evidenciado no quadro abaixo.

QUADRO 1 - TIPOS DE INFECÇÃO

TIPO DE INFECÇÃO CARACTERÍSTICA

Verifica-se a partir de microrganismos do próprio paciente,


Endógena
geralmente imunodeprimido

Verifica-se a partir de microrganismos estranhos ao paciente,


sendo veiculada pelas mãos da equipe de saúde, nebuliza-
Exógena
ção, uso de respiradores, vetores, por medicamentos ou ali-
mentos contaminados

Transmitida de paciente para paciente, geralmente pelas


Cruzada
mãos da equipe de saúde.

Levada de um hospital para outro com a alta e subsequente


Intra-hospitalar
internação do mesmo paciente em diferentes hospitais

Fonte: Adaptado de Hinrichsen (2018).

Ainda, a autora destaca que para definir e classificar a origem do processo infec-
cioso relacionado à assistência à saúde é necessário identificar, em cada paciente, o que
o levou a adquirir a infecção, quais os fatores de risco preexistentes, quais os sintomas
e quando se iniciaram, quais os procedimentos realizados e se houve intercorrências e
qual o tipo de ferida cirúrgica. Toda uma conjuntura deve ser analisada para identificar o
processo e suas causas.
Apesar de todos os temas envolvidos e as particularidades de cada local exposto à
riscos, a higienização das mãos ainda é considerada o método mais importante na redução
da transmissão de doenças infectocontagiosas, sendo este um método individual simples e
barato para a prevenção (STAPENHORST ET AL., 2018).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 12


4. BIOSSEGURANÇA E VIAS DE TRANSMISSÃO

Neste tópico falaremos a respeito das vias de transmissão, no que diz respeito à
biossegurança. Segundo a Norma Regulamentadora nº 32, publicada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego pela Portaria MTE nº 485 em 11 de novembro de 2005, as vias de
transmissão podem ser divididas entre direta e indireta (NR 32 MTE, 2005).
A NR nº 32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implemen-
tação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de
saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em
geral (NR 32 MTE, 2005).
Segundo a NR nº 32, as vias de transmissão são definidas como o percurso feito
pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro, podendo ser de forma
direta, quando há a transmissão do agente biológico sem a intermediação de veículos ou
vetores, e de forma indireta, quando há transmissão por intermédio de algum veículo, ou
vetor (NR 32 MTE, 2005).
Como exemplos de transmissão direta podemos citar a transmissão por gotículas e
contato com a mucosa dos olhos, e como exemplos de transmissão indireta a transmissão pe-
las mãos, por meio de luvas, roupas, instrumentos perfurocortantes, água, entre outras formas.
Ainda, a NR nº 32 define também as vias de entrada, e é pertinente tratarmos tam-
bém neste tópico. As vias de entrada são definidas como tecidos ou órgãos por onde um
agente penetra em um organismo, podendo ocasionar uma doença. A entrada pode ser por
via cutânea (por contato direto com a pele), percutânea (através da pele), parenteral (por
inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com as mucosas,
por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão) (NR 32 MTE, 2005).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 13


5. ESTABELECIMENTO DE UM MEIO AMBIENTE BIOLOGICAMENTE SEGURO
E A EDUCAÇÃO PERMANENTE

Entre as estratégias para um trabalho mais seguro na área da saúde, destaca-se a


realização de ações de educação permanente visando à capacitação e à conscientização
dos profissionais. Treinamentos, seminários temáticos e reuniões clínicas devem ocorrer
de modo periódico.
Nesse novo cenário, a biossegurança passa a ser prioridade institucional, podendo
ser o primeiro caminho para se iniciar um processo de qualidade, em que o gerenciamento
de riscos é peça fundamental para a obtenção de uma excelência assistencial multidisciplinar.
Segundo Stapenhorst et al. (2018), há algumas medidas que contribuem para a
diminuição do risco de acidentes e/ou contaminação no ambiente:
● Manutenção do local de trabalho limpo e arrumado, evitando o armazenamento
de materiais não pertinentes ao trabalho;
● Limitação do acesso às áreas de risco e contaminadas;
● Utilização de óculos de segurança, visores ou outros equipamentos de proteção
facial sempre que houver risco de espirrar material infectante ou de ocorrer
contusão com algum objeto;
● Utilização de luvas sempre que houver manuseio de material biológico, trocá-las
ao trocar de material, não tocar o rosto com as luvas de trabalho, não tocar com
as luvas

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 14


● de trabalho em nada que possa ser manipulado sem proteção, tais como ma-
çanetas, interruptores, etc., e não descartar luvas em lixeiras de áreas adminis-
trativas, banheiros, entre outros;
● Não utilizar sapatos abertos;
● Cabelos compridos devem estar presos durante o trabalho;
● O uso de joias ou bijuterias deve ser evitado;
● Não transitar nos corredores com material patogênico, a não ser que este esteja
acondicionado conforme as normas de biossegurança;
● Não fumar, não comer e não beber no local de trabalho onde há qualquer agente
patogênico.

Segundo o Ministério da Saúde, há a necessidade urgente de se garantir a in-
corporação do tema “Riscos biológicos para trabalhadores da saúde” na formação dos
profissionais de saúde tanto de nível técnico quanto de nível superior e investir em ações
de educação permanente nos serviços de saúde (BRASIL, 2010).
No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir dos anos 80,
quando o Brasil tomou parte do Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança,
ministrado pela OMS, e a partir daí, deu-se início a uma série de cursos e debates, visando
acompanhar os avanços tecnológicos em biossegurança, como ocorreu em 1985, quando a
FIOCRUZ promoveu o primeiro curso de biossegurança no setor de saúde (BRASIL, 2010).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 15


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da Unidade I da apostila da disciplina de


Biossegurança. Esta unidade trouxe noções gerais sobre Biossegurança, seus principais
conceitos, definições e características e teve o intuito de contextualizar você, leitor(a), acer-
ca deste tema tão relevante para o curso.
Ressalto a importância de tal disciplina em nosso currículo, tendo em vista que,
como abordado no decorrer da unidade, tem enorme representatividade para os estabele-
cimentos de saúde e para o meio ambiente.
Retomando o que estudamos nesta unidade, inicialmente trabalhamos com os
conteúdos básicos e a terminologia aplicada à Biossegurança, expondo os conceitos e
definições pertinentes ao tema e também direcionado aos estabelecimentos de saúde.
Em outro tópico falamos sobre infecções hospitalares e o controle das mesmas,
além dos aspectos relacionados ao estabelecimento de um meio ambiente biologicamente
seguro, com foco na educação permanente no contexto da Biossegurança.
O conhecimento de conceitos relativos à biossegurança e suas interfaces no
processo assistencial do cuidado do paciente e mesmo para os prestadores de serviços
assistenciais interrelacionados tem sido uma estratégia implementada pelas instituições
que buscam qualidade em todas as etapas de suas atividades.
Na Unidade II trabalharemos com a normatização relacionada à Biossegurança, os
órgãos responsáveis e o amparo legal para tal tema.

Bons estudos!

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 16


LEITURA COMPLEMENTAR

A DIFÍCIL TAREFA DE PRATICAR A BIOSSEGURANÇA

Nesta leitura complementar, Marco Fabio Mastroeni trata sobre a educação em


biossegurança, em meio à uma sociedade em que várias pessoas ainda seguem a cultura
de fazer a forma mais “fácil” ao invés da correta.
O autor relata que a preocupação com os efeitos provocados pelo contato com
atividades biológicas, químicas e físicas é uma característica antiga da humanidade, mas
então porque é tão difícil praticar a biossegurança?
Certamente esta resposta está relacionada a diversas características, entre as
quais destacam-se a idade, a cultura, a responsabilidade, a cobrança, a cidadania e, prin-
cipalmente, a educação.
O que fazer para conscientizar as atuais e próximas gerações de profissionais
de saúde? Uma das respostas a essas perguntas está relacionada a treinamento, pois
sabidamente a principal causa de acidentes é o próprio ser humano. Não basta construir
laboratórios com equipamentos adequados de última geração e disponibilizar material de
segurança sem investir em educação e treinamento, os quais devem ser considerados
instrumentos contínuos, e não temporários.
A visão impressa na educação deve ser coletiva, e jamais individual. Muitos aciden-
tes acontecem devido a erros de outros indivíduos, como colegas de trabalho desatentos,
profissionais recém contratados sem experiência e atividades executadas por estagiários
sem orientação e treinamento. Cursos e treinamentos em biossegurança são fundamentais
para se aprimorar a segurança em atividades da saúde, mas são insuficientes quando o
colega que trabalha ao lado não executa suas tarefas de forma segura.
Não há como impor ao colega atualizar-se no quesito segurança, mas cabe a cada
um, seja proprietário, chefe, coordenador, pesquisador, técnico, aluno ou estagiário mostrar
que a forma correta deve prevalecer sobre a forma mais fácil, sempre.
O autor fecha a sua ideia com o seguinte apontamento:
A maior proteção que qualquer instituição pode oferecer a um trabalhador são a
informação e o treinamento. A educação em biossegurança deve ser iniciada nas escolas,
principalmente no ensino médio. Criando-se uma cultura de prevenção na base do conheci-
mento, a mesma será repassada com facilidade às próximas gerações. Vale a pena investir
em prevenção visto que, mesmo quando o acidente não causa dano físico permanente, o
dano psicológico permanece.

Fonte: Mastroeni (2008).

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 17


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biossegurança
Autor: Amanda Stapenhorst, Érica Ballestreri, Fernanda Stape-
nhorst e Ana Paula Aquistapase Dagnio.
Editora: Sagah.
Sinopse: Este livro traz a história e a legislação da biossegurança,
em âmbitos internacional e nacional, explica sobre os possíveis
riscos existentes em um laboratório, sejam eles físicos, químicos,
biológicos ou ergonômicos, como os riscos de acidentes. A obra
também apresenta os organismos geneticamente modificados, os
níveis de biossegurança em laboratórios – medidas de segurança,
equipamentos de proteção individual e coletiva.

FILME/VÍDEO
Título: O Contágio
Ano: 2011
Sinopse: A comunidade médica mundial inicia uma corrida con-
tra o tempo no longa Contágio. Isso porque um vírus altamente
transmissível se espalha pelo ar, multiplicando rapidamente os
contagiados que morrem em poucos dias, sem chances de cura.
Mais rápido do que o vírus, o pânico toma conta de toda população
que luta para sobreviver numa sociedade que está desmoronando.

UNIDADE I Noções Gerais de Biossegurança 18


UNIDADE II
Amparo Legal e Órgãos Responsáveis
pela Normatização
Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara

Plano de Estudo:
● Conceito, objetivo e aplicabilidade;
● Legislação Brasileira de Biossegurança;
● Validação de equipamentos de segurança;
● Órgãos responsáveis pela normatização e controle.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as normas legais relacionadas à biossegurança;
● Tratar sobre os equipamentos de segurança;
● Tratar sobre a legislação brasileira referente à biossegurança;
● Entender a importância dos órgãos responsáveis pela
normatização e controle.

19
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à Unidade II da nossa apostila, etapa


em que continuaremos nossa jornada na disciplina de Biossegurança. Nesta unidade, em
específico, trataremos sobre o amparo legal e os órgãos responsáveis pela normatização.
Esta unidade é de total relevância para você, leitor(a), visto que é um assunto
importante em nosso meio, e que possui influência para a população brasileira como um
todo, principalmente para a área da saúde. A unidade tem como principal objetivo a contex-
tualização do(a) aluno(a) à legislação pertinente ao assunto.
Inicialmente abordaremos os conceitos básicos, objetivos e as condutas e normas
aplicadas à Biossegurança, expondo as particularidades do tema. Em seguida, trataremos
da Legislação Brasileira de Biossegurança, Qualidade e Biossegurança.
Ainda, falaremos sobre a Legislação na esfera Nacional, Estadual, Municipal e Inter-
nacional sobre o conteúdo. Por fim, sobre a validação de equipamentos de segurança, além
de destacar os órgãos responsáveis pela normatização e controle, fechando a Unidade II.
Teremos, portanto, uma unidade com diversos temas relacionados à legislação
específica do estudo da Biossegurança, fundamentais para o entendimento e contexto do
assunto.
Bons estudos!

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 20


1. CONCEITO, OBJETIVO E APLICABILIDADE

Iniciando aqui nossa Unidade II, falaremos a respeito principalmente do objetivo


e da aplicabilidade da Biossegurança, tendo em vista que na Unidade I abordamos os
conceitos iniciais do tema.
Hinrichsen (2018) destaca que nos últimos anos a biossegurança vem ocupando
um importante espaço e de destaque dentro das instituições de saúde que desenvolvem
políticas e programas de acreditação/qualidade e controle de riscos de maneira sistemática
e efetiva, e faz com que a biossegurança passe a ser prioridade institucional, funcionando
como um primeiro passo para iniciar um processo de qualidade, na qual o gerenciamento de
riscos é peça fundamental para a obtenção de uma excelência assistencial multidisciplinar.
Como vimos, a importância da biossegurança vai além dos preceitos e normas
estabelecidos, e passa a ser também relevante para uma estratégia das instituições de
saúde que buscam qualidade em todos os sentidos dentro da organização, visto que o co-
nhecimento e aplicabilidade da biossegurança pode trazer benefícios já citados na Unidade
I do nosso material.
Ainda, Hinrichsen (2018) afirma que a biossegurança é percebida muito mais em
nível de saúde do trabalhador e prevenção de acidentes, ou seja, muito mais voltada à se-
gurança ocupacional frente aos riscos tradicionais do que aqueles que envolvem tecnologia
de DNA recombinante, e seu foco tem se voltado para os processos e riscos tradicionais,
representando uma ferramenta fundamental para que os profissionais exerçam suas ativi-
dades com segurança individual e planetária, com foco em processos de trabalho e não
somente no controle de riscos.

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 21


Deste modo, abordamos que a biossegurança ganha ainda mais destaque nas ins-
tituições de saúde e na comunidade como um todo. Mas, no próximo tópico, abordaremos
a legislação brasileira pertinente à biossegurança, buscando resgatar como se deu início a
esse assunto tão importante para os cidadãos em solo brasileiro.

REFLITA

Você sabe qual dia é comemorado o Dia Internacional da Biossegurança?

Fonte: o autor.

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2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DA BIOSSEGURANÇA

Os dispositivos legais sobre biossegurança no Brasil passaram por avanços bas-


tante significativos. No nosso país, a legislação de biossegurança, Lei nº 8.974/95, foi uma
adaptação da legislação europeia às necessidades da realidade brasileira (STAPENHORST
et al., 2018), estabelecendo as normas de segurança e os mecanismos de fiscalização do
uso das técnicas de engenharia genética na construção, no cultivo, na manipulação, no
transporte, na comercialização, no consumo, na liberação e no descarte dos OGMs e de
seus derivados (BRASIL, 1995).
A Lei nº 8.974/95 foi revogada e substituída pela Lei nº 11.105, de 24 de março de
2005. Nesta atualização, as medidas continuam se adequando ao cenário internacional
em relação aos transgênicos, e, mesmo com perspectivas comerciais relevantes para o
crescimento econômico, foi necessário implementar outros instrumentos que auxiliassem o
Estado a reordenar as normas vigentes sobre o tema, bem como mecanismos mais claros
de fiscalização dos OVMs (BARSANO et al., 2020).
Também, a partir da Lei nº 11.105, criou-se o Conselho Nacional de Biossegurança
(CNBS) e reestruturou-se a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Além
disso, determinou-se à CNBS o desenvolvimento de uma Política Nacional de Biossegurança.
Mas, precisamos explicar antes o que é a CTNBio. É uma instância colegiada multi-
disciplinar, criada através da lei nº 11.105, cuja finalidade é prestar apoio técnico consultivo

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 23


e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Po-
lítica Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem como no estabelecimento de normas
técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos
organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, expe-
rimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento,
liberação e descarte de OGM e derivados.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança conta com uma Secretaria-Execu-
tiva e cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia a prestação do apoio técnico e adminis-
trativo, incluindo como atribuições:
I. prestar apoio técnico e administrativo aos membros da CTNBio;
II. receber, instruir e fazer tramitar os pleitos submetidos à deliberação da CTNBio;
III. encaminhar as deliberações da CTNBio aos órgãos governamentais responsá-
veis pela sua implementação e providenciar a devida publicidade;
IV. atualizar periodicamente o Sistema de Informações em Biossegurança - SIB;
V. fazer uma análise preliminar dos documentos encaminhados à CTNBio, verifi-
cando o atendimento às exigências contidas em suas Resoluções Normativas;
VI. avaliar requerimentos de pessoas jurídicas para a obtenção do Certificado de
Qualidade em Biossegurança - CQB, manifestando- se no prazo de trinta dias,
a contar da data do recebimento, sobre a documentação oferecida, formulando
as exigências que julgar necessárias;
VII. encaminhar os pleitos enviados à CTNBio, para análise técnica das Subco-
missões Setoriais Permanentes;
VIII. acompanhar a implementação da regulamentação de que trata as disposições
legais em vigor e as normas específicas baixadas pela CTNBio, tomando as
providências necessárias para assegurar sua execução;
IX. analisar, consolidar em relatórios e submeter à CTNBio informações sobre o
acompanhamento técnico, físico e financeiro do seu funcionamento;
X. elaborar e encaminhar à CTNBio, para apreciação e aprovação, a Programação
Anual de Atividades da Comissão, estabelecida mediante propostas encami-
nhadas pelas Subcomissões Setoriais Permanentes;
XI. propor à CTNBio as revisões da Programação Anual de Atividades que se fize-
rem necessárias;
XII. elaborar relatório anual de atividades, submetê-lo à CTNBio e proceder a sua
divulgação;

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 24


XIII. preparar as reuniões da CTNBio e das Subcomissões Setoriais Permanentes
e das audiências públicas, elaborar e distribuir atas das reuniões, bem como
providenciar o necessário apoio administrativo à CTNBio e às SSPs;
XIV. encaminhar aos membros da CTNBio e às SSPs convocação para as reuniões,
com a respectiva pauta e matérias a serem objeto de exame e discussão, com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias corridos para as reuniões ordinárias e
5 (cinco) dias corridos para as extraordinárias;
XV. providenciar o pagamento de despesas de transporte, alimentação e hos-
pedagem para os membros e para as pessoas convidadas pela CTNBio para
participarem de suas reuniões;
XVI. exercer outras atividades que lhe sejam atribuídas pela CTNBio.

SAIBA MAIS

O Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) é um órgão de assessoramento supe-


rior da Presidência da República, criado por meio da Lei n° 11.105, de 24 de março de
2005, constituído de 11 Ministros de Estado, com o objetivo de formular e implementar
a Política Nacional de Biossegurança – PNB.
Compõem o CNBS o Ministro de Estado da Casa Civil, que o preside, o Ministro da
Justiça, o Ministro da Ciência e Tecnologia, o Ministro do Desenvolvimento Agrário, o Mi-
nistro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministro da Saúde, o Ministro do Meio
Ambiente, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministro das
Relações Exteriores, o Ministro da Defesa e o Secretário de Aquicultura e Pesca.
O CNBS tem como atribuições: fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa
dos órgãos e entidades federais com competência sobre a matéria; analisar, a pedido da
CTNBio, quanto aos aspectos de conveniência e oportunidade socioeconômicas e do in-
teresse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados;
avocar e decidir, em última e definitiva instância, quando julgar necessário, sobre os pro-
cessos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados;
apreciar recurso dos órgãos de fiscalização e registro em relação a decisão da CTNBio.

Fonte: CIBio - UFSC (2021).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 25


Em 19 de fevereiro de 2002, foi criada a Comissão de Biossegurança em Saúde
(CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o objetivo de definir estraté-
gias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações de biossegurança, procurando
sempre o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições que lidam com
os temas (STAPENHORST et al., 2018).
Segundo a Lei de Biossegurança, citada nos parágrafos anteriores deste tópico,
compete aos órgãos de fiscalização do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura
e do Ministério do Meio Ambiente a fiscalização e a monitorização das atividades com
OGMs, no âmbito de suas competências, bem como a emissão de registro de produtos
contendo OGMs ou derivados a serem comercializados ou liberados no meio ambiente
(STAPENHORST et al., 2018).
Além de garantir o respeito ao direito do consumidor, essa legislação abre a dis-
cussão para vários outros pontos importantes relacionados à padronização de aspectos
de segurança, representando, portanto, um importante marco para a padronização dos
procedimentos de segurança e para a prevenção de riscos (STAPENHORST et al., 2018).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 26


3. VALIDAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA

Após falarmos da legislação geral no tópico anterior, trataremos agora sobre outro
assunto muito importante para a disciplina de Biossegurança: os equipamentos de segu-
rança e proteção individual e coletiva, e quais as normativas relacionadas ao tema.
Em ambientes hospitalares e também laboratoriais, as substâncias ou os organismos
manuseados e os tipos de equipamentos operados podem resultar em acidentes, como por
exemplo, intoxicações, envenenamentos, queimaduras térmicas e químicas, contaminação
por agentes biológicos, incêndios, explosões e outros. Esses acidentes podem ser evitados
ou minimizados pelo uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) de
forma correta (HIRATA et al., 2017).
O funcionamento dos equipamentos de proteção coletiva (EPC) deve ser verificado
periodicamente. Além disso, devem ser selecionados equipamentos de proteção individual
(EPI) de boa qualidade, e que possuam certificados de aprovação do Ministério do Trabalho
e Emprego (HIRATA et al., 2017).
Esses equipamentos têm como objetivo proteger o trabalhador nas operações que
oferecem riscos de exposição a produtos químicos ou biológicos perigosos e situações de
acidentes com perfurocortantes. Os equipamentos de proteção individual (EPI) são, portanto,
destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador (HIRATA et al., 2017).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 27


Barsano et al. (2020) tratam sobre as medidas de prevenção e controle, pertinentes
a serem trabalhadas neste tópico. Os autores as separam em:
● Administrativas
● Coletivas
● Individuais

As medidas administrativas são as primeiras iniciativas a serem tomadas, sem as


quais não há como delegar direitos e obrigações a serem cumpridos. Os autores citam
algumas medidas a serem tomadas:
● ordens de serviços, pareceres e instruções técnicas implantadas;
● restrições impostas pelo empregador na entrada e na saída de locais de risco;
● procedimentos de trabalho e execução de serviços;
● preceitos de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

Quanto às medidas coletivas, estas devem ser priorizadas em relação às indivi-


duais, isso porque, além de envolver um número maior de pessoas, seus procedimentos e
dispositivos, quando não eliminam totalmente os riscos, reduzem de maneira significativa
sua ocorrência (BARSANO et al., 2020).
As medidas de prevenção coletiva devem ter como objetivos a proteção dos traba-
lhadores internos, mas também de toda a comunidade envolvida, o que na Biossegurança
é essencial, pois os riscos biológicos impõem a dificuldade adicional de não serem visíveis
(BARSANO et al., 2020).
A Norma Regulamentadora NR6, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
considera como equipamento de proteção individual (EPI), “todo dispositivo ou produto,
de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. Ainda, esta norma também trata sobre um
aspecto muito importante nesse contexto, relacionado à CIPA, na qual trataremos mais
especificamente na unidade IV.
Segundo a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, o art. 166:
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipa-
mento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos empregados (BRASIL, 1977).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 28


Porém, apesar de as medidas de prevenção administrativa, coletiva e individual na
Segurança do Trabalho serem adotadas de uma forma sequencial preestabelecida, nota-se
que, na Biossegurança, a sua integração deve ser total para a eficácia do controle dos
riscos com micro-organismos (BARSANO et al., 2020).
Como o foco desta unidade é tratar sobre a normatização e legislação envolvendo a
Biossegurança, apresentamos neste tópico as principais normativas e um pouco a respeito
dos equipamentos de segurança. Na unidade IV, trataremos destes equipamentos com
mais especificidade.

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 29


4. ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA NORMATIZAÇÃO E CONTROLE

No segundo tópico desta unidade, já trouxemos alguns órgãos responsáveis pela


normatização e controle da Biossegurança, como por exemplo, o Conselho Nacional de
Biossegurança (CNBS) e reestruturou-se a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio). Mas também é relevante tratarmos do Ministério da Saúde, que desempenha
importante papel na área de biossegurança em suas diversas dimensões (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2019).
O Ministério da Saúde instituiu, em 2003, a Comissão de Biossegurança em Saúde
– CBS, por meio da Portaria GM/MS n° 1.683 de 28 de agosto, disposta atualmente no
Título II, Capítulo VI da Portaria de Consolidação GM/MS n°1 de 28 de setembro de 2017
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
Esta Comissão tem a missão de coordenar a elaboração e a formulação de diretri-
zes e normas de biossegurança no âmbito do Ministério da Saúde e estimular a integração
de ações dos diversos entes do Sistema Único de Saúde - SUS, nas questões de biosse-
gurança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
Ainda, essa comissão também colabora com instituições que visam o desenvol-
vimento e fortalecimento de ações em biossegurança, tais como instituições acadêmicas,
centros de pesquisa e desenvolvimento, laboratórios oficiais, órgãos nacionais e internacio-
nais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
Considerando as atividades concernentes às diretrizes e normas de biosseguran-
ça, a CBS coordena a elaboração das Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção dos
Agentes Biológicos e da lista de Classificação de Risco dos Agentes Biológicos (MINISTÉ-
RIO DA SAÚDE, 2019).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 30


Ainda, fazem parte das principais atribuições da Comissão de Biossegurança em
Saúde (CBS):
I. participar, nos âmbitos nacional e internacional, da elaboração e reformulação
de normas no âmbito da biossegurança;
II. proceder ao levantamento e à análise das questões referentes à biossegurança,
visando identificar seus impactos e suas correlações com a saúde humana;
III. propor estudos para subsidiar o posicionamento do Ministério da Saúde na
tomada de decisões sobre temas relativos à biossegurança;
IV. subsidiar representantes do Ministério da Saúde nos grupos interministeriais
relacionados ao assunto, inclusive na Comissão Técnica Nacional de Biossegu-
rança - CTNBio;
V. enviar aos órgãos e entidades deste Ministério os relatórios finais e encaminha-
mentos resultantes de suas atividades;
VI. propiciar debates públicos sobre biossegurança, por intermédio de reuniões e
eventos abertos à comunidade.

A cada dois anos, a comissão atualiza a lista de Classificação de Risco dos Agentes
Biológicos que é uma publicação normativa de referência nacional para instituições públicas
e privadas que desenvolvem atividades com agentes biológicos de risco, especialmente os
da área da saúde, visando assegurar a informação necessária para orientar medidas de
biossegurança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
O Ministério da Saúde também trata de outra atribuição de biossegurança, não me-
nos importante, que cabe ser destacada e é de responsabilidade da SCTIE/MS, decorrente
do Decreto nº 6.925, de 6 de agosto de 2009 e do Decreto nº 5.705, de 16 de fevereiro de
2006, que promulgou o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre
Diversidade Biológica.
Pelo Decreto nº 6.925, de 6 de agosto de 2009, o Ministério da Saúde foi desig-
nado como uma das Autoridades Nacionais Competentes para implementar o Art. 19 do
Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre Diversidade Biológica
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019), decreto este que falaremos mais a respeito na leitura
complementar desta unidade.
Os integrantes da CBS desempenham papel estratégico na articulação, consolida-
ção e fortalecimento da biossegurança e bioproteção no âmbito do Ministério da Saúde e
no país, sobretudo, contribuem para os importantes avanços em qualidade e segurança na
área da saúde no Brasil. E é nesse sentido que a CBS tem pautado suas ações, incluindo
a realização de eventos anuais de biossegurança e bioproteção, com foco na melhoria da
capacidade de biossegurança e bioproteção em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 31


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da Unidade II da apostila da disciplina


de Biossegurança. Esta unidade trouxe a legislação relativa ao assunto, evidenciando as
normativas e leis relevantes.
Retomando o que estudamos nesta unidade, inicialmente trabalhamos com os
objetivos básicos e a aplicabilidade da Biossegurança, e no segundo tópico efetivamente
foram trabalhadas as normativas necessárias, tratando principalmente da Lei nº 8.974/95,
que foi revogada e substituída pela Lei nº 11.105, chamada Lei da Biossegurança.
Neste tópico, também foi importante abordar a Comissão Técnica Nacional de Bios-
segurança (CTNBio), que possui papel fundamental e que surgiu a partir das Leis citadas
anteriormente.
Na sequência, foi abordado o assunto relacionado aos equipamentos de segurança
e, é claro, a importância que possuem no cotidiano dos trabalhadores, sempre focando
nas normativas dos respectivos assuntos, para em sequência, na unidade IV, retomar esse
assunto com mais especificidade.
Para fechar a unidade II, foi tratado a respeito dos órgãos responsáveis pela nor-
matização e controle, e como alguns já haviam sido mencionados no tópico 2 da unidade,
foi dado foco à Comissão de Biossegurança em Saúde – CBS.
Na Unidade III trabalharemos com a Biossegurança e a saúde ambiental.

Bons estudos!

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 32


LEITURA COMPLEMENTAR

PROTOCOLO DE CARTAGENA SOBRE BIOSSEGURANÇA

Nesta leitura complementar, vamos trabalhar com esse importante protocolo: Pro-
tocolo de Cartagena sobre Biossegurança.
Em 29 de janeiro de 2000, a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversi-
dade Biológica (CDB) adotou seu primeiro acordo suplementar conhecido como Protocolo
de Cartagena sobre Biossegurança. Este Protocolo visa assegurar um nível adequado de
proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos
vivos modificados (OVMs) resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos
adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta
os riscos para a saúde humana, decorrentes do movimento transfronteiriço.
O Protocolo entrou em vigor em 11 de setembro de 2003, noventa dias após a en-
trega do 50º instrumento de ratificação. Até junho de 2006, 132 instrumentos de ratificação
já haviam sido depositados na Secretaria Geral das Nações Unidas.
A adoção do Protocolo pelos Países-Partes da Convenção constitui-se em um
importante passo para a criação de um marco normativo internacional que leva em conside-
ração as necessidades de proteção do meio ambiente e da saúde humana e da promoção
do comércio internacional. Cria uma instância internacional para discutir os procedimentos
que deverão nortear a introdução de organismos vivos modificados em seus territórios e
estabelece procedimento para um acordo de aviso prévio para assegurar que os países
tenham as informações necessárias para tomar decisões conscientes antes de aceitarem
a importação de organismos geneticamente modificados (OGMs) para seu território.. Neste
contexto, cabe salientar que o Protocolo incorpora em artigos operativos o Princípio da
Precaução, um dos pilares mais importantes desse instrumento e que deve nortear as
ações políticas e administrativas dos governos.
O Protocolo reflete o equilíbrio entre a necessária proteção da biodiversidade e
a defesa do fluxo comercial dos OVMs. Instrumento essencial para a regulação do co-
mércio internacional de produtos transgênicos em bases seguras. Trata-se, portanto, de
um instrumento de direito internacional que tem por objetivo proteger os direitos humanos
fundamentais, tais como a saúde humana, a biodiversidade e o equilíbrio ecológico do meio
ambiente, sem os quais ficam prejudicados os direitos à dignidade, à qualidade de vida, e
à própria vida, direitos consagrados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas, de 1948.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:https://antigo.mma.gov.br/
biodiversidade/conven%C3%A7%C3%A3o-da-diversidade-biol%C3%B3gica/protocolo-de-
-cartagena-sobre-biosseguranca.html

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 33


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biossegurança.
Autor: Amanda Stapenhorst, Érica Ballestreri, Fernanda Stape-
nhorst e Ana Paula Aquistapase Dagnio.
Editora: Sagah.
Sinopse: Este livro traz a história e a legislação da biossegurança,
em âmbitos internacional e nacional, explica sobre os possíveis
riscos existentes em um laboratório, sejam eles físicos, químicos,
biológicos ou ergonômicos, como os riscos de acidentes. A obra
também apresenta os organismos geneticamente modificados, os
níveis de biossegurança em laboratórios – medidas de segurança,
equipamentos de proteção individual e coletiva.

FILME/VÍDEO
Título: Patch Adams – O Amor é Contagioso
Ano: 1998
Sinopse: Em 1969, após tentar se suicidar, Hunter Adams (Robin
Williams) voluntariamente se interna em um sanatório. Ao ajudar
outros internos, descobre que deseja ser médico, para poder ajudar
as pessoas. Deste modo, sai da instituição e entra na faculdade
de medicina. Seus métodos poucos convencionais causam ini-
cialmente espanto, mas aos poucos vai conquistando todos, com
exceção do reitor, que quer arrumar um motivo para expulsá-lo,
apesar dele ser o primeiro da turma.

UNIDADE II Amparo Legal e Órgãos Responsáveis pela Normatização 34


UNIDADE III
Biossegurança e Saúde Ambiental
Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara

Plano de Estudo:
● Biossegurança e a sustentabilidade, saúde ambiental no
contexto atual e novas perspectivas;
● Biossegurança e Biosseguridade.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender e enfatizar a importância que a biossegurança
possui para a sustentabilidade;
● Compreender a importância do controle sanitário para a
alimentação e saúde da população;
● Trabalhar a relação existente entre a Biossegurança e Biosseguridade.

35
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à Unidade III da nossa apostila,


penúltima unidade da nossa jornada na disciplina de Biossegurança. Nesta unidade, em
específico, trataremos sobre a Biossegurança e a Saúde Ambiental.
Este tema geral é de muita relevância para o conteúdo, e como já mencionamos
anteriormente, a biossegurança tem papel importantíssimo na saúde ambiental e na sus-
tentabilidade perante à sociedade e, portanto, o foco principal desta unidade é tratar sobre
essa relação.
A unidade se divide em dois tópicos. No primeiro deles, o assunto principal: susten-
tabilidade. O tópico visa relacionar a biossegurança com a sustentabilidade, identificando o
papel da biossegurança neste contexto, visto a importância que destacamos para o assunto
nas duas unidades anteriores.
A biossegurança tem seu papel na gestão ambiental, e é por esse motivo que
nossa disciplina trabalha com esse assunto. Ainda, no mesmo tópico, abordaremos ao final
as doenças emergentes e reemergentes.
Em seguida, no segundo e último tópico, faremos a relação da biossegurança
com a biosseguridade. Além de relacionar os assuntos, o intuito é também trazer a dife-
rença entre os termos, haja vista que, muitas das vezes, são tratados como sinônimos
(de forma equivocada).
Teremos, portanto, uma unidade com foco na saúde ambiental e na biodiversidade,
evidenciando a relação com a biossegurança.

Bons estudos!

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 36


1. BIOSSEGURANÇA E SUSTENTABILIDADE, SAÚDE AMBIENTAL NO
CONTEXTO ATUAL E NOVAS PERSPECTIVAS

Neste primeiro tópico da unidade III, trataremos a respeito deste assunto tão im-
portante para a população e a sua relação com a biossegurança. Estamos falando aqui da
sustentabilidade. As unidades I e II já nos trouxeram bastante coisa a respeito desta relação,
porém, nesta unidade em específico, falaremos mais a fundo acerca deste conteúdo.
A biossegurança é primordial para a proteção da vida humana e do meio ambiente,
sendo esta uma área que ajuda a diminuir os riscos de contaminação, tanto de pessoas
quanto dos recursos naturais envolvidos.
Está relacionada às ações que devem ser tomadas para proteção da vida tanto dos
pacientes quanto dos profissionais, principalmente por pessoas que atuam na área da saú-
de, em hospitais, laboratórios etc. São procedimentos essenciais para prevenir infecções e
também contaminações, como por exemplo, a correta esterilização de instrumentos.
Mas a preocupação com a biossegurança vai além dos locais relacionados à área
da saúde, como foram citados os hospitais e laboratórios. Outros locais também devem
estar atentos à biossegurança, como por exemplo, empresas que lidam com tecnologia e
com a manipulação de elementos químicos. Indústrias e universidades fazem parte desse
grupo, na qual deve ter preocupação constante com a biossegurança, visando a proteção
do meio ambiente.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 37


Para tal, órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, estão
atentos aos cuidados tomados pelas empresas que lidam com a manipulação de materiais
biológicos e de organismos geneticamente modificados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, foi criada pela Lei nº 9.782, de
26 de janeiro 1999. Trata-se de uma autarquia sob regime especial, com sede no Distrito
Federal, presente em todo o Brasil por meio das coordenações de portos, aeroportos, fron-
teiras e recintos alfandegados (ANVISA, 2021).
A finalidade da autarquia é promover a proteção da saúde da população, por meio
do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância
sanitária, incluindo ambientes, processos, insumos e tecnologias a eles relacionados, além
do controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados (ANVISA, 2020).
Temos ainda que falar do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), na qual
compete realizar as atividades de vigilância sanitária no Brasil, que é vinculado ao Sistema
Único de Saúde (SUS) e atua de maneira integrada e descentralizada em todo o território
brasileiro (PORTAL RESÍDUOS SÓLIDOS, 2014).
Dentro do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, a Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária tem a responsabilidade de coordenar o sistema e atua em questões de âmbito
federal, guiando e coordenando a execução de ações sanitárias em todo o Brasil (PORTAL
RESÍDUOS SÓLIDOS, 2014).
Deste modo, a biossegurança se relaciona com a gestão ambiental, área que atua
no controle e no planejamento da segurança do meio ambiente. Para que substâncias não
prejudiquem o meio ambiente, contaminando rios e matas, é extremamente necessário o
bom planejamento do descarte de tais resíduos.
Conforme tratam Rocha et al. (2012) as mudanças que vêm atingindo o mundo
moderno acontecem em uma velocidade tremenda, e que se torna difícil de acompanhar e
explicar. As alterações provocadas por elas não só afetam os modelos produtivos, em sua
forma de criar e fazer circular mercadorias, como atingem a sociedade, no modo de viver
dos indivíduos e na própria cultura.
A globalização, que estimula a busca pela valorização do capital e a ampliação, por
parte dos países capitalistas, de novos mercados consumidores. Porém, além disso, vem
causando efeitos predatórios no meio ambiente como a contaminação do ar atmosférico,
da água e do solo, caracterizando situações de risco que ultrapassam os limites produtivos
e afetam a população (ROCHA et al., 2012).

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 38


As preocupações listadas se inserem na trajetória da construção do campo do co-
nhecimento científico a que hoje se enquadra no campo da Biossegurança, que tem como
foco a busca pelo controle dos riscos que o trabalho e o desenvolvimento tecnológico e
científico que podem aportar à natureza e à vida no planeta (ROCHA et al., 2012).

SAIBA MAIS

O Dia Mundial da Saúde é celebrado em 7 de abril. O principal objetivo desta data é


conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da saúde para ter uma
melhor qualidade de vida.
Anualmente, o Dia Mundial da Saúde é destinado a discutir um tema específico que
representa uma prioridade na agenda internacional da Organização Mundial da Saúde
– OMS. Em 2018, o tema escolhido foi “Saúde para todos”, o que resumiu o objetivo da
OMS ao longo dos seus 70 anos de existência.
Em 2017, o tema do Dia Mundial da Saúde foi a Depressão. Nesta ocasião, o lema ofi-
cial do evento Let ‘s Talk (“Vamos Conversar”, em português), teve como objetivo cons-
cientizar as pessoas sobre a necessidade de ter conhecimentos que ajudem a prevenir
esta doença, a qual pode trazer diversas consequências graves.
Todos os assuntos debatidos durante o Dia Mundial da Saúde são prolongados ao longo
de todo o ano, através de atividades e palestras instrutivas e educacionais, por exemplo.
No Brasil, o debate sobre melhores condições de saúde também é pauta de outras da-
tas especiais, como o Dia Nacional da Saúde (5 de agosto) e o Dia da Saúde e Nutrição
(31 de março).
O Dia Mundial da Saúde foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em
1948, devido a preocupação de seus integrantes em manter o bom estado de saúde das
pessoas em todo o mundo, e também alertar sobre os principais problemas que podem
atingir a população mundial.
Oficialmente, o Dia Mundial da Saúde é comemorado em 7 de abril desde 1950.De
acordo com o conceito definido pela OMS, “a saúde é um estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.

Fonte: Calendarr (2021).

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 39


Os conceitos de sustentabilidade e ambiente estão presentes nos discursos atuais
sobre preservação ambiental e equidade social, e vêm sendo alvo de polêmicos debates, par-
ticularmente no âmbito acadêmico, em razão do envolvimento de aspectos tão contraditórios
em um único pretenso projeto, o da construção da sustentabilidade (ROCHA et al., 2012).
Assim, para a Biossegurança tem sido atribuída a função de garantir a integridade
ambiental a partir de medidas técnicas e legais de monitoramento e fiscalização dos pro-
cessos de intervenção no meio ambiente (ROCHA ET AL., 2012), medidas que falamos
até aqui em todo nosso material. Essa atribuição incorpora à Biossegurança a proposta de
sustentabilidade relativa ao atendimento às demandas políticas e econômicas.

1.1 Biossegurança, ambiente e os riscos da emergência e reemergência de doenças
Os conceitos de doenças emergentes e reemergentes foram sendo construídos
ao longo das últimas décadas, a partir de preocupações com o aparecimento de doenças
como a AIDS, dengue, e com o aumento da resistência de agentes patogênicos a drogas e
pesticidas (ROCHA et al., 2012).
Uma doença emergente refere-se a uma doença infecciosa, uma doença nova
ou que foi recentemente identificada com um repentino aparecimento de casos, já uma
doença reemergente é a doença infecciosa conhecida (e geralmente controlada), que
por algum motivo mudou o seu padrão epidemiológico, também havendo um aumento
repentino de casos.

REFLITA

Você, leitor(a), consegue refletir sobre um exemplo atual de doença emergente? E de


uma doença reemergente?

Fonte: o autor.

As ações propostas pela Biossegurança contribuem para o controle do risco de


disseminação das doenças emergentes e reemergentes, na medida em que, ainda que
não seja possível prever o momento exato do aparecimento de um determinado agravo,
é possível avaliar o risco de sua introdução, em tempo de serem aplicadas medidas de
prevenção, ou ações de enfrentamento de seus possíveis danos.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 40


2. BIOSSEGURANÇA E BIOSSEGURIDADE

Neste segundo tópico da unidade III, faremos a relação da biossegurança com a


biosseguridade. Outro assunto importantíssimo para o tema geral da nossa disciplina.
Os objetivos da Biosseguridade e da Biossegurança para os laboratórios são a re-
dução do risco, descrevendo princípios, técnicas e práticas que devem ser implementadas,
porém possuem focos diferenciados (CARDOSO et al., 2012).
Enquanto a Biossegurança tem como foco a proteção das pessoas, do meio am-
biente e das instalações contra impactos adversos, a Biosseguridade tem como foco a
proteção física dos locais, além de instalações a materiais contra perdas, invasões ou uso
inadvertido de material biológico (CARDOSO et al., 2012).
Especificamente na aplicação da Biosseguridade, a maioria dos estudos se situa
no âmbito do controle de risco e monitoramento das doenças de origem animal, com ocor-
rências no processo de produção de alimentos, especialmente de suínos e aves, o que
implica o controle dos riscos advindos especialmente do aumento na densidade animal em
uma determinada área geográfica, situação que favorece a multiplicação e disseminação
de vários patógenos (CARDOSO et al., 2012).
Ainda buscando diferenciar os dois conceitos, Cardoso et al. (2012) destacam que
o diferencial entre Biossegurança e Biosseguridade reside na amplitude das ações que a
Biosseguridade deve observar frente à perspectiva de integração da noção de defesa, de
estabilidade, de proteção, abrangendo possibilidades de ações de grande mobilização fren-

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 41


-te ao risco, podendo envolver, de acordo com a gravidade do evento, além das instituições
científicas, as instituições de defesa que possam atuar no monitoramento de fronteiras, na
elaboração de planos de contingência, etc., especialmente quando a magnitude do risco
se relaciona com o volume quantitativo de populações. Porém, esta discussão conceitual
indica que ambas se estruturam sobre a base da prevenção.
Cardoso et al. (2012) tratam da relação existente entre Biossegurança e Biossegu-
ridade, sempre relacionando os dois temas a partir da avaliação de riscos como princípio
básico:

FIGURA 1 - RELAÇÃO BIOSSEGURANÇA/BIOSSEGURIDADE

Fonte: Cardoso et al. (2012).

Os autores tratam que a avaliação de risco é uma ação, ou uma série de ações, que
objetiva o reconhecimento ou a identificação dos agentes de risco, a probabilidade do dano
proveniente da exposição acidental, da liberação acidental e uso indevido desses agentes,
levando em consideração, também, a severidade de suas consequências.
Deste modo, estabeleceram a figura abaixo, evidenciando a avaliação de riscos
tanto para a Biossegurança quanto para a Biosseguridade.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 42


FIGURA 2 - AVALIAÇÃO DE RISCOS

Fonte: Cardoso et al. (2012).

Nota-se que as medidas a serem tomadas para ambos os casos partem da ava-
liação de riscos prévia, examinando as características fundamentais existentes, além das
possibilidades existentes.
Especificamente para Biosseguridade, os parâmetros para a avaliação de risco
devem ser analisados sob a perspectiva de uso indevido e dizem respeito aos aspectos
relacionados às consequências, aos impactos econômicos, e ao potencial do agente para
ser utilizado na fabricação de armas de destruição em massa (CARDOSO et al., 2012).
No Brasil, a biosseguridade é aplicada na produção de animais, principalmente
na indústria avícola e suinícola, por meio de normas e procedimentos técnicos sanitários,
programas e controles estabelecidos, bem como na qualidade da alimentação e água e
descarte de resíduos e animais mortos.
Deste modo, é errado interpretar e utilizar o termo biossegurança em substituição
ao termo biosseguridade. Como vimos neste tópico, se tratam de temas diferentes, porém,
possuem objetivos similares, visto que ambos têm como intuito principal a prevenção.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 43


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da Unidade III da apostila da disciplina de


Biossegurança. Esta unidade trouxe à tona o assunto: Biossegurança e a Saúde Ambiental.
Retomando o que estudamos nos dois tópicos desta unidade, inicialmente tra-
balhamos com a sustentabilidade, tema importante para a unidade e para a disciplina
como um todo, visto que a biossegurança está inserida em um contexto muito amplo no
nosso meio ambiente.
O intuito do tópico foi relacionar os dois temas, buscando contextualizar você, leitor(a),
acerca da importância da nossa disciplina perante o meio ambiente e a gestão ambiental.
Na sequência, foram abordadas também as doenças emergentes e reemergentes,
assunto interessante inclusive para o contexto em que estamos inseridos, na qual doenças
dessa natureza se tornam cada vez mais comuns.
No segundo tópico foi falado sobre a biosseguridade e a sua relação com a bios-
segurança. Mas, além disso, foi trabalhada a diferença existente entre os termos, pois são
assuntos com objetivos similares porém com ideias diferentes.
Espero, leitor(a), que tenha aprimorado seus conhecimentos acerca da biossegu-
rança no contexto da saúde ambiental. Nos vemos na próxima e última unidade do nosso
material da disciplina de Biossegurança.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 44


LEITURA COMPLEMENTAR

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS - PPRA

Nesta leitura complementar vamos tratar sobre o Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais - PPRA. A Norma Regulamentadora NR9 estabelece a obrigatorieda-
de da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA é parte integrante do conjunto
mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade
dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em especial com
o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO previsto na NR-7.
As ações do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA devem ser
desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do
empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade
dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a se-
guinte estrutura:
1. planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;
2. estratégia e metodologia de ação;
3. forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
4. periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Ainda, deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano,
uma análise global do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais para avaliação do seu
desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas
e prioridades.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá estar descrito num docu-
mento-base contendo todos os aspectos estruturais listados anteriormente, e este documen-
to-base e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e discutidos na
CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a Norma Regulamentadora NR-5, sendo
sua cópia anexada ao livro de atas desta Comissão (a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes - CIPA é assunto para a leitura complementar da unidade IV do nosso material).

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 45


Quanto às etapas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, a Norma
Regulamentadora NR9 estabelece que deverá incluir as seguintes etapas:
1. antecipação e reconhecimentos dos riscos;
2. estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
3. avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
4. implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
5. monitoramento da exposição aos riscos;
6. registro e divulgação dos dados.

A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão


ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-
balho - SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam
capazes de desenvolver o disposto na Norma Regulamentadora NR9.
Com relação às medidas de controle, deverão ser adotadas as medidas necessárias
suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre
que forem verificados riscos potenciais e evidentes à saúde.
Além disso, o estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção
coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:
1. medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes pre-
judiciais à saúde;
2. medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambien-
te de trabalho;
3. medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente
de trabalho.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve estabelecer critérios e me-
canismos de avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas considerando os
dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle médico da saúde previsto na Norma
Regulamentadora NR7.
Por fim, tratando das responsabilidades, o empregador deve estabelecer, imple-
mentar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da empresa ou
instituição, enquanto que o colaborador deve:
1. colaborar e participar na implantação e execução do Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais - PPRA;

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 46


2. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA;
3. informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento,
possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.

O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos ambientais nos locais


de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhadores,
os mesmos possam interromper de imediato as suas atividades, comunicando o fato ao
superior hierárquico direto para as devidas providências.

Fonte: Norma Reguladora NR9 (MTE, 2020).

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 47


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biossegurança – estratégias de gestão de riscos, doenças
emergentes e reemergentes: impactos na saúde pública.
Autores: Telma Abdalla de Oliveira Cardoso; Nery Cunha Vital;
Marli B. M. de Albuquerque Navarro.
Editora: Santos.
Sinopse: No mundo contemporâneo o fenômeno da globalização
é traduzido também pela complexidade dos riscos, destacando-se
o risco ao ambiente e a saúde humana. Esta realidade faz com que
o campo de conhecimento da Biossegurança avance no sentido
de ampliar suas ações a fim de elaborar procedimentos eficazes
no enfrentamento dos contextos de risco, destacando-se o risco
biológico, expressos nas doenças emergentes e reemergentes,
no bioterrorismo, na predação ambiental, no comprometimento do
patrimônio ecológico do planeta e de seu equilíbrio. Os desafios
colocados à saúde pública pela emergência e reemergência das
doenças infecciosas vêm sendo discutidos amplamente, posto
que, em termos das preocupações globais, são fatores que con-
figuram a construção de situações de calamidade mundial. Os
conteúdos, ora desenvolvidos neste livro, representam uma impor-
tante contribuição para as aplicações da Biossegurança, a partir
de proposições reflexivas que estão no campo da complexidade
do risco no mundo atual.

FILME/VÍDEO
Título: A Lei da Água – Novo Código Florestal
Ano: 2015
Sinopse: O longa “A Lei da Água: Novo Código Florestal” é um
documentário realizado sem fins lucrativos, com financiamento
coletivo e parcerias entre o Instituto Socioambiental (ISA), WW-
F-Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Democracia e
Sustentabilidade (IDS) e Bem-Te-Vi Diversidade. O documentário
brasileiro retrata a importância das florestas para a conservação
das águas, explicando a relação do novo Código Florestal e a crise
hídrica brasileira. As florestas são importantes para a preservação
da água, do solo e também para a produção de alimentos que
necessitam da ação de polinizadores, como o café, o milho e a
soja. O filme esclarece as mudanças promovidas pelo novo Códi-
go Florestal e a polêmica sobre a sua elaboração e implantação. O
documentário mostra como a lei impacta diretamente a floresta e,
assim, a água, o ar, a fertilidade do solo, a produção de alimentos
e a vida de cada cidadão. Produzida ao longo de 16 meses, a
obra baseia-se em pesquisa e 37 entrevistas com ambientalistas,
ruralistas, cientistas e agricultores. Retrata ainda casos concretos
de degradação ambiental e técnicas agrícolas sustentáveis que
podem conciliar os interesses de conservação e produção da
sociedade.

UNIDADE III Biossegurança e Saúde Ambiental 48


UNIDADE IV
Saúde do Trabalhador e
Segurança no Trabalho
Professor Me. Caio Cesar Violin de Alcantara

Plano de Estudo:
● Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo;
● Acidentes de trabalho e mapa de risco;
● Controle de infecção no suporte nutricional, enteral e parenteral.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar sobre os acidentes de trabalho e a importância de um mapa de risco;
● Compreender sobre os acidentes com perfurocortantes e o risco
de transmissão de doenças por esse motivo;
● Entender a importância dos equipamentos de proteção individual e coletivo;
● Compreender a importância do controle de infecção no
suporte nutricional, enteral e parenteral;
● Evidenciar as recomendações para profissionais de saúde
que tem exposição a agentes biológicos. 

49
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à Unidade IV da nossa apostila,


última unidade da nossa jornada na disciplina de Biossegurança. Nesta unidade, em espe-
cífico, trataremos sobre a Saúde do Trabalhador e a Segurança no Trabalho.
Este tema geral é de muita relevância para o conteúdo, e como já falamos em um
tópico na unidade II, e que mencionou os equipamentos de proteção individual e coletivo,
é por esse assunto que iniciaremos os trabalhos nessa unidade IV, trabalhando com os
principais grupos de EPI’s existentes. No mesmo tópico abordaremos também a Norma Re-
guladora NR9, importantíssima para este assunto referente à proteção dos colaboradores.
Em seguida, trataremos dos acidentes de trabalho e mapa de risco, evidenciando
os tipos de riscos envolvidos e, ao final, dando enfoque para os riscos com perfurocortantes.
Por fim, no último tópico, o assunto a ser trabalhado será o controle de infecção
no suporte nutricional, enteral e parenteral, buscando também a legislação relacionado ao
tema, que é bastante importante no contexto hospitalar.
Teremos, portanto, uma unidade com foco na segurança e saúde do profissional,
evidenciando os riscos existentes e a relação da biossegurança com todos os assuntos
estudados. Ainda, trabalhando como se dá a organização de tais normativas dentro das
organizações, como por exemplo, na leitura complementar ao final da unidade, que traz
como tema a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA.

Bons estudos!

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 50


1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO

Na Unidade II iniciamos esse assunto envolvendo os equipamentos de proteção


individuais e coletivos. Como destaca Stapenhorst (2018), a empresa é obrigada a fornecer
os EPIs para todos os seus funcionários que estiverem nas situações em que as medidas
gerais de segurança não garantam proteção completa contra os riscos presentes no am-
biente, caso as medidas de proteção coletiva ainda não estejam totalmente implantadas ou
quando o profissional estiver em uma situação de emergência.
Além da Lei nº 6.514, citada na Unidade II, a Norma Regulamentadora NR6, do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também trata sobre os equipamentos de proteção
e considera como equipamento de proteção individual (EPI), “todo dispositivo ou produto,
de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.
Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas
empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado
ao risco existente em determinada atividade (NR6, MTE, 1978).
A própria norma complementa que, nas empresas desobrigadas de constituir CIPA,
cabe ao designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado, recomen-
dar o EPI adequado à proteção do trabalhador (NR6, MTE, 1978).

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 51


O uso do EPI nas áreas de saúde e laboratorial tem importância ímpar no controle de
riscos, pois também visa à contenção dos riscos no ambiente interno; o mais recomendado
é a utilização de produtos descartáveis para o controle de micro-organismos (como luvas),
ou, em último caso, de um eficiente processo de esterilização, já que, por uma questão de
custos, ficaria inviável o descarte de EPIs mais caros em todos os processos de trabalho, a
não ser em casos extremamente excepcionais (BARSANO et al., 2020).
Ainda, segundo Hirata et al. (2017, p. 29): “é obrigatória a utilização de EPI na exe-
cução de qualquer atividade que envolva o manuseio de reagentes químicos e soluções, o
translado e o transporte de materiais perigosos e também a circulação em áreas externas,
consideradas de risco”.

SAIBA MAIS

No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da


Virginia matou 78 mineiros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
instituiu a data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às
vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Em 2020, o evento chama a
atenção para o enfrentamento do coronavírus. A data foi instituída no Brasil pela Lei nº
11.121/2005.

Fonte: ABMT (2021).

O anexo I da Norma Regulamentadora NR6, do Ministério do Trabalho e Emprego


(MTE), traz uma lista de equipamentos de proteção individual, separada em diferentes
grupos, são eles:
1. EPI para a proteção da cabeça;
2. EPI para a proteção dos olhos e face;
3. EPI para proteção auditiva;
4. EPI para proteção respiratória;
5. EPI para proteção dos membros superiores;
6. EPI para proteção dos membros inferiores;
7. EPI para proteção do corpo inteiro; e
8. EPI para proteção contra quedas com diferença de nível.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 52


Entre os equipamentos para a proteção da cabeça estão os capacetes, que segun-
do Hirata et al. (2017) são dispositivos rígidos usados para proteger a cabeça e as partes
adjacentes contra impactos, partículas desprendidas, agentes perfurantes, choque elétrico
ou qualquer combinação desses efeitos citados.
No segundo grupo de EPI temos como destaque os protetores faciais e os óculos
de segurança.
Os óculos de proteção ou de segurança protegem os olhos contra riscos de impac-
tos, produtos químicos ou radiações. Precisam ser de boa qualidade, a fim de proporcionar
ao usuário visão transparente, sem distorções e opacidade (HIRATA et al., 2017).
Já os protetores ou as máscaras faciais protegem a face contra riscos de impactos
(partículas sólidas, quentes ou frias), produtos químicos (poeiras, líquidos e vapores) e
radiações (raios infravermelho e ultravioleta) (HIRATA et al., 2017), funcionando como uma
proteção adicional do trabalhador, sem que necessite da utilização dos óculos de proteção.
Quanto ao grupo de equipamentos para proteção respiratória, os protetores ou
as máscaras respiratórias contém filtros que protegem o aparelho respiratório. Os filtros
podem ser, segundo Hirata et al. (2017):
A. mecânicos para proteção contra partículas suspensas no ar;
B. químicos, que protegem contra gases e vapores orgânicos; e
C. combinados (mecânicos e químicos).

Esses protetores respiratórios são necessários para o manuseio de gases irritantes,


como cloreto de hidrogênio, dióxido de enxofre, amônia e formaldeído, os quais produzem
inflamação ao entrarem em contato com os tecidos. Também se deve usar a máscara no caso
de gases anestésicos, como éter e grande parte de solventes orgânicos (HIRATA et al., 2017).
Sobre os equipamentos de proteção para o tronco, destacam-se os aventais, o mais
comum em laboratórios, enquanto que para a proteção auditiva, destacam-se os protetores au-
riculares, que visam proteger os ouvidos contra níveis elevados de ruído (HIRATA et al., 2017).
Ainda no grupo de equipamentos de proteção individual, falaremos agora um pouco
dos equipamentos de proteção de membros inferiores e superiores, fechando esse grupo.
Como destacam Hirata et al. (2017), pés desprotegidos ou então com pouca pro-
teção, como por exemplo, sapatos de pano, acarretam problemas sérios e podem gerar
situações perigosas. O sapato deve ser compatível com o tipo de atividade desenvolvida
pelo profissional.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 53


Botas de segurança são recomendadas, bem como botas de borracha para áreas
úmidas. Calças de segurança também são itens citados na Norma Regulamentadora NR6,
assim como perneiras para proteção contra produtos químicos, agentes térmicos, agentes
perfurocortantes (que falaremos em outro tópico, inclusive), agentes abrasivos e escorian-
tes, entre outros.
Já para a proteção de membros superiores, temos as braçadeiras, luvas de segu-
rança, mangas de segurança, entre outros, e são itens que atuam contra riscos biológicos,
queimaduras químicas, calor ou frio extremo, cortes, choques térmicos etc.
As Normas Regulamentadoras 4 e 9 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego)
fazem referência ao uso do equipamento de proteção coletiva. A Norma Regulamentadora
NR4 estabelece critérios para organização dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), enquanto que a Norma Regulamentadora
NR9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.
A Norma Regulamentadora NR9 trata que o estudo, desenvolvimento e implantação
de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:
1. medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes pre-
judiciais à saúde;
2. medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambien-
te de trabalho;
3. medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente
de trabalho.
A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treina-
mento dos trabalhadores quanto aos procedimentos que assegurem a sua eficiência e de
informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam (NR9, MTE, 2020).
No próximo tópico desta unidade falaremos a respeito dos acidentes de trabalho e
mapa de risco.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 54


2. ACIDENTES DE TRABALHO E MAPA DE RISCO

A biossegurança possui como principal objetivo a prevenção de riscos e dos con-


sequentes acidentes ocupacionais, e, deste modo, a adoção de medidas de biossegurança
no dia a dia do profissional da saúde deve fazer parte de um conjunto de ações voltadas
ao gerenciamento da qualidade, ou seja, os problemas relacionados à qualidade do serviço
prestado estão fortemente interligados ao uso de técnicas seguras (STAPENHORST, 2018).
O termo “acidente” pode ser definido como um “evento imprevisto e indesejável,
instantâneo ou não, que resultou em dano à pessoa ou ao patrimônio ou em impacto am-
biental” (STAPENHORST, 2018, p. 114).
Segundo a Norma Regulamentadora NR5, é atribuição da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes - CIPA identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o
mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria
do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho -
SESMT, onde houver.
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA tem como objetivo a preven-
ção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível perma-
nentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
Falaremos mais sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA na leitura
complementar desta unidade.
Segundo o Instituto de Medicina e Segurança do Trabalho do Estado do Paraná
- IMTEP, o Mapa de Risco é uma representação gráfica, planta baixa, que reproduz o
layout do ambiente de trabalho sob análise, localizando e informando os fatores de riscos

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 55


presentes através de uma legenda. O layout deve representar de maneira fiel o local em
que a atividade é executada (IMTEP, 2021).
O modelo atual de Mapa de Risco foi estabelecido pelo MTE e passa por atualiza-
ções desde 1994. O mapa possui uma leitura fácil e serve para auxiliar na conscientização
dos riscos, sendo considerado eficiente para prevenção, sendo um documento obrigatório
que auxilia no diagnóstico e alerta os colaboradores que atuam na empresa sobre os riscos
aos quais estão vulneráveis. Ainda, orienta sobre a postura e o comportamento que o cola-
borador deve ter visando evitar os riscos (IMTEP, 2020).
Por se tratar de um documento obrigatório, as empresas que não cumprem com
a legislação, estão vulneráveis a multas aplicadas por auditores fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego, e empresas que não tem Comissão Interna de Prevenção de Aciden-
tes organizada, podem contratar o serviço especializado de empresas de Segurança do
Trabalho para a elaboração dos mapas (IMTEP, 2020).
Segundo o anexo IV, da Portaria N.º 25, de 29 de dezembro de 1994, do Ministério
do Trabalho e Emprego, o mapa de riscos tem como objetivos: (1) reunir as informações ne-
cessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na
empresa; e (2) possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações
entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.
Deste modo, a mesma portaria traz como etapas para a elaboração de um mapa
de risco:
1. conhecer o processo de trabalho no local analisado, que envolve:
a. os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamento profissionais e de segurança e saúde;
b. os instrumentos e materiais de trabalho;
c. as atividades exercidas;
d. o ambiente.
2. identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação
da tabela;
3. identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia, sendo:
a. medidas de proteção coletiva;
b. medidas de organização do trabalho;
c. medidas de proteção individual;
d. medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários,
bebedouro, refeitório.
4. identificar os Indicadores de saúde:
a. queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mes-
mos riscos;
b. acidentes de trabalho ocorridos;
c. doenças profissionais diagnosticadas;
d. causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 56


5. conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
6. elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando
através de círculo:
a. o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na Tabela I;
b. o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro
do círculo;
c. a especialização do agente que deve ser anotada também dentro do círculo;
d. a Intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve
ser representada por tamanhos diferentes de círculos.
e. causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

Após discutido e aprovado pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes -


CIPA, o Mapa de Riscos deverá ser fixado em cada local analisado, de forma claramente
visível e de fácil acesso para os trabalhadores (MTE, 1994).
Abaixo a Tabela 1 do anexo IV da portaria citada, que traz a classificação dos
principais riscos ocupacionais em grupos:

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS EM GRUPOS, DE ACOR-

DO COM SUA NATUREZA E A PADRONIZAÇÃO DAS CORES CORRESPONDENTES.

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5


VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico
intenso inadequado
Levantamen- Máquinas e
to e transpor- equipamentos sem
Vibrações Fumos Bactérias te manual de proteção
peso
Radiações Exigência Ferramentas
Névoas Protozoários de postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
Radiações Controle Iluminação
não Neblinas Fungos rígido de inadequada
ionizantes produtividade
Imposição
Frio Gases Parasitas de ritmos Eletricidade
excessivos
Trabalho Probabilidade de in-
Calor Vapores Bacilos em turno e cêndio ou explosão
noturno

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 57


GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5
VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Substâncias,
Pressões compostas Jornadas Armazenamento
anormais ou produtos de trabalho inadequado
químicos em prolongadas
geral
Umidade Monotonia e Animais
repetitividade peçonhentos
Outras Outras situações de
situações risco que poderão
causadoras contribuir para
de stress a ocorrência de
físico e/ou acidentes
psíquico
Fonte: Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994.

Falando um pouco mais sobre os riscos biológicos, e recomendações acerca do


tema, visto que é um dos objetivos desta unidade, Stapenhorst (2018) destaca que expo-
sição ocupacional a riscos biológicos, ou seja, a materiais possivelmente contaminantes,
se trata do contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho e as formas
de exposição incluem agulhas ou objetos cortantes, além do contato direto com pele e/ou
mucosas, por exemplo.
As boas práticas de laboratórios (BPLs) determinam que todos os profissionais
devem, primeiramente, reconhecer os riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos
com os quais têm contato dentro do ambiente de trabalho e a quais riscos estariam mais
expostos (STAPENHORST, 2018).
O profissional deve ser treinado por um membro superior da equipe, visando ao
aprendizado referente a precauções e procedimentos de biossegurança. O planejamento
prévio do trabalho que será realizado permite que o profissional execute suas atividades com
mais segurança, reduzindo significativamente os riscos associados (STAPENHORST, 2018).
Entrando no nosso segundo assunto para este tópico, a Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, em seu artigo 19, define o acidente de trabalho como aquele que:
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador
doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho. (BRASIL, 2010).

Deste modo, lesões e doenças causadas pelo exercício da função são considera-
das acidentes de trabalho. Ainda, a mesma lei retrata que a empresa é responsável pela
adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do
trabalhador, inclusive as medidas de proteção individual e coletiva tratamos em outro tópico.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 58


São considerados acidentes de trabalho, segundo a lei nº 8.213:
I. doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exer-
cício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II. doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função
de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

Ainda, a mesma lei aponta que se equiparam a acidentes de trabalho:


I. o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para a sua recuperação;
II. o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conse-
qüência de:
A. ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companhei-
ro de trabalho;
B. ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada
ao trabalho;
C. ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de compa-
nheiro de trabalho;
D. ato de pessoa privada do uso da razão;
E. desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de
força maior;
III. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de
sua atividade;
IV. o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
A. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
B. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo
ou proporcionar proveito;
C. em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por
esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, indepen-
dentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade
do segurado;
D. no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Nestes últimos pontos citados, ressalta-se mais uma vez que os acidentes sofridos
no trajeto para o trabalho também são considerados acidentes de trabalho, respeitados os
incisos trazidos acima.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 59


2.1 Acidente Perfurocortante e Risco de Transmissão De Doenças
Acidentes com perfurocortantes são comuns em ambientes hospitalares e ligados
à área da saúde. Neste sub tópico também falaremos a respeito deste tema e o risco de
transmissão de doenças a partir de acidentes dessa natureza.
Este assunto se tornou ainda mais debatido após a epidemia do vírus HIV, na qual
estimulou para que os métodos de prevenção fossem estipulados e até mesmo melhora-
dos, como por exemplo, o uso de EPIs, o manuseio adequado do material e, também, os
programas de conscientização e educação continuada.
É importante sempre manter em mente que qualquer etapa do manuseio de mate-
rial perfurocortante é uma situação de risco. Além disso, o fato de tentar realizar mais de um
procedimento ao mesmo tempo e a maneira como o material é utilizado podem aumentar
ainda mais a chance de ocorrer um acidente de trabalho (STAPENHORST, 2018).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu, por meio da Re-
solução da Diretoria Colegiada (RDC) 306, como deve ser realizado o manejo dos resíduos
gerados por estabelecimentos de saúde. A RDC 306 é amplamente utilizada nos serviços
da saúde para a elaboração do Plano Gerencial de Serviços de Saúde, no qual consta
como deve ser realizado o manejo dos resíduos, desde sua geração até seu descarte
(BRASIL, 2004).
A adoção de procedimentos de biossegurança durante o descarte de resíduos
de todo local de trabalho é extremamente importante. A RDC 306, classifica os resíduos
gerados nos serviços de saúde de acordo com as suas características biológicas, físicas,
químicas, estado da matéria e origem, permitindo, dessa forma, o manejo seguro destes:
● Grupo A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características, podem apresentar risco de infecção
● Grupo B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente
● Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que conte-
nham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites
● Grupo D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
● Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes

Deste modo, os materiais perfurocortantes estão classificados no grupo E, confor-


me a RDC 306.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 60


Cada tipo de resíduo deve ser devidamente identificado para descarte, e os resíduos
perfurocortantes devem ser descartados em recipientes específicos que sejam resistentes
a perfurações e tenham revestimento impermeabilizante que permita a coleta de resíduos
líquidos sem apresentar vazamento ou umidade (STAPENHORST, 2018).
A RDC 306 determina, acerca dos resíduos perfurocortantes:
Os materiais perfurocortantes contaminados com radionuclídeos, devem ser
descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o
uso, em recipientes estanques, rígidos, com tampa, devidamente identifica-
dos, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para
o seu reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas
juntamente com as seringas, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua
retirada manualmente (BRASIL, 2004).

Ainda, a RDC 306 também trata sobre os resíduos perfurocortantes que são gera-
dos nos próprios domicílios, como por exemplo, agulhas para aplicação de insulina. Estas
também devem ser acondicionadas e recolhidas por profissionais treinados e, posterior-
mente, encaminhados para as empresas terceirizadas que realizam o descarte final do
material (BRASIL, 2004).

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 61


3. CONTROLE DE INFECÇÃO NO SUPORTE NUTRICIONAL, ENTERAL
E PARENTERAL

Neste terceiro tópico da unidade IV falaremos a respeito da segurança alimentar


no ambiente hospitalar, visando identificar as precauções necessárias nessa atividade e a
importância de tais cuidados.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância Sanitária, emitiu a portaria
nº 451, de setembro de 1997, que aprova o regimento técnico que dispõe sobre os princípios
gerais para o estabelecimento de critérios e padrões microbiológicos para alimentos.
A nível hospitalar a segurança alimentar compreende fases que devem ser avalia-
das de forma multidisciplinar. Ela se inicia com a individualização do paciente e avaliação
das suas necessidades nutricionais, passando pelo adequado preparo das dietas, até a
finalização do processo que se faz com a administração dos nutrientes por via oral ou
artificialmente por meio de sondas, estomas e diretamente na veia (MANUAL DE BIOSSE-
GURANÇA, 2001).
Todo serviço de Nutrição Hospitalar deve atender às exigências mínimas para forne-
cimento de alimentos, in natura ou industrializado. O objetivo final da segurança alimentar é
fornecer nutrientes adequadamente selecionados e manipulados, como também isentos de
contaminação física, química ou microbiológica (MANUAL DE BIOSSEGURANÇA, 2001).

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 62


Quanto às dietas enterais, todo hospital deve seguir a portaria nº 337 de 14/09/1999
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária/MS e constituir a chamada EMTN (Equipe
Multiprofissional de Terapia Nutricional), com grupo constituído por médico, nutricionista,
enfermeira e farmacêutica, habilitados e com treinamento específico para a prática da
terapia nutricional.
Na avaliação do paciente, deve-se observar o estado clínico e nutricional, apontan-
do deficiências e/ou interferências no processo de ingestão e metabolismo de nutrientes,
bem como perda de peso não intencional, doenças crônicas, interações medicamento-nu-
triente e outros sintomas que possam contribuir para perdas nutricionais, além do exame
físico detalhado onde possamos identificar sinais de carências de nutrientes específicos
(MANUAL DE BIOSSEGURANÇA, 2001).
Com esses dados apurados, faz-se necessário avaliar e determinar os possíveis
riscos de recebimento da dieta enteral, visando garantir a segurança do paciente. Devido
às diversas doenças que acometem pacientes hospitalizados em uso de Nutrição Enteral,
fórmulas especializadas foram determinadas e devem adequar-se a esses casos, basean-
do-se em recomendações pré-existentes (MANUAL DE BIOSSEGURANÇA, 2001).
Ainda, alguns cuidados são importantíssimos no preparo de dietas, e que envolvem
o pessoal, com relação a treinamento, vestimenta adequada, entre outras questões. Envol-
vem também o ambiente de preparo, sendo importante ter um ambiente adequado para tal,
bem como utensílios e equipamentos adequados e de qualidade. Além do cuidado com a
limpeza e desinfecção, que é primordial, visto a importância para tal atividade.
Desta forma, será garantida a segurança para os pacientes em terapia nutricio-
nal enteral, bem como contribuir-se-á para ganhos clínicos e nutricionais necessários a
alcançar sua qualidade de vida com diminuição dos custos hospitalares (MANUAL DE
BIOSSEGURANÇA, 2001).

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 63


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da Unidade IV da apostila da disciplina de


Biossegurança. Esta unidade trouxe à tona o assunto: Saúde do Trabalhador e a Segurança
no Trabalho.
Retomando o que estudamos nesta unidade, inicialmente trabalhamos equipa-
mentos de proteção individual e coletiva, na qual abordamos as normativas a respeito do
tema, com a Norma Regulamentadora NR9 e Norma Regulamentadora NR4 do Ministério
do Trabalho e Emprego.
Na sequência, foram abordados os principais EPI’s, assim como o agrupamento
existente para tais, fechando o tópico com as medidas necessárias existentes para prote-
ção coletiva nas organizações.
No segundo tópico, o assunto foram os acidentes de trabalho, seguindo com o tema
geral da unidade. O Ministério do Trabalho e Emprego e a tabela de riscos ocupacionais
foram questões chave para o tópico, que ainda abordou os acidentes especificamente de
perfurocortantes, que são uns dos mais comuns na área da saúde, trazendo os riscos
existentes em tais acidentes.
No desfecho da unidade, no terceiro tópico o assunto foi o suporte nutricional e o
respectivo controle de infecções em tal atividade, importantíssima no ambiente hospitalar.
Espero, leitor(a), que tenha aprimorado seus conhecimentos acerca da biosse-
gurança no decorrer das unidades desta apostila. Como algumas vezes foi destacado, o
assunto biossegurança é de grande relevância no contexto nacional e internacional, e para
que estejamos sempre renovados de conhecimento, os conteúdos abordados são de suma
importância.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 64


LEITURA COMPLEMENTAR

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES - CIPA

Nesta leitura complementar vamos tratar sobre a Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes - CIPA, que já foi citada anteriormente em outros momentos do material, seja nesta
unidade ou nas anteriores, mas que possui relação com alguns assuntos tratados, principal-
mente, na unidade IV. A Norma Reguladora NR5 trata especificamente deste assunto.
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a preven-
ção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanen-
temente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento
as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração
direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem
como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados.
A CIPA será composta de representantes do empregador e dos empregados, de
acordo com o dimensionamento previsto, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos
normativos para setores econômicos específicos. Os representantes dos empregadores, ti-
tulares e suplentes serão por eles designados e o número de membros titulares e suplentes
da CIPA, considerando a ordem decrescente de votos recebidos, observará o dimensiona-
mento previsto no quadro anexo da NR5.
Ainda, o mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permi-
tida uma reeleição, e o empregador designará entre seus representantes o Presidente da
CIPA, e os representantes dos empregados escolherão entre os titulares o vice-presidente,
sendo os membros da CIPA, eleitos e designados empossados no primeiro dia útil após o
término do mandato anterior.
Quanto às atribuições da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA:
1) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com
a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT,
onde houver;
2) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de pro-
blemas de segurança e saúde no trabalho;
3) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de preven-
ção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 65


trabalho;realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de
trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores;
4) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
5) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no tra-
balho;
6) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo em-
pregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de
trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
7) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina
ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos
trabalhadores;
8) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros
programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
9) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como
cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança
e saúde no trabalho;
10) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de
solução dos problemas identificados;
11) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham
interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
12) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
13) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT;
14) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Preven-
ção da AIDS.

E cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários


ao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das
tarefas constantes do plano de trabalho, enquanto que os empregados devem:
● participar da eleição de seus representantes;
● colaborar com a gestão da CIPA;

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 66


● indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar
sugestões para melhoria das condições de trabalho;
● observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à preven-
ção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.

Com relação ao funcionamento da CIPA, esta terá reuniões ordinárias mensais, de


acordo com o calendário preestabelecido, realizadas durante o expediente normal, tendo,
preferencialmente, decisões por consenso.
A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e
suplentes, antes da posse, que deverá contemplar:
● estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados
do processo produtivo;
● metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;-
noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos
riscos existentes na empresa;
● noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e medidas de
prevenção;
● noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança
e saúde no trabalho;
● princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos;or-
ganização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições
da Comissão.

Uma empresa deve contar com uma CIPA quando ela apresenta um quadro de
funcionários com mais de 20 trabalhadores, como consta no quadro I anexo a Norma Re-
guladora NR5.

Fonte: Norma Reguladora NR5 (MTE, 2011).

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 67


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual de Biossegurança.
Autor: Hirata, Mario Hiroyuki; Hirata, Rosario Dominguez Crespo;
Filho, Jorge Mancini.
Editora: Manole.
Sinopse: A premissa da obra é difundir conceitos de biossegu-
rança no sentido amplo (humana, animal e vegetal), estimular a
conscientização e a responsabilidade sobre a segurança, em di-
ferentes ambientes de trabalho, assim como promover a uniformi-
zação de procedimentos para garantir a qualidade dos resultados
de pesquisas e atividades e a saúde dos operadores. Esta obra
contribui para a atualização e estimula a educação continuada,
na área de biossegurança, pela difusão de práticas seguras em
atividades de pesquisa e ensino, no ambiente de trabalho e na
atuação profissional.

FILME/VÍDEO
Título: Tempo de despertar
Ano: 1990
Sinopse: Williams interpreta o Dr. Malcolm Sayer, um tímido médi-
co pesquisador que usa uma droga experimental para “despertar”
as vítimas catatônicas de uma rara doença. De Niro coestrela como
Leonard, o primeiro paciente a receber o controvertido tratamento.
Seu despertar, cheio de alegria e entusiasmo, determina também
um renascimento para Sayer, com o paciente descobrindo as coi-
sas simples da vida – em sua indizível doçura – e revelando-as ao
introvertido doutor. Encorajado pela recuperação impressionante
de Leonard, Sayer administra a droga para outros pacientes. A
história de sua amizade durante esta emocionante jornada é um
testamento da ternura do coração e a força da alma humana.

UNIDADE IV Saúde do Trabalhador e Segurança no Trabalho 68


REFERÊNCIAS

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da Segurança e da Saúde no Trabalho marca a data. Disponível em: https://www.abmt.org.
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gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/institucional. Acesso em: 19 jun. 2021.

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Ciências da Saúde. Manual de Biossegurança. Salvador. 2001.

BARSANO, Paulo Roberto; RILDO, Pereira Barbosa; EMANOELA, Gonçalves; SUERLANE,


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bro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de
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BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de Março de 2005. (2005). Regulamenta os incisos II, IV e V


do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanis-
mos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados –
OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional
de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida
Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º , 6º , 7º , 8º , 9º , 10 e 16
da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em:
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dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm.
Acesso em: 12 jul. 2021.

69
BRASIL. Lei nº 8.974, de 5 de Janeiro de 1995. (1995). Regulamenta os incisos II e V
do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas
de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente mo-
dificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República, a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, e dá outras providências. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=8974&ano=1995&ato=23cQ-
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70
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STAPENHORST, Amanda et al. Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

71
CONCLUSÃO GERAL

Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Chegamos ao final da nossa apostila da disciplina


de Biossegurança.
Na Unidade I iniciamos a nossa jornada com as noções gerais sobre o tema,
conceituando primeiramente a biossegurança, a importância e a terminologia aplicada,
para depois tratar das infecções hospitalares e o controle destas em ambientes da área
da saúde, finalizando com um tópico que tratou do estabelecimento de um meio ambiente
ecologicamente seguro, haja vista que a biossegurança desempenha papel relevante
nesse contexto.
Na segunda unidade da apostila, o foco foi a normatização da biossegurança,
buscamos compreender a legislação pertinente ao assunto e os órgãos responsáveis pelas
normativas e que regulam a biossegurança em nosso país, sendo esta uma das unidades
mais importantes de nosso material.
Como ponto chave da terceira unidade tivemos a relação da biossegurança com
a sustentabilidade, abordando aspectos como a saúde e a gestão ambiental, trazendo a
relação da biossegurança com a biodiversidade ao final da unidade.
Por fim, na Unidade IV, trabalhamos com a saúde do trabalhador e a segurança
no trabalho, que inclusive teve reflexo no estudo de caso proposto para a disciplina.
Foram tratados aspectos ligados aos acidentes de trabalho, como devem ser tratados e
as prevenções para tal, bem como a importância dos cuidados com o mapa de risco nos
ambientes de trabalho.
Esperamos ter contribuído com o aprimoramento dos conhecimentos sobre os
temas desta disciplina que é extremamente importante para o nosso curso e também para
o mercado de trabalho, além de contribuir com o crescimento profissional e pessoal de cada
um de vocês.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

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